Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 70
Capítulo 57 - E se for ela?


Notas iniciais do capítulo

Ok, vocês devem ter reparado que eu estou demorando bastante pra responder os comentários, mas calma, estou respondendo todos.

O que acontece é que nessas duas últimas semanas me mudei e depois tive que viajar pra São Paulo, mas como disse, vou ir respondendo, só posso demorar um pouquinho.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/576014/chapter/70

Eu passei a história inteira falando de como as coisas acontecem no cinema e isso pode passar a impressão que o final da minha história vai seguir esse mesmo rumo, a diferença é que isso aqui não é uma comédia romântica, isso não é um filme. Essa é a minha história da qual você desobedeceu o título e veio ler.

Em um filme o que aconteceria seria algo parecido com o filme A playlist eterna de Nick e Norah, onde o personagem principal nota que ama a garota nova e não a sua ex-maléfica e corre para tentar conquistar a garota dos seus sonhos.

Mas a vida real não é assim que as coisas funcionam, todos nós sabemos que eu até poderia ficar com a Dhébora, mas não daria certo, ela gosta de garotas e iria querer ficar com garotas no futuro, nós dois iríamos acabar nos machucando e obviamente eu não queria que isso acontecesse.

No fim, qual das duas coisas vai acontecer? Bem, essa é difícil de eu dizer, mas Vamos fazer assim, vocês conhecem a teoria do gato Schoerdinger?

Essa teoria fala de um gato que é colocado dentro de uma caixa com uma comida envenenada e depois a caixa é fechada, não há como saber se o gato comeu ou não a comida envenenada, logo não há como saber se ele está vivo ou morto, então se considera que esses dois futuros são verdades logo o gato estava vivo e morto ao mesmo tempo e o mesmo poderia se dizer de mim, enquanto eu não saísse do carro dois futuros coexistiam: um no qual eu ficava com a Anne e outro em que eu não ficava. Qual dos dois realmente acontece? Eu conto para vocês agora…

Eu dirigia enquanto a Anne estava do meu lado, ela me encarava o tempo inteiro, eu sabia muito bem o que ela queria e ela sabia também que eu sabia. O silêncio era a única coisa que tinha dentro daquele carro, então resolvi acabar com isso.

— Já estamos chegando na sua casa.

— Não, por favor, não me leve para casa. Eu não me sinto em casa lá, meus pais só brigam comigo desde que voltei, por favor, posso dormir na sua casa hoje?

— Eu não sei, Anne…

— Por favor, prometo me comportar… Não me faça ir pra casa hoje, hoje é um dia tão especial…

Estava contrariado.

— Ok, você dorme na minha cama, eu durmo na sala.

— Obrigado, Rique. — respondeu Anne me abraçando, sentir aquele perfume me deu um calafrio.

Fui até em casa com a Anne, a chuva já tinha parado, mas fui cuidando pra não cair nada no meu rosto e entrei em casa.

— Bom, é aqui o quarto...Eu vou descer agora e me deitar lá embaixo, ok? Dorme bem…

— Rique! Peraí!

— Oi?

— Eu posso tomar banho? Tem uma toalha?

Peguei uma toalha no armário, entreguei para ela e disse:

— Segunda porta a esquerda.

Depois desci e me deitei no sofá. Fiquei olhando para o teto e pensando em tudo isso. Eu tomei a decisão certa em não ter ficado com a Dhébora, ela merece algo melhor, mas agora a Anne está querendo ficar comigo, eu mereço coisa melhor? Quer dizer, ok, ela já fez muita coisa errada para mim no passado, mas ela parece estar mudada, ela parece estar querendo ficar comigo de verdade dessa vez, eu deveria dar uma chance para ela, talvez no fim eu estivesse certo e a vida fosse como um filme e eu realmente estivesse destinado a ficar com a Anne. Talvez ela fosse o meu amor de verdade. A princesa que iria dar um beijo no sapo e transformá-lo em principe. Talvez…

Eu cochilo, mas no meu sonho eu ainda estou no mesmo lugar, na minha sala de estar com uma luz branda acesa para que eu possa dormir, ainda pensando na vida.

