Sangue Mestiço escrita por Selenis


Capítulo 3
Primeiro dia de aula; Batalha de Bruxos; Avaliações - parte 1




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Não dá pra imaginar, muito menos descrever o tamanho da raiva que eu sentira naquele momento em que me encontrava impossibilitado de mover uma extensão sequer de meu próprio corpo. Meus olhos olharam através da janela, e a bruma que cobria a parte de fora, lentamente foi se dissipando e a forma do castelo foi revelada.

Os alunos desceram, e aos poucos fui recuperando os movimentos das mãos e dos pés. Quando finalmente voltei ao normal, estava fulo da vida. Bufando de raiva, puxei a varinha de meu paletó e saí do vagão, espremendo-me entre as pessoas enquanto atravessava o corredor estreito. Quando desci do trem, pondo finalmente os pés em chão firme, vi aquele amontoado de cabeças andantes na direção dos barcos. Aquela guarda-caça grandalhão e bobão do Rúbeo erguia uma lanterna acima deles, guiando-os em meio a escuridão do local.

Podia ver aquelas três cabeças: a de Potter; a ruiva que pertencia a um dos Weasley; a que possuía os cabelos cheios que lembravam uma vassoura velha. Riam, e isso me dava enjoos fortes. Brandi a varinha, e agitando-a gritei:

Expelliarmus!

E naquele momento, a varinha da Granger voou de sua mão para a minha. A garota, surpreendida, voltou-se para mim. Rúbeo girou aquele seu tronco corpulento, assim como Potter e o Weasley. Os dois mostraram as varas de forma fina e alongada, apontando-as para mim. A mão que segurava a minha, estava com a palma suada. Meus dentes rangiam de raiva, as bochechas coravam.

Granger tomou a dianteira, passando por Rúbeo e Potter. Ela apaziguou-os, tomando de uma forma carinhosa a varinha de seu amigo. Alisou um dos ombros de Ronald Weasley e este abaixou a sua arma. Entretanto, a sangue-ruim me apontou a sua; quer dizer, a de Potter.

– Desculpe, Harry - disse ela ao garoto de óculos redondos. - Já, já devolvo.

– Tome cuidado, Mione - alertou-a ele.

Então os resto dos alunos foi atraído pela confusão que ocorria. Formaram um círculo ao nosso redor; todos urrando: Briga! Briga! Briga! Os punhos fechados iam lá no alto, incentivando os rivais a se enfrentarem. E era isso o que iria acontecer.

Granger e eu nos encaramos. Começamos então a andar de lados opostos, não perdendo a forma circular que fazíamos juntos ao caminhar sem interromper o contato visual. Enfim paramos, ambos apontando suas varinhas para o seu opositor. Balancei abruptamente a minha varinha, e raios esverdeados saíram de sua ponta em direção à ela. Granger entretanto os bloqueou, pondo a sua vara no centro, fazendo com que a magia se partisse e dispersasse em duas ramificações; ambas indo para lados diferentes.

Depois foi a sua vez de me atacar. Rajadas de cor alaranjada saíram de sua varinha, atingindo-me em diversos pontos. Eu as repelia, usando a minha vara como um escudo.

Estupefaça!

Então fui atingido no abdômen e arremessado para longe. Caí com tudo no chão, batendo a cabeça violentamente. Me ergui de um salto, berrando de volta:

– Glacius!

Entretanto, meu feitiço não a atingiu. Em vez dela, congelei o guarda-caça grandalhão. Granger ficou aquela parede humana protegendo-a, e imediatamente disse:

– Finite Incantatem

E Rúbeo voltara ao normal. Quanto a mim; a sangue-ruim fez uma cara feia e lançou-me um feitiço:

– Levicorpus!

E fui erguido no ar, enquanto que todos riam às minhas custas. Gritei diversos xingamentos, mas nenhum deles pareceu de fato afeta-la. Hermione preparava-se para finalizar a luta, eu estando a mercê de qualquer ação dela. Seus lábios moveram-se, porém nenhuma palavra foi pronunciada.

Os diretores das casas de Grifinória e Sonserina apareceram; Minerva e Snape . Os dois vieram ao nosso encontro, ambos preocupadíssimos. A mulher segurou a mão da Granger, devolvendo a varinha a Potter. Apontou a sua para mim, e logo me vi descendo enquanto que ela falava:

– Aresto Momentum.

Snape veio até mim, dando passos largos; a capa negra rodopiando atrás. Ao chegar, me transmitiu um de seus olhares frios e penetrantes. Ele não precisou dizer absolutamente nada, pois seus olhos já demonstravam tudo. Claro que ele estava furioso; principalmente por eu ter me exposto dessa forma. Olhei adiante e vi que Minerva também não tardou em dar uma bronca em Granger, o que na minha percepção, foi o que ela mereceu.

