Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 32
Informação Valiosa


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

E sem querer, Amália acabou encontrando seu primeiro alvo.
Vejamos como a Noviça irá se sair nessa Missão... E se o Connor terá muito trabalho.

Boa leitura!



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Dobby estava certa em nos aconselhar a ir pelas árvores ou a pé. O local era fortemente vigiado por Casacas-Vermelhas, decerto contratados por Hopkins. Do que sabia dele, ele era um homem de relevante ligação com o Exército, que por algum motivo desconhecido tinha sido afastado da Infantaria, e desde então, usou suas velhas ligações em seu favor, trabalhando como coletor de impostos para a Coroa Britânica, usando a força contra os colonos. Certamente esta foi a mesma tática usada contra o padrasto de Amália.

–Depois eu quero que você em ensine a andar pelas árvores deste jeito.

Ouvi a voz, tal como um sussurro, vindo de uma moita. Claro. Amália queria sempre melhorar, e eu percebi que tinha detestado se ver incapaz de me acompanhar. Ela tinha um curioso jeito de querer me alcançar em quase tudo – e admito, conseguia em quase tudo.

–Se for à Kenway Homestead, eu te ensino.

Sorri, timidamente. Por algum motivo, que nem eu mesmo sabia explicar, eu queria que ela me visitasse, que ela estivesse lá, entre aqueles que eu amo. E ao ver seu sorriso, senti meu coração disparar. Tive certeza de que ela queria ir, ver onde eu vivo.

–Eu vou, pode ter certeza. – ela prometeu, e para completar, deu-me uma piscadela que deixou-me momentaneamente corado.

Respirei fundo, sentindo ainda as minhas bochechas ardendo. Eu estava em uma missão, afinal. Precisava afastar tais sentimentos e me focar.

Andando pelas copas das árvores, fiz meu caminho até o galpão, passando completamente incógnito por aqueles homens, aparentemente relaxados. Aquele galpão era afastado demais da cidade, e provavelmente desconhecido da maioria dos gatunos, o que fazia a segurança ser mais relaxada.

Ouvi um assobio. Ao baixar meus olhos, percebi Amália. Ela acenou para um soldado em específico, destacado do grupo e perto demais de um arbusto.

Furtivamente, disse, apenas com o movimento dos lábios. Ela assentiu.

No momento certo, Amália o tomou por trás, fazendo-o ficar inconsciente.

Pensei que sua ação tinha terminado, no entanto, notei Amália começar a despi-lo.

Ela não faria o que eu estava pensando. Faria?

Ao perceber que ela começara a desabotoar sua própria casaca, um súbito sentimento de vergonha acossou-me. Eu virei meu rosto por completo, envergonhado por estar diante da chance de vê-la se despindo. Tenho certeza de que minhas bochechas estavam, naquele momento, da cor de meu próprio sangue. Não sei se ela notou minha reação. Esperava que não.

Mas o que mais me deixara envergonhado foi o sentimento de frustração.

Frustração porque eu queria vê-la. Não sei se devo chamar meu súbito desejo de curiosidade, ou atração. Talvez um misto dos dois. O fato é que eu me sentia cada vez mais sozinho. Um homem só, embora cercado de gente.

E Amália mexia comigo.

Quando virei meus olhos, ainda sobressaltado, avistei Amália caminhar em direção ao armazém. Notei, com surpresa, que ela andava como um homem, empunhando o rifle em suas costas, marchando e, sabiamente, evitando os olhos dos soldados próximos. E o que era mais impressionante: sem qualquer conselho meu.

O que ela está fazendo?

Decidi apressar meus passos, cuidadosamente, pelas árvores. Como havia apenas um soldado, mais próximo da porta lateral do armazém, eu saltei sobre ele, dando-lhe um clássico assassinato aéreo, não visto por ninguém. Continuei, com cuidado, adentrando ao lugar, e notei Amália próxima demais do único homem da sala.

O Templário James Hopkins.

Por trás do templário, ela pôs a mão em sua boca, e com a outra mão, desferiu uma facada contra... Uma área extremamente sensível para nós, homens. Tenho certeza de que ele gritou de dor. Depois, com a mesma faca, ela deu o golpe definitivo, cravando-a no peito do Templário. Ela disse algo em seu ouvido, eu notei, antes que ele caísse no chão, já morto.

–Aquilo foi desnecessário. – disse, indignado com sua crueldade.

–Não teria tal pensamento, se soubesse as barbaridades que ele... Que esse crápula queria que eu fizesse pelo baú de minha mãe. Que apodreça no Inferno! – ela disse, cuspindo no rosto do morto.

Sacudi a cabeça. De fato, ela ainda estava longe de ser uma Assassina. Por mais que fosse eficiente. Eu teria um grande trabalho pela frente.

–Agora, vamos procurar por este baú. Antes que sintam falta dele.

–Certo.