E é quando você se aproxima, não consigo te ver direito, apenas vejo uma silhueta.

— Vem pra cama — eu não consigo reconhecer a voz, na verdade, reconheço a voz das duas em uma pessoa só.

A luz vai se apagando, tudo vai ficando escuro, tudo vai desaparecendo, menos eu. Você, desaparece e eu ainda não tenho certeza qual das duas é você.

E se eu tiver feito errado em ter desistido da Dhébora?

E se eu devesse dar uma chance para a Anne?

E se eu tivesse passado por tudo isso para descobrir que a Dhébora é a certa?

E se a Anne tiver voltado para eu ter um final feliz?

E se a Dhébora nunca conseguir gostar de mim como gostava da Renata?

E se a Anne voltar a me machucar?

E se eu machucar qualquer uma das duas?

E se…

Eu acordo, alguém entrou na sala e ligou o rádio, eu não consigo ver nada, estou vendado.

— O que…

— Calma… — disse a voz da Anne no meu ouvido — Relaxa…

Minha cabeça estava bastante confusa, mas acabei não fazendo nada.

Uma música começa a tocar no rádio e isso faz com que as coisas fiquem mais confusas ainda.

“Holy eyes”

— Péssima escolha de música...

“I never knew I'd beg down at your feet”

Anne se aproximou e tirou a venda dos meus olhos, ela estava parada na minha frente usando uma lingerie vermelha com preto, estava bastante sexy, não há como negar.

— Oi… — me disse ela sorrindo.

“Hold on tight I never knew I'd know much more than this”

— Oi. — respondi — Olha, Anne, eu acho…

Anne colocou o dedo na minha boca.

“Open sky, the wave of pain the scent of you is bliss”

— Não ache nada, deixa comigo… eu não fui na festa de formatura por nenhum outro motivo se não você, eu queria essa chance, eu sei que não vou desperdiça-la…

“Hungry eyes, they stare at me I know, I know”

Anne começou a beijar meu pescoço enquanto se deitava sobre mim, sentir aquele perfume, sentir o corpo dela perto do meu era tão… estranho… tão nostálgico...

“Don't go!”

— Nós não devíamos fazer isso, Anne.

“Summertime, the taste of saint secretes of perfume mist”

— Porque? Eu estou solteira, você tem namorada?

— Não, mas…

Anne me beijou novamente e eu retribui.

“Console the mind, I take it in lips of pink I kiss”

— Não devemos satisfação a ninguém, somente a nós mesmos… vamos dar satisfação pra gente?

Eu não respondi, não sabia o que fazer. Aquilo parecia tão certo e ao mesmo tempo tão errado.

“Lonely sky, the more you take the more that I give in”

Aquilo não parecia certo, mas talvez fosse o mais perto de certo que eu poderia chegar.

— Porque eu sempre faço essas coisas? Eu sou um desastre mesmo…

“Holy eyes, I never knew, I know, I know”

— Você pode ser o meu desastre se me deixar ser sua para sempre...

“Don't go!”

Anne tirou minha camiseta e tirou meu cinto, beijava meu peito e arranhava os meus braços enquanto eu ficava parado, realmente não sabia o que fazer ou como reagir aquilo.

“Hold on to the memory, it's all you got”

— Eu vou te dhévorar inteiro.

— O que? O que você disse?

— Eu disse que vou te devorar inteiro — respondeu Anne sorrindo safadamente para mim.

— Para, para. Tá tudo errado. Desliga essa música.

“I know you'll be there to soak up blood lost”

Anne desligou o rádio.

— O que houve?

— Não dá, Anne. Eu não quero isso, me desculpa.

— Claro que você quer e eu também quero… — disse Anne me abraçando.

— Não, Anne. Para! Eu não quero.

