A garota do apartamento à frente escrita por BomDiaPeeta


Capítulo 12
Um infeliz natal - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Bem, esse capitulo marca o fim das cenas passadas durante o natal. No próximo capítulo, talvez haja hentai.

Bem, infelizmente, isso também vai marcar a reta final da história. Teremos mais dois ou três capítulos depois disso e então, essa história de amor chegará ao fim. Mas não se preocupem, curtam o capítulo e não se esqueçam de comentar, favoritar, recomendar, etc.



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Assim que os presentes acabaram de ser entregues, a família de Nicolle se dirigiu à mesa para colocarem seus pratos. Albert ainda não tinha uma opinião formada sobre todos eles, mas se sentia incomodado com os presentes que ele recebera. Não esperava que tia Elo e tio Henri fossem tão carinhosos com ele e agora ele tinha a obrigação de retribuir os presentes. Ele havia amado as roupas que Nicolle dera para ele ir trabalhar. Iria usá-las logo na primeira reportagem que fizesse no próximo ano.

Eram quase onze e meia da noite e o marido de Francine não havia chegado ainda, a garota estava passando fome, pois se recusava a passar a ceia sem o homem. Albert pensou em consolá-la, mas lembrou-se que isso fugiria dos planos de Nicolle. Pierre agora conversava com Dominique e Nick se servia. Logo que terminou de pôr um prato enorme de comida, ele se sentou no sofá da sala, ao lado de Albert.

–Ei, amor. Você parece triste. - Ela disse, baixinho. - Você foi um namorado tão bom que quase achei que era verdade.

–Quem sabe não vá ser um dia? - Ele perguntou, para provocá-la e para se autoconsolar. - Eu gostei muito dos seus parentes e parece que eles também gostaram de mim.

–Papai disse que eu fiz uma boa escolha. - Ela respondeu – E ele jamais diria isso, então acho que melhor que esse seu “um dia” chegue logo.

–Você não sente pena da Francine e da Lis? - Albert perguntou, tentando desconversar.

–Eu até sentiria, mas por muitos anos eu tive que suportar elas me dizendo que eu deveria ter um homem como o delas, viviam falando bem deles... estou me sentindo vingada. Às vezes eu até...

–Nicolle, vai se esconder que eu vou abrir o espumante! - Pierre gritou, rindo com certa maldade.

–Eu vou enfiar essa rolha no seu... - Ela começou a provocar, levantando do sofá.

–Ei, ei, ei! - Albert puxou ela para o assento de novo. - Será que vocês dois não dão trégua um minuto?

–Se derramar essa merda no chão da cozinha eu vou fazer você limpar com a língua! - Gritou a garota, ainda exaltada.

–Nicolle, fica quieta! - Albert exclamou, olhando para ela com raiva. - Para de provocar o Pierre. - Depois ele se voltou para o amigo – E você, para de querer irritar ela, porque não tem graça nenhuma.

–Eu não sei como você consegue ser amigo desse viado. - Ela disse, continuando as provocações.

–E eu não sei como você consegue ser tão teimosa. - Albert respondeu – Nem como consegue ser tão controladora e egoísta.

Albert levantou-se do sofá e olhou para todos ao redor. Pensou em contar toda a verdade e dizer que ele não era namorado de Nicolle, mas ele sabia que jamais conseguiria deixar de pensar nela se eles brigassem feio. Tentou se colocar no lugar dela, mas não conseguiu.

–Eu realmente preciso ir para a minha casa. Foi uma honra passar o natal com vocês. - Ele disse, por fim. - Espero vê-los em breve.

Então ele abriu a porta do apartamento e saiu da casa de Nicolle, dirigindo-se à sua. Sem se importar com o gasto excessivo de energia, ele ligou o aquecedor central na temperatura máxima e tirou todos aqueles agasalhos bonitos e engomados. Colocou o novo perfume junto com os outros, colocou a caixa com a roupa de serviço no guarda-roupa e as cuecas em sua gaveta. Nem se lembrava do preservativo em seu bolso. Finalmente, ele sentou-se na frente de seu computador, apenas com uma camiseta leve e sua calça jeans. Então, fez uma chamada por Skype.

