Com Amor não se Brinca escrita por Bubees


Capítulo 40
Bombardeio




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O jantar já estava pronto e apesar do delicioso e suculento macarrão ao molho branco preparado por Letícia, do frio e da lareira acesa que estalava faíscas, o clima estava realmente muito pesado. Só se era possível ouvir o som dos talheres batendo contra os pratos trincados de porcelana e o estalar das chamas alaranjadas.

- Que horas você pretende ir amanhã? – Letícia perguntava, cortando o silencio sufocante.

- De manhã... Vamos dormir e depois nós decidimos isso... – Dizia o rapaz, fixando o prato de comida.

- Tudo bem. – Letícia respondia, encarando o rapaz com tristeza.

A viagem estava sendo perfeita. Eles estavam trancafiados dentro de um mundo perfeito do qual o amor deles se concretizava de forma única. De repente, aos poucos, foram invadindo aquele mundo, os problemas arrombaram as portas e infiltraram, sugando todo aquele ar de liberdade que eles tinham.

Ao terminarem de comer, Letícia tirou a mesa com a ajuda de Brian, e depois lavaram a louça, e guardaram suas roupas devidamente, deixando tudo preparado para viajarem logo cedo.

Brian deitou-se á cama, com Letícia deitada em seu peito. Pensativo, o rapaz acariciava aqueles cabelos avermelhados, deixando somente suas respirações falarem.

Letícia o abraçava forte, envolvendo seus braços pela nuca do jovem, fechava os olhos desejando que tudo terminasse logo.

- Pequena... – Brian sussurrava erguendo as cobertas, cobrindo Letícia até o pescoço, e a envolvendo em seus braços, passando a mão lentamente pela suas costas.

- Oi Syn... – Dizia Letícia de olhos fechados.

- Quando chegarmos lá... Vão nos bombardear. – Dizia o rapaz. – Vão nos atacar de todos os jeitos e de todas as formas, vão nos fazer sentir mal, vão querer nos separar, vão nos tratar como inimigos de uma guerra.

- Mas isso é uma guerra. – Letícia sussurrava, brincando de fazer círculos com os dedos pela coberta.

- Você me disse que iria tentar...

- Syn... – Letícia se erguia, apoiando os cotovelos pelo colchão. – Eu vou mesmo tentar...

- Eu preciso que você seja forte... Eu preciso que você lute ao meu lado, lute comigo...

- Eu vou lutar com você. – Letícia o garantia.

- Eu não vou suportar se eu acabar te perdendo de novo por causa dos seus medos... Eu não vou suportar...

- Syn... – Letícia acariciava o rosto do rapaz, olhando-o de modo profundo. – Eu vou lutar ao seu lado. – A jovem se debruçava, tocando levemente os lábios nos de Brian, tornando a apoiar a cabeça no peito do rapaz.

Brian beijava o topo da cabeça da jovem, abraçando-a fortemente, como se quisesse deixar vestígios da jovem pelo seu corpo.

Letícia já estava dormindo, porém Brian ainda mantinha os olhos abertos, pensativo, sem sono, preocupado. Temia o que os esperava quando voltassem. Bem que podiam desaparecer do mundo e criar um universo só deles. Letícia levaria suas estrelas e seus astros, pra ele bastava apenas a música, teria Letícia em seus braços e assim viveriam, rindo das próprias desgraças, se unindo contra tudo e todos... Até invadirem seu espaço, até roubarem o brilho daquelas estrelas, até silenciarem brutalmente as cordas de sua guitarra... Até os sufocarem.

Brian mal havia pregado os olhos durante toda a hora, acordava constantemente para ver se sua pequena ainda estava em seus braços. E lá estava ela, até de manhã.

Cautelosamente Brian se erguia da cama para ainda não acordar Letícia, ia até o banheiro, lavava o rosto, respirava fundo, se olhava fixamente no espelho. Estava disposto a destruir tudo a sua frente, se apoiava na pia, de cabeça baixa, fitando o ralo com ódio. Malditos invasores!

- Syn? – Letícia aparecia encostada á porta do banheiro, coçando os brilhantes olhos verdes, e o encarando com os cabelos bagunçados. – Tudo bem?

- Tudo sim, minha pequena... – Dizia o rapaz, virando-se para ela, aproximando-se bruscamente, agarrando-a pela cintura, arrancando-lhe um suspirante beijo.

- Está pronto? – perguntou a jovem.

