Realeza em tanto escrita por Li


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/576822/chapter/31

Contei à minha mãe sobre a carta que o Killian me tinha enviado com o dinheiro. Ela ainda não conseguia acreditar que finalmente sairíamos dali. Mas tal como eu, a minha mãe ficou relutante em aceitar o dinheiro. Tal como eu, ela achava que aquilo era um assunto de família e nós é que nos tínhamos de resolver.

—Eu já pensei numa solução para esse pormenor. – confessei, chamando a atenção da minha mãe – Nós utilizamos o dinheiro mas como um empréstimo. Quando arranjarmos essa quantia, nós devolvemos.

—É uma boa ideia apesar do tempo que irá levar.

—Nem que eu seja velhinha quando acabar de pagar essa dívida. Mas garanto-te que ela estará paga. Agora – tentei levantar-me mas mais uma vez não consegui. Eu simplesmente não conseguia apoiar o pé – Caraças!

—Querida espera um pouco. Eu vou buscar as muletas.

A minha mãe foi até ao seu quarto mas rapidamente voltou. Agora com as muletas. Parece que teria companhia pelos próximos dias.

Combinei com a minha mãe que ela arranjaria as malas da forma mais discreta possível enquanto eu tratava dos últimos papéis da casa que tínhamos visto há algum tempo e que, para felicidade nossa, era bem longe dali.

Despedi-me da minha mãe e segui até à casa do Ethan. Eu tinha de aproveitar estes últimos dias com ele e com a Malia porque eles regressariam brevemente ao palácio. Eu ainda nem sei como é que eles conseguiram vir a casa no meio de todo o corrupio que está lá. Quer dizer, eu suspeito que esta vinda tenha o dedo do Killian porque se fosse pela Rainha, eles nunca viriam.

Com uma certa dificuldade, por causa das muletas, bati na porta da casa do Ethan. Quem veio abrir foi a sua irmã mais nova, Anita.

—Olá Alexia – disse Anita toda sorridente e abraçou-me. Ou pelo menos tentou porque ficava um bocado complicado por causa das muletas.

—Fofinha, o teu irmão está? – perguntei quando entramos.

—Está trancado no quarto com a Malia. – disse Anita emburrada. Eu sorri com a atitude dela. Ela estava habituada a ser o centro das atenções do irmão, afinal que irmã de cinco anos não adora o irmão mais velho.

—Ui, a minha menina está com ciúmes? – brinquei com ela.

—Ele só dá atenção a ela. – disse fazendo beicinho - Eu gosto da Malia pois ela faz o meu irmão rir muito. E eu gosto de ver o mano feliz. Mas ele já não brinca comigo.

—Vamos combinar uma coisa. – sussurrei como se de um segredo se tratasse – Eu vou lá ter com eles e digo ao Ethan para vir para aqui. Para vir brincar com a mana, que achas? – um largo sorriso se formou no pequeno rosto da Anita. Ela acenou freneticamente que sim com a cabeça.

Lentamente, segui até ao quarto do Ethan. Tantos anos a frequentar aquela casa que eu já a conhecia tão bem como a minha. Bati levemente na porta e esperei que dissessem para entrar. Só espero que não tenha interrompido nenhum momento mais privado do casal.

—Entre. – consegui ouvir o Ethan dizer.

Mal entrei, tive logo o Ethan a bombardear-me com perguntas.

—Caí Ethan. Eu estou bem.

—Eu conheço bem esse cair.

—Ethan, aqui não. – ralhei com ele. Ninguém precisava de saber o que se passava na minha família. – Já agora, será que podia conversar em particular com a Malia?

—Mas…

—Conversas de mulher, Ethan. E, além do mais, há uma pequena dama na sala que está com ciúmes porque o irmão mais velho já não lhe dá atenção nenhuma. Se eu fosse a ti, ia até ela.

Ethan saiu e eu fui sentar-me na cama dele, onde estava Malia.

—Que aconteceu com o teu pé? E que cara é essa? – perguntou Malia preocupada.

—Caí. Sabes como eu sou, uma desastrada.

—Sim, sei. Mas isso não explica essa cara. Alexia é Natal. Não é dia para andar triste.  

