Assassin's Creed: Aftermath escrita por BadWolf


Capítulo 30
Um Inferno de Viagem


Notas iniciais do capítulo

Olá!!

E para quem quer saber as consequências de manter Minowhaa e Haytham dentro de um navio por muito tempo, aqui vai este cap (embora eu ache que o título já tenha dito tudo)

Boa leitura!



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Em algum lugar do Oceano Atlântico Norte. 17 de Janeiro de 1778.


Se Mr. Falkner estava otimista com o clima, certamente ele precisou rever seus conceitos nos últimos dias. Parecia que o Áquila estaria cercado por tempestades, diferente daquelas tropicais enfrentadas em alto-mar. Não era necessário mau tempo. A própria tripulação seria capaz de criar uma, dentro do próprio navio.

Estava longe de ser um motim. Na verdade, os marinheiros do Áquila eram bem unidos e confiavam em Minowhaa, ignorando a cor de sua pele e o respeitando como um capitão. O grande problema era justamente o Capitão e seu convidado. Ambos brigavam tanto que era difícil para todos que estavam a bordo entender porquê Haytham Kenway ocupava uma cabine, e não a sala de prisioneiros.

E para piorar, na avaliação de Mr. Falkner, os dois claramente se detestavam, mas passavam o dia inteiro juntos.

–Decidiu despertar de seu sono de beleza, Templário? – perguntou Minowhaa, em um tom aparentemente relaxado a um recém-chegado Haytham.

–Por que? Sentiu minha falta, Assassino?

–Não mesmo. Mas afinal, deixastes-me curioso: o que está achando de suas acomodações?

–Você me reservou a pior cabine, a mais perto da latrina. – resmungou Haytham. – Mal vejo a hora de finalmente pegarmos esse calhorda do Benjamin Church. Assim eu posso parar de olhar para essa sua cara amassada.

–Não tão amassada quanto a sua ficará, depois que encontrar o meu punho.

E eram mais implicantes que duas crianças de cinco anos, pensava Falkner.

–Como está a distância em coordenadas, Mr. Falkner? – finalmente perguntou Minowhaa, largando as implicâncias de Haytham para agir como verdadeiramente se esperava de um Capitão.

–Excelentes, Capitão. Creio que o bom vento que tem aparecido está reduzindo a vantagem do Welcome. Se continuarmos assim, por mais alguns dias, alcançaremos aquela escuna, e de surpresa!

Tanto Haytham quanto Minowhaa pareciam satisfeitos.

–Ótimo! – concluíram os dois em uníssono, trocando em seguida uma careta indignada pelo fato de terem tido a mesma conclusão.

–Capitão! – gritou um marujo. – Escuna britânica com canhões de fora!

Aquilo chamou a atenção de Haytham. Não. Tudo que eles não precisavam era de uma batalha, àquela altura. Poderiam perder toda a vantagem que conseguiram. Minowhaa parecia preocupado, tomando a luneta.

–Aquele é o Saint Clair, do Capitão Hamilton. Lembro-me daquele patife ter me chamado de selvagem imundo, quando nos encontramos em Marthy Vineyard. Ele estava, inclusive, acompanhado de um dos seus, Haytham. Nicholas Biddle, outro Templário que terá seu fim muito em breve. Preparai os canhões! A toda vela! Veremos quem é o selvagem imundo aqui...

Haytham parecia indignado.

–Espere, depois de todo o sacrifício para obter vantagem, você irá entrar em combate agora?

Minowhaa não lhe dava ouvidos, atento ao leme. – Preparai canhões! – gritava, apressando sua equipe de marujos.

–Iremos perder todo o proveito que conquistamos...

–Ele está com os canhões de fora. Não deve entender o que significa isto, mas garanto-te que ele está querendo uma boa briga. E o Áquila não é de fugir de uma batalha.

Haytham parecia inconformado.