- Estou. – Dizia o rapaz, sem hesitar.

- Vou tomar um banho então...

- Tudo bem, não tenha pressa. – Dizia o rapaz, com um leve sorriso. – Te amo.

- Também te amo... Quer entrar aqui comigo hoje? – Letícia perguntava com um sorriso malicioso.

- Desculpa minha pequena... Se eu estivesse em condições normais eu juro que toparia, mas você sabe...

- É eu sei. – Letícia o interrompia. – Você não acredita que eu estou disposta a lutar...

- Bem que eu queria. – Os olhos de Brian brilhavam diante aos de Letícia.

Letícia simplesmente baixou a cabeça, desviando daqueles olhos tristes, respirou fundo, fechou a porta do banheiro.

Enquanto Letícia se banhava, Brian ia colocando as malas dentro do carro, deixando de fora uma blusa grossa de frio para que Letícia vestisse ao sair do banho.

- Não vai tomar banho? – Letícia perguntava, enquanto Brian a ajudava vestir a blusa.

- Tomo quando chegar... Quero acabar logo com isso. – Dizia ele.

- Tudo bem. – Letícia respondia, caminhando em direção ao carro.

- Coloque o cinto. – Dizia o rapaz, porém quando se virou, Letícia já o havia colocado.

Brian simplesmente lhe estendeu um sorriso largo, lhe dando um beijo na bochecha e finalmente ligou o carro, fitando aquele chalé mais uma vez.

- Poderíamos voltar aqui um dia. – Dizia.

- Com certeza. – Letícia respondia. – Quando ficou a diária?

- Ah, cala a boca... Eu vou pagar tudo.

- Não! Vamos dividir! – Letícia debatia.

- Amor... – Brian a encarava. – NÃO!

Letícia simplesmente revirou os olhos, cruzando os braços e se encostando ao banco do carro.

Brian deu uma leve risada, e logo já estava com as rodas do carro girando pela estrada.

- Será que minha mãe vai brigar muito? – Letícia tentava puxar algum assunto.

- Não me importa o que vai acontecer... Eu só quero que fiquemos juntos...

Letícia respirou fundo, se sentindo levemente irritada com a falta de confiança do rapaz, mas ele tinha razão. Ela era instável, de repente, tudo poderia ir para os ares.

- Syn, eu quero ir ver a Juliana. – Dizia Letícia ao perceber que já estava reconhecendo lugares.

- Mesmo? Não quer passar na sua casa antes e falar com seus pais? – Brian perguntava.

- Não... Quero ver se essa história toda é realmente verdade antes de qualquer coisa... Eu não acredito que o Mateus tenha feito uma coisa dessas... Ele não me parecia ser assim quando...

- Nem me fale. – Brian a interrompia.

- Pois é... Preciso saber o que realmente está acontecendo.

- Tudo bem, vamos para lá então. – Dizia o rapaz.

Ficaram mais alguns instantes em silencio, até Brian finalmente parar o carro em frente á casa de Juliana.

- Fique aqui, eu vou sozinha.

- Não, eu quero ir com você também... Ver se é verdade...

- Não Syn... Se for verdade vai fazer muito mal a ela... Vai ser como se eu a estivesse provocando... Você sabe que ela gosta de você... Se o Mateus realmente fez o que fez... Ela não merece.

- Tudo bem. – Brian respirava fundo. – Estarei te esperando aqui.

- Obrigada. – Letícia esboçava um leve sorriso para o rapaz, abrindo a porta, e tocando a campainha.

Letícia ficou alguns instantes suportando o frio, quando finalmente a porta se abriu.

- Olá Letícia! – Dizia a mãe de Juliana, sorridente.

- Olá... A Juliana...

- Está sim! Entre. – Dizia a mulher. – Você e o Brian... É isso? Sumiram hein? Juliana foi assaltada, acredita?

- Sério?! – Letícia perguntava sentindo um forte aperto dentro do peito.

- Sério... Aqueles malditos bateram nela... Pedi pra ela fazer queixa, mas ela se recusa, ficou muito abalada... Acho que vai ser bom uma amiga agora para conversar com ela e tudo mais...

- Sim... – Dizia Letícia um pouco sem graça.

Subiram as escadas, e então Letícia já conhecia o caminho. Andou até o quarto de Juliana, batendo lentamente na porta.

- Pode entrar, mãe. – Dizia Juliana do outro lado da porta.

- Oi Ju, sou eu. – Dizia Letícia docemente.