–-x--x-x--

Nicolle não podia acreditar que Albert realmente havia feito aquilo. O pior de tudo é que ela não conseguia culpá-lo, porque ela sabia que não importava quantos argumentos ela montasse, no fim descobriria que ele estava certo. Como ela pôde ser tão egoísta a ponto de usar alguém que amava para se vingar de primas metidas e mães implicantes? Aquilo era problema dela e ela não deveria ter envolvido Albert nisso. Pensou que se sentiria melhor se confessasse.

Ela estava sentada ainda no mesmo lugar, encarando o seu prato de comida, com toda a fome perdida. Alguns convidados tentavam ignorar aquilo, como se fosse normal e lançavam olhares de preocupação para Nicolle. Dominique foi a única que se preocupou em ir falar com ela.

–Nick... - Ela começou a falar.

–Eu menti. - Confessou Nicolle, em voz alta, assim que viu a irmã chegar. - Enganei todos vocês. Eu enganei os meus pais, a minha irmã, enganei minhas primas e meu maior inimigo. Albert não... ele não é meu namorado de verdade. Nós nos conhecemos há poucos dias. Sim, eu estou perdidamente apaixonada por ele, mas nós não somos namorados.

–Nicolle, por que fez isso? - Perguntou sua mãe – Não vejo um motivo viável.

–Eu fiz isso porque sou imatura e egoísta. Eu fiz porque eu não aguento mais uma mãe que quer me criticar em tudo, que vive dizendo o que eu devo e não devo fazer e querendo que eu viva a mesma vida que ela. Ter um namorado como Albert provaria pra senhora que eu sei fazer boas escolhas.

Ela tinha lágrimas nos olhos, mas continuou a falar com todos ali.

–Eu fiz porque não aguentava mais ver as minhas primas querendo esfregar na minha cara o quanto elas tem bons relacionamentos, enquanto eu fico trancada em um apartamento, estudando e conversando sozinha com uma garota morta! Ter um namorado como Albert provaria que eu também posso ter alguém bem-sucedido.

Depois, ela se voltou para seu pai, Dominique e Pierre, que estavam em choque num canto da cozinha.

–Eu fiz porque não aguentava mais um pai que procura defeitos nos namorados das filhas e que aceitou que minha irmã namorasse e ainda casasse com alguém tão desprezível quanto o Pierre. Fiz porque ele passava o tempo tirando uma com a minha cara, dizendo que eu nunca ia encontrar alguém. Ter um namorado como o Albert provaria que eu finalmente encontrei alguém que realmente me amasse.

À essa altura, ela já estava sentindo o gosto salgado de suas lágrimas em sua boca. Seu rosto provavelmente estava vermelho e sua maquiagem completamente borrada.

–As únicas pessoas que eu realmente queria aqui eram tio Henri e tia Elo, porque a vida toda eles sempre me apoiaram, em vez de tentar me derrubar ou simplesmente me ignorar, como o resto de vocês. Agora, graças ao meu egoísmo, eu destruí a única chance que eu tinha de acabar com esse sofrimento e ainda criei mais motivos para ser desprezada. Então, eu quero que meus pais, as minhas primas, minha irmã e o marido ridículo dela parem de me olhar com essa cara de bosta e saiam da minha casa. - Ela aumentou o tom de voz ao pronunciar a última frase. - Agora.

Depois, ela se voltou para seus tios, novamente com expressão de tristeza.

–Se quiserem ir, podem ir. Me desculpem por estragar o natal de vocês. Não mereciam isso.

–Eu não tenho que aturar chilique - Dominique provocou, pegando sua bolsa em cima do sofá e abrindo a porta do apartamento. - Vem, amor.

Pierre encarou todo mundo, meio assustado. Nicolle queria tirá-lo de lá a pontapés, mas ele finalmente seguiu sua esposa. Ela olhou para Lis e Francine com os lábios tremendo de raiva, assim como o fez com seus pais. As duas gêmeas se levantaram quase ao mesmo tempo.

–Eu... eu... - Lis quis falar algo para Nicolle, mas desistiu. - Estaremos lá embaixo, mamãe. - Ela disse, olhando para tia Elo.