Anne sentou do meu lado no sofá e ficamos um momento em silêncio.

— Voltamos a estaca zero então? Você não me perdôou? Os meus erros do passado ainda são um problema? Você vai deixar essa chance escapar?

— Não é isso, é que já era, não tem como a gente dar certo.

— Então vamos fingir que tem como! — exclamou Anne começando a chorar.

— Eu sei que pra ti pode parecer que a gente não tentou o bastante, quando foi comigo não foi fácil seguir em frente, mas vejo agora que estar na posição de quem nega também não é muito fácil não.

— É tudo minha culpa, não se preocupa, eu sei, eu perdi a chance de ficar com você quando pude…

— Não, por favor, não se culpe, o que é pra ser tem que ser, palavras e ações são apenas isso no fim, eu espero que você possa ficar bem, mas a gente não tem mais como acontecer, mas quero que você seja feliz, que não erre como eu e se prenda a um amor impossível.

— Porque a gente não pode dar certo?

— Eu apenas notei que se isso é amor verdadeiro porque apenas um de nós dois sente?

— Mas eu te amo, Rique!

— Eu não falava de você… Eu demorei, mas notei, Anne. Eu não te amo, o que eu sentia por você era algo amargurado, era algo ruim. Todo esse tempo que você esteve fora, eu desejava que você se desse mal, eu desejava que você voltasse e implorasse aos meus pés por perdão e quando eu vi isso podendo acontecer, eu… eu não quis… eu me sentiria mal fazendo isso com alguém. Amor é outra coisa. Amar é querer que a pessoa seja feliz acima de tudo, mesmo que seja longe de você, mesmo que você nunca possa ter nada com ela.

Sequei as lágrimas no rosto da Anne.

— Você ama ela, não é?

— O que?

— A garota daquele outro dia. A que eu te falei que estava afim de você.

— Sim. — confirmei.

— E porque você está aqui comigo e não com ela? — perguntou Anne ainda enxugando as lágrimas.

— Porque eu não posso ficar com ela, ela merece coisa melhor que eu…

— E porque você não se torna melhor? Caralho, Rique! Se vocês se amam, você tem que lutar por isso, não desistir.

— Você não entende…

— Não! Eu entendo sim! Eu entendo que se você ama alguém, você tem que lutar para tentar ao máximo que você tenha uma chance de ficar com essa pessoa, porque uma coisa é não conseguir, outra é desistir e você não desiste do amor, você não desistiu de mim mesmo quando eu fui uma filha da puta com você. Por acaso essa garota está sendo assim com você?

— Não… ela tem sido uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida…

— Então vai! Se você não luta pelo que quer, não chore pelo que você perder

— Não dá, Anne. Eu não quero machuca-la. Eu não suportaria machuca-la.

— Então não machuque! Se esforce para faze-la feliz o tempo inteiro.

— Você tá certa…

— Então o que tá esperando?

Me levantei, coloquei minha camiseta e fechei minha calça.

— Espera, se você gosta de mim, porque está me ajudando a ficar com outra garota?

— Porque um cara muito especial me disse que: Amar é querer que a pessoa seja feliz acima de tudo, mesmo que seja longe de você, mesmo que você nunca possa ter nada com ela.

— Obrigado, Anne. — abracei a Anne apertado.

— De nada, seja feliz. Seja feliz por nós dois, só para de me abraçar pois é muito estranho nós ficarmos nos abraçando assim quando eu tô de lingerie.

— Ok… ok… eu vou indo.

— Eu ainda posso dormir aqui? — perguntou Anne.

— Claro, somos amigos agora. — respondi sorrindo para ela.

— Ótimo! — respondeu ela tentando sorrir, eu tinha certeza que aquilo devia estar doendo muito nela — Leva o meu guarda-chuva, você não vai querer se molhar.

— Você não poderia estar mais certa.

Peguei o guarda-chuva da Anne e sai correndo, eu tinha que dar um final feliz para a minha história e esse final feliz se chamava Dhébora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!