Sangue Mestiço escrita por Selenis


Capítulo 6
Novidade da Profª. Minerva




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Novidade da Profª. Minerva

(Extra)

O sol quis me castigar assim que me levanto da cama e ponho meus pés em chão firme, sentindo o frio do piso passar para a pele. O choque de realidade que tenho sobre o amanhecer, é que sinto, impiedosamente, os raios incidirem em meu rosto. É como um branco intenso e perturbador...

A razão de relatar este simples gesto diário que qualquer pessoa no mundo pode fazer sem problemas, é que, durante a noite, meus devaneios foram invadidos por imagens desagradáveis. Agora, adotando uma liberdade imensurável e sem dar importância ao que o leitor irá pensar ao ler isto; irei relatar o que ocorrera:

Primeiramente, não havia nada. Apenas o silencio de trevas inextinguíveis... Entre elas, envolvido pelas sombras, cá estava eu; sentindo o frio impiedosamente penetrar meus ossos e o suor, sinal de medo e desordem, brotando de minhas palmas e testa franzidas.

As sombras espectrais do recinto embalaram-me suavemente, emitindo suas doces e fúnebres canções mortais...

Pelo assoalho, estendia-se uma mancha rubra, que na escuridão do local, tornar-se-ia de demasiado horror e tensão. Esta brotava de uma pilha cadavérica, o cheiro da carne putrefata impregnava em minhas vestes, adentrando em minhas narinas, provocando-me enjoos fortes; obrigando-me a arquear a coluna e excretar o que havia comido. Esperei ver o café da manhã, ali, misturado a outros alimentos triturados ao vômito. Mas ao invés disso, deparei-me com uma colônia de forma de vida desconhecida, que antes, supostamente falando, encontrava-se habitada em meu intestino, alimentando-se de minhas vísceras...

Uma família de vermes negros e parrudos, chiando umbrosamente, erguendo suas cabeças para o alto, como se esperassem por mais alimento...

Engatinhei até a outra extremidade, parando ao colar as costas na parede gélida. Limpei o risco do suco ácido que escorria de minha boca, o peito subindo e abaixando velozmente. Ergui o olhar para o horizonte, e vi uma forma surgir das sombras. Lucio Malfoy caminhava com tropel, diminuindo a distância que nos separava; a sua vestimenta surrada e maltrapilha... cabelos oleosos e embaraçados, olheiras profundas e as pálpebras pesadas caindo sobre os globos que tiveram, por sinal, uma queda drástica em seu brilho, pulando radicalmente para o fosco.

Filho...– suas palavras vinham-me estranhas, não pelo simples fato de me reconhecer como descendente, mas sim pelo soar... Parecia que um bolo de saliva se aglomerara nas paredes de sua faringe, impedindo-o de expressar-se como bem entendia. - Draco...


Estendeu-me uma mão desprovida de carne, e senti repulsa, afastando-me o quanto era permitido. Vendo minha hesitação, Lucio apontou um dedo esquelético para o que havia além de mim. Então, duvidosamente, girei o pescoço e voltei a vislumbrar aquela cena lúgubre dos corpos empilhados um em cima do outro, formando uma pirâmide. E topo dessa pirâmide, jazia inerte, deitado, de uma jovem. O seu braço nu estendido para fora, mostrando claramente as letras escritas de forma macabra, utilizando como tinta o sangue morto de suas veias...

''Sangue-Ruim'', era o que estava escrito.


Granger tinha os olhos abertos, como um chamado um tanto irresistível de fechá-los; entregando a sua alma a um merecido descanso eterno, sendo embalada por sonhos infinitos diferenciados dos meus...Ela parecia uma boneca, de tão pálida que estava. Os lábios pequeninos e claros, semiabertos...

Sobrepujava a garota, havia uma runa nebulosa de cor verde-esmeralda. Uma linha vertical com um círculo em sua ponta, dentro de um triângulo. Sobre esta, uma caveira com uma cobra saindo de sua boca, serpenteando envolta do símbolo; 'abraçando-o'.


Subitamente, meus tímpanos quase estouraram ao ouvir um grito agudo. Nesse momento, não houve mais nada...Nada além de trevas...

Nunca pensei que seria atordoado de extremo tédio ao presenciar a aula de Dolores, aquela mulher que sempre vestida uma roupa rosa e enjoativa. Estranhamente, ela lembrava meu pesadelo; eu sentindo o estômago se contrair e o líquido ácido indo garganta acima. Inesperadamente, a porta de entrada se escancarou e uma bruxinha de aparência assustadora entrou correndo em direção à professora.

