Sangue Mestiço escrita por Selenis


Capítulo 8
Parasitas; Sensações de causar enjoo; O começo das aulas




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Parasitas

Dentro do armário, havia um traje a vigor. Me despi do antigo, passando a vestir o “novo”. Saí, vendo a festa prosseguir de forma corriqueira. Sentei-me em uma cadeira, cruzando os braços, e imaginando certas coisas que não convém a ditá-las nesta narração.

Minerva estava com o Prof. Dumbledore, conversando. Daria quase tudo no mundo para obter o dom de dominar a lábia, e convencê-la a me tirar desta encrenca humilhante. As pessoas não dançavam, apenas falavam como fidalgos. Bebericavam de suas bebidas, fingindo estar interessadas nos assuntos triviais abordados por cada um presente ali.

Revirei os olhos e, mais uma vez, como um relampejo que veio a iluminar minha mente, vindo me resgatar daquela chatice, um pensamento me ocorreu. Peguei uma taça com água, sussurrei algumas palavras, e a água transformara-se em conhaque, permitindo-me alguns deliciosos goles de amnésia...

Tenho feito muito isso ultimamente. Por que deveria me impressionar? Pensar não é da natureza do ser humano, afinal? Não foi para isso que fomos criados?

O que ocorre é o seguinte:

O disfarce, assim como o ataque, e a melhor defesa. Entenda o passado para compreender o futuro. A seleção acontece a qualquer um, independentemente de quem seja. A mãe natureza não é racista; mas será que nós, filhos dela, somos?

Se for parar para pensar, verá que tudo tem uma mesma base: sobrevivência.

Vamos levar em conta o Seleção Natural, de Darwin. Na natureza, não é o mais forte que sobrevive. Mas o que melhor se adapta.

A raça humana é assim, isso é um fato. Atualmente, uns mil anos pra cá, a inteligência nos permitiu estar no topo da cadeia alimentar. Somos fracos, dependentes uns dos outros. Como parasitas neste mundo selvagem, nunca se adequando ao seu ecossistema e passando a explorar de seus recursos em busca de aconchego. Passamos a modifica-lo, para que o moldássemos ao nosso favor.

Sobreviver sempre foi, e sempre será um tesouro a ser conquistado. E para isso, vale tudo. Se for necessário, esmagaremos semelhantes, andaremos em suas costas, pisaremos em suas cabeças. Os tolos que acham que algum dia isso deve mudar, enganam-se redondamente. Porque, meu caro(a) leitor(a), se nossa realidade for transformada em uma utopia, ela, independentemente, voltará a ser uma distopia. A vida está condenada a ser uma distopia; levando-nos juntos para o mesmo eterno balburdio infernal.

Para que haja a sobrevivência, o forte tem de depender do fraco. E o fraco tem de estar amarrado ao forte. Nada (eu repito), nada existe sem o seu oposto.

Portanto, sempre seremos parasitas nesse universo tão pouco conhecido a estes olhares gananciosos.

Sensações de causar enjoo

O sono obrigara as minhas pálpebras semicerrarem, e a cabeça balançar. O som de sapatos femininos ecoando incessantemente.

– Draco... – um sussurro clama meu nome, como uma canção.

A voz era serena e rouca; doadora de aprazíveis devaneios...

– Draco, acorda!

Despertei, e vi que ainda estava na festa.

“BOSTA!”, penso eu, rangendo os dentes, e furioso por ter sido acordado.

À minha frente, estava Granger. Ela estava estonteante, enfiada em um vestido cinzento sem mangas. O cabelo caía em ondas pelos ombros nus, e seus lábios haviam sido contornados por um batom rosa claro. Linda, era a palavra certa a lhe ser aplicada.

– O que foi? – perguntei.

– A professora insiste que você e eu dancemos. Ela diz que a festa está precisando de um ânimo. – Dizia ela, aos sussurros. – Ande logo, quanto antes começarmos, mais cedo terminamos.

Ela me puxou me gola, pondo-me de pé.

O mínimo de conhecimento sobre dança que aprendi numas aulas particulares, vieram bem a calhar.

Granger aproximou seu corpo do meu, seus seios pressionando contra o meu peito. Enlacei um braço envolta de sua fina cintura, percorrendo os dedos até a sua mão direita. Ela pousou a outra mão em meu ombro, repousando o olhar castanho em mim. A fitei, perplexo. Comecei a me perguntar qual feitiço teria usado para parecer tão pulcra...

Logo começamos a girar pelo salão. A conduzi naquela marcha delirante, extasial e, sobretudo, enlouquecedora. Minhas tripas enroscaram-se, e o vomito começara a subir pela faringe, até a boca.

– Quem lhe emprestou esse vestido? Filch ou o guarda-caça bobalhão? – perguntei, querendo provoca-la.

– Malfoy, estou te avisando. Não faça nenhuma piadinha com o meu vestido. Ele é muito melhor que esse terno velho que está usando. Ele cheira a mofo... – ela coçou o nariz, seus olhos avermelhando-se subitamente. – Eu... acho que... vou espi...

Ela agitou violentamente a cabeça para frente, espirrando em mim. Olhei para baixo, e vi uma gosma verde e densa escorrer de meu peito, lambuzando meu casaco. Rapidamente o tirei, senti uma repulsa enorme. E, ao olhar bem para aquele catarro, não pude aguentar nem mais um segundo.

Arqueei a coluna e excretei em cima do sapato de Granger, ela parando com as risadas.

Todos olharam para nós, e Minerva falou:

– Que tal irem se trocaram lá fora?

Granger tirou os saltos, saindo da sala de cabeça erguida. Eu a segui e, assim que as portas fecharam-se atrás de nós, nos encaramos furiosamente, como dois rivais. Em seguida, cada uma se dividiu, indo para uma direção oposta.

O começo das aulas

Quatro dias haviam se passado. Devo dizer que infelizmente minhas notas não melhoraram, e as de Granger aumentaram. Então, engolindo o orgulho que estivera a muito entalado em minha garganta, criei coragem e fui até ela, perguntar-lhe:

– Será que você não poderia me dar algumas dicas para poder passar nos exames?

Depois que o livro voou de sua mão e foi se acomodar na prateleira mais alta, ela se virou para mim, desdenhosa, e falou:

– Por que eu faria isso?

– Ora, já se esqueceu que se um reprovar, o mesmo acontece ao outro? Quer que a sua primeira reprovação venha por minha causa?

Ela empalideceu. De repente, aquilo não era mais um pedido, e sim uma chantagem.

– TÁ! – aquiesceu ela, vociferando. – Quero me ver livre de você o quanto antes.

– Ótimo.

Ela deu um sorriso malicioso, e disse:

– Bem, nunca é tarde para começarmos. Quero que leia os livros sobre a história da magia, e me diga tudo o que entendeu.

– Hã? E onde estão?

Granger apenas me mostrou a estante abarrotada, e senti um frio percorrer minha espinha.

– TODOS ELES?!

Ela assentiu.

– Vamos lá, Draco. Estamos apenas começando...


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