Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 8
Capítulo 8 - O John Cleese de turbante


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar, quero agradacer a Ohanya que foi a primeira leitora a dar uma recomendação na história, estou muito feliz porque é mais uma vitória para mim chegar a esse ponto, saber que a história está boa suficiente para as pessoas recomendarem, muito obrigado, Ohanya!

Também deixo claro que não precisam recomendar se não quiserem, tenho medo que pareça que por eu estar falando da recomendação da Ohanya esteja intimidando os outros a isso. Se vocês quiserem um dia, façam, se não quiser tudo bem, é a mesma coisa que comentários, ninguém é obrigado a nada.

Segunda coisa, teve alguns comentários feitos ontem que ainda não consegui responder, estou com esses últimos dias bem corridos, vocês não foram esquecidos, meus amores, irei responder vocês assim que possível, quer dizer, o Henri né...



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Gente, oi… então, vocês devem estar notando que a minha voz tá meio diferente, ok eu sei que vocês não conseguem me ouvir, só me ler e na verdade nesse momento a minha voz está como sempre foi, mas vamos fingir que vocês conseguissem ouvir e bem... eu estava com voz de garota, mas ainda assim era eu mesmo, ok? Era o mesmo Henri de sempre… tá, não tão o mesmo assim, mas ainda era eu.

Se eu pudesse explicaria para vocês o que aconteceu, mas naquele momento eu realmente não imaginava, depois de dar um grito fino e bem alto, como se tivesse visto uma barata, sendo eu mulher já que como homem eu não grito por baratas, a não ser as que voam, ao me ver naquela vitrine do ponto de ônibus como uma menina, nada mais estava fazendo sentido e quando digo isso quero dizer nada mesmo.

Se vocês achavam que eu estava desesperado com a situação da Dhébora, vocês precisavam me ver naquele momento, eu era uma garota não fazia nem tanto tempo assim e já estava tendo um ataque histérico. Coincidência? Eu acho que não...

Tive vários pensamentos, primeiro que aquilo era um sonho, me belisquei algumas vezes enquanto ficava andando frenéticamente de um lado para o outro, era estranho ver que ao contrário da minha pele que era mais bronzeada a da menina que me tornei era bem branquinha, toda vezes que me beliscava deixava uma marca vermelha no lugar, imaginei que se ficasse envergonhado ficaria pior que um pimentão, mas enfim, continuando, eu não podia ir pra casa, se meus pais me vissem assim eu não sei o que iria acontecer, na verdade, eu nem sabia o que estava acontecendo naquele momento, imaginei que de alguma forma maluca haviam feito uma cirurgia muito boa em mim a ponto de me transformar completamente em uma menina sem deixar vestigios de que já fui um homem algum dia, até olhei dentro das minhas calças e eu tinha, ou melhor não tinha, uma coisa diferente lá dentro, num primeiro momento isso foi bastante desesperador, em um segundo foi mais ainda quando entendi que não tinha mais o meu pênis e podem considerar isso machismo ou o que quiserem, mas para um homem acordar sem o pênis é a coisa mais assustadora do mundo, mais até do que TPM.

Eu estava começando a me sentir melhor da dor na cabeça, mas estava começando a me sentir atordoado com tudo aquilo que estava acontecendo, decidi que tinha que voltar para o carro, talvez ir para algum lugar distante pensar no que eu faria em breve, embora nem imaginasse o que pudesse fazer, qualquer opção parecia inviável.

Eu era uma garota que não existia, sem documentos, sem dinheiro, simplesmente era uma pessoa invísivel no mundo e não importava o quão bonita essa garota fosse, eu, Henri, era melhor, eu era bem mais alto, bem mais forte, esses cabelos compridos ficavam indo na minha cara, toda hora eu tinha que ficar cospindo por que cabelo entrava na minha boca. Embora eu sempre dissesse que meu lado feminino era lésbica, eu não queria me tornar uma mulher, sendo lésbica ou não, eu queria ser eu mesmo.

Fui andando para o carro que não se encontrava muito longe, ainda olhando para todos os espelhos, vidros e qualquer coisa espelhada na esperança de que visse eu mesmo lá e não uma menina bonita, essa era a primeira vez na minha vida que eu não queria ver uma menina bonita.

Era estranho, quando você se acostuma com um tamanho e muda ele tão repentinamente como aconteceu comigo o mundo parece outro, eu me sentia um anão ou uma criança, tudo parecia diferente quando visto de um outro ângulo.

E eu detestava as cantadas e os olhares que os homens me davam e isso que eu estava totalmente dessarrumado, com roupas largas e masculinas. Acreditem dá para se separar um olhar de desejo de um olhar de “que droga é essa que essa menina está usando?” embora eu estivesse meio paranóico e acho que pensei que todo mundo que estava me olhando era porque me desejava, se eu fosse eu mesmo iria adorar isso, mas como mulher, estava odiando.

