Tetris escrita por Stefani Niemczyk


Capítulo 5
Presta atenção, porra!


Notas iniciais do capítulo

Novos personagens *u*



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Decidi que iria num sábado. Eu sabia que o movimento seria maior, o que me causava uma certa ansiedade, mas eu chegava muito cansado do trabalho para ir em dias de semana. Sem falar que sábado é o dia oficial de sair a noite.

Esperei por esse dia como uma criança espera o Natal. Ok, exagerei, não foi bem assim.

Eu estava ansioso, sim, afinal, era minha primeira vez num lugar totalmente novo. Sozinho. Em certos momentos, ao longo da semana, eu pensava em desistir, mas logo conseguia me animar novamente e mantinha a ideia.

No sábado, eu dormi até umas duas da tarde. Não costumo fazer isso, maseu queria estar com energia para a noite. Passei o dia morrendo de ansiedade. Até tentei ler HQs e jogar alguma coisa, mas eu não conseguia me concentrar. Quando percebia, já estava pensando na Tetris.

Comecei a me arrumar umas dez da noite. Tomei banho, coloquei uma roupa bonita (bem, pelo menos eu achava que ficava legal nela), penteei os cabelos, usei perfume, cortei as unhas, jantei, escovei os dentes... Afe, parecia que eu estava indo a um encontro! Mas eu nunca havia ido. Era melhor estar muito bonito do que muito feio.

Até que me olhei no espelho. Mano, eu iria ficar muito perdido lá! Eu não conheceria ninguém, iria ficar encostado numa parede olhando os outros! Sem falar que a música era alta, eu nunca iria conhecer alguém ali. Muito menos ter uma amizade!

Por pouco, quase desisti de ir. Aquele medo do desconhecido bateu e eu comecei achar mais confortável ficar em casa, de pijama, jogando Minecraft.

Não! Eu já estava arrumado, havia ficado a semana toda esperando por essa noite. Eu tinha que ir. Mesmo que fosse para ter certeza de que aquele não era lugar para mim. Eu nunca iria ter amigos se não tentasse.

Saí sem pensar muito se deveria ir ou não. Eu sabia que se pensasse, eu acabaria ficando em casa. Eu não podia deixar isso acontecer.

Eu sabia onde a Tetris era, já havia passado por lá, mas sempre passei por ali quando era dia. Fiz o caminho que conhecia e fui, sem medo (ou, fingindo estar sem medo) para o meu destino.

Quando fui me aproximando do local, percebi que o engarrafamento do trânsito foi aumentando. Demorou um pouco mais do que eu esperava para chegar à Tetris.

Aos poucos, fui me aproximando do lugar. Eu já podia ver o letreiro em luzes coloridas à frente quando comecei a olhar as pessoas na rua. Havia muita gente atravessando entre os carros.

Meninos adolescentes de regata, meninas com saia e meia até a coxa, homens com camiseta bem colada de mãos dadas, mulheres em bando que olhavam para a bunda de outras mulheres, mulheres que eu não sabia se haviam nascido mulheres ou homens...

Todos iam para uma fila gigantesca que se estendia pela calçada da fachada. Percebi que o final da fila começou a virar a esquina. Eu sabia que a Tetris era famosa, mas não achei que as filas chegavam àquele ponto!

Dei a volta no quarteirão e parei numa rua ao lado da balada. Era a rua em que a fila havia dobrado e começava a subir pela calçada. Estacionei o carro na rua mesmo, na frente de uma loja de roupas que estava fechada. Desliguei o carro e fiquei observando a fila.

Cada vez mais ela aumentava, constituída por pessoas dos mais variados estilos. A maioria meninos que não deviam ter mais de vinte anos. Não vi muita gente que parecesse ser da minha idade.

Eu iria entrar ali, mas ainda estava inseguro. Eu não saberia como ficar ali, na fila, sozinho, sem saber o que fazer. Com certeza eu ficaria olhando as travestis e o pessoal com o corte de cabelo engraçado como se fossem coisas de outro mundo e, rapidamente, perceberiam que eu não estava acostumado com aquele ambiente.

Decidi esperar a fila diminuir um pouco. Seria menos constrangedor. Eu poderia entrar na balada e ninguém iria me ver, por causa da pouca iluminação. Se eu me sentisse mal, eu saía de fininho sem perceberem.

