Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 68
Capítulo 56 - Minha Formatura




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Vocês gostam de stand up? Eu particularmente gosto bastante de um cara chamado Jerry Seinfeld, eu falo agora dele pois vale como uma boa introdução, em um dos seus stand ups ele diz:

“Eu vi um estudo que diz que o maior medo da maioria das pessoas é falar em público, falar em público… o segundo maior medo é a morte, dá pra acreditar? Quer dizer, em um funeral, a maioria das pessoas prefere estar dentro do caixão do que dando um discurso sobre o morto.”

Acho que isso vale também para cantar em público, pois do jeito que o Eduardo suava e parecia nervoso quando subiu no palco eu imaginava que ele queria morrer, mas eu estava confiante, confiante que ele faria a coisa certa e do jeito certo.

Mas existiam pontos interessantes que deveriam ser levados em consideração, primeiro, Eduardo não era eu, segundo ele não tinha o mesmo amor por comédias românticas e terceiro, ele nunca conseguiria cantar na frente de tanta gente, ele era só um carinha de óculos e era isso que fazia eu acreditar que ele conseguiria reconquistar a Carol.

Ele parecia um boneco de posto de tanto que tremia quando subiu no palco.

You are just too good to be true... — começou a cantar Eduardo, mas parou aí. Travado, ele não conseguia continuar.

Ele já havia ido mais longe do que eu imaginava que ele iria, imaginei que ele subiria no palco e ficaria lá parado sem fazer nada.

E era assim que ele estava agora, parado como uma estátua.

— Me desculpa, não, eu não consigo... — balbuciou Eduardo — Carol, você está ai? Eu sei que está. Eu não tenho como fazer nada para você me perdoar, eu ia ir embora hoje, ia desistir de tentar te convencer a voltar comigo, mas o Henri me fez voltar, tentar te pedir perdão mais uma vez, mas...

Eduardo estava realmente emocionado falando aquilo:

— Durante o tempo de vinda para cá eu pensei bastante, eu sinto falta das nossas conversas pela internet, eu sinto falta de não ter que tomar remédio para dormir, pois é uma merda ficar a noite toda acordado sem saber se você está dormindo ou se está pensando em mim.

Eduardo começou a chorar.

— O tempo que a gente passou junto se foi tão rápido. Eu só queria... Eu só queria poder aproveitar mais ele. Não peço que você me perdoe e volte para mim, eu peço que me perdoe e seja pelo menos seu amigo, porque mesmo que eu não consiga te fazer te ver feliz já me faria um bem danado. Desculpa se eu te fiz chorar e eu entendo você não querer mais nada contigo, mas espero que saiba que eu vou te amar pra sempre.

E assim Eduardo saiu do palco. Eu apenas observei de longe mas depois Carol e o carinha de óculos me contaram o que aconteceu e foi mais ou menos assim.

— Porque mais uma vez? Porque você não desiste? — perguntou Carol chorando para Eduardo.

— Eu queria poder desistir, mas nem que eu quisesse eu conseguiria.

— Porque?

— Porque se eu desistisse não seria amor. Eu tenho que dar sempre cem por cento de mim porque eu te amo.

— Não podemos ser amigos, Eduardo.

O carinha de óculos engoliu em seco a resposta de Carol.

— Não me procure mais...

— Ok. — respondeu Eduardo bastante triste.

— Você não precisa procurar aquilo que já achou. Finalmente você foi você mesmo comigo e era isso que eu estava esperando. Eu não queria um príncipe em um cavalo, eu só queria você... Você mesmo, seu idiota.

Eduardo foi na direção de Carol com os olhos brilhando e eles se abraçaram.

— Eu senti tanto a sua falta...

— E eu a sua — respondeu Carol.

— Nunca mais eu vou te dar uma chance de escapar, agora vamos ficar juntos para sempre!

— Eu espero que sim, porque se você aprontar comigo de novo, eu te mato e dou seu pinto para os cachorros e olha que eu sei parecer que foi um acidente.

Eduardo olhou nos olhos de Carol.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

E os dois se beijaram. Sim, para aqueles que ainda achavam que iria acontecer algo entre mim e a Carol aí está a prova de que estavam errados. Eu e a Carol somos só amigos e ficaremos assim para sempre.

E assim foi nossa formatura, fui para casa me arrumar para a festa, já era quase onze horas e eu não sabia que camisa escolher enquanto Carol e Eduardo me esperavam na sala de casa.

Arrumei meu cabelo, gostei da roupa que acabei colocando. Uma bermuda jeans e uma camiseta do filme 500 dias com ela.

— Vamos logo, Henri! — exclamou Carol.

— Você está tão lindo, filho... — disse minha mãe chorando para mim e vindo me abraçar.

— Eu vou fazer direito, mãe!

— Como?

— Era o sonho do papai, vou fazer direito, mas não por ele, eu quero, não sei se vou ser advogado, mas quero me formar.

— Seu pai ficaria orgulhoso...

— Sente muita falta dele?

— Mais do que imagina...

— Henrique! — gritou Carol.

— Acho melhor eu ir indo, mãe...

— Vai, filho. Divirta-se.