Ao chegar no estacionamento onde o carro estava estacionado, notei algo estranho, conseguia ver o lugar onde estava o parque de diversões antes, eles realmente tinham ido embora como eu me lembrava quando eu acordei naquee lugar, mas algo tinha voltado, a barraca do cara de turbante estava lá novamente.

Corri até ela querendo sangue e entrei decidido a realmente tirar, dessa vez reparando melhor pude notar que a barraca parecia infinitamente maior por dentro do que por fora, era como se por fora fosse um barraquinho e por dentro uma mansão de três andares, o homem estava sentado na mesma cadeira que quando me atendeu, ele olhava para a porta enquanto fumava um cachimbo, estava bem diferente do que da outra vez, fisicamente, eu digo, pois a roupa era a mesma, porém ele era outra pessoa, seu rosto, seu corpo todos eram muito diferentes do que da outra vez, mas de alguma forma eu sabia que ele era ele, o maluco estava a cara do John Cleese.

– Você vai consertar agora a merda que você fez!

– Oi Henri. Acho incrivel como você pode ter certeza no momento que entrou que eu era eu, pensei que se me transformasse em um dos seus ídolos, a nossa conversa seria mais fácil, sabe?

Sim, eu sou fã de Monty Python e se você não é porque ainda não conhece esses gênios da comédia internacional.

– Nem que você virasse um pé gigante a nossa conversa seria mais fácil! O que você fez comigo?

– Bem, Henri, você me disse que você entendia as mulheres como ninguém, mas mesmo assim estava tendo problemas para conquistar uma…

– Sim e daí?

– Você quer conquistar a Dhébora, eu lhe dei armas para isso, ela é lésbica, você não conseguiria sendo um homem, Henri.

– Como você sabe o meu nome?

– Não importa, Henri, muita coisa não importa. Perguntas que você não deve se fazer é. “Quem eu sou?” ou “Como eu fiz isso com você?”. A pergunta que você deve se fazer é “Porque?”

– Porque você é maluco!

O homem riu baixinho e olhou pra mim, era muito estranho ficar olhando para alguém igual ao John Cleese, devo confessar que ele acertou em cheio, conversar com o Cleese me fazia não me estressar tanto,

– Henri, você não entende as mulheres.

– Entao como você acha que eu fiquei com tantas?

– Então porque você não consegue ficar com mais nenhuma?

Eu não sabia o que responder.

– Eu estou lhe dando uma oportunidade única.

– Como eu vou viver assim, cara? Você tá doido? Bêbado? O que é? Qual o seu veneno?

– Calma, em primeiro lugar, você não será assim sempre e nem para sempre. De dia você será como sempre foi, poderá ir a escola e aproveitar a tarde sendo Henri, mas no momento que o sol desaparecer, você se tornará uma moça, poderá aproveitar a noite de uma forma totalmente diferente, como um lobisomem moderno.

Ele não entendia nada de lobisomens para falar isso, afinal, lobisomens só apareciam na lua cheia, se ele falasse vampiro, faria mais sentido, já que vampiros só saem a noite… embora vampiro moderno me lembre o Edward e eu não quero ser um Edward, não mesmo...

– E porque isso? Porque você fez isso comigo?

– Você não sabe, Henri? Na sua visão, para você conquistar Dhébora, mas na minha visão para muito mais que isso.

– O que você quer de mim?

– O que você quer de você, Henri? Você já se perguntou isso?

– Eu não sei, ok? Se eu soubesse você não acha que eu estaria fazendo algo a respeito? Mas você simplesmente me transformou numa aberração simplesmente para a sua própria diversão porque sim e ainda quer que eu aceite isso na boa?

– Eu apenas lhe dei o que você mais queria, você agora pode conquistar a Dhébora, você disse que entende as mulheres, ser uma não deve ser tão dificil.

– Olha, cara, isso tudo é uma loucura total, eu não sei o que está acontecendo e você me explicou muito mal, eu só quero voltar a ser como eu era antes, ok? Não quero ser uma mulher, não quero entrar nessa experiência maluca que você está fazendo, tá bem?

– Calma, Henri, acredite, isso que fiz com você não tem nada de médico ou cirurgico, isso foi outra coisa, algo que vocês daqui chamariam de magia, mas vamos lá fora que eu lhe explico melhor… - disse o homem se levantando e sorrindo para mim enquanto colocava a mão nas minhas costas e me empurrava gentilmente para a abertura da cabana, eu sai de dentro do lugar pronto para argumentar.

– Eu não sei o que você pretende, mas você entendeu tudo errado, eu não preciso ser uma mulher pra conquistar a Dhébora, eu consigo sendo eu mesmo e…

Quando olhei para trás, a cabana não estava mais ali e nem nada, voltei a ficar sozinho, ou melhor sozinha, naquele chão de terra fofa, suspirei, peguei as chaves do carro do meu pai e decidi que era melhor ir para a casa da Carol, em primeiro lugar não iria conseguir passar por essa barra sem ajuda, em segundo lugar, não podia aparecer em casa desse jeito, minha vida iria mudar muito daqui pra frente.


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