Sangue Mestiço escrita por Selenis


Capítulo 4
Pecados; Ajuda; Agradecimento




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Então somos apenas dois; poderia ser pior. Meu companheiro poderia ser alguém da mesma laia; porém pior que a atual. O tolo Potter é um belo exemplo disso. O primeiro dia de aula fora de extremo tédio. Algo que odeio mais que tudo, posso com toda a liberdade afirmar isso. A aula não mudara o meu péssimo humor, o professor era um merda - essa é palavra certa.

Sentado naquela carteira, com o pensamento e o olhar distantes, estava Neville Longbottom. Ao seu lado, um garoto de rosto espinhento de cabelos assanhados de nome muito estranho. Apesar da sala estar agradável, silenciosa, seria considerado demasiado tolice se alguém tivesse prestado atenção no anti-feitiço que o professor acabara de demonstrar. Não era necessário ser um vidente para prever as várias carinhas tristonhas no final de ano letivo - todos de recuperação -; e obviamente a minha estaria entre elas.

Mas a palavra desistir certamente não encontra-se em meu dicionário. Confesso que não sei o seu significado. Isso é a mais vil mentira. Sei exatamente o significado da hesitação e da covardia; deve ser porque as pratico com frequência. Mas, assim como todos possuem o livre-arbítrio, posso dizer com toda a liberdade do mundo que a sinceridade habita em mim; assim como a inveja. Mas qual é a pessoa que não possuí, mesmo que um pouco, os pecados? Quem nunca errou?

O pecado sempre esteve, e sempre estará no sangue humano. E o que dirá daqueles que são fracos, os que são inferiores. É como uma lei natural; os fortes guiam os fracos. Matam, escravizam. Então a crueldade está imposta em todos os seres humanos; seja bruxo ou trouxa. Você, eu ou eles, não somos exceções. E ódio me corrói a cada dia, como se óleo fervente corresse em minhas veias. Potter está sempre rodeado de amigos e fãs. Então por isso deixaria algo em evidência: Sempre senti, e sempre sentirei inveja dele.

***

Depois da aula, dirigi-me ao meu castigo. Caminhei pelos corredores, indo em direção à sala de Minerva Macgonagall - que era o local onde as aulas extras seriam lecionadas. Com o Bebidas e Poções Mágicas, de Arsênio Jigger debaixo do braço, caminhei apressadamente; fazendo um enorme esforço em ignorar os comentários das pessoas pelas quais eu passava. Ah, por quê será mesmo que me importo? Aliás, por que as pessoas se importam com o que é dito a seu respeito? E mais que isso; por que se incomodam em falar dos outros enquanto que deveriam estar cuidando de suas próprias vidas?! Sinceramente. Certamente, como eu havia dito antes, que somos frutos do pecado, comentemos erros. Então estes são tão terríveis que, nos preocupamos com os dos outros; porque na verdade, esta é a resposta: Para chegar a uma falsa percepção de que somos perfeitos, vemos então os pecados dos outros; para que esqueçamos de nossa imperfeição.

Manter as impressões era algo importante para Granger, já que esta evitava ao máximo fazer contato visual comigo. E também ela escondia o fato de que estava de detenção para Potter e Weasley. Ela disse-lhes que estudaria na biblioteca a tarde toda, portanto não a veriam nesse intervalo de tempo. O que na verdade, estaria ao meu lado; revisando tudo o que aprendera durante o dia. Ela me fuzilava com os olhos, e eu devolvia com a mesma intensidade.

Ao chegar à sala de Minerva, a mulher de fato estava lá, nos transmitindo um olhar frio e penetrante. As carteiras vazias, era um tanto estranho vê-las assim. Sentei na primeira da segunda fileira, e Granger sentou-se na primeira da última. Tudo para se ver livre de mim; ela fazia o que estivesse ao seu alcance. Minerva pegou dois pergaminhos e penas, entregando-as para nós dois. A tarefa era reescrever tudo aquilo que aprendemos na aula do professor. Granger, é claro, não parava de mover sua mão sobre o papel e a pena não cessava os movimentos rodopiantes.

Mergulhei a ponta da minha pena no tinteiro, e assim que a tinta negra pingou na superfície lisa da folha, minha mente esbranquiçou-se. Eu não havia prestado atenção em nada do que aquele professor falara. Seria algo sobre poções ou feitiços? Eu não e lembro. A mulher de vestes verdes e cara séria aproximou-se de mim, perguntando se eu tinha algum problema. Eu lhe assegurei de que tudo ocorria bem comigo. Granger terminara seu trabalho e o entregara a Minerva. Quando pusera seus pertences em uma bolsinha minúscula, e estava abrindo a pesada porta para ir embora, Minerva a impediu dizendo:

– Ainda não, Srta. Granger. O Sr. Malfoy ainda não terminou o seu trabalho.

Girei na cadeira, voltando o pescoço em direção à ela. Granger deitou a cabeça para trás, gemendo e bufando ao se sentar novamente na cadeira atrás de mim. Voltei a atenção a meu trabalho, que ainda estava vazio. Esfreguei a têmpora, fazendo algum mínimo de esforço para lembrar d qualquer coisa que fosse. Minerva estava sentada em sua mesa, lendo o trabalho de Hermione.

Feitiços de Defesa contra as Artes das Trevas - disse uma voz sussurrante ao pé de minha orelha. - Falamos os conceitos de Expelliarmus, Petrificus Totalus , Locomoto Mortis, Sangria, Enervate, Reparo Ossius e, sobretudo, Expectro Patronum.

Não entendi de primeira o motivo dela me conceder seu auxílio, mas logo notei que a vontade de ir embora era maior que simplesmente a vontade de me ajudar. Então não tardei em escrever tudo o que ela me dizia, afinal de contas, sair dali era meu desejo também. Percorri a ponta da pena pelo pergaminho, escrevendo tudo o que minha audição captava da boca de Granger. Minerva não olhou nem um instante para nós; o que era estranho pois a sua percepção de tudo o que acontecia ao redor era impecável.

Granger voltou à sua posição normal, enquanto que eu entregava meu trabalho à professora. Ela recebeu o pergaminho, me olhando de relance por cima das lentes quadradas e voltando-os para o papel em sua mão.

– Podem ir - afirmou ela.

Saí da sala, atrás de Granger. Assim que pusemos o pé para fora, engoli o orgulho e disse a ela:

– Obrigado.

Granger apenas assentiu, apertou os livros contra o peito e saiu andando pelos corredores estreitos e vazios de Hogwarts.

– Te vejo amanhã, Malfoy. - gritou ela, lá de longe. - Dá próxima vez, tente prestar atenção nas aulas.


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