As duas irmãs saíram do apartamento, deixando apenas os dois casais mais velhos. A mãe dela estava querendo chorar, mas queria manter a expressão dura de mulher crítica e chata. O pai não havia conseguido segurar as lágrimas.

–Andem logo, estão esperando eu expulsar vocês de novo? - Nicolle perguntou, com raiva, mas sentindo o peito doer.

–Mocinha, você está... - A mãe dela se levantou da cadeira onde estava e tentou dar uma bronca.

–Cale a boca! - Ela gritou – Eu já estou cansada de você, cansada de todo o mal que você me fez! Saia logo daqui!

A senhora não conseguiu manter a expressão rígida e quando levou as mãos à boca, para tentar chorar discretamente, acabou abrindo um berreiro e saindo da casa de Nicolle e foi seguida por um marido desesperado. Finalmente, ela estava a sós com seus tios, mas não sabia se era aquilo que queria.

–Eu peço desculpas, de novo. - Nicolle disse, agora chorando muito – Eu só estrago as coisas.

Em seguida, ela entrou em seu quarto e fechou a porta. Não ouviu os seus tios se mexerem e eles nem disseram nada. A garota deitou na cama, abraçou um travesseiro e chorou como uma criança. Por Albert, pela sua família e por ter acabado com a festa mais tradicional do ano. Soluçava e se engasgava com as lágrimas, até se assustar com o barulho da porta abrindo. A figura doce e frágil de Tia Elo apareceu e se sentou ao lado da ruiva chorosa.

–Nicolle, pare de chorar. - Ela ordenou. - Você fez a coisa certa, por mais estranho que seja. Você não é obrigada a ter que aturar tudo isso.

–Tia, você nunca perdeu uma família e um futuro namorado no mesmo dia. Não sabe do que está falando. - Ela disse, entre soluços.

–Mas eu sei o que se passa com você, minha filha. - Ela disse, muito calma. - Albert é um rapaz bom, se resolva com ele primeiro e depois você vai conversar com cada um da sua família. Não tente resolver tudo de uma vez, ou será pior.

–Eu não vou ter a cara de pau de falar com Albert de novo.

–Ele não é seu vizinho? É só abrir a porta e entrar. Vai encontrar ele e vocês vão conversar, você vai pedir desculpas e então veremos no que isso vai dar. Se ele preferir perder você, é porque ele não é tão bom quanto você imagina.

–Tem certeza disso, tia?

–Absoluta. Lave esse rosto e vá encontrá-lo. Eu e seu tio limparemos a bagunça da ceia.

Nicolle sorriu fraco e entrou no banheiro de seu quarto. Limpou a maquiagem borrada e tentou tirar a expressão fixa de tristeza em seu rosto. Secou-se e saiu do apartamento, despedindo-se de seus tios com dois abraços apertados e beijos carinhosos. Eles guaradaram os restos da ceia em potes especiais e os colocaram na geladeira e agora limpavam os pratos. A ruiva abriu lentamente a porta do apartamento 21, que estava com as lâmpadas apagadas e muito quente para aquele dia. Não viu ninguém na sala e nem na cozinha, então percebeu uma luz fraca que vinha do quarto de Albert. Ela se aproximou lentamente e tentou ver o que ele estava fazendo, mas só podia ouvir sua voz.

–Eu sei, meu amor... eu queria muito poder ter ver. - Ele falava. Nicolle assustou-se.

–Que filho da... - Ela quis xingar, mas preferiu continuar a ouvir.

–Infelizmente, eu não posso. Não assim, você sabe... minha pequena. - Ele parou repentinamente – Não, não chora, por favor. Eu te amo, você sabe disso. - A voz de Albert também tinha um tom de tristeza.

Nicolle não resistiu e acabou espiando indiscretamente o que Albert estava fazendo. Ele estava na frente do computador e na tela, uma garota que deveria ter uns doze anos, chorando. Não é possível que ela fosse uma amante. A menina tirou os fones e saiu da frente de Albert.

–Nicolle, eu estou te vendo. - Ele disse, afastando o microfone perto da boca. - Será que eu não posso ver a minha família?

–Eu sabia que não devia ter vindo, me desculpe, eu vou voltar pro meu...

–Não, fique aí. Quero te apresentar à minha mãe. - Ele disse, mas sem o tom carinhoso que costumava ter.

