Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 31
Os Problemas da Noviça


Notas iniciais do capítulo

Olá!!!

Como prometido, teremos um cap para revelar um pouco mais a respeito de Amália e seu segredo. Tem também algum flashback da vida passada do Connor - invenção minha, galera, totalmente fora da história original.

E queria agradecer também a recomendação que recebi da Liran Rabbit essa semana. Fez meu dia. Gosto muito de escrever, e receber tais palavras é gratificante.

Um forte abraço, e boa leitura!!!



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Nova York, 18 de Janeiro de 1778.


Agora, eu poderia entender o porquê de não estar ali, em nossa casa, nos últimos tempos.

Eu tinha convivido bem pouco com Jim, mas sua ausência doía. Perdi pelo menos seis anos de sua vida, seis anos que meu Diário não pôde suprir, mas tinha me afeiçoado ao menino nos últimos tempos. Ele lembrava a mim mesmo, em tal idade, mas com uma perspectiva diferente: e se minha mãe tivesse perdoado o meu pai sobre sua mentira a respeito de Bradocck? Faria diferença? Ambos estariam juntos ainda? Não sei. Confesso que só tomei conhecimento de seu rompimento por meio dos diários de meu pai – momento este que me senti invasivo quanto à sua própria privacidade – mas a impressão que me deu foi a de que Edward Bradocck foi só um pretexto. Ambos estavam com suas vidas suspensas. Ela só pareceu ter terminado antecipadamente algo com data para terminar.

Mas é claro, a vinda de uma criança poderia tornar tudo diferente. Dificilmente imaginaria meu pai abandonar minha mãe por causa da gravidez, como já ouvi dizer de muitos homens. Creio até que, naqueles tempos, ele desejasse construir sua própria família, mas sabia que não tinha tempo para isto. Ambos teriam de se conciliar. Ele poderia me visitar ocasionalmente, por exemplo, mas de qualquer modo, tornar-se presente como pai, deixar-me saber de sua existência. Fiquei, na verdade, até surpreso com sua idéia de nos mudarmos para Kenway Homestead. Acredito que sua desistência da Causa Templária tenha influenciado – desistência esta que era ainda um mistério para mim.

Nos últimos dias, estive em Nova York, começando a treinar Amália. Por sorte, eu não tinha herdado a inabilidade de meu pai em dizer nomes exóticos, e consegui aprender a dizer o nome dela corretamente. Amália ouvia meus ensinamentos a respeito do Credo atentamente. Percebi que ela estava empolgada com a possibilidade ter uma causa a defender, uma causa maior do que si mesma.

O treinamento dela, notei, consistia basicamente em coisas teóricas. Na prática, Amália era uma mulher bastante forte e habilidosa. Sabia esgrima e tiro, para não mencionar sua habilidade com facas. Tinha pontaria e agilidade que jamais vira em outro lugar. Como uma mulher como ela aprendera tais coisas?

Percebi que ela também falava muito pouco sobre si mesma. Só sabia que ela era proprietária de um pub em Nova York, e logo o ofereceu para ser de nossa ajuda. Não falava sobre seus pais, irmãos ou parentes – se ela realmente os tinha. Percebi que ela era solteira e morava sozinha, em uma modesta casa que ficava logo atrás do pub.

Eu decidi ir para Nova York, para mais um dia de treinamentos com meus recrutados, e decidi levar Tessa comigo. Senti que não haveria qualquer problema. Aos poucos, eu sentia que nossas vidas precisavam voltar ao normal, apesar das recentes ameaças.

Tessa estava perto de fazer dezoito anos, e já tinha feições de mulher. Eu já era tomado por um sentimento de irmão mais velho e prezava por ela. Odiava ver alguns colonos de nossa idade voltaram, ainda discretamente, seus olhos para ela. Infelizmente – não sei se é correto dizê-lo – Tessa era bonita. Tinha o cabelo negro preso em um coque trançado e os olhos cinzentos idênticos ao de meu pai. As feições do rosto também eram dos Kenway: o queixo quadrado e o nariz, mas um pouco mais brandas. Dificilmente poderia ser dito que metade de seu sangue era nativo, a não ser pelo lábio mais carnudo, a única herança deixada por minha mãe. Creio que por isso as crianças da Aldeia não se simpatizavam muito com ela.