- O que você está fazendo aqui? – Juliana a encarava de cara fechada, transmitindo todo seu ódio através daqueles olhos.

- Vim ver como você está... – Dizia Letícia fitando o braço esquerdo da jovem que estava engessado.

Juliana estava arrasada. Os lábios estavam cortados e a maça do rosto inchada, a testa com alguns aranhões, o braço com algumas marcas, e um dos olhos inchados e roxos.

- Fiquei sabendo o que aconteceu... – Letícia retomava as palavras se aproximando da moça, e se sentando ao pé da cama, em uma beira mesquinha.

- Ah é? – Juliana a encarava com raiva. – Saiba que toda essa MERDA É CULPA SUA, LETÍCIA!

- Foi o Mateus mesmo que fez isso com você? – Letícia gaguejava ao perguntar.

- AINDA TEM DÚVIDAS?! – Juliana respirava fundo, irritada. – Esse filho da puta está obcecado por você... Ou você ainda não percebeu?

- Eu jamais pensei que o Mateus fosse fazer uma coisa dessas...

- Eu falei para minha mãe que fui assaltada, e espero que ela continue acreditando nisso!

- Não Juliana! – Letícia se erguia, encarando a jovem, incrédula. – Você tem que denunciar o Mateus e rápido!

- Eu não vou fazer porra nenhuma! O que eu quero ver mesmo é você com culpa... POR QUE REALMENTE A CULPA FOI SUA! – Juliana inclinava o corpo, encarando Letícia dentro dos olhos, com a face vermelha de fúria. – A CULPA FOI SUA! – Ela tornava a berrar.

- Juliana! Para com isso... – Letícia ainda tentava manter a calma, porém uma lágrima sublime caiu de seus olhos. – Eu estou realmente preocupada com você...

- Enfia essa preocupação você sabe muito bem onde... Você tirou o cara que eu mais gostei entre todos na minha vida... E agora eu fico pagando porque o retardado do seu ex namorado não aceita que perdeu! Além é claro de você ter me tomado o Brian.

- Juliana, eu não tomei ninguém de você... Você e o Mateus ficaram se unindo para nos separar e...

- AGORA É CULPA É MINHA, SUA DESGRAÇADA?! – Juliana tornava a berrar, apontando o dedo indicador na face de Letícia. – Fique sabendo que eu nunca gostei de você! Você sempre foi uma mandona, revoltada, achando que o mundo girava ao seu redor...

- Juliana...

- CALA ESSA BOCA! Olha pra minha cara! Eu pareço um monstro! – Juliana de repente, começava a chorar. – Se isso não melhorar até a formatura já era!

- Juliana, deixa eu te ajudar... Vamos denunciar o Mateus...

- NÃO!

- Mas vai ser melhor pra você... Ele precisa pagar pelo que fez!

- EU QUERO MAIS É QUE SE FODA! Espero que a próxima seja você...

- Juliana...

- CALA A BOCA! EU NÃO AGUENTO MAIS OLHAR ESSA SUA CARA E NEM OUVIR A SUA VOZ! SOME DAQUI! – Juliana berrava e chorava ao mesmo tempo. – OLHA O QUE VOCÊ FEZ COMIGO...! EU TE ODEIO! TE ODEIO!

- O que está acontecendo? – De repente a mãe de Juliana abria a porta do quarto.

- Nada... – Juliana secava as lágrimas. – A Letícia já está de saída.

- Ju...

- Tchau, Letícia. – Juliana a encarava com desprezo.

Não havia mais nada para dizer, tanto Mateus como Juliana estavam foras de si. Por que era tão difícil aceitar que os dois se amavam? Por que era tão difícil?

Letícia simplesmente baixou a cabeça, se retirando do quarto.

- Não precisa me acompanhar até a porta. – Dizia.

A jovem simplesmente alargou os passos, secando as lágrimas que constantemente caíam de seus olhos. Agora ela entendia o que Brian queria dizer. Tinha que lutar... Pois iriam bombardeá-los... Queriam destruí-los.

Letícia caminhou até o carro, entrando pela porta do passageiro, batendo-a com força.

- O que foi? – Brian perguntava preocupado.

Letícia, porém não conseguia pronunciar uma única palavra. Simplesmente chorava, se aproximando do rapaz, e o abraçando.

- Minha pequena... – Brian a abraçava. – Calma... Me conta o que aconteceu? O que ela te fez?

