Sangue Mestiço escrita por Selenis


Capítulo 2
De volta à Hogwarts; Uma ameaça; Uma promessa.




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12 de setembro...

13 de novembro...

20 de dezembro...

...Férias...

Draco Lucius Malfoy

Eu lembro de como tudo começou. E tenho muito orgulho em dizer isso. Antes de começar mais um ano em Hogwarts, as férias na casa de meus avós foi terrível. Fiquei em Wiltshire, sofrendo nas mãos daquele velho ranzinza e orgulhoso, Abraxas Malfoy; bem como meu pai e eu nesse departamento.

Havia várias regras na casa, rigorosíssimas. Mas estava tudo bem, porque elas não me afetavam. Todas, menos uma. Que era usar magia dentro de casa. Geralmente, os Malfoy nunca haveriam de criar uma regra dessas na casa de um puro-sangue. Afinal, não queriam ser comparados aos Trouxas. Eu já tinha dezessete, então estava livre para ser um bruxo. E aquilo me afetou de forma escandalosa. Porém receio em informar de que a culpa fora minha. Meu boletim viera, e meus pais não gostaram das minhas notas vermelhas - o próprio Dumbledore enviara junto à carta um bilhete, dizendo que se eu não melhorasse, teria que ir para a recuperação. E ir para a recuperação, para meu pai, significava quase o fim do mundo.

Você vai ficar na casa de seus avós! Tirarei a sua varinha, e não praticará Quadribol durante suas férias.– Estas foram as suas palavras.

Os dois meses foram tediosos. Eu passava a maior parte do meu tempo em meu quarto, trancado, olhando para as bandeiras do time Sensoriano pregadas às paredes. Próximo à cama, havia uma janela. Só me dei conta de que era Natal, quando os flocos de neve começaram a cair através do vidro congelado. Era só mais um dia normal, e estupidamente tedioso. Li livros sobre a história da magia, ficcionais, não importa... O tédio foi o meu único companheiro.

Fechei os olhos, tentando dormir. Não fiquei impressionado por não ter sonhado com nada. Eu poderia estar em Hogwarts agora... Potter com certeza deve estar lá. Ele sempre está lá, pois não tem casa para voltar. Assim como o amiguinho ruivo dele, Weasley, e aquela trouxa cujos cabelos sempre me lembraram as palhas espalhafatosas de uma vassoura velha.

Quando dei por mim, o dia de voltar à Escola chegara. Me aprontei, e meus pais me levaram até a estação de King´s Cross às 10:30. Eu apenas trajava uma veste preta, sem os meus devidos pertences da prática de bruxaria. Estavam todos com eles, meus pais, confiscados. As malas já prontas eram erguidas pelas mãos delicadas de minha mãe que, pela expressão esquisita no rosto dela, mostrara claramente que nunca fizera tanto esforço quanto este que era segurar minha maleta. Eu a tomei logo, envolvendo o pescoço com o cachecol verde listrado da Sonserina. Narcissa me abraçou. Apesar de ser minha mãe, não poderia deixar de passar em branco que seu nome era Black, antes de conhecer Lucius.

Sirius Black... Padrinho de Potter...

Quando ela finalmente me largou, virei-me para encarar meu pai. Ainda tinha aquele olhar frio para cima de seu filho, o único a admirá-lo neste mundo detestável. Ele tirou a minha varinha, e a estendeu. Estiquei a mão para pegá-la, mas ele a puxou de volta dizendo num sussurro umbroso:

– Vai se comportar, não vai, Draco? Quero melhoras... Faça com perfeição os feitiços mais fortes. Assim poderá se juntar aos Comensais da Morte.

Apenas balancei a cabeça em concordância. Tomei a varinha, pondo-a no bolso da calça. O trem apitou, a fumaça escapando das rodas e batendo na lateral de corpo enquanto caminhava entre os diversos bruxos e bruxas da estação. O som dos animais era extremamente irritante; o burburinho incessante também. Era sempre esta loucura: alunos novatos cheios de entusiasmo gritando para o expresso; outros dentro dos vagões, debruçados às janelas, acenando para seus familiares. Comigo não havia essas cortesias. Entrei, finalmente.

O vagão estava incrivelmente silencioso, como eu gostava. Cheguei a um compartimento, totalmente vago. Sentei-me, depositando as malas na parte de cima. Com a mão apoiando o queixo, fiquei a admirar o aglomerado de pessoas do outro lado. Minutos depois, o apito soou e o trem roncou, dando a partida. Os vi se distanciarem, à medida em que a locomotiva puxava os vagões. De repente me senti cansado, e o leve chacoalhar do trem contribuiu para aumentar o meu sono repentino.

As pálpebras abriam e fechavam lentamente, cobrindo os olhos sonolentos. Nos outros compartimentos, eu podia ouvir os risos dos estudantes. Todos alegres por ter que voltar à escola. Eu era o único ficar calado. Mas algo me tirou o sono. Foi justamente o som de rodinhas gemendo pelo corredor. A mulher dos doces cujo gosto era horrível. Ela empurrava um carrinho cheio, e me perguntou:

– Quer alguma coisa, querido?

– Não - respondi com rispidez, sem dar-lhe ao menos o direito de ser olhada nos olhos como uma igual.

Ela saiu, indo perguntar aos outros. Naquele momento, decidi que ninguém mais me perturbaria. Então balancei a varinha, e aporta se fechou. Voltei a dormir. Quando acordei, dei um longo bocejo e me espreguicei, esticando os braços o mais alto que pude.

Sentada à minha frente estava uma garota. Eu reconheceria aqueles cabelos de vassoura em qualquer lugar. A sangue ruim; a Granger.

Esta me olhou feio. Empurrou com o pé as malas para debaixo do banco, e sua mão deslizou para dentro da jaqueta cinza que usava, provavelmente pronta para qualquer movimento suspeito meu que a obrigasse a usar a varinha.

– Não tem mais nenhum lugar disponível em todo o trem. - Disse ela. - Nunca vi tantos alunos.

– Então não deveria ter vindo esse ano, Granger. - disse eu, tentando afastá-la de qualquer forma.

– Está louco?! Hogwarts é a minha segunda casa.

– Fico surpreso até de que tenha uma. - ironizei.

Ela franziu o cenho, fazendo uma careta de pura raiva. Apontou-me a sua varinha, dizendo:

– Eu vou ficar aqui, Malfoy. E não se atreva a dizer mais nenhuma gracinha sobre minha linhagem trouxa, ou eu te imobilizo.

– Eu não tenho medo de você. O que uma merdinha como a que está na minha frente poderá me fazer?

Hermione ficou fula.

Petrificus Totalus!

Meu corpo enrijeceu de imediato. Os braços grudaram-se ao tronco, as pernas se juntaram. Não consegui mais mover um músculo; tudo petrificado.

Hermione deu um sorrisinho de vitória no canto da boca, não guardando a varinha. Depois apontara-a para uma bolsinha, tirando de lá várias coisa para dormir. Dizia Accio Travesseiro, e um travesseiro pulara da bolsa para a sua mão. Depois, Accio Cobertor; e um lençol comprido e grosso foi desenrolado até cair no chão. Ela deitara o corpo no banco, afofando o travesseiro debaixo da cabeça e cobrindo-se com o cobertor.

– Boa noite, Draco. - Riu.

Então eu fui obrigado a vê-la dormir, até o fim da viajem.


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