A professora virou-se para Snape, e este foi ao seu encontro. Os dois cochichavam, mas não tanto quanto os burburinhos que me envolviam vindos dos diversos alunos que presenciaram aquela batalha. Rangi os dentes de raiva.

– Muito bem - disse por fim Minerva, enquanto eu me levantava. - Foi decidido que os dois receberão detenções.

– O quê? - brandimos Granger e eu; em uníssono. Olhamos uma para o outro; demasiados surpresos.

– Foi ele quem começou! - apontou-me um dedo acusador.

– Que mentirosa!

Avancei, na intenção de arrancar-lhe a verdade. Porém Severo me impediu, segurando meus braços para evitar mais confusão que certamente viria a me comprometer futuramente. Mas minha fúria era quase que incessante; incontrolável.

– DIGA! - berrei. - Diga a verdade, Granger! Sangue Ruim! Você é a corja da sociedade! Sujeitinha vil e sem caráter!

– Eu fiz o que era preciso, Malfoy. - Pode ter sido impressão minha, mas pareceu por um breve momento que seus olhos castanhos avermelharam-se.

Minerva a protegera, tentando inutilmente apaziguar a situação. Entretanto, eu estava agindo com prudência. Devo ter transmitido um ar assustador enquanto gritava com ela, pois a sua expressão foi de total terror. Hermione Granger, se o nome não me falha a memória, minguou atrás de Minerva; e precisou de um de seus colegas para vir oferecer-lhe abrigo.

Weasley a abraçou, e levou-a para longe de mim. Não deixou de me olhar feio. O tolo Harry Potter fez o mesmo. Depois fui levado para o outro canto, Snape carregando-me pelo cangote.

***

Avaliações

Não pude ver a seleção do chapéu, pois fui enviado diretamente para a sala de Snape. O homem pálido me olhava com fúria. Sentou-se em sua mesa, fitando-me enquanto me acomodava na cadeira à sua frente. Seu silêncio era perturbador. Então a porta da sala escancarou-se e Minerva apareceu, com uma garota seguindo-a. Não me atrevi a olha-la, pois já sabia quem era. O que eu mais temia, não era nem o castigo a ser me posto, mas sim a carta que certamente enviariam ao meu pai anunciando-lhe o que eu fizera. E mesmo que eu lhe relatasse o que a sangue-ruim fizera a mim, com certeza não eram batidinhas acolhedoras que eu receberia. Bom, pelo menos não amigáveis. Não era á toa que Lucius Malfoy carregava aquela sua bengala.

– Sr. Malfoy, espero que esteja profundamente arrependido pelo que fez - disse Minerva. - Você também, Srta. Granger.

A garota assentiu, provavelmente envergonhada por estar recebendo a sua primeira detenção. Já eu, sinceramente eu não deveria estar preocupado; nada que um pouco de dinheiro resolvesse, como sempre têm resolvido as enrascadas em que eu me enfiava durante minha juventude. Algo me dizia que eu estava por conta própria agora.

– Os dois vão passar o ano inteiro - disse Snape, erguendo um dedo -, inteiro, fazendo aulas extras. Minerva e eu seremos seus professores.

– Como é?! - disse eu - Mas não vai ser muito trabalhoso?

– Não se preocupe, Sr. Malfoy. Isso será bom para vocês, e devo adicionar nesta conversa a consequência que acontecerá a vocês, se os dois não cumprirem a punição. Ambos terão a os pontos reduzidos, e ainda serão expulsos da escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Aquela notícia assustou a garota intensamente. Eu simplesmente não contradisse a ninguém. Aceitei aquela contraposta, pois de certa forma era melhor do que ser expulso e encarar meu pai. Terminada a reunião, Granger e eu estávamos liberados. Enquanto andávamos lado a lado pelo corredor, eu quase que podia ouvir os pensamentos dela; certamente relacionados a mim. Ainda bem que eram só pensamentos; pois se fossem palavras, estas seriam extremamente ofensivas. Mas eu tinha uma carga extra para me defender caso ela resolvesse mostra-las.

Então o primeiro dia de aula fora completamente normal, e a briga tornara-se o assunto principal da escola. Detestei não ter mais aquela liberdade de poder passar pelos corredores sem ser alvo de comentários idiotas. Grabe e Goyle também mantiveram distância por um motivo incompreensível. De repente vi-me solitário e sem meus companheiros. Foi então que, na hora do almoço, sentei-me na mesa da Sonserina, sozinho, e mantive o olhar em Granger; ela estava rodeada pelos seus amigos, com uma expressão séria.

Continua...


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