Sai do quarto e fechei a porta, mas voltei.

— Mãe?

— Sim, filho?

— Eu te amo.

— Eu também te amo, Henrique. Agora vai, seus amigos estão te esperando e pegue um guarda-chuva estão dizendo que vai chover...

A festa estava bem animada, era na casa do Juan que depois daquela grande surra tomou um tanto de rumo, ele ainda era um idiota, mas a bebida liberada. Todos estavam se divertindo, menos eu.

Eu apenas estava pensativo e ansioso no que aconteceria essa noite.

Olhava para os lados, tinha aquelas garotas todas maquiadas, aqueles caras fortões tentando impressionar, era tudo tão igual ao de sempre, mas era a última vez que seria assim, então eu tinha que aproveitar.

Olhei para piscina e me decidi, tirei a bermuda e a camiseta, fiquei só de cueca e peguei distância para pular na piscina.

Dei o primeiro passo da corrida.

Os dias de aula, todas as festas que eu fui, todos os amigos, todas as garotas... Eu vou sempre lembrar disso, são coisas que passam e viram lembranças, mas isso não é ruim... Nada é como antes as pessoas que eu chamava de amigos podem se distanciar a qualquer momento, todo o tempo que passei na escola não volta, eu sei, mas eu vou lembrar. Mesmo das coisas ruins, principalmente das boas, me lembrar de que eu já fui uma garota, por exemplo que é um pouco das duas coisas, espera! Eu não posso molhar meu rosto se não eu volto a ser garota!

Parei no último passo, na frente da piscina, por um segundo quase cai na piscina, mas consegui me equilibrar.

— Bela cueca... — disse Dhébora passando por mim e se sentando em uma cadeira, eu a vi e decidi me sentar ao seu lado.

— Se divertindo? — perguntei.

— Ah, você sabe...

— Parece que somos os únicos dois nessa festa que estamos no "Ah, você sabe..." a maioria do pessoal parece estar se divertindo bastante.

— Não é? Cade o Henri cachorrão? Vai dizer que se aquietou agora que vai ser pai?

Eu parei por um instante.

— Verdade, você não sabe, não é mesmo?

— O que?

— Eu sou estéril, Dhé, eu não posso ser pai. O filho da Linda não é meu.

A Dhébora me abraçou na hora.

— Desculpa ter falado isso pra você. Não queria te chatear.

— Relaxa, eu to bem. — Dhébora me soltou e nos olhamos bem de perto

Eu queria tanto beija-la, mas entendi tudo de uma forma que eu não conseguiria explicar para vocês.

— Você está interessada em mim, não é? Eu não tô falando isso para me achar ou para ficar falando qualquer coisa.

— Eu não sei como aconteceu. Desculpa, Henri, eu sei que somos só amigos, eu sou uma bagunça mesmo.

— Eu gosto da sua bagunça... — disse colocando a mecha do seu cabelo para trás.

— Eu gosto de você...

Me aproximei para beija-la, ela se aproximou de mim, mas a parei.

— Não posso fazer isso...

— OK, desculpa...

— Não! Eu que peço desculpas.

— É por causa daquela garota, não é? A sua ex...

— O que? A Anne? Não! Nós nem chegamos a namorar e não é por causa dela... É que você merece coisa melhor, você merece alguém melhor. Seja homem ou mulher, alguém melhor que eu em amb...

— Porque todo mundo quer decidir o que é melhor pra mim? Porque as pessoas não podem deixar que eu decida o que é bom pra mim, hein?

— Dhébora, eu não quero decidir a sua vida, eu...

— Você o que?

— Eu não suportaria a ideia de te machucar ou te fazer chorar.

Dhébora olhou para mim por um instante e decidiu ir embora. Fiquei triste, mas decidi a deixar ir.

Fiquei um pouco mais na festa mas decidi ir embora, embora São Pedro não tenha ficado muito feliz com a ideia.

Não consegui beijar a Dhébora, mas estava namorando o meu carro do outro lado da rua. O que nos separava era uma chuva torrencial que com toda certeza iria molhar meu lindo rostinho masculino tornando-o feminino.

— Precisa de uma carona? — perguntou Anne se aproximando com um guarda-chuva.

— Não posso mentir que seria bastante bom...

— Vamos fazer uma troca: eu te dou uma carona de guarda-chuva até o seu carro e você me da uma carona de carro até em casa.

— Não parece que tenho muita escolha, não é mesmo? Essa chuva não parece que vai parar tão cedo.

— Esse é o seu carro? Lembrava dele diferente...

— É o da minha mãe. O meu... bem, ele sofreu um pequeno acidente.

E assim entramos os dois no carro e eu consegui entrar sem molhar o rosto.

— E então já decidiu o que vai fazer do futuro? — me perguntou Anne.

— Sim, irei pra faculdade...

— Sério? Quer se formar em que?

— Direito, você antigamente também queria fazer, ainda quer ou mudou de opinião?

— Ainda quero...

— Então parece que agora nós dois vamos fazer direito.

Liguei o carro e sai. Ainda tínhamos mais quatro horas até o fim dessa história.


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