A garota do apartamento à frente escrita por BomDiaPeeta


Capítulo 8
Que venha o natal!


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado aos sete leitores que favoritaram esta fanfic: Laaris, Senhorita Foxface, Milly Swan Cullen, Carol, Julia Gomes, milenne oliveira e Yuna.

Obrigado também a todos que sempre deixam comentários.

Don't Stop = https://www.youtube.com/watch?v=jlAgHt92lqE



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A árvore de natal estava ficando ainda mais bonita. Claro que algumas bolas foram dadas como ausentes porque Albert havia as quebrado com seus ataques nervosos, mas mesmo assim, aquela árvore era perfeita simplesmente por estar sendo remontada por um casal em sintonia. Durante toda a atividade, os dois não pararam de jogar enfeites um no outro e Nicolle insistia que o festão dourado era um lindo cachecol. Albert estava com a guirlanda na cabeça e fingia ser um rei de natal.

Infantis e imaturos? Com certeza, mas era isso o que tornava aquela relação especial. Não havia necessidade de agir como dois adultos ou simplesmente como pessoas normais. Enquanto eles acabavam de passar o pisca-pisca nos ramos, com muita dificuldade, música tocava, vinda do quarto de Albert. Ele sabia cantar todas as músicas, ainda que ridiculamente. Ela só balançava a cabeça seguindo o ritmo e às vezes cantarolava alguma coisa. Até começar a tocar “Don’t stop” e os dois imediatamente assobiarem o começo da música.

–Você conhece essa música? – Albert perguntou, ao ver que ela estava acompanhando corretamente o ritmo.

Walk little walk, small talk, big thoughts. – Ela cantou, junto com o vocalista da banda. Olhou para Albert com um olhar de “Isso responde a sua pergunta?”.

Eles continuaram passando o pisca-pisca ao redor da árvore, até chegar o refrão, com um belíssimo dueto de Air Guitar e duas vozes desafinadas acompanhando o cantor original. Era um péssimo cover, mas um cover feliz.

Finalmente, a árvore estava montada, mas Nicolle ainda tinha algumas decorações em seu apartamento. Ela rapidamente voltou para seu apartamento e Albert notou que estava quase suando, mesmo naquele frio. Era dia 21 de dezembro e logo no outro dia, o inverno começaria para valer. Assim que sua vizinha apareceu com uma caixa cheia de decorações novas, um sorriso abriu-se em seu rosto. Os dois passariam mais algumas horas aos trancos e barrancos, mas por fim, teriam deixado aquele apartamento colorido e pronto para receber uma ceia de natal para muitas pessoas.

–Nem parece que só nós dois vamos ficar aqui. Tanta decoração. – Albert comentou.

–Então você quer dizer que eu mereço menos do que isso? – Nicolle perguntou, mas tinha um sorriso no rosto.

–Com certeza. Eu dei meu apartamento de entrada só no presente que eu comprei pra você.

–Ah, que lindo. Eu não merecia nem dois euros... – Ela disse, parecia mesmo surpresa.]

–Tem razão, amanhã mesmo vou devolver seu presente e te comprar uma barra de chocolate.

–Não vai mesmo, seu canalha. – Ela disse, fingindo estar brava. – Porque seu presente também custou meus dois rins, eu posso morrer a qualquer momento.

–Sério? – Albert fez um olhar assustado. Claro que ele sabia que era brincadeira, mas era só para não perder o costume.

–Não. Você acredita em tudo mesmo? – Ela perguntou.

–Em quase tudo. – Albert respondeu.

–No que você não acredita? – Ela perguntou, ainda o encarando com seus olhos azuis.

–Eu não acredito que um dia eu vá olhar nos seus olhos e não vá querer te beijar de novo.

–Meloso. – Ela respondeu, com certa desaprovação. – Mas vale um prêmio.

Ela ficou nas pontas dos pés e fechou os olhos, beijando Albert novamente, mas dessa vez, de modo rápido. Ainda assim, tinha o sabor dos beijos de Nicolle.

–Estou com fome. O que você vai almoçar? – Ela perguntou.

–Então, Albert, adoro a comida que você faz. Será que eu posso almoçar na sua casa hoje? – Albert disse, repreendendo a mulher.

–Eu só comi aquele doce, eu não posso afirmar que adoro sua comida.

–Então eu vou provar que eu faço a melhor do mundo.

–-x--x--x--

Albert estava certo, ele fazia a melhor comida do mundo. Claro que não era nenhum banquete; mas um omelete bem-temperado, com uma pequena porção de arroz. Apesar da simplicidade, era tudo tão bem-feito que parecia ser a comida servida no paraíso. Com certeza, Albert tinha capacidade para fazer maravilhas na cozinha. Parece que Nicolle tinha encontrado um ótimo partido, porque “bom” é pouco demais para descrever o seu vizinho.

–Albert, você faz mágica! – Ela disse, depois de ter comido a primeira garfada.

–É só ovo, com queijo. Não tem nada demais. – Ele disse. Ela achou aquilo um absurdo.

–Cara, eu poderia comer ovo com queijo o resto da minha vida, se fosse feito por você.

–Não me bajule, porque depois eu vou ficar me achando. – Ele disse, de boca cheia.

–Pelo menos teria um bom motivo pra isso.

Nicolle comeu sua refeição lentamente, para que não acabasse tão logo. Infelizmente, teve um fim e ela foi obrigada a levar seu prato para a pia. Ele logo terminou o almoço também e os dois se sentaram no sofá, encarando a TV desligada. Nicolle não sabia por que estava ali ainda, mas ela simplesmente não queria voltar para casa. Talvez porque a decoração de natal estivesse muito bonita.

–Meu Deus! – Nicolle lembrou-se imediatamente da ligação que fizera na noite anterior. – Eu me esqueci.

–Esqueceu do que? – Albert perguntou, assustado.

–Nada. Não se preocupe, só preciso voltar pra minha casa. – Ela respirou fundo e sorriu - Muito obrigada pelo almoço, Albert.

–Por nada, mas precisa ir mesmo? – Ele tentou puxá-la para mais perto. Nicolle sabia que se ela se entregasse, ia acabar ficando lá até o outro dia.

–Preciso, gatinho. Mas... a gente se vê, amanhã. Que tal? – Ela convidou.

–Pode ser. A gente se fala. – Ele respondeu, com seu sorriso mais encantador.

Nicolle saiu do apartamento de seu vizinho e voltou para o seu. Pegou o telefone e ligou para seus pais, a quem ela tinha dito que iria visitar mais cedo. Parece que os planos haviam mudado, já que tudo não passava de um grande ataque violento da Mlle. Fontaine.

–Alô, mamãe? – Perguntou Nicolle, ao telefone.

–Oi, minha filha. Como vai? Eu ia te ligar agora mesmo! – A voz respondeu.

–Mamãe, mudança de planos de novo. Mas dessa vez, eu juro que não mudarei de novo, até porque eu nem sei se a senhora vai aceitar, mas...

–Diga logo, Nicolle! Mas que coisa, como você se enrola!

–Mamãe, a nossa ceia será aqui novamente, mas... terão que comprar um presente a mais.

–Para quem?

–Um convidado novo ele é o meu... hã, é... – Nicolle engasgou-se para definir Albert – Namorado.

–Namorado? – A mulher berrou do outro lado do telefone. – Como você começa a namorar e não liga para nós? Você sabe que o seu pai é um...

–Mamãe! – Nicolle berrou mais alto do que a senhora do outro lado da linha. – Eu sei que eu deveria ter falado, mas eu... ai! Só avise os outros, está bem?

–Tá bom, Nicolle. Mas ai de você e desse moleque se acontecer alguma coisa ruim nessa ceia!

–Ele não é um moleque, mãe. Ele tem a minha idade! Mas enfim, porque a senhora ia me ligar?

– Ah, é! Sua irmã ligou agora a pouco disse que vai sair de Berlim para passar o natal conosco! Não é maravilhoso?

–É sim, mamãe. – Nicolle falou, com um sorriso desfeito. – Estou super ansiosa.

–Não seja irônica comigo, Nicolle Rousseau!

–Me desculpe. Eu vou desligar agora, preciso comprar um presente a mais e aproveitar que as lojas abrem aos domingos.

–Tudo bem, minha querida. Até logo.

Nicolle desligou o telefone e abafou um grito de ódio. Ela não acreditava que a praga da sua irmã mais velha ia sair de Berlim. O problema não era nem a mulher, mas sim o demônio com quem ela era casada há cinco anos. Da última vez que as duas se encontraram, foi durante uma festa de ano novo na casa do marido dela e Nicolle acabou com um olho roxo depois de ter sido propositalmente acertada com uma rolha de uma garrafa de vinho e antes disso, ela quase se queimou ao ser forçada a segurar um rojão. E tudo isso sempre era culpa dele. Agora, sabe-se lá o que ele faria na frente de Albert.

Ela saiu de seu apartamento e apertou a campainha do vizinho até ele abrir a porta. Então ela rapidamente confessou que tinha mentido a respeito de sua família e de modo enrolado, explicou toda a sua situação, para enfim pedir para Albert ficar na casa dela.

–Isso parece muito confuso e eu prevejo que vai dar merda. – Foi a resposta dele, tão desanimada que Nicolle quis chorar e pedir desculpas. – Mas eu topo, só porque é por você.

–Tem mais uma coisa – Ela disse e ele fez um cara ainda mais triste. – Eu preciso que você... hã, me empreste sua árvore de natal e a minha decoração.

–Pode pegar. – Ele disse, agora com certo mau humor, como se estivesse respondendo automaticamente.

–E... eu juro que é a última coisa que eu te peço... – Ela disse e respirou fundo. – Você vai ter que fingir que nós somos namorados.

–Não vai ser tão difícil. – Ele respondeu. – Eu só não vou comprar presentes para a sua família.

–Não faz mal, eles não ligam para presentes.

–Então, beleza. Ei, quer sair amanhã à noite? A gente pode jantar fora. Somos namorados, não?

–É... – Ela enrusbeceu e sorriu. – Somos.


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Notas finais do capítulo

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