–Eu não acredito que todos estes dias aqui, aturando sua petulância, serão jogados fora porque você está com seu orgulhozinho ferido...

Para profunda consternação de Falkner, Minowhaa ejetou sua lâmina. O metal só não encontrou certeiramente o pescoço de Haytham porque ele também estava armado com uma, e pôde deter o golpe a tempo, fazendo as duas lâminas se encontrarem.

–Ainda não posso entender porque Ziio preferiu você a mim. – vociferou Minowhaa, levando a discussão ao lado pessoal.

–Não faz diferença que entenda. Ela preferiu a mim, isto é tudo. – disse Haytham, com ódio.

–Então, talvez seja melhor tirar você de vez do meu caminho, como eu deveria ter feito naquela época...

–Parem, os dois!- gritou Falkner. – Tudo que não precisamos é de uma briga em nossa própria tripulação, quando estamos á beira de uma batalha.

–Pobre de você, por ainda ter esperanças de que minha esposa poderia deseja-lo. Nem mesmo minha morte daria o caminho livre a ti.

–Tens tanta certeza assim? – disse Minowhaa, forçando a lâmina. – Porque eu já consegui conquistar o seu primogênito, que me considera mais como pai do que a você. Conquistei seu filho adorado. Conquistar sua esposa precisa de bem menos.

–Você não é homem o bastante para ela.

–Estou perdendo a paciência com você, Templário! – vociferou Minowhaa, com olhos repletos de ódio, sendo igualmente retribuídos por Haytham.

–O mesmo posso dizer, Assassino. O mesmo.

–Capitão, pare com isto. Sua tripulação... Está começando a reparar...

E de fato, estavam. Enquanto faziam seu trabalho, seja preparando canhões, seja manuseando a vela, os marujos voltavam seu olhar, discretamente, para a direção do leme, onde Minowhaa e Haytham ainda estavam com lâminas apontadas um para o outro.

Ambos guardaram suas armas, para alívio de Falkner, mas aquilo estava longe de ser um sinal de paz.

–Se usarmos os morteiros, poderemos encurtar a duração da batalha. – disse Minowhaa. – Mas isso não será o bastante. Infelizmente, teremos de invadi-lo. Não vou sair daqui sem abrir a garganta de Hamilton. – disse Minowhaa a Mr. Falkner, ignorando os resmungos de Haytham.

–Claro, o que mais poderia esperar de você senão um ato de selvageria desnecessário? – resmungou Haytham outra vez.

–Mestre Kenway... – pediu Falkner, sendo detido por Minowhaa, enquanto o ex-Templário se afastava.

–Não vá muito longe, Haytham. Neste navio, todos trabalham. E se deseja mesmo que essa batalha seja breve, terá de haver gente que possa matar de modo eficiente.

–Devo entender isto como um elogio, Minowhaa?

O Mestre Kenway também não facilita nada, lamentou Falkner para si mesmo.

–Eu costumo matar mais durante as invasões. Vejamos se consegue me superar.



§§§§§§§§§§§§§


Quando as velas do Saint Clair se incendiaram, finalmente incapacitando o navio do desafeto de Minowhaa, Haytham entendeu que aquela era a hora.

Em seus mais de trinta anos dedicados à Ordem, Haytham jamais participou da tomada de um navio pessoalmente. Claro, chegou a participar de Guerras navais, ao lado do Capitão Cook e também de Shay Cormac, mas ele estava sempre a distância, a bordo na qualidade de Grão-Mestre, a dar ordens e incentivos. Nada mais que isto.

Mas dessa vez, tudo era diferente. Lá estava ele, armado de sua espada, com as duas pistolas devidamente carregadas, perto da borda do navio, ao lado dos demais marujos, que claramente o achavam “elegante demais” para aquela empreitada. Alguns até acreditavam que não duraria muito. O Saint Clair ainda estava longe, sendo bravamente enlaçado pelo Áquila, mas Haytham já o sentia se aproximar. Quantas vezes o meu pai fizera isto?, ele pensou. A sensação era de pura adrenalina.