—Eu sei. Mas sabes como é, são as circunstâncias da vida. – pausei para ganhar coragem para contar toda a verdade à Malia. Eu prometera-lhe isso ontem – Sabes Malia, eu não era uma pessoa que chorava frequentemente. Eu não me permitia. Mas, desde que fui para o palácio, tornei-me uma pessoa mais sentimental. E quando saí de lá, isso piorou.

—Pois. Apesar do grande trabalho que temos lá, acaba por ser difícil despedirmo-nos daquilo tudo. O palácio é como uma segunda casa para nós.

—É verdade. Mas fica ainda pior quando temos de abandonar, também, o homem da nossa vida. – confessei. A Malia estava em puro choque. Ela não esperava uma confissão destas vinda de mim.

—Uau. Por esta não esperava. Então a rapariga que disse que romances não eram com ela, apaixonou-se. Posso ao menos saber quem é o sortudo? – perguntou Malia curiosa.

—O príncipe. – confessei. E se eu achava que a expressão anterior da Malia era de choque foi porque nunca tinha presenciado a atual expressão dela. Esta sim era de puro choque.

—Como…

—Tudo começou quando nós nos esbarramos naquela noite…

—Nesse dia, fiquei mesmo preocupada contigo. Pensei que tivesses sido apanhada e consequentemente despedida. Mas afinal o que ficou apanhado naquele dia foi o teu coração. - brincou Malia tentando aliviar o clima de tensão que se formava ali. E era isto que eu adorava na Malia. Nas horas mais sombrias, ela conseguia sempre por alguém a sorrir.

—Sabes bem o que aconteceu, Malia. Eu naquela altura só o achei simpático, mais nada. Afinal, ele tinha encoberto a minha escapadela. Os dias passaram e não se passou mais nada de especial. Isso até ao dia em que ouvi a Alison dizer que o príncipe a tinha beijado. Eu fiquei indignada, afinal que tipo de príncipe e futuro rei era aquele? Que exemplo é que ele estava a dar ao povo. Mas ao mesmo tempo, eu não podia simplesmente ir tirar satisfações com ele. Até que, alguns dias depois, a princesa pediu que eu desse um recado ao irmão. Eu não queria ficar sozinha num compartimento com o príncipe mas ordens eram ordens. Só que, pelo meio, houve um mal-entendido e eu pensei que ele me fosse agarrar à força, então “agredi-o” – fiz aspas quando disse que o tinha agredido porque para mim, eu não o tinha agredido – Para mim não foi agressão nenhuma mas o Killian diz que foi. Homens.

—Quanta intimidade com o príncipe. – provocou Malia por causa de ter tratado o Killian pelo primeiro nome.

—Nem tu sabes o quando. – pensei alto e corei logo em seguida pelo que disse – Continuando. Eu sabia que estava em problemas e que provavelmente ia ser despedida pela minha atitude apesar de em momento algum me ter arrependido de o ter feito. Eu nunca deixaria que nenhum homem me agarrasse à força. Mas no fim, o Killian era inocente. Toda aquela história que ouvi da Alison era mentira. Ela queria o Killian e achou que a melhor forma de o ter foi inventar aquelas histórias.

—Eu sempre soube que a Alison era uma cabra mas a ponto de inventar essas coisas…

—Pois. Há pessoas que são capazes de tudo. – disse e decidi prosseguir com a história – O envenenamento da princesa, aproximou-nos. A mim e ao Killian. Juntos, pesquisamos quem é que seria capaz de fazer tal atrocidade com uma rapariga tão meiga como a princesa. No meio de tantas pesquisas, o Killian acabou por me beijar…

—Vocês estiveram juntos? – perguntou Malia empolgadíssima – E tu não me contaste nada?

—Eu sei que devia ter contado. Mas tens de perceber. Aquilo era proibido. Quantas menos pessoas soubessem, melhor. Mas apesar desse beijo, nós combinamos esquecer tudo e concordamos que tinha sido um ato impulsivo. Isto até eu perceber que talvez o príncipe não me fosse tão indiferente como eu pensava. E no fim, nós acabamos por nos envolver. E, apesar de não ter durado muito tempo, eu tenho a certeza que o Killian é o homem da minha vida.

—Mas então porquê que saíste do palácio?

—A Rainha descobriu tudo. Ela ameaçou-me. A mim e à minha família. A única solução era eu deixar o Killian. – conclui já não conseguindo conter as lágrimas. É como eu tinha afirmado anteriormente. Eu andava muito sentimental ultimamente e isto já me estava a chatear.

