Realeza em tanto escrita por Li


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Durante o resto da noite consegui-me distrair. Estar em família era bom.

Quando deu a meia-noite, as crianças correram para a árvore para que, finalmente, pudessem abrir os seus presentes. Claro que a árvore não estava recheada de presentes mas tinha os suficientes e necessários.

Na árvore haviam três presentes para mim. Ethan ofereceu-me um colar, Malia um relógio e a minha mãe um vestido. Fiquei a olhar para o vestido que a minha mãe me tinha oferecido. Não era como aqueles vestidos que eu costumava usar no dia-a-dia. Era um vestido para…para sair. Um vestido para alguma ocasião especial. E vermelho. Aquele vestido era mesmo para matar.

Agradeci a todos os presentes que me deram e, em especial, à minha mãe. Eu conhecia a minha mãe muito bem e sabia que aquela prenda tinha um segundo significado. Ela queria que eu saísse, que me divertisse. Ela queria que eu seguisse com a minha vida em frente.

Por volta das duas da manhã, regressamos a casa. Entramos e tentamos fazer o mínimo barulho possível porque provavelmente o meu pai estava a dormir. Mas também com a bebedeira que deve ter apanhado nem que viesse um furacão, ele acordaria.

A minha mãe disse-me que deitaria os meus irmãos e que eu poderia ir descansar. Eu concordei prontamente pois estava muito cansada.

Segui para o meu quarto e tranquei a porta. Troquei-me e estava pronta para dormir quando me lembrei das cartas que Ethan me entregara mais cedo. Peguei nelas e decidi que leria primeiro a carta da Selena. Eu tinha de me preparar psicologicamente para as cartas do Killian. Peguei na carta da Selena, abri-a e comecei a lê-la.

“Alexia, a primeira coisa que me apetece fazer é esganar-te. Então tu foste embora e nem sequer te despediste? Como é que foste capaz? Feriste os meus sentimentos...estou a brincar. Acredito que se foste embora foi porque existiu um motivo muito forte para o fazeres. O Killian recusa-se a contar-me o que realmente se passou. Diz que é melhor não saber. Eu acredito que, se ele diz isso, é para o meu bem mas mesmo assim eu queria saber. Eu queria saber o verdadeiro motivo para a minha melhor amiga ter ido embora.

Isto aqui está uma loucura. Acho que quando soube que tu e o meu irmão estavam juntos, o casamento que veria a ser organizado seria o teu com ele. Mas não é o que está a acontecer. No teu lugar está quem não devia estar. Ela pode ser muito boa pessoa mas não é a pessoa certa para o meu irmão. A única pessoa certa para ele és tu.

Eu e o Adam, a cada dia que passa, estamos mais felizes. Acho que ele é perfeito para mim. E vê só que é um príncipe. Quem diria. Sou capaz de dizer que o amo, apesar de nunca lho ter dito. Acho que estou à espera do momento certo.

Espero que consigas dar notícias mesmo que sejam poucas. Eu quero saber como vai a tua vida. E nem que eu tenha de ameaçar o Ethan mil vezes, ele trará a tua correspondência e levará a minha. Se não despeço-o. Ahah brincadeira.

PS: Continuas a ser a minha cunhada preferida

Da tua melhor amiga,

Selena”

No fim da carta de Selena, eu já chorava. Para além do Killian, também foi muito difícil deixar a Selena. A Selena era aquela pessoa que nunca deixava um dia monótono. Ela dava vida a cada dia que passava. E tal como fui privada de estar na vida de Killian, implicitamente também fiquei privada de participar na vida de Selena. Não veria a evolução do seu relacionamento com o príncipe Adam. Não passaria horas e horas na conversa com ela falando de tudo. Realmente a minha vida tinha mudado muito nestes últimos tempos.

Deixei a carta de lado e peguei nas cartas de Killian. Para minha surpresa, no envelope tinha um pedido de Killian para eu ler primeiro a carta do envelope rosa. Eu estava curiosa para saber o que estava nas duas mas segui a vontade dele.

“Querida Alexia,

Ainda hoje não acredito que te foste embora. Apesar do pouco tempo que passou, para mim parece uma eternidade. Os dias sem ti são um inferno. E ainda há o casamento…Eu acredito que no momento que me viste a anunciar o casamento, deves-me ter odiado e duvidado de todas as nossas juras de amor. Mas acredita que tudo o que te disse era a mais pura realidade. Eu amo-te Alexia Gomez. Amo-te com todas as minhas forças e cada dia que passo sem ti, o meu coração despedaça-se mais um bocadinho.

Após ler a tua carta, só me apetecia ir ter com a minha mãe e exigir-lhe explicações. Queria saber o porquê de ela estar a fazer aquilo e não deixar o seu filho ser feliz. Mas depois pensei no que me disseste. Pensei em ti e na tua família e em tudo o que a minha mãe disse que era capaz de fazer a ela. E eu não quero ser um destruidor de famílias. Por isso permaneci calado. Sofri em silêncio e sozinho pois nem à Selena contei. Aliás, sozinho nada porque o Ethan tem-me apoiado, como já deves saber.

Passado uns dias da tua partida, a minha mãe falou comigo e exigiu que eu anunciasse o casamento para o mais breve possível alegando que não parecia bem deixar uma dama à espera. Naquele momento só me apetecia dizer-lhe que não me queria casar com a Eva mas sim contigo. Mas mais uma vez, lembrei-me das tuas palavras. Mais uma vez, permaneci calado e acatei as ordens da minha mãe. Anunciei o casamento e cada dia que passava, o casamento e a tua ida estavam mais presentes.