- Syn... – Letícia respirava fundo, tentando conter as lágrimas... – Juliana era uma das minhas melhores amigas... Ela disse coisas horríveis...

- Então é verdade? O Mateus...

- É verdade sim... – A jovem se afastava, secando as lágrimas com as costas da mão. – Ele quebrou o braço dela, ela está toda roxa... Eu queria tanto ajudá-la... Por que ela me culpou de tudo?

- Filho da puta! – Brian esmurrava o volante do carro. – ESSE CARA PASSOU DOS LIMITES!

- Syn... Você pode me levar até o Mateus? – Letícia tornava a respirar fundo, na tentativa de se acalmar.

- O QUE?! PRA QUE?!

- Preciso falar com ele...

- Letícia, se eu ver esse cara, eu sou socar tanto ele... Mais tanto...

- CALMA SYN! Por favor... Eu preciso por um ponto final nisso. – Dizia a jovem.

Brian ficou por alguns instantes tentando se acalmar, apertava fortemente o volante do carro, como se seus músculos ficassem petrificados.

- Syn...

- Estou louco pra ensinar esse cara como é que trata uma mulher...

- Syn, por favor.

- Se ele tocar em você, eu desço do carro e acabo com ele...

Letícia não tinha outra escolha a não ser aceitar. Fez que sim com a cabeça, hesitando.

Brian ligou o carro e tornou a dirigir, não demorou muito para finalmente estarem em frente a casa de Mateus.

- Me dá arrepios só de olhar para essa casa. – Dizia Letícia.

- Ao invés de falar com ele, poderíamos ir até a delegacia denunciar.

- A Juliana iria negar tudo. – Dizia a jovem.

- Vai logo antes que eu mude de idéia. – Brian resmungou. – Já aviso... Se ele tocar em você, eu acabo com ele.

- Syn, eu me viro, está bem? – Letícia abria a porta do carro. – Eu já bati em muito homem por aí...

- Não interessa. – Dizia Brian. – Vai logo.

Letícia revirava os olhos, deixando no esquecimento os cortes que as palavras de Juliana lhe causaram. Agora ela tinha é raiva. ÓDIO! Melhor dizendo. Mateus havia se tornado mesmo um covarde? Ou sempre foi? Que atitude era aquela?

Ressentida, Letícia tocava a campainha.

Ficou alguns instantes do lado de fora, quando de repente o trinco girou.

- Letícia? – Mateus abria a porta com um largo sorriso estampado nos lábios. – Nossa que surpresa!

- Olá Mateus...

- Ouvi dizer que estava viajando com o Brian... Que bom que veio me visitar...

- Mateus, eu não vim te visitar necessariamente. – Letícia o encarava sem retribuir os constantes sorrisos do rapaz.

- Não tem problema, eu estava sentindo sua falta. – Dizia o rapaz, de repente, dando um abraço forte na jovem.

Brian via aquela cena de dentro do carro, perplexo. Pensou em avançar e estourar todos os ossos de Mateus.

- Mateus, eu preciso conversar com você. – Dizia a jovem, ríspida.

- Claro... Mas para de fazer essa cara feia... Faz tanto tempo que você não vem aqui... – Mateus sorria, aproximando as mãos dos cabelos da jovem.

Letícia simplesmente desviou, dando um passo para trás.

- Eu estou falando sério.

- Adoro ver esse seu rostinho de brava... – Mateus gargalhava. – Vamos entre, assim é melhor para conversarmos, parece ser importante.

- Prefiro falar aqui mesmo...

- Ora Letícia, pare com isso... – O rapaz continuava a sorrir. – Vamos, a casa é sua.

Letícia simplesmente estendeu as mãos por trás das costas como forma de avisar para Brian permanecer onde está.

O rapaz respirou fundo, dando um soco no volante, e os observando com os músculos tensos. Faltava apenas um único fio de pólvora para que ele explodisse.

Letícia então, se colocou para dentro da casa de Mateus.

- Sente-se. – Dizia o rapaz, apontando para o sofá.

- Estou bem assim. – Dizia a jovem ainda indiferente.

- Ah, para com esse charme todo... – Dizia Mateus, segurando as mãos da jovem, que como uma atitude de autodefesa começou a hesitar aquele toque. – Calma, calma... – Mateus ria, ainda segurando fortemente aquelas pequenas mãos. – Só estou te encaminhando até o sofá.

- Mateus, chega de rodeios. – Dizia Letícia ainda se mantendo de pé. – Eu vim para conversar sério.