Fiquei um tempo ali e, claramente, observando as pessoas da fila. Fiquei olhando para as travestis e imaginando como deveria ser a vida delas. Como deveria ser contar para os pais que queria ser menina e tal... Muita gente associa "ser gay" com "querer ser mulher", mas eu não me lembro de nenhum episódio da minha infância ou adolescência em que desejei isso. Sempre fui homem mesmo.

Os garotos andavam em bando. Quase não havia nenhum sozinho. Quando havia, ele logo encontrava seus amigos e os cumprimentava com algo do tipo "e ai, viadasssss?!".

Haviam meninos ali que com certeza eram menores de idade. Eu sabia que muitos adolescentes falsificavam documento e tal, mas não achei que fossem tão novos. Alguns pareciam ter uns quinze anos!

Quinze anos... Quinze anos e já estavam falsificando documentos pra entrar em balada gay... Nossa, parecia que eu vinha de uma geração muito distante. Quase medieval. Nos meus quinze anos eu mal falava com as pessoas. Nunca que eu iria ter coragem de ir a uma balada gay. Eu nunca teria coragem de me assumir na adolescência.

Sem falar que aqueles menores de idade deviam estar ali sem os pais saberem. Provavelmente não sabiam nem da sexualidade do filho. Mas, mesmo assim, os garotos caíam na noite sem medo de ser feliz.

"Medo de ser feliz". Será que era esse meu problema? Será que eu tinha medo de ser feliz. Bem, claro que não literalmente. Ninguém tem medo de algo bom. Mas será que eu era infeliz por ter medo de alguma coisa?

Eu não tinha medo de falar que era gay. Não agora, com meus vinte e quatro anos, ganhando meu próprio dinheiro, vivendo minha própria vida. Tive quando era mais novo, mas isso é normal.

Eu acho.

Olhei para os meninos - que não paravam de chegar - e me senti um covarde. Eles estavam apenas entrando na juventude e ejá estavam aproveitando o máximo delas. Assim como os colegas da minha escola que, aos dezesseis anos, já tinham várias histórias de festas, viagens e namoros pra contar.

Durante minha adolescência, tudo o que eu fiz foi me esconder. Me escondi dos meus pais, me escondi dos meus colegas, me escondi de qualquer relação que podia ter com outra pessoa. Antes eu achava que isso aconteceu porque eu sou gay e, naturalmente, os gays se fecham quando percebem que são assim.

Ali, olhando toda aquela galera - principalmente os meninos, mas também as meninas que se beijavam na fila, os transsexuais que deviam tomar hormônio desde os dezoito anos - percebi que essa era apenas uma desculpa que eu usava. A culpa não era da minha homossexualidade. O motivo de eu me isolar não era o fato de eu ser gay.

A prova disso estava ali. Toda aquela galera fazia parte de uma minoria que era constantemente agredida com palavrões, xingamentos exclusão, lâmpadas e revólveres. Todos aqueles garotos sabiam que, sendo gays, corriam o risco de sofrerem em casa, na escola, na faculdade, no trabalho e na rua. Mas, mesmo assim, não deixavam de ter amigos, de ter relações com os outros, de se divertirem, de aproveitarem a vida.

A culpa pela minha solidão não era minha timidez que eu acreditava ter aumentado na adolescência pelo fato de eu ser gay. A culpa pela minha solidão era a minha própria fraqueza.

Minha fraqueza que deixava que o medo me impedisse de ser melhor. Eu não continuei a conversar com o Pedro e o Zé Luís porque eu não quis. Me fazia de coitado, me afastei deles. Não foi surpresa que não vieram atrás de mim.

Durante o Ensino Médio, vários alunos entraram e saíram da escola. Eu podia tentar começar uma amizade com os novos alunos, mas preferi ficar no meu canto, sofrendo calado por achar que gostar de homens era o maior problema do mundo e que, por isso, todos ficariam com pena de mim.

Hoje, com a cabeça que tenho, vejo que ninguém se importaria, realmente. Eram outros tempos, mas ninguém ficaria pensando sobre mim o dia todo, como eu achava que iria acontecer se eu me assumisse nos tempos da escola.

Se eu estava sozinho hoje, era por culpa da minha falta de iniciativa em cultivar os amigos que já tinha e fazer novas amizades. Ser gay realmente mexe com a cabeça de um adolescente, mas isso não é motivo para virar um anti-social no canto da sala de aula.

Eu olhava aqueles meninos na fila e imaginava como deveria ter sido fácil para eles. Bem, não tão fácil, mas menos difícil. Provavelmente viam outros garotos gays na escola e foram se aproximando. Hoje, eram melhores amigos e vinham em baladas juntos. Com certeza seriam amigos por muito tempo.