Agora já só falta cerca de uma semana para o casamento. Sinceramente, não sei onde vou arranjar coragem para dizer o sim mas tem que ser.

Apesar da tua carta ter sido uma despedida, houve algo que me deixou muito feliz. Tu disseste que me amavas. Tenho pena de não me teres dito pessoalmente mas só o facto de descobrir que me amavas deixou-me feliz.

Espero que, apesar de tudo, consigas ser feliz. É o que mais desejo.

Amo-te.

PS: Agora já podes ver a outra carta, sua curiosa.

Com amor,

Killian”

Não conseguia controlar mais as minha emoções. Eu não conseguia mais parar de chorar. Estas cartas estavam a dar cabo de mim, apesar de feliz por as ter recebido. Sinal de que eles não se esqueceram de mim.

O Killian continuava a ser perfeito e continuava a pertencer-me. A Rainha podia querer separar-nos mas nós nunca nos deixaríamos de amar. Acredito que o dia do casamento dele será tão doloroso para ele quanto para mim. Porque aquele dia será a confirmação de que não poderemos ficar juntos.

Por fim, peguei na última carta. Ao abri-la, não conseguia acreditar no que via. Quando o Ethan me entregou a carta, eu realmente notei que ela estava cheia, notava-se o volume dela. Mas nunca esperei que aqui estivesse dinheiro. Aliás, muito dinheiro. Este dinheiro dava para…não dava nada. Este dinheiro pertence ao Killian. O certo a fazer é devolvê-lo.

Reparei que dentro do envelope havia um bilhete. Peguei-o e li-o.

Antes que digas e penses alguma coisa, aceita-o. Eu quero ajudar-te, quero que consigas fugir do teu pai. Quero que sejas feliz mesmo que não seja comigo. Por favor, aceita-o.”

Eu não sabia o que fazer. Ele tinha-me dado aquele dinheiro porque sabia que eu precisava dele. Provavelmente soube que a Rainha fez questão de não me dar o último ordenado, isto porque faltava uma semana para acabar o mês. Aquele ordenado era o que me faltava para conseguirmos sair daqui. E agora o Killian deu-me esse dinheiro.

Decidi que pensaria melhor nisso amanhã. Eu estava cansada e precisava de descansar.

Mas antes de dormir, ainda fui até à cozinha buscar alguma coisa para comer. Estava com fome. Na realidade estava faminta. Provavelmente seria porque eu tinha comido pouco ao jantar e como estava acordada até tarde, a fome acabou por vir.

Fiz uma sandes e voltei para o quarto. Comi a sandes e adormeci no instante a seguir.

A claridade despertou-me. Apesar de estarmos no Inverno, hoje estava sol.

Levantei-me e fui vestir-me. Quando me encarei no espelho estaquei. Os meus olhos estavam inchados, fruto da noite de choro. Definitivamente o meu estado era deplorável. Ignorei esse facto e vesti-me. De seguida, fui até à cozinha.

Para meu desgosto, o meu pai encontrava-se lá. Entrei, tentando evitar que ele visse o meu rosto e murmurei um mero bom dia.

—Bom dia e Feliz Natal. – disse o meu pai – Nem um Feliz Natal se dá ao pai. Quanta educação nesta casa.

—Pois…temos um grande exemplo aqui. – respondi secamente.

Ouvi a cadeira ranger. Quando dei conta o meu pai agarrava-me no braço e obrigou-me a encará-lo. Mas acabou por não dizer nada. Aliás, quando o meu pai reparou no meu estado deplorável, ele riu-se. Sim, ele riu-se.

—Nem vales a pena, sua estúpida. O teu estado já é tão deplorável. – comentou. Empurrou-me com violência e em seguida saiu. Por sorte, consegui aliviar a queda. Tentei levantar-me mas estava cheia de dores no pé. Provavelmente, torci-o.

A minha mãe entrou logo em seguida na cozinha, provavelmente ouviu o barulho da cadeira que caiu também quando me desequilibrei.

—Alexia! – chamou a minha mãe correndo até mim – Alexia, estás bem?

—Estou. – respondi. Tentei levantar-me outra vez mas não consegui. A dor no pé era insuportável.

—Eu ajudo-te querida.

A minha mãe ajudou-me a levantar e a sentar numa cadeira. Depois sentou-se à minha frente e acho que só nesse momento é que notou realmente o meu estado.

—Que se passou, querida? Que cara é essa? – perguntou a minha mãe muito preocupada – O que é que ele te fez?

—Tem calma. Só torci o pé. Quanto à cara, tive uma noite complicada, só isso. Ultimamente ando muito sentimental mas não te preocupes.

—Como queres que não me preocupe contigo, Alexia? Tu és minha filha.

—Mãe, neste momento só precisas de te preocupar com uma coisa que é arrumar todas as nossas coisas sem o pai perceber. – a minha mãe olhou para mim não entendendo onde eu queria chegar com aquela conversa – Eu vou tirar-vos daqui. – falei determinada.


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Notas finais do capítulo

Que acharam das cartas?
A Alexia decidiu-se. É o momento da fuga :)
Não deixem de comentar sobre o que acharam do capítulo :)



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