—Como é que uma mãe consegue fazer isto com o próprio filho?

—Acredita que eu faço essa questão para mim mesma todos os dias. Ela no fundo conseguiu o que queria. Aquilo que a deixava feliz. E, consequentemente, aquilo que deixava infeliz todos os outro intervenientes.

—Posso só fazer uma última pergunta? – perguntou Malia e eu acenei afirmativamente – Tu e o príncipe…

—Eu e o Killian o quê? – perguntei sem entender.

—Ai mulher! Tu e o príncipe…tu sabes. – e então eu percebi o que a Malia queria saber.

—Sim. – confessei baixinho e tapei o meu rosto com as minhas mãos. Eu não tinha contado aquilo a ninguém. Os únicos que sabiam, eram os intervenientes. Eu e Killian.

—E como foi? – perguntou Malia sem se conter.

—Foi mágico. – confessei entre risadas.

—Doeu?

—Um pouco. Mas essa dor logo passa. O momento a seguir compensou. – corei com o meu último comentário – Então quer dizer que tu e o Ethan nunca…

—Não. Sabes, ele é um querido e nunca forçou a barra comigo. Ele respeita-me. Essa é uma das qualidades que eu mais amo nele.

—O Ethan é mesmo assim. Carinhoso, gentil, respeitador. Aposto que será um momento mágico para ti e para ele quando acontecer. Porque quando acontecer, será com certeza o momento certo. - Malia concordou comigo e abraçou-me. No fim, aquela conversa fez-me bem. Sentia-me um pouco mais aliviada.

Entre choros e risos, seguimos para a sala, juntando-nos ao Ethan e à Anita e aproveitamos o resto do dia de Natal.

Antes de o Ethan voltar para o palácio, contei-lhe o plano de fuga. Ele insistiu comigo para eu antecipar o dia porque queria ajudar mas eu neguei. O dia escolhido por mim e pela minha mãe era o dia perfeito. Era no primeiro dia do ano, o dia do casamento do Killian. Naquele dia, todos estariam atentos a assistir ao casamento. Era o dia perfeito. Ethan, claro que não podia estar aqui nesse dia, afinal ele era preciso no palácio por causa da confusão.

—----//-----

Agora, finalmente chegara o dia. As coisas já estavam prontas para que finalmente abandonássemos aquele inferno.

Esperamos que o meu pai saísse de casa para então darmos os últimos retoques. A minha mãe deixara algumas roupas nos armários para que o meu pai não desconfiasse de nada. Era só arrumar isso e iríamos embora.

O meu pé ainda estava um pouco dorido o que atrasava, um pouco as coisas. Isso para não falar no mal-estar que eu estava a sentir naquele dia. Provavelmente o nervosismo estava a provocar este mal-estar.

Os meus irmãos encontravam-se na cozinha à nossa espera. Eles não percebiam o que realmente se estava a passar. Mas eu sabia que, mal estivéssemos em segurança, a minha mãe, com calma, explicar-lhes-ia tudo.

Eu estava na sala a pegar numas coisas quando ouvi a porta ser aberta. Não era possível. Era o meu pai. Como é que era possível? Ouvi os passos dele e sabia que ele vinha na minha direção. Era a única solução. O plano tinha de seguir em frente e eu seria a distração para o meu pai não impedir a minha mãe de sair com os meus irmãos.

Quando ele entrou no meu campo de visão, acho que percebeu o que se estava ali a passar.

—Onde pensas que vais? – perguntou o meu pai furioso.        

—Mãe corre. Leva-os daqui. – gritei e tranquei a porta da sala. Agora seria só eu e ele.

—Onde é que pensam que vão?

—Vamos desaparecer daqui, seu monstro.

O meu pai veio até mim e deu-me um estalo. Depois, puxou-me os cabelos.

—Eles até podem conseguir fugir mas tu não vais sair daqui.

O meu pai empurrou-me contra o sofá e a seguir socou a minha cara. Ele não parava e eu estava cada vez mais perto da inconsciência. A última coisa que me lembro foi da porta da sala abrir-se.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A Alexia contou a sua história com o Killian à Malia. Acham que fez bem?
E agora? O pai dela apanhou-os a fugir. Como é que ficará a Alexia agora? Sobreviverá aos ataques do pa?
Comentem o que estão a achar e o que acham que vais acontecer :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Realeza em tanto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.