Olhei todas aquelas pessoas, de bem com a vida, de bem com quem eram, mesmo sendo parte de um grupo que sofria. Todas sendo elas mesmas e, sendo elas mesmas, cultivando amigos e risadas num sábado à noite. Já eu estava ali, sozinho num carro, esperando encontrar alguém pra conversar numa balada que eu nunca havia frequentado. Por que era tão fácil para os outros fazerem amigos? O que havia de errado comigo?

Quando percebi, já estava colocando os óculos no banco do passageiro para limpar as lágrimas com a camiseta. Afe, de novo não! Mas já era tarde demais. Eu já estava chorando igual a um bebê.

Eu não conseguia parar. Me senti ridículo por realmente acreditar que eu teria alguma chance de conhecer alguém ali. Colocando roupinha, arrumando cabelinho e tudo mais. Eu era um idiota!

Mesmo que eu entrasse ali, eu iria ficar escondido num canto vendo os outros se divertirem. Isso só pioraria minha situação. Não era uma balada gay, um evento geek ou uma palestra de design que traria amigos para mim. O problema não era o lugar.

Pessoas normais conseguiam fazer amigos em quaisquer lugares, até mesmo em fila de banco. O problema era que EU não conseguia me aproximar de ninguém e, mesmo se alguém se aproximasse, eu me fechava e afastava a pessoa.

Eu não sabia como mudar. Eu não sabia O QUÊ mudar. Ter ido ali, naquela noite, havia sido uma perda de tempo.

Talvez eu estivesse destinado a ficar sozinho. Quem sabe, sei lá, numa outra vida eu fui um soldado alemão que matou vários judeus na segunda guerra e agora estava pagando por isso?

Talvez existisse um tipo de pessoa que não soubesse se relacionar com outras. Que fossem sempre excluídas e sozinhas. Elas se entenderiam perfeitamente se fossem todas um grande grupo de amigos. Mas, como disso, elas não sabem se relacionar com os outros, então esse grupo nunca vai existir.

Eu também me sentia mesquinho. Haviam tantos problemas ruins de verdade no mundo e eu estava num carro, sábado à noite, chorando por ser sozinho. Tanta gente com doenças terminais, sendo sequestradas, assassinadas só por serem negras, mulheres, tanto deficiente físico tendo que matar um leão por dia porque a cidade não era acessível, tanta gente sem o que comer nas ruas... E eu reclamando de estar sozinho...

Reclinei o banco do carro para trás até ficar deitado. Eu precisava relaxar. Liguei o rádio, coloquei meu CD e deixei a Celine Dion me carregar no colo. As músicas dela me acalmavam, de vez em quando.

Fechei os olhos e imaginei como deveria ser ter um grupo de amigos desde a infância... Brincar juntos, dormir na casa do outro, jogar videogame juntos, ir nas primeiras matinês juntos, ter os primeiros namoradinhos e sair em casaizinhos, ir viajar sem os pais assim que fizer dezoito anos, só com os amigos, e comer miojo por uma semana, pedir conselhos e não ter medo de ser julgado, ter alguém pra chamar para ir na estreia de um filme...

Me perdi nos pensamentos até que me acalmei. Percebi que minha respiração já estava menos acelerada e eu já não estava mais tão triste. Abri os olhos. A rua já não fazia mais tanto barulho. O único som vinha da voz da Celine.

Levantei o banco e olhei em volta. Não havia mais nenhum sinal de vida. O fim de fila que eu estava observando já não existia mais. Os carros já não passavam com muita frequência na avenida da Tetris, que eu podia ver lá em baixo da rua onde eu estava.

Olhei para o relógio. Uma e quarenta. Talvez a balada fechasse a entrada e, por isso, o tumulto que havia ali acabara.

Percebi que já estava tarde para ficar tendo crises na rua. Ok, já estava antes, mas eu não havia pensado nisso. Liguei o carro e fui descendo a rua, em direção à avenida em que se encontrava a Tetris. Já era hora de ir embora. Aquela havia sido uma noite perdida.

Virei à direita ao chegar ao fim da rua e entrei na avenida da Tetris. Olhei para o letreiro luminoso uma última vez. Eram peças de tetris que caíam e formavam o nome do lugar. Uma ideia bem óbvia, mas com design bonito.