Quando o navio já estava perto o bastante para os saltos, alguns marujos se atreveram a saltar, desviando das balas dos mosquetes. Haytham sabia que o momento após o disparo era o mais sensato de adentrar, e então adentrou, com espada em punho.

Seu primeiro salto foi logo amortecido pela garganta de um marujo inimigo. Haytham sabia que precisava ser cuidadoso, pois havia gente traiçoeira em combates assim, e foi o que fez, aparando um golpe de espada com a lâmina oculta logo que liberou sua espada do primeiro cadáver. A espada mal tinha sido retirada do primeiro cadáver e já estava cravada na barriga de outro, que caíra lentamente. Ele sabia que não havia tempo para golpes finais, e prosseguiu, matando todos que pudesse. Às vezes, até mesmo dois de uma só vez, em um só golpe de espada.

Logo ele viu Minowhaa, tão sanguinário quanto ele, matando à vontade com sua Tomahawk. Ele parecia caminhar até a sala do capitão. Haytham percebeu que ele seria pego de surpresa por um marujo inimigo, e desferiu um tiro na cabeça do sujeito.

Minowhaa percebeu sua ação, isto estava claro, mas nada dissera em agradecimento.

–Hamilton se escondeu de mim. Vou mata-lo em seus aposentos. Faça um favor para mim, para agilizar as coisas... – disse o nativo, com sua roupa de capitão respingada de sangue, retirando do bolso do paletó um tecido. – Suba e ponha esta bandeira.

Haytham sentiu uma leve ojeriza. Aquela era a bandeira dos Patriotas.

–O que foi? Com medo de altura, Templário? Vá logo e coloque a maldita bandeira! – disse, correndo para dentro do navio, em seguida.

Enquanto avançava, se desviando do campo de batalha e matando algum inimigo mais afoito com suas lâminas, Haytham percebeu que a batalha estava praticamente ganha. Havia muitos feridos e mortos pelo chão, além de alguns marujos claramente rendidos. Lembrou-se do gancho, que poderia usar como elevador rudimentar, e assim rapidamente foi ejetado, sendo surpreendido por um soldado atirador. Desviando a tempo de receber uma coronhada de mosquete, Haytham conseguiu empurrá-lo daquela altura. Ao olhar para o outro lado, notou que o outro atirador estava gritando de dor, portanto ferido o bastante para ignorar sua escalada.

Aquela era uma impressionante vista. Ele se lembrara de ter súbito tal altura uma vez, para saber que estava chegando às Colônias, em sua juventude. Dali, não dava para ver mais a América, apenas algumas ilhotas desertas naquele oceano e o sol começando a se pôr, numa magnífica vista. Deixando de lado sua admiração, Haytham continuou sua escalada, finalmente alcançando o mastro, e cortando a bandeira britânica.

–Mil perdões, Rei George. – disse, sarcasticamente enquanto a bandeira britânica era levada pelo vento. Jamais fora um grande admirador do Rei britânico, de todo modo.

Quando a bandeira dos Patriotas foi finalmente posta à mostra, um grito lá embaixo foi escutado. Sem dúvida, a batalha tinha sido vencida.



§§§§§§§§§§§§§



Uma festa foi organizada à noite, no convés do navio. Minowhaa decidiu usar o rum encontrado no navio de Hamilton e distribuiu para sua tripulação beber em comemoração. O mar estava calmo e ventava bastante em uma região com poucas ilhas e pedras, de modo que deixaram o navio à toda vela. Aquele tipo de ação, sabia Haytham, deixava a tripulação mais animada e unida. Um grupo tocava canções irlandesas e de marujos, com letras que falavam, em linguajar rústico, de uma vida regada a saques, bebidas e mulheres.

Uma vida que levava meu pai, em sua juventude, pensou Haytham.