–Connor, quem era aquele homem que apareceu em nossa fazenda, no dia em que nosso pai partiu?

Ela estava curiosa. Percebeu o nosso desagrado com Charles Lee. Eu poderia listar a ela meus motivos, mas precisava tomar cuidado. Eu ainda não entrara em confronto direto com Charles Lee. Apenas Minowhaa tivera esse desprazer.

–Um homem mau, Tessa. – disse.

–Ista também não parecia gostar dele.

–Sim, e ela tem seus motivos. Ele era um grande amigo de nosso pai, mas os dois perderam a amizade depois que...

Ela percebeu que eu estava relutante em dizer, por isso facilitou as coisas.

–Que nosso Raké:ni se casou com nossa Ista, é isto?

Fiquei aliviado em ver que isso não a chocara. Ela se justificou.

–Acha que não reparo na forma como as pessoas tratam a gente e a Ista quando estamos em Lexington? Ou como as pessoas costumam olhar para você?

Quando ela questionou tal fato, nossos olhos se voltaram a um casal, que parecia comentar a respeito de mim – e provavelmente, de minha aparência. Depois, ela mesmo completou.

–Eu só costumo escapar dessas ofensas porque minha pele é branca.

–Exatamente, minha irmã. O mundo lá fora é preconceituoso com os Mohawk. Me alivia saber que tens a mente já esclarecida deste fato.

–Não sou tola, Connor. – ela disse, com uma piscadela. – Aliás, o que fazemos aqui? Confesso que quase não venho para este lado da cidade.

–Eu preciso falar com Amália. Ela mora aqui perto.

–“Amália”? Hum... Então, essa Amália é sua namorada?

Fiquei corado. Ela estava claramente insinuando um namoro.

Aquela era outra situação delicada. Eu jamais tive uma namorada. Meu tutor, Achilles, embora tivesse sido uma espécie de pai para mim, não costumava tratar desses assuntos. Apenas me fazia focar na Ordem. E no pouco tempo que estive com Haytham Kenway, ainda amigavelmente em nossa “trégua”, ele chegou a abordar o assunto, mas de maneira bem despretensiosa.

Lembrar disso agora me fazia rir, mas na época me deu vontade de mata-lo. Estávamos eu e ele a bordo do Áquila, depois de termos matado Benjamin Church, ancorado em um porto na Martinica. Estávamos sentados em uma taverna de marinheiros. O ambiente, é claro, o deixava deslocado, mas ele procurava se portar com naturalidade. Já tinha bebido quatro canecas de vinho, mesmo vagabundo. Aquilo seria quantidade suficiente para me deixar bêbado, mas algo me dizia que ele era mais resistente. Mas não tanto, pois seus olhos estavam tontos.

Até que apareceu uma prostituta.

“Bem vejo que és o Capitão...”, ela disse, passando seus dedos por meu chapéu, com a voz repleta de malícia. “O que acha de me mostrar sua... Luneta?”

Eu era muito tímido neste sentido. Olhei para o outro lado da mesa, e notei que Haytham estava com o ar divertido, rindo de minha clara inexperiência e da minha falta de jeito com a situação. Depois que sacudi a cabeça negativamente, a prostituta se dirigiu ao meu pai.

Essa eu gostaria de ver.

“E quanto ao cavalheiro?”, ela perguntou, passando seus dedos pelos ombros dele. “Gostaria de trazer uma boa lembrança da Martinica?”

Para meu desgosto, meu pai parecia à vontade. Tinha os olhos também lascivos, não tanto quanto os dela mas também lascivos.

“Infelizmente, não será possível.” – ele disse, e para minha surpresa, passou sua mão pela cintura da moça, que soltou um suspiro de surpresa. Fiquei um tanto horrorizado ao também notar que seu olhar caíra dos olhos castanhos dela, diretamente para seu decote.