Fui acelerando o carro e olhando para o letreiro. Havia um contorno cor-de-rosa que não apagava nunca. Ele era tão grande que iluminava a calçada em frente ao estabelecimento, dando um tom bem gay a tudo ali. As portas já estavam fechadas e haviam dois seguranças na frente.

– EEEEEIIIII!!!!

Ouvi o grito ao mesmo tempo em que começaram a bater no meu carro. Não entendi o que era té que pare e olhei com atenção.

Haviam três meninos na rua, na frente do meu carro e um ao lado do capô. Era este último quem havia batido e, este também, que gritou:

– PRESTA ATENÇÃO, PORRA!

Ele se voltou para trás e correu até os outros três. Só então percebi o que acontecia. Dois destes três seguravam, entre eles, o terceiro garoto, que estava vomitando litros e litros ali no chão, no meio da rua. O garoto que acabara de se aproximar - aquele que gritou comigo - começou a brigar com eles, gesticulando muito.

Desviei e fui passando ao lado dos quatro, devagar.

– ... agora a gente vai ter que carregar esse MERDA até em casa! EU NÃO TENHO DINHEIRO!

Gritava o estressadinho que havia brigado comigo. Ele tinha os cabelos curtos, loiros, bem baixos dos lados e mais alto em cima. Estava com uma camisa polo roxa e uma calça branca. Era branco e, pelo que pude ver quando ele gritou comigo, seus olhos pareciam verdes.

– Calma, vamos pensar nisso depois! - Falou um dos garotos que carregavam o colega, que ainda estava vomitando.

– DEPOIS QUANDO?! A GENTE TEM QUE PENSAR EM ALGUMA COISA!

Respondeu o loirinho, nervoso.

– PÁRA DE GRITAR COM A GENTE! NÃO É NOSSA CULPA!

Retrucou o outro garoto que segurava o amigo que, finalmente, havia parado de vomitar.

– MAS PARECE QUE VOCÊS NÃO ESTÃO ENTENDENDO A GRAVIDADE DO PROBLEMA!!! - Continuou o estressadinho da turma - NINGUÉM AQUI TEM DINHEIRO PRA TÁXI E O METRÔ JÁ FECHOU! A GENTE NÃO PODE FICAR COM ELE ASSIM!

Ele olhou para o coitado que parecia desacordado nos braços dos amigos. Ele estava com uma bermuda clara, uma camiseta vermelha e tinha os cabelos grandinhos, tipo Justin Bieber no começo da carreira. Não conseguia ver o rosto porque a cabeça estava caída. Ele realmente estava mal!

– Calma! - Falou o outro colega que segurava o de vermelho. - Vamos voltar e nos sentar. Vamos dar um pouco de água pra ele e...

– ENTRAR? TÁ LOUCA?! ELE DEU PT, PRECISA DORMIR COM ALGUÉM VIGIANDO! A GENTE PRECISA IR PRA CASA!!!

O loirinho não parava de gritar. Os seguranças da Tetris olhavam, mas não podiam sair da porta do local.

– Não tem como a gente ir embora agora! Táxi é muito caro, ninguém aqui tem dinheiro para isso. - Respondeu o garoto de cabelos castanhos e roupa verde, que segurava o coitado de vermelho, junto com o garoto de feições orientais vestido com uma camisa xadrez azul. - Vamos entrar, é melhor do que ficarmos no meio da rua e corrermos o risco de quase sermos atropelados de novo!

Só então os três pararam de discutir. Se lembraram de mim. Viraram as cabeças ao mesmo tempo, como se tivessem combinado. Eu não havia percebido, mas passei ao lado deles tão devagar que havia parado o carro e estava observando a briga deles.

– E O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?!

Berrou o loiro para mim.

– Na.. Nada, eu... Eu estou indo pra casa...

– Léo! - Chamou o de verde. O loirinho virou a cabeça e o amigo fez um gesto para que ele se aproximasse.

Os três começaram a conversar, sussurrando para eu não ouvir. Quando o de verde falou com o loiro, eu só ouvi ele falando:

– Carona?! Tá doido?!

Eles continuaram discutindo entre si, em volta do vômito do amigos desacordado.

Com certeza estavam falando de mim. Pelo que eu havia entendido, eles estavam precisando chegar em casa, mas não sabiam como iriam fazer isso, já que dependiam de metrô e, a essas horas, já estava fechado.

Aquela não havia sido uma noite muito boa para mim. E, com certeza, uma noite pior ainda para quele desacordado de vermelho. Eu não havia conseguido coragem para entrar na Tetris, mas eu podia levar aqueles meninos até um hospital. Eles não deviam ter mais de vinte anos, estavam totalmente sem saber o que fazer. E, se eu os ajudasse, aquela não seria uma noite totalmente perdida.

