— Você precisa terminar com ela! — exclama Carol para mim.

Sim, esse capítulo nem vai ter introdução, o mais perto que chegamos de uma introdução dele é a Carol introduzindo a sua mão na minha cara.

— Eu não vou terminar com a Anne, Carol.

— Ah, mas nem nos meus sonhos mais lindos eu conseguiria fazer você mudar de opinião quanto a isso, eu estou dizendo que você precisa terminar com a Bibi. Ela é uma garota muito legal para você fazer uma droga dessas com ela. Quer dizer, você já está sendo um idiota.

— Ah, menos né? Eu e ela não estamos nem namorando, eu não devo dar nenhuma satisfação pra ela.

Carol começou a estapear o meu braço.

— Ei, para!

— Parar porque hein, Henrique? Você está sendo… ARGH!

— E para de me chamar de Henrique, me chama de Henri, Henrique fica parecendo um rosnado por causa do “Ri”, Henri é bem mais suave.

Carol me olhou sem acreditar por um instante e voltou logo em seguida a me estapear.

— Você tá de sacanagem com a minha cara né? — me perguntou a Carol.

— Porque?

— Em primeiro lugar, você tá trocando uma garota sensacional por aquele diabo da Anne, segundo você não vai nem ao menos dar satisfação para a Bibi? Você sabe o quanto isso pode machucar ela?

— Carol, é o meu destino ficar com a Anne, ok? Como você não consegue ver isso? O meu final feliz é com ela, a Bibi foi apenas… sei lá, uma garota no caminho, uma coadjuvante na história.

Carol voltou a me estapear.

— Para de me bater pelo amor de Deus…

— Henrique, você vai acabar com a Bibi, entendeu? Você vai me prometer agora que vai fazer isso, entendeu?

— Não tem porque…

Mais tapas.

— Garoto! Porque você é tão cabeça-dura… Ou você faz isso ou eu vou falar para sua mãe que você está namorando e não contou para ela.

— Você não seria capaz…

— Ah, eu seria e vou fazer se você for capaz de quebrar o coração da Bibi e não tiver ao menos coragem de ir falar com ela.

— Ok, ok. Eu vou falar com ela, mas você vai ver que não tem nada haver, aposto que ela vai entender de boa, você que está exagerando.

Obviamente eu estava errado e naquela tarde quando marquei de encontrar a Bibi o sorriso que ela estava no rosto logo se tornaram lágrimas.

— Mas… mas p-porque?

— Bibi, não é você, sou eu…

— Ah, não me venha com essa, Henrique.

— Me chama de Henri, por favor, porque ninguém consegue me chamar do jeito certo?

— Me fala a verdade por favor.

Suspirei.

— Ok… Você quer saber mesmo a verdade?

Bibi confirmou que sim com a cabeça.

— Eu estou com outra garota.

— O que?! É sério isso?!

— Sim, bastante. Eu vou namorar com ela.

Bibi respirou fundo enquanto chorava, ela fungou limpou o rosto.

— Quem é?

— Isso não importa…

— Claro que importa, eu quero saber quem é!

— É a Anne.

— Aquela da sua festa de aniversário, não é? Eu sabia.

— O que isso importa?

— Importa, importa bastante.

— Eu espero que a gente possa ser amigos…

— Ah, vai se ferrar. — disse Bibi ainda chorando, não conseguia entender porque ela estava chorando tanto.

— Eu não queria te machucar, mas eu quero ficar com ela.

— Você é um mentiroso!

— Não, Bibi, isso é verdade, eu não queria te machucar.

— Você disse que não seria uma luz no trânsito, você prometeu que ficaria e agora está indo embora.

— Eu queria poder cumprir essa promessa, mas eu quero ficar com ela. Você não entende…

— Não entendo? O que eu não entendo? Que você não sabe cumprir sua palavra?

— Não, você não entende o que é amar e ser amada. Você não entende que eu abandonaria qualquer um ou qualquer coisa pra ficar com ela porque eu a amo. Não sou eu que estou sendo uma luz no trânsito na sua vida, você que foi na minha, pois é algo tão pequeno, tão rápido que passou assim, em um piscar de olhos.

— Você é um idiota, Henrique…

— É tão difícil assim me chamar de Henri?

— Enfia esse Henri no seu cu. O que eu vou dizer pras minhas amigas agora…

— É simples, elas vão vir te consolar e dizer que eu não fui feito para você, mas quer saber a grande novidade? Você também não foi feita para mim! Eu espero que você fique bem.

Me levantei e fui sair dali.

— Eu não consigo ver o que ela tem que eu não tenho…?

— O que ela tem que você não tem? — falei rindo — O meu amor. É como se eu e ela fossemos destinados a ficar juntos, e é isso que está acontecendo agora. Agora, tchau. Tenho que viver a minha vida, espero que você fique bem.

E assim fui embora e assim terminou minha história com Bibi.

E assim fui embora e assim começou minha nova história com a Anne.

Mas nem tudo era um mar de rosas, no outro dia antes da aula começar eu estava sentado na minha cadeira, pensando na vida, pensando na Anne quando levei um soco, mas um soco tão forte que fez eu cair da cadeira levando a minha mesa junto para o chão.

— Seu filha da puta! — quem tinha me esmurrado era o Sony e ele estava realmente bravo comigo — Como você pode?

— Como eu pude o que?! Você tá maluco?!

— Eu te falei pra não machucar ela? A coitadinha já vinha de um caso problemático e agora você fodeu mais ainda com o coração dela!

— Você tá assim por causa da Bibi? Sério? — perguntei rindo.

— Ah seu…

— Ei ei! Calma! — disse Carol segurando Sony.

— Carol, esse filha da puta ele…

— Eu sei… eu sei…

— Você sabe?

— Eu também não aprovo, mas eu não posso decidir pelo Henrique o que ele vai fazer da vida dele.

— É tão difícil assim me chamar de Henri?

— Você cala a boca ou quem vai bater em você sou eu! — exclamou Carol, ela se virou novamente para o Sony — Olha, dá um tempo pra ele e depois com mais calma vocês conversam, ok?

— Não, Carol. Eu nunca mais quero conversar com esse filha da mãe.

— Como se eu fosse querer conversar com você né?

— Não apareça mais na minha frente, Henrique.

— É Henri, mas como você não é meu amigo pode me chamar de Henrique mesmo, seu idiota!

E assim Sony saiu da sala, ok, perdi um amigo, mas foi válido, perdi um amigo para ganhar a namorada dos meus sonhos.

No fim, eu estava certo, minha vida era realmente como um filme, começou tudo normal, eu conheci a garota, tivemos vários problemas até ficarmos juntos, mas agora vamos ficar juntos e nada pode nos separar, teremos nosso final feliz, os créditos podem subir e a tela pode ir escurecendo, pois nada mais importa, a felicidade já está guardada, já está certa e nada nem ninguém pode mudar isso.

Naquele dia não consegui parar para falar com a Anne em nenhum momento da aula, mas assim que a aula acabasse era a primeira coisa que eu queria fazer, sair da sala e ir falar com a minha namorada… que coisa boa poder falar isso. Ok, ainda não era oficial, mas hoje eu faria o pedido, já era tudo certo, eu já sabia que estava tudo certo.

Estava tudo certo até eu sair da escola e ver a Anne beijando outro cara na frente da escola.

É... nada estava certo.