“Tem certeza?”

“Tenho.”

“Não vá fazer algo que irá se arrepender, sir.”

“Duvido muito. Mas obrigado por sua... Esplêndida oferta.”

Vendo que nada mais conseguiria, a prostituta finalmente se afastou de nós.

Ao notar meu olhar de repugnância, ele riu, e para minha abismação, jogou sobre a mesa um saco de moedas. Um saco de moedas que me pertencia.

“Muito esperta, mas pouco discreta.”

“Como você percebeu?”, eu perguntei, ainda surpreso. Ele sorriu.

“Connor, eu já tenho mais de 50 anos. Quando vejo uma prostituta deste tipo insistir apenas uma vez com um cavalheiro que é um Capitão de navio, simplesmente porque não precisa insistir mais. Ou não percebestes que ela foi mais... Insistente, comigo?”

“Sim, de fato.”

“Enquanto eu passava sua mão por sua cintura, eu tomei o saco de moedas que estava em sua mão direita, e impedi que a mão esquerda dela deslizasse para os meus bolsos. Acho que ela percebeu, e imaginou que só havia a maneira ortodoxa de conseguir dinheiro. Por isso a insistência. Mas não é o fato de você ser roubado por uma prostituta de cais que me preocupa.”

Minha garganta parecia seca. Tinha a certeza de que, naquele momento, ele iria aproveitar a casualidade do local para me sondar sob aspectos mais delicados de minha vida. Embora ele parecesse, ainda assim, sem jeito.

“Olha, eu sei que fui um pai ausente, e garanto-te que fui apenas porque não sabia de sua existência. Mas você ainda é meu filho, por isso eu me sinto no direito de...”

“Não, por favor, não continue.”, pedi, claramente não desejando que ele continuasse. Parecia que o rubor em minhas bochechas lhe dava ainda maiores margens a perguntar.

“Vamos conversar lá fora.”, ele pediu, no que não era um convite com margens para recusa. Talvez temesse que algum marujo de meu navio escutasse o conteúdo daquela conversa – e creio que ele já imaginava as minhas respostas.

“Você é virgem?”

A pergunta saiu de sua boca sem rodeios, deixando-me abismado e nervoso.

“Não precisa nem responder, já sei que é.”, ele disse um tanto divertido.

Passou pela minha cabeça o que ele estaria pensando de mim depois disso.

“Se irá me caçoar, eu...”

Ele negativou com as mãos. “Não, eu não vou. Posso entender seu lado. Esteve ocupado demais, ouvindo todas as bobagens de Achilles e maquinando seus planos de Assassino para pensar em garotas. Eu posso entender porque não teve relações sexuais, mas... Nem mesmo chegou a pensar?”

Fiquei envergonhado. É claro que já tinha pensado.

“Como assim?”, perguntei, hesitante.

“Você é virgem em todos os sentidos? Digo, você já beijou alguma garota?”

“Pai...”, pedi, mas ele parecia sério demais. Como se realmente quisesse que eu falasse mais a respeito disso. E para meu pasmo, ele falou mais a respeito de si mesmo. Talvez porque quisesse que eu me sentisse à vontade – algo difícil de sentir quando se está diante de um homem que não é só o seu pai, mas também o Grão-Mestre Templário.

“Quando eu tinha dezoito anos, eu perdi minha virgindade. Uma francesa, balconista de uma taverna. Não me deitava com prostitutas, pois temia as doenças. Apenas as moças fáceis. Lavadeiras, garçonetes... Mas não me julgue um conquistador. Devo ter me relacionado com menos de dez mulheres em toda a minha vida, mesmo... Mesmo incluindo sua mãe.”

A curiosidade me acossou.

“E depois de minha mãe?”, perguntei. Não era necessário aprofundar a pergunta.

“Não. Sua mãe foi a última.”

“Você jamais pensou em construir uma família?”

“Sabe, é bom ter tocado neste ponto. Minha preocupação está justamente nisto. Eu não quero que o mesmo aconteça a você. Muito embora eu ache a sua Causa grotesca e perdida... Você não pode reduzir sua felicidade ao seu sucesso na Ordem, ou você jamais se sentirá completo.” Ele bateu em meu ombro. “Entende o que quero dizer?”