Haytham aproveitou a pouca quantidade de pessoas trabalhando e decidiu ficar na proa, observando o horizonte sem nuvens naquela noite, iluminada apenas pelo luar e por uns poucos lampiões de óleo de baleia.

–Pensando na vida? – perguntou Minowhaa, saindo das sombras. Haytham rolou os olhos. Aquilo só poderia ser perseguição...

–Também gosto de ficar aqui para isto. – continuou Minowhaa, também contemplando o horizonte. Haytham nada disse.

–Por que abandonou a Ordem dos Assassinos? – perguntou Minowhaa, do nada, deixando Haytham aturdido.

–O que te faz chegar a esta conclusão?

–Seu pai era um Assassino. E certamente, um Assassino conhecido, pelo que vi da reação de Achilles. – alegou Minowhaa.

–Eu jamais fui da Ordem dos Assassinos. – disse Haytham, seriamente. – Meu pai foi morto antes que eu soubesse que ele pertencia a ela.

–Mas você foi treinado por ele, não foi?

–Sim, fui.

–Vi sua atuação, tanto naquele galpão da cervejaria em Nova York, tanto naquele navio. Se usasse um capuz poderia chama-lo de Assassino.

Haytham riu. – Que tocante.

–Quando você soube que seu pai era um Assassino? – perguntou Minowha. -Céus, o que é isto, um interrogatório?! – perguntou Haytham, visivelmente perturbado. Minowhaa parecia sério.

–Estou apenas tentando entender você, Haytham. – disse, dando um gole em sua garrafa em seguida. – Não podemos continuar a discutir, ou mesmo nos agredir em público. A tripulação está começando a reparar. Não posso correr o risco de perder minha moral, ou mesmo de provocar um motim por sua causa. Quem sabe, se eu não conhecê-lo melhor, nossa convivência se torna mais... Tolerável?

Haytham pareceu refletir a respeito. Por fim, cedeu a curiosidade do Assassino.

–Descobri a filiação de meu pai aos Assassinos já em minha juventude.

–E por que não se tornou um Assassino, ao invés de Templário?

–Eu já tinha sido educado o bastante nos princípios templários para odiar vocês e sua ladainha. Na verdade, não concordo com seu Credo em quase nada, à exceção de...

Minowhaa ficou curioso. Haytham parecia cuidadoso, temendo usar palavras inadequadas. Depois, pareceu triste.

–Connor estava certo. – concluiu. – Os Templários têm poucos limites em seu modo de trabalhar, no que tange vidas inocentes. Quando analiso a mim mesmo, noto que minha complacência neste ponto foi construída por meu pai, jamais por Birch. Reginald Birch foi meu tutor, o homem que me levou aos caminhos templários. – explicou Haytham. – Pensei que estava construindo uma Ordem dos Templários aqui, nas Colônias, que refletisse meu ponto de vista moral. Mas isto foi só uma ilusão. Do contrário, eu não estaria aqui, no meio do mar, caçando um homem que recrutei, e que ateou fogo à uma aldeia sem se preocupar se mataria mulheres e crianças. Crianças como meu filho.

Os dois adultos ficaram em silêncio.


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Notas finais do capítulo

Bom, e no final os dois estão vivos!!!

E no próximo cap, teremos um vislumbre do segredo de Amália.


OFF: Sabe, eu sinto muita falta do estilo de jogabilidade de Black Flag e Rogue. Atacar navios, explorar ilhas, ouvir aquelas canções... Acho que a Ubi deveria continuar fazendo jogos assim, mas à parte. Tipo, um jogo a mais de Assassin's Creed - ou nem mesmo precisava ser de Assassin's Creed, bastava aproveitar a gameplay. O Unity é tão.... Silencioso. Só ouvimos músicas quando estamos em tavernas ou um povo cantando, bem ao longe. Pena.

Pessoal, obrigado por acompanharem essa fanfic.

Um grande abç e até a próxima! E deixem reviews!



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