– Eu não aceito atrasos em minha aula, Srta. Granger. - Disse Umbridge, assumindo uma postura autoritária; batendo a varinha na mão esquerda.

– Eu sei, desculpe,mas é que virei a noite estudando e... - ela fazia pausas constantes para recuperar o fôlego. - E quando acordei, já estava super atrasada...

– Bem, já que gosta tanto assim de estudar, sugiro que leia um de meus livros... - Umbridge deu seu sorrisinho sarcástico, e balançou a varinha.

Surgira do nada aquele pesado volume. Este caíra sobre os braços estendidos de Granger, fazendo-a se curvar. Ela levou o enorme alfarrábio para a última carteira, abrindo-o com esforço. Devo admitir que assustei-me quando a capa batera na tábua, ressoando o som através da sala. O que direi a seguir, foi o que me dera a vontade de fazer. Peguei um de meus pergaminhos, rasgando-o em uma metade. E ali desenhei o que seria a caricatura ridicularizada de Granger, segurando um livro e com Dolores brigando com ela.

E aproveitando a oportunidade que ninguém olhava, dobrei o papel ao meio, estendi-o em minhas palmas abertas e dei um leve assopro. Então foi-se alçando voo, batendo as abas como se fossem assas até aterrissar sobre o livro de Granger. Vi sua expressão de incompreensão enquanto desdobrava-o. Em seguida, seu rosto deformara-se em uma de raiva; bufante. Ela voltou a fechar o volume, esmagando meu bilhete de mal gosto entre as milhares páginas grossas.

Dolores virou-se de imediato, e dando passos apertados e apressados em direção à ela, disse impaciente:

– Vá ler lá fora! Interrompeu a minha explicação.

Granger gelou. Tentou esclarecer tudo, fazendo lamúrias, gestos, apontando para mim; as palavras presas em sua garganta.

– Vá! - ordenou Umbridge, apontando para a porta.

– Mas...eu...ele...

– É necessário dizer uma segunda vez para que seu cérebro compreenda? Acho que sim. Vá!

Granger bateu o alfarrábio bruscamente na mesa, levantando-se de queixo erguido, porém com o ego arrasado. Saiu como uma fidalga; deixando para trás um ar de risadas zombeteiras. Parte delas vinha de mim.

***

Após o termino das aulas, deparei-me com a menina novamente; arrastando-me pela gola até um local reservado. Granger estava fula, então temi por sua futura ação. Quando levou-me para perto de uma escada solitária, eu massageando o pescoço avermelhado, tossindo um pouco, ela fitou-me fervorosamente e disse:

– A culpa é toda sua!

Fique quieto, fingindo não saber do que ela falava.

– Hm?

– Não se faça de sonso, Draco. Eu quero acertar as contas com você.

– E o que vai fazer? Me paralisar novamente? - sorri, querendo provocá-la.

Como esperado, a garota torceu os lábios em discordância. Tremi quando a vi puxar a varinha, mas fui salvo quando uma mulher de traços velhos apareceu, vindo alegremente em nossa direção. Minerva, ao nos ver, parou. Respirou fundo, dizendo:

– Ah, até que enfim! Achei vocês!

– O que foi, professora? - perguntou Granger.

– Preciso urgentemente da ajuda de vocês; é aniversário de um dos nossos professores e eu fui a encarregada de prepara a festa surpresa.

– E o que temos a ver com isso? - falei, já querendo ir embora.

– Acabei esquecendo completamente disso. E agora, Sr. Malfoy, como beneficio aos dois, irão preparar a festa. E como retribuição, irão receber cinquenta pontos, e redução dos dias de aulas extras.

Fiquei extremamente alegre, mas Granger pareceu não receber tão bem a notícia quanto eu. Ela ficara cabisbaixa, decepcionada.

– Mas só irão conseguir isso, se– ela disse ''se'' adicionando um falsete - contribuírem para um bom trabalho em equipe. - Viu nossos balançar de cabeças. - Ótimo, então poderão começar amanhã; e a sala eu direi depois.

Ela saiu. Granger voltou-se para mim, dizendo:

– Droga, tenho aula de poções agora... - ela começou a andar pelo corredor, como se tivesse esquecido da surra que iria me dar.

Por um momento, soltei um ar de alívio por ter escapado. No entanto, ela parou; voltou, e chocou violentamente os nós dos dedos contra meu nariz. Minhas costas chocaram-se contra a parede, deslizando até cair sentando no chão. A minha fúria aumentara ao ver o sorriso vitorioso estampado no rosto dela, antes de virar-se e continuar o seu percurso. E fiquei lá, sentindo dor, segurando o nariz quebrado que sangrava...


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