- Tudo bem. – O rapaz arregalava os olhos, parecendo pela primeira vez, preocupado. – O que você tem de tão importante para me dizer?

- Mateus, eu estava viajando com o Syn mesmo. – Dizia a jovem o encarando. – Já passou da hora de você aceitar que eu e o Syn estamos juntos... Queira você ou não.

- Ah, era isso? – Mateus dava de ombros.

- Sim! Era isso... E aviso que se você tocar um único dedo na Juliana de novo...

- Como é?! – Mateus falava com um tom ameaçador. – Aquela vadia então te contou?

Letícia engolia seco, respirando fundo, recuando um passo.

- Não fale assim dela!

- Como você pode ser tão idiota de defendê-la depois de tudo que ela fez com você?

- Você fez coisas muito piores, Mateus... Eu nunca pensei que você fosse capaz de tratar uma mulher dessa forma...

- Pois é... Olha só o que você fez. – Mateus dizia calmamente e sarcasticamente.

A frase de repente congelou-se na mente da jovem e ficou ecoando. Como poderia causar tanto sofrimento a outras pessoas se só estava tentando ser feliz?

Iriam bombardeá-los. De repente ela se lembrou.

- Mateus! – A jovem de repente alterou o tom de voz. – Para de me culpar pela sua covardia! Você sempre foi mesmo um covarde! E ainda vai culpar a Juliana por que você não foi suficiente para mim...

- Ah é? Eu não fui suficiente pra você?

- NÃO! Não foi. – A jovem dava ênfase em cada palavra. – E nunca vai ser! Você perdeu meu respeito Mateus...

- Eu estou pouco me fodendo pro seu respeito.

- ENTÃO ME DEIXE EM PAZ!

- NÃO! EU NUNCA VOU TE DEIXAR EM PAZ! E SABE POR QUÊ?! Eu sempre fiz tudo por você... Eu te amei e te amo como você nunca vai ver na sua vida! Você é minha! Você deveria ser minha! E de repente resolve ficar com um cara galinha, metido a besta... Ele já te fez sofrer tantas vezes... Parece que não percebe!

- Não Mateus! – A jovem se mantinha firme nas palavras. – O Syn me trouxe muito mais felicidade do que sofrimento... Quem está me fazendo sofrer absurdamente agora é você!

- Sério? Que ótimo. – Dizia o rapaz com um sorriso sínico.

- Você está sendo ridículo! O que você ganha fazendo tudo isso? O que você ganha fazendo a Juliana sofrer por que você é um frustrado?

- Ah é? – Mateus se erguia do sofá, se aproximando lentamente de Letícia, com os olhos bem abertos. – Agora eu sou um frustrado.

- É! É UM FRUSTRADO SIM! – A jovem berrava, irritada. – Aceita de uma vez por todas que eu e o Syn estamos juntos! E é assim que vai ser! Assim que vai ficar! ME ESQUECE! DEIXA A JULIANA EM PAZ!

- Você não vai escapar de mim...

- CHEGA MATEUS! – A jovem o apontava na face com o dedo indicador. – VOCÊ NÃO VAI MUDAR ISSO! Eu AMO o Syn! Aceite isso, seu covarde, filho da puta!

Brian estava do lado de fora, sentindo um aperto forte dentro do peito como se estivessem lhe arrancando algo. Não sabia o que acontecia por trás daquelas portas... E Letícia já havia passado tanto tempo ali.

- É isso que eu vim falar... Se você fazer mais alguma coisa... Eu acabo com você. – Dizia a jovem, lhe dando ás costas.

- COMO SE ATREVE A ME DAR AS COSTAS?! – De repente Mateus enroscava seus dedos avermelhados nos cabelos de Letícia, puxando-a para trás e a jogando no sofá.

- SEU LOUCO! – Berrava ela.

- SIM, SOU LOUCO SIM! LOUCO POR VOCÊ! – Dizia Mateus se jogando para cima da jovem. – COMO VOCÊ PODE AMAR O BRIAN? VOCÊ NEM SABE O QUE É AMOR! VOCÊ SEMPRE TEVE MEDO!

- SIM EU TIVE! – Letícia o encarava. – Mas agora é tudo diferente... Aceite.

- CALA ESSA BOCA! – Mateus erguia os braços, pronto para acertar com a palma da mão o rosto de Letícia.