Nossa busca não durou nem mesmo cinco minutos. O baú estava em um canto, com a fechadura arrombada. Amália o abriu imediatamente, curiosa, e se deparou co praticamente nada dentro dele.

–Se havia algo de valor aqui, já se foi. – eu disse, enquanto a observava procurar pelos escassos objetos dento do baú, que senti não passarem de quinquilharia inútil.

–Para ele, sim. Mas para mim... – ela disse. – Acho que tudo que preciso está aqui...

–Ótimo.

Enquanto ela analisava o conteúdo do baú, decidi pergunta-la.

–Achou algo importante?

–Pouca coisa. A maioria destes objetos são itens pessoais. Veja só, um pente, livros, partituras... Nada útil para revelar sobre a minha mãe. Só o que encontrei de útil aqui é uma espécie de diário e um envelope, com uma carta. O problema é que esta carta está escrita em um idioma estranho. – ela disse, colocando o papel envelhecido dentro do envelope.

–Podemos traduzi-la depois. Agora, vamos embora. Carregue tudo que quiser.

Fomos embora dali do mesmo jeito que entramos: furtivamente, e sem sermos notados por ninguém. Mais tarde, certamente estranhariam, o silêncio de Hopkins, e saberiam que ele estava morto.

–Espero que você tenha dito no ouvido dele o que eu te ensinei.

Durante nossa caminhada, não resisti em provoca-la. Ela sorriu, sarcasticamente.

–Não vai querer saber o que eu disse.

–Mesmo? Terá sido algo haver com o local da primeira facada?

–Exatamente.

–Amália... – comecei. – Um Assassino deve ter respeito por seu alvo, tratar os mortos com educação. Mesmo os mais miseráveis e asquerosos. Quando matar alguém, diga boas palavras a ele.

–Mesmo que ele não mereça?

–Sim. Você precisa aprender isto. Caso contrário, será sempre uma Noviça.

–Noviça... Sabe, você me faz eu me sentir uma freira quando me chama desse jeito. Será que não podemos pular logo para parte em que sou chamada de Mestre Assassina?

Ri. – Nem eu posso ser chamado deste jeito. De qualquer modo, você precisa melhorar, se quer mesmo que eu pare de te chamar de Noviça.

Rimos juntos, enquanto caminhávamos de volta para a casa de Dobby.

Quando chegamos lá, o sol já estava alto. Lamentei. Se partíssemos de volta à Kenway Homestead àquela hora, anoiteceria e ainda estaríamos na estrada. E eu não queria expor Tessa ao perigo. De fasto, eu não contava com essa última aventura.

–Connor, que bom que voltou. – disse Tessa, com a tranquilidade de alguém que não fazia a menor idéia do que eu tinha ido fazer, é claro. – Dobby estava me mostrando como embaralhar e jogar cartas.

–Mesmo? – disse, procurando mostrar-me surpreso.

–Foi muito divertido, mas... Não acha que está na hora de irmos para casa?

Claro. Naturalmente, pernoitar não estava em seus planos.

–Er, Tessa... Iremos pernoitar por aqui, em Nova York.

Tesa ficou surpresa. – Aqui?! Mas aonde?

–Em minha estalagem. – disse Amália, socorrendo-me. – Há quartos vagos lá.

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Comidas de estalagem jamais me cativaram. Por sorte, Amália percebeu isto, e trouxe ao meu quarto algo preparado por suas mãos. Era simples, um bife acebolado com batatas, mas perfeito para saciar nosso apetite. Ela também trouxe uma caneca de cerveja.

–Se Ista souber que você está bebendo... – alertou-me Tessa, emburrada.

–Acalme-se. Beberei nada mais que uns goles. – disse, afagando seu sedoso cabelo negro, algo que percebi que a deixava ainda mais irritada. Amália nos observava com atenção, enquanto também jantava conosco.

Não tardou para que Tessa se recolhesse, deixando-me sozinha com Amália. Quando fui ao quarto verificar Tessa e tive certeza de que ela estava em sono profundo, voltamos a conversar.

–Então, como foi acabar com o seu primeiro alvo? – perguntei, evitando o termo “matar”, quando Tessa estava próxima de mim. No fundo, estava curioso com Amália. Ela demonstrou uma frieza que apenas alguns experientes possuíam. Era difícil vê-la como uma Noviça, realmente.

–Fácil, uma vez que ele não é um rosto completamente desconhecido.

–Nem sempre um alvo conhecido é o mais fácil de matar.

Sim. Eu poderia dizer isto. Embora Charles Lee tenha sido meu principal alvo, no âmbito pessoal, meu pai, Haytham Kenway, sempre foi o meu principal alvo como Assassino. E mata-lo não foi fácil. Ouso dizer que, se outras oportunidades de matá-lo tivessem surgido, eu teria hesitado, por mais que eu sempre afirmasse o contrário. Porque, no fundo, eu tinha esperanças de conciliação.