Estiquei a cabeça para fora da janela e perguntei:

– Vocês precisam de carona?!

– NÃO! - Imediatamente respondeu o de roxo, nervoso.

– Eu posso levar vocês até um hospital. O amigo de vocês precisa de cuidados urgente.

– Não, obrigado. - Respondeu o loirinho, sem pensar. Ele virou-se para os colegas.

Bem, eu havia tentado. Comecei a acelerar o carro.

– MOÇO, ESPERA AÍ! - Gritou o de verde.

Parei o carro e olhei pelo retrovisor os três discutindo entre si, novamente. Pelo que pude perceber, o de verde e o de azul estavam tentando convencer o loirinho.

Dei ré e cheguei ao lado deles, novamente. O japonês, de camisa xadrez azul, largou o de vermelho e veio até mim:

– Moço, se você puder, a gente aceita uma carona...

– HENRIQUE! - Gritou o loirinho.

– O quê? - O japonês perguntou. - É a melhor alternativa que temos!

– ELE PODE SER UM TARADO QUE VAI SEQUESTRAR A GENTE! PÁRA DE SER DOIDO! - O de roxo respondeu.

– Eu conheço um hospital perto daqui. - Falei.

– VOCÊ NÃO VAI NOS LEVAR A LUGAR ALGUM! - Gritou o loiro.

– Moço, a gente realmente precisa de ajuda. - Comentou o de verde.

– Eu levo vocês. - Respondi. - Não vou sequestrar ninguém.

– Viu, Léo? Vamos logo! - Chamou o japonês. O de verde, que agora segurava o desmaiado sozinho, veio correndo em direção ao carro.

– VITOR, NÃ--

O de roxo não terminou a frase pois o de verde já estava ao lado da porta de trás do meu carro.

– Moço, a gente pode confiar em você? - Perguntou o de azul.

– Pode, não vou sequestrar ninguém! - Respondi. - Entrem logo, quanto mais tempo ficarem ai menos tempo tempo para ajudar esse daí. - Falei, olhando para o coitado caído nos braços do amigo.

– Vem, Léo! - O de verde pediu.

O garoto de roxo ficou olhando para mim, desconfiado. Ele foi se aproximando, contra sua vontade. Quando chegou perto, eu falei:

– Olha, eu só quero ajudar.

– Ok. - Ele disse. - Mas com uma condição: portas destrancadas e vidros abertos. Assim podemos pular do carro se te acharmos suspeito!

– Sério, Léo? - O japonês perguntou.

– Tudo bem. - Respondi.

– ENTÃO VAMOS LOGO, MERDA! - Gritou o de verde que abriu a porta e entrou no banco traseiro com o colega desacordado.

O japonês entrou atrás, pela porta do outro lado, de modo que o garoto de vermelho, com cabelo de Justin, desmaiado, ficou no meio dos dois.

O loirinho nervoso sentou-se no banco do passageiro, ao meu lado, ainda com cara de desconfiado.

– Coloque o cinto. - Falei.

– Nem a pau. Aí não vou conseguir pular do carro se você passar a mão em mim!

– Ai, cala a boca, Léo. Desculpe, moço. - Falou o de verde.

– Tudo bem. Eu vou levar você para um hospital, é rapidinho.

– NÃO. - Ordenou o loirinho ao meu lado. - Nós temos que ir pra minha casa. Ele só precisa dormir pra acordar bem.

– Mas ele vomitou, ele...

– Relaxa, cara. - O de verde me interrompeu. - Não é a primeira vez que ele dá PT. A gente sabe como lidar.

– Só precisamos ir pra casa. - Completou o loirinho, que estava com o braço apoiado na janela e falava olhando para fora, com a cara fechada.

– Eu acho melhor ele ir para um hospital.

Sugeri, olhando o estado do coitado no banco traseiro pelo retrovisor.

– Pode ficar tranquilo, ele não vai morrer. Nos leve para casa e pronto. - Falou o de roxo.

– Beleza então!

Acelerei o carro e fomos embora dali. Eu não havia entrado na Tetris nem conhecido ninguém, mas se eu conseguisse ajudar esses meninos, a minha noite não teria sido em vão e eu poderia dormir com a sensação de que fiz a coisa certa...


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Nos próximo episódio os personagens se apresentarão!

Até lá!

Beijo!



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