“Entendo.”, disse, tentando absorver suas palavras.

“Mas é bom você se privar dessas coisas. Depois que as prova, é bem difícil viver sem elas.”

“Você acabou de dizer que está há vinte anos sem... Você sabe.”

“Eu sei lidar com isto.”

“Posso saber como?”

Percebi que a pergunta lhe irritara, e que pela primeira vez eu o deixei ruborizado. Senti-me vingado ao ver suas bochechas coradas.

“Não. Mas por Deus, nem mesmo uma namoradinha? Alguma menininha que você tenha flertado na Aldeia? Ou em Boston? Não houve nenhuma mulher que você tivesse se sentido atraído?”

Naquele instante, me lembrei de Aveline de Grandpré, a Assassina de Nova Orleans que ajudei. Uma belíssima moça, de coração e força tão grandes quanto seu charme. Senti-me encantado, pois aquela foi a primeira vez que eu conheci uma Assassina de outro lugar, e para completar, uma belíssima e corajosa mulher.

“Uma. Mas era comprometida.”, admiti, sem dar detalhes. Ele sorriu.

“Bom, ao menos eu ainda posso nutrir esperanças de ter netos.”

Netos?! Ele mencionou netos?! Eu sabia que ele estava bêbado, mas não tanto. Dificilmente falaria com tanta liberdade assim comigo, e infelizmente o tempo mostrou que eu estava certo. No dia seguinte, visivelmente de ressaca, ele não tornou a mencionar o assunto, e nós voltamos a nossa relação apática. Depois que li seu Diário e notei que ele não mencionara a conversa, tive certeza de que não se lembrava, pois estava bêbado. Curiosamente, isso me frustrou na época.

Mas agora, que estava vivendo como seu filho, naquela realidade bem distinta da que abandonei, eu pude entender minha frustração com seu silêncio. No fundo, eu sempre desejei que tudo fosse diferente. E estava tendo a oportunidade de vivenciar meus próprios anseios.

–O que foi, Connor? – perguntou-me Tessa, espantada com meu súbito silêncio. – Será que te deixei encabulado?

–Um pouco, Tessa. – admiti. – Mas acredite, não há nada entre Amália e eu. Somos apenas amigos.

–Hum... – disse minha irmã, aceitando meus argumentos. – Bom, você precisa avisar a Ista, então. Quando ela souber dessa sua amiga, sem duvida ela ficará com esperanças. Sabe que tanto ela quanto o nosso pai deseja vê-lo com alguém.

–Sei. – admiti. Era natural, afinal. Todos os pais desejavam que seus filhos fossem felizes. Como meu próprio pai admitiu uma vez, desejava netos também.

–Mas então, vamos parar com essa conversa. Antes que você queira saber de mim.

Fiquei embasbacado. – Mas o quê uma criança como você poderia...?

–Criança?! – indignada, Tessa se empertigou, ainda que minha estatura fosse muito superior a ela, mas ela não se importava em tentar ser ameaçadora. – Farei dezoito anos no mês que vem!

Pensar nisto me incomodava. Será que ela já tinha alguém? Minha própria irmã?

–Você não tem nenhum pretendente em vista, tem?

Ela ficou quieta, como se me provocasse com seu silêncio. Lamentavelmente, ela conseguia, pois eu já estava irritado.

–Quem é ele? – perguntei.

Ela não me respondeu. Ocorreu-me, então, que talvez estivesse apenas me provocando. Era impossível que ela tivesse alguém em vista. Só ficava na fazenda o tempo inteiro, e não havia ninguém de sua idade entre os colonos. Não havia motivo para eu me sentir enciumado. Ainda.


§§§§§§§§§§§§§


–Olhe, estamos bem perto. – disse a minha irmã, quando avistei o pub de Amália, perto da esquina.