Rapidamente a jovem o segurava o braço, tentando tirá-lo de cima, porém Mateus a agarrava pela cintura, fazendo os dois rolarem contra o chão, mantendo Mateus ainda por cima dela.

- VAI BATER EM MIM AGORA?! – Letícia o encarava ofegante, tentando se libertar.

- CALA ESSA BOCA! Eu não quero fazer mal a você... Eu quero você... Eu quero você pra mim... – Dizia Mateus ofegante, agarrando os cabelos de Letícia com força, e aproximando seus lábios dos dela.

- ME SOLTA! – Letícia berrava desesperada, virando o rosto e erguendo os quadris para tirar Mateus de cima dela.

Mateus agarrava os braços da jovem, pressionando-os contra o chão.

- Eu conheço seus golpes, meu amor.

- Mateus! ME SOLTA! – Letícia tentava lhe acertar cabeçadas, quando de repente ouviu-se um estrondo vindo da porta.

- SEU FILHO DA PUTA! – Brian berrava se aproximando bruscamente de Mateus.

- NÃO SYN! NÃO SYN!

- SAI DE CIMA DA LETÍCIA! – Berrava o rapaz, agarrando com força os cabelos de Mateus, fazendo-o se levantar.

Sem nem ao menos pensar duas vezes, Brian disparava dois socos em cheio no rosto de Mateus.

Tonto, o rapaz caía no chão.

- SYN! – Letícia gritava desesperada, chorando.

- VOCÊ QUE NÃO SE ATREVA MAIS A TOCAR NELA, SEU DESGRAÇADO! – Brian berrava, domado pela fúria, acertando chutes fortes no estomago de Mateus, que nem se quer tinha como reagir, o socava no centro da face, várias e várias vezes. Estava cego pelo ódio, precisava gritar, precisava ver o sangue escorrer pelo rosto de Mateus, precisava exterminar tudo aquilo que estava guardado dentro dele.

- SYN PARA! – Letícia se erguia do chão, segurando Brian com força, a maior força que ela pode adquirir na vida. – Syn, pelo amor de Deus... Você não é assim...

Brian respirava fundo, fechando os olhos e tentando se controlar, segurou Letícia com firmeza contra seu corpo, abraçando-a.

- Você nunca vai ter isso, seu cretino! – Brian dizia, cuspindo na face de Mateus.

Mateus de repente começou a gargalhar alto, feito um louco.

- MORRAM, OS DOIS! – Ele berrava, enquanto Brian desesperadamente, tirava Letícia dali.

Letícia tremia, assustada, diante de tudo aquilo que acabava de presenciar. Mateus estava fora de si. Estava literalmente louco.

- Vem aqui... – Dizia Brian agora mais calmo, se aproximando da jovem e a abraçando. – Me desculpe ter feito você ver tudo aquilo, mas eu não podia deixar... Por favor... Não vai voltar atrás agora, vai?

Letícia respirava ofegante, com as mãos tremulas, abraçando Brian com força.

- Eu estou com medo. – Dizia ela.

- Não fique... Já passou... Acho que depois disso ele não vai fazer mais nada... Ele não se atreveria... Meu medo não é esse... Meu medo é você.

Letícia continuava tremula, afagando o rosto no peito de Brian.

- Letícia pelo amor de Deus, olha pra mim... – Dizia o rapaz segurando o rosto da jovem com firmeza. – Você vai desistir de mim?

- Vamos embora. – Dizia, apenas.

Brian baixou a cabeça, respirando fundo, e voltando para o carro.

Estava com os punhos doloridos, porém mais calmo. A única coisa que dominava sua cabeça era a instabilidade de Letícia.

A jovem se sentava ao seu lado, intacta, pensativa. Brian a focalizava diversas vezes, sabendo que ainda tinham outras coisas para resolver... Clarice estava brava, tinham que ir á gravadora.

Tudo aquilo era como ele temia. Invadiram seu mundo e os estavam bombardeando.

- Eu vou tentar... – Letícia sussurrava. – Creio que o pior já passou.

Agora Brian e Letícia estavam em frente da casa de Clarice, desceriam do carro juntos, se explicariam juntos, e mostrariam as melhores lembranças que tinham.

O pior já havia passado... Mas eles ainda tentariam apagar o brilho daquelas estrelas, e silenciar as cordas de sua guitarra.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, espero que gostem do capitulo novo *-*

Nao esqueçam os reviews, por favor, ein? HISHAISHAIHSIAHISA

beejos (: