A garota do apartamento à frente escrita por BomDiaPeeta


Capítulo 13
O dia depois de ontem


Notas iniciais do capítulo

Não, não vai ter hentai. Só porque eu mudei de ideia, já que eu comecei, mas não me sentia bem ao escrever. Bem, aqui está o penúltimo capítulo dessa história. Espero que gostem.

Não se esqueçam de comentar, favoritar, recomendar, etc.



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Acordar ao lado de Nicolle foi a experiência mais agradável da vida de Albert. Ele nunca havia aberto os olhos numa manhã e sentido o cheiro de outra pessoa. Os dois estavam na cama dele, encolhidos para poderem caber no mesmo colchão e não passarem frio, principalmente ele que ainda estava sem camisa. A ruiva ainda ressonava, com uma das mãos agarrada às costas de Albert, como um apoio para não cair da cama. Ele tentou olhar as horas e viu que ainda eram nove horas da manhã. Arrumou o corpo e ajustou a cabeça para caber melhor no travesseiro. Ele não conseguiria dormir, então ficou encarando o teto. Foi surpreendido por um beijo súbito em seus lábios, da garota que acordara antes que ele desse conta.

–Bom dia, amor. - Ela disse, com um sorriso que só ela poderia ter àquela hora da manhã. - Feliz natal.

–Bom dia – Ele respondeu e incrivelmente, sua voz era mais ensonada que a dela.

–Sabe, Louise estava certa em uma coisa, apesar de ela ter inventado tudo aquilo. - Nicolle comentou, sentando-se na cama.

–Certa no que?

–Você é mesmo bom. - Ela respondeu, o provocando com uma mordida no lábio inferior mais engraçada que sensual.

–Ora, Nick... você me deixa sem graça. - Albert disse, sentindo o rosto queimar.

–É que você fica mais fofo assim. - Ela falou, ficando em pé. - Vou roubar sua comida.

Nicolle saiu do quarto com pouca roupa e logo cruzou os braços para se proteger do frio. Albert ainda não conseguia definir como havia sido aquela noite. Ele ainda podia sentir os arranhões, os beijos e a respiração forte de Nicolle enquanto ele finalmente a possuía por inteiro. Era algo viciante, mas ao mesmo tempo, parecia imoral. Ele tentou esquecer aquilo, mesmo tendo ciência de que não daria muito certo, afinal nunca se esquece a primeira vez.

Ele também se levantou e olhou o próprio corpo no espelho: calças jeans mal-colocadas e caindo sem os cintos, apenas um dos pés calçados com meia e um peitoral nu cheio de marcas de unha e o pescoço borrado com batom vermelho. Seu tom de pele parecia até mesmo mais saturado e seus cabelos estavam mais despenteados do que nunca. Era a aparência de alguém que teve uma noite agitada, mas no bom sentido. Logo, ele foi até a sala e pegou a camiseta que deixara lá, jogada no chão.

–Você rasgou minha roupa – Ele comentou, vendo que as unhas dela abriram um buraco na vestimenta.

–Você que me provocou. - Ela respondeu, ainda estava na cozinha, procurando comida. - Se não fosse tão gostoso, talvez eu tivesse tirado educadamente.

–Claro. - Ele respondeu, tentando encerrar o assunto.

Ele desligou o aquecedor. Passaria frio, mas não o ligaria até o próximo mês. Era dia 25, mas mesmo assim, seis dias poderiam compensar a noite que ele passou em potência máxima. Logo, Albert foi até a cozinha e viu que não havia comida ali para um café da manhã decente, apenas algumas frutas e pães amanhecidos.

–Parece que teremos que visitar uma padaria – Albert disse, por fim. - Ou não tomaremos café.

–Eu vou. Faça um café enquanto isso.

–Sim, senhora. - Ele brincou.

Nicolle vestiu o resto de suas roupas e saiu do apartamento, enquanto isso, ele pegou as coisas que usaria para preparar um café. Sem querer, Albert se pegou imaginando como seria viver aquilo quase todos os dias. Ele se sentia numa espécie de paraíso e tudo parecia bom demais para ser real. Naquele momento, ele tinha certeza que aturaria Nicolle por mil vidas. Infelizmente, ele também sabia que eles brigariam mais vezes e depois se perdoariam, porque é assim que os casais funcionam. São essas as consequências do amor e se fosse por Nicolle, Albert as suportaria firmemente, sem nunca se deixar abalar.

Se ele contasse para alguém tudo o que sentia, seria chamado de louco. Como era possível que um homem que passou vinte e três anos solteiro e evitando qualquer tipo de relacionamento caísse nas mãos de uma garota em quatro dias? Bem, para isso, ele não tinha explicação. A única coisa que ele tinha certeza era que ele amava Nicolle e nunca conseguiria deixar de fazê-lo.

–-x--x--x--

No caminho que fez até a padaria, Nicolle sentia como se estivesse flutuando. Ocasionalmente, olhava para o chão para ver se seus pés ainda estavam bem fixos ao solo. Em sua mente, toda a noite que ela passara com Albert parecia ser um sonho, o melhor sonho que ela já teve. Ela ainda não conseguia se convencer de que era real, apesar das marcas em seu corpo. Tantos anos, Nicolle passou fantasiando lindas histórias de amor que seriam vividas em seu futuro, mas ela jamais imaginaria que encontraria alguém e em quatro dias, teria certeza de que era com esse alguém que ela iria querer passar o resto de sua vida.

Ela ainda não conseguia se conformar com o fato de que ela e Albert eram um casal fora do comum. Se ela perguntasse para qualquer casal como eles se conheceram e em quanto tempo se apaixonaram, ela ouviria lindas histórias de amor longas e cheias de altos e baixos e então quando perguntassem a dela, ela diria: “Foram quatro noites: na primeira, nos conhecemos, na segunda, nós beijamos, na terceira, nós saímos e na quarta, transamos. Estamos muito felizes até hoje.”

Perdida em seus pensamentos, ela quase passou reto pela padaria. Cumprimentou a atendente com um sorriso tão simpático e alegre, que sentiu que só aquele gesto faria o dia da funcionária muito mais feliz. Mas esse era só o efeito de se estar nas nuvens.

–Quero dois croissants desse aqui – Ela apontou para o pão numa estufa – Também vou querer uma baguette.

Enquanto a mulher colocava as compras em sacolas de papel, Nicolle encarava o nada. Se perdeu novamente nas lembranças daquela noite e foi subitamente despertada pela voz da atendente.

–Seus pães, mocinha.

–Oh! - Ela disse, um pouco envergonhada. - Me desculpe, estou muito distraída hoje.

A mulher sorriu e foi paga por Nicolle. Ela voltou para o edifício St. John sentindo-se como se iniciasse uma nova vida. E realmente iniciava, porque depois daquela noite, ela estava presa a Albert por um laço muito forte e nada além da morte conseguiria os separar. Ainda assim, ela pensava que deveria ter uma história de amor mais cumprida. Esses pensamentos foram rapidamente cancelados quando ela abriu a porta do apartamento 21 e viu Albert terminando de arrumar a mesa. Se fosse para ver aquela cena mais e mais vezes, ela não se importava com histórias bonitas.

Albert e Nicolle estavam sentados no sofá da sala, e qualquer um diria que estava vendo TV. Mas na verdade, ela simplesmente estava deitada sobre as pernas dele, apoiada em uma almofada e quase dormia. Ele estava acariciando os cabelos dela, mas foi parando os movimentos e estava adormecido com a mão direita sobre a cabeça da garota. Ela não estava muito confortável naquela posição, mas Albert ficava tão lindo dormindo que ela preferiu aguentar a mão dele ali.

Repentinamente, os dois foram acordados por barulhos de caixas caindo e coisa de vidro se quebrando. Os altos ruídos vieram do corredor e como uma boa curiosa, Nicolle foi a primeira a se levantar e abrir a porta para ver o que tinha acontecido. Albert a seguiu, esfregando os olhos.

–Mais cuidado com isso, seu idiota! - Gritava Mlle. Fontaine, tentando pegar uma das caixas que um homem gordo de cabelos grisalhos havia derrubado. - Será possível que não faz nada direito?

–Mamãe, a senhora é tão insuportável que merecia que eu quebrasse mais coisas! - Ele exclamou, de súbito.

–Mais respeito, rapazinho! Ainda sou sua mãe! Agora ande logo, desça com essas caixas antes que aqueles dois venham me infernizar. - Ela apontou para o casal na porta - Já basta todos os males que me causaram.

–Vai se mudar para o inferno, Mlle. Fontaine? - Perguntou Nicolle, ao ouvir a provocação.

–Para onde eu vou, não importa! - Ela berrou – Ao menos estarei longe de vocês dois.

–Já vai tarde, Mlle. Fontaine. - Albert se despediu – Por favor, não volte para fazer uma visita.

–Ora, vocês dois vão se ver com os meus... - A velha começou um discurso.

–Mamãe! Pare de arranjar briga! É por isso que está indo para um asilo. - O gordo grisalho interrompeu. Depois olhou para os dois. - Por favor, perdoem o que ela já fez, ela não está bem.

–Eu estou em ótimo estado! - Protestou a velha.

–Desça logo, mamãe. Vou levar as suas coisas depois.

Albert e Nicolle riram quase ao mesmo tempo. Quando finalmente o filho e sua mãe louca sumiram de cena, a garota se lembrou do que aconteceu na noite de natal. Como estariam seus pais, suas primas e sua irmã agora? Ela deveria pedir perdão e conversar... afinal, não havia outro modo de se resolver as coisas e além do mais, esse foi o conselho de Tia Elo e os conselhos dela eram sempre os melhores.

–Meu amor, eu vou para a minha casa agora. Preciso resolver as coisas com minha família. - Ela disse, segurando as mãos de Albert.

–Não quer que eu vá junto? - Ele se ofereceu.

–De forma alguma. - Ela recusou – Eu tenho que aprender a me virar sozinha. Mas obrigada pelo apoio que você sempre me deu.

–Amigos, vizinhos e namorados são para essas coisas, não? - Ele disse, rindo em seguida.

Ela se despediu do rapaz e foi para casa. Lavou o rosto e se olhou no espelho. Era hora de ficar frente a frente com seus maiores desafios.


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