Tenho certeza de que devo ter rolado os olhos, ao avistar um dos empregados de Amália a arrumar uma placa nova na entrada do pub. Amália tinha me dito que comprar o pub recentemente que o local precisava de boas reformas.

Mas em nenhuma das minhas expectativas a respeito dessas “boas reformas” aturdia ao novo nome do estabelecimento.

–O que foi, Connor? – perguntou-me Tessa, com expectativa.

–Nada. – disse, retirando o capuz sobre minha cabeça, antes de entrar.

Logo, fomos recepcionados pelo som de um violino sendo afinado, e o cheiro de bebida ainda fraco. Havia pouca gente ali, devido ao horário de nossa visita – o que foi bem a minha intenção. Logo que voltei meus olhos ao balcão, avistei Amália orientando uma das garçonetes.

–Olá, Connor! – disse, ao notar minha presença.

–“The White Falcon”?

Ela riu, assim que eu mencionei o novo nome do pub. Uma tentativa errada de conectá-lo aos Assassinos, mas ainda assim uma tentativa.

–Bom, pensei que iria gostar da minha... Homenagem.

–Amália... – comecei. – O nosso símbolo é uma águia...

Ela deu um olhar cúmplice. – Claro que estou ciente disso, tolinho. Mas não resisti em dar um nome de pássaro ao meu estabelecimento. De qualquer modo, não torna meu pub um chamariz, completamente.

–Hunf. – resmunguei. – Você precisa ser mais discreta. Os Templários são perigosos. Se souberem que você está do nosso lado...

Ela ria. Claramente zombava de mim.

–Acha mesmo que não sei do que eles são capazes?

Menosprezar templários. Arrogância tinha limite.

–Não acho. Eu tenho certeza. Você mal é uma Noviça, e ainda não entrou em contato diretamente com nenhum deles. E nem mesmo está preparada.

Ela cruzou os braços.

–Você se engana, Connor. Eu já entrei em contato com um deles, sim.

Fiquei surpreso – e ao mesmo tempo, temeroso.

–Como assim?

Ela suspirou forte.

–Como eu disse a você, estou aqui em Nova York há pouco tempo. Eu morava em Boston, com meu pai... Com meu padrasto.

Percebi que ela se corrigiu rapidamente. Ela continuou.

–Meu padrasto era um comerciante chamado Rodolph Lawler. Eu não menti quando disse que aprendi tudo que sei na rua, mas omiti a participação do meu pai nisto. Ele me treinou, também. Disse que eu precisava ser uma mulher forte. Quanto à minha mãe... Eu não me lembro dela, pois ela morreu antes de eu completar dois anos, e ele sempre foi limitado a contar-me sobre ela. Só o que sei é que meu nome, Amália, foi uma escolha dela.

–Mas você não sabe nada sobre ela?

–Quase nada. Nem mesmo o nome dela eu sei. Ele sempre desconversava sobre isto, até o dia em que ele faleceu. Nós morávamos em Boston, na época. Ele acabou contraindo tifo. Em um de seus delírios de febre, disse que eu não era sua filha, que eu já era nascida quando ele se casou com minha mãe. Ele também confessou que se casou com minha mãe para obter o dinheiro dela, pois ela já amava outro homem – meu pai verdadeiro. Pelo que entendi, ela não era americana e estava aqui atrás de alguma coisa, com uma boa quantia de dinheiro. Não me espanta que nossa mercearia tenha sido construída com o dinheiro de minha mãe, mercearia esta que acabamos perdendo a um homem chamado James Hopkins.

Suspirei. James Hopkins era um Templário. Um mero peão no tabuleiro deles, mas um Templário. Não lembrava dos detalhes, mas tinha certeza de que Dobby o eliminara.

–No leito de morte, meu padrasto disse que havia maiores informações a respeito de minha mãe em um baú vermelho, com o símbolo da Marinha Britânica. O problema é que este baú foi levado por Hopkins. Eu já tentei invadir a casa dele, mas foi em vão. Procurei-o, exigindo o baú de volta, mas ele está exigindo algo que... Não tenho estômago para entregar.