–Pode ser. De todo modo... – ela disse, retirando de seu bolso o diário. – Este diário pode colocar muita luz sobre minha mãe. – ela o colocou sobre a mesa.

Percebi que ela estava hesitante. Após algum momento, ela começou.

–Poderia lê-lo para mim?

Aquilo me deixou aturdido.

–Não me entenda mal Amália, mas creio que um diário é algo pessoal demais para...

–Eu sou praticamente uma analfabeta, Connor. – ela disse, no que percebi ter sido dito com vergonha, e mesmo dor.

Fiquei boquiaberto.

–Por que você não me contou?

–Acha que é fácil admitir que... Enfim, eu não tive muito tempo para estas coisas. Passava mais tempo na rua que em casa, e meu pai – padrasto – me ensinou pouca coisa. Mal sei escrever, também. Só assinar meu próprio nome, e umas palavras bem trôpegas.

Assenti. Estive na mesma situação que ela. Um falante de uma língua estranha, que aprendera um pouco de inglês com a mãe nativa, desafiada a cada conversa com brancos, a ter de me provar a todo tempo de que eu não era um selvagem ignorante. Mas apesar de minha fala ser adequada, também demorei a me adequar com a escrita. Pouco lia, também, apesar das insistências de Achilles, pois dava mais valor ao físico, treinando e me exercitando todo o tempo. Eu era capaz de entender seu constrangimento.

Após um suspiro, ela continuou.

–O fato é que precisamos ser racionais. Demorarei dias para ler o que você levaria uma ou duas horas. E como eu não quero ter de admitir esse meu pequeno... Defeito, para outras pessoas, a sua presença aqui, em minha estalagem, é importantíssima.

Assenti.

–Está bem. Eu lerei o diário de sua mãe.

Pigarreei, antes de começar a ler a primeira página, em voz alta.


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–Parece que você e sua mãe compartilhavam o mesmo problema com a escrita.

–Está chamando a minha mãe de burra? – questionou Amália.

–Chamá-la de burra seria chamar a você também, mas eu sei que você é inteligente. Convencida, é claro, mas inteligente. O fato é que tenho de ler uma frase pelo menos duas vezes, até entender o que ela quis dizer.

Não sei quanto tempo tinha se passado. Li aquelas páginas e me perdi na hora. Sequer sentia sono, porque confesso, a narrativa estava interessante. Aquele era, afinal, o diário de uma mulher que abandonara sua terra, Portugal, para ir atrás do pai de sua filha. No entanto, ela não dera praticamente nenhum detalhe de quem era o homem – provavelmente, por temer que alguém inadequado pudesse ler o seu diário.

Por sorte, não havia nada de muito revelador ou íntimo ali – pelo menos, a mãe de Amália fora mais... Discreta nos detalhes que meu pai, Haytham, tinha sido em seu diário pessoal. Ela contara das dificuldades na América, dos amigos que fizera e de como conhecera Rodolph Lawler, o padrasto de Amália. Estava, naquela hora, parado na parte em que ela tinha aceitado o pedido de casamento do americano, após desistir das buscas pelo pai de Amália, sem qualquer motivo declarado. Ela mencionara uma carta, apenas isto, carta esta que eu suspeitava fortemente que era a mesma que estava em nossa posse, porém escrita em Português.

–Dê um crédito a ela. Afinal, o objetivo desse diário era justamente treinar o Inglês.

–Eu sei.

Amáia soltou um bocejo.

–Já está tarde, Connor. Acho que é melhor você descansar. Terá um dia cheio pela frente, afinal.

Fechei o Diário, que aquela altura, estava quase pela metade.

–Te vejo amanhã, então. Boa noite. – ela disse, erguendo-se na ponta do pé e me dando um leve beijo em minha bochecha, no que me deixou completamente abobado. Pude ainda ver um sorriso irônico, de alguém que já esperava constrangimento diante deste gesto. Como sempre, Amália fazia tudo intencionalmente.

–Boa noite. – eu disse, apenas quando ela já tinha fechado a porta por trás de si. Ainda estava perplexo com sua atitude carinhosa repentina. Amália não parecia ser a mais romântica ou carinhosa das mulheres. O que a levara a tomar tal atitude?

Por mais que eu não soubesse a resposta, eu tinha a sensação de que o sorriso bobo estampado em meu rosto não se desmancharia tão cedo.


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Notas finais do capítulo

Parece que tem alguém apaixonado aí...

E Amália já deve ter percebido isso...

É, Connor, se cuida... Essa garota vai ser difícil. Já percebemos que ela é bastante impulsiva - e impulsiva demais para uma Assassina, convenhamos... Você vai ter um problemão pela frente...

No próximo cap, voltamos à caçada de Benjamin Church. Vejamos se Haytham e Minowhaa ainda estão inteiros depois de semanas a fio em alto-mar.

Obrigada por acompanharem, e boa leitura!



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