Uma senhora de cabelos negros, presos em um coque alto, assumiu o lugar da menina na tela. Ela tinha um sorriso marcado por tristeza, misturado com carinho. Seu olhar era o de alguém que está com muitas saudades.

–Mamãe, vou te apresentar àquela garota que te falei. Minha vizinha egoísta e infantil. Não se esqueça que te amo. Feliz natal.

Aquela descrição doeu no coração de Nicolle, quando Albert tirou os fones e entregou para ela. O rapaz acendeu as luzes. A garota queria fazer mil perguntas, mas simplesmente colocou os fones e o microfone e sentou-se na cadeira. Ajustou a câmera do computador para que focasse nela.

–Oi... madame Smith. Meu nome é Nicolle. - Ela não sabia se apresentar adequadamente em inglês – E eu sou amiga de Albert, ou algo assim.

–Se você soubesse o quanto meu filho te ama, não iria se referir a ele assim. - A mulher falou, em francês. - Ele estar magoado com você é um bom sinal, porque nunca nenhuma mulher conseguiu fazer isto. Seja paciente com ele, é um bom garoto.

–Sim, madame Smith. Tudo isso é recíproco.

–Cuide bem dele aí em Paris. Um feliz natal para você, minha querida.

–Pode deixar. Uma feliz natal para a senhora também.

Aquela conversa havia colocado todo o sentimental de Nicolle de cabeça para baixo. Parece que ainda havia chances de tudo se resolver. Ela foi recarregada com a esperança no amor, algo que ela não tinha desde muito tempo. A mãe de Albert encerrou a chamada. Nicolle se levantou e pôs-se a procurar o vizinho. Ele estava deitado no sofá de sua casa, a TV estava ligada e as luzes apagadas.

–Albert. - Ela chamou – Por favor, não faça isso comigo.

–Isso o que? - Ele perguntou, desinteressado.

–Não me ignore, não fique com raiva de mim. Porque eu fui imatura, egoísta e estraguei o natal da minha família inteira. Não é do seu interesse, mas eu expulsei todos lá aos berros. Só porque estava com raiva, porque poderia te perder. Albert, eu não estou encenando para você. Eu não deveria nunca ter te envolvido nisso, porque eu te usei e pessoas como você não devem nunca ser usadas, mas sim amadas. - Ela parou e respirou fundo. - E se for para falar de amor, poxa vida, Albert. Não tem ninguém que queira mais estar ao seu lado do que eu. Eu trocaria todas aquelas pessoas que eu tentei enganar se fosse para passar mais uma noite com você.

–Nicolle, sabe de quem eu estou com raiva? De mim! - Ele disse, sentando-se no sofá – Com raiva porque eu não sei fazer nada direito e sempre perco o controle de mim mesmo. Porque a única pessoa por quem eu me apaixonei só queria ajuda e nem isso eu consegui fazer. Eu teria feito o mesmo no seu lugar, afinal; era uma chance única, não é?

–Não, Albert. Você não teria feito o mesmo porque eu sei que você jamais usaria uma pessoa que ama para fins egoístas. Nada justifica o que eu fiz e se eu tinha problemas com minha família, eu mesma deveria ter resolvido isto. Só por favor, Albert, não se culpe, porque você não deveria nem mesmo ter aceitado fingir que era meu namorado. Devia ter ficado com raiva e me dispensado ali mesmo.

–Nick, por favor, venha aqui. - Ele pediu e ela se aproximou. - Sente-se.

Assim que ela o fez, foi envolvida pelos braços quentes dele e encostou a cabeça em seu peito.

–Quando eu te disse na torre, que era impossível não te amar, eu falei sério. - Ele disse. - É impossível e nem que eu quisesse, conseguiria ficar sem você.

–Vai ter que me aturar o resto da sua vida.

Ele subitamente puxou Nicolle para mais perto e a beijou, com certo desespero. Nicolle o abraçou e em seguida olhou em seus olhos.

–Eu te aturaria por mil vidas. - Ele disse.

Então, os dois finalmente se beijaram para valer, ali, naquela sala iluminada apenas pela luz fraca da televisão, eles teriam a melhor noite de suas vidas.


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