Suspirei. Não era necessário entrar em detalhes. Aquilo só me deixou mais indignado, e cada vez mais disposto a enfiar minha Tomahawk em sua garganta.

–Onde podemos encontrar James Hopkins?


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Nossos cavalos estavam cansados para mais uma cavalgada, por isso, pedi a Amália uma charrete emprestada, para levar minha irmã Tessa a um local seguro. Eu não poderia deixa-la em um pub, sozinha – se o fizesse e meus pais descobrissem, certamente eu estaria morto. Logo lembrei-me de Dobby, que não morava muito longe dali.

Quando nos aproximamos da parte mais afastada da cidade, logo deparei-me com Dobby, recostada à parede de sua casa. Usava suas conhecidas vestes, meio masculinas, meio femininas, com o cabelo amarrado para trás. Tessa pareceu surpresa com sua aparência - e muito chocada em perceber que ela fumava um cachimbo.

–Bom, quando você disse Dobby, pensei se tratar de um homem, não de um quase homem. – observou Amália, com diversão.

–Dobby cresceu se misturando aos meninos. Se disfarçava de homem para sobreviver, até crescer demais e o disfarce não ser mais tão convincente.

–Então, ela é a perfeita encarnação de “velhos hábitos nunca morrem”. – observou Amália, fazendo Tessa rir. – De qualquer modo, fico feliz em saber que há mais mulheres na Ordem.

Parei a charrete em frente à casa, ato este que fez Dobby sair de seus devaneios, enquanto fumava.

–Dobby. – cumprimentei educadamente.

–Connor. – disse Dobby, aparentando estar aturdida em ver-me. – Estava mesmo a pensar em ti. Uma incrível coincidência vê-lo.

Percebi que Amália estranhou as palavras de Dobby.

–Vocês são namorados ou algo assim?

–O quê?! – a perspectiva assustou Dobby. – Claro que não! Somos amigos. Minha surpresa consiste no fato de que um Templário está aqui perto. Meus contatos confirmaram.

–E quem seria este Templário? – perguntei, curioso.

–James Hopkins.

Sorri.

–Parece que hoje é o dia das coincidências. – disse Amália, animada.

–Pode dar-me mais informações, Dobby?

–Ele está em um armazém perto daqui. Como ele é um coletor de impostos, ouvi dizer que embarcará os pertences confiscados para um navio, em direção às Colônias Francesas. Parece que ele está com medo da Guerra.

–E com razão. – disse, convicto. – Homens como ele sofrerão com a vitória dos Patriotas e a Independência. Onde fica este armazém?

–Siga ao sul, e verá uma estrada, adentrando à uma pequena mata, nos limites de Nova York. Não tardará até que chegue lá. Quer que eu acompanhe vocês?

–Infelizmente, eu precisarei que fique por aqui, Dobby. Você pode ficar com minha irmã, Tessa?

Dobby pareceu surpresa.

–Oh, esta é sua irmã? É um prazer conhece-la.

–O prazer é todo meu. – disse Tessa, após o cumprimento.

–Bom, fiquem aqui, enquanto eu resolvo este problema. Creio que será o mais seguro a se fazer. Até mais.

Quando estava prestes a dar meia-volta e sair dali, Dobby chamou-me outra vez.

–Ah, eu tenho um conselho: prossigam à pé, ou pelas árvores.

Tessa desceu da charrete e acompanhou Dobby para dentro de casa. Senti-me mais confortado por ver minha irmã em segurança.

–Não podemos deixar que ele leve o baú. Ou perderemos a única pista concreta que eu tenho de minha mãe. – disse Amália.

–Não se preocupe, isto não irá acontecer. Você tem minha palavra.


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Notas finais do capítulo

E algo me diz que esse Hopkins Templário irá para a vala...

No próximo cap: a primeira missão da Noviça Amália...
Hahah, o termo "noviço(a)" para ser usado para Assassinos é tão engraçadinho. Afinal, os "noviços" em missão matam pessoas, rs.

Um grande abraço, pessoal, e deixem reviews!!! Quero saber o que estão achando.

Até o próximo cap!!!



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