Fui até a casa da Anne, em menos de dez minutos estava lá, a porta estava semiaberta, então entrei dentro da casa.

— Anne?

— Aqui… no meu quarto…

Fui entrando devagar até que entrei no quarto da Anne, eu queria poder descrevê-lo para vocês, mas só consegui prestar atenção em uma coisa deitada em cima da sua cama, usando uma lingerie preta, estava Anne e ela chamava por mim.

Parei na porta e pensei por um segundo.

Eu já não sei mais o que eu preciso fazer para você compreender o quanto eu quero distância de você, o quanto eu não quero te abraçar ou te beijar, que eu chamei você para minha festa por pena, pois você tinha sido a única da nossa sala que não havia sido convidada, porque para mim você era passado, morto e enterrado. Algo que não faz mais parte da minha vida e nunca mais vai fazer, eu tô com a Bibi agora, eu quero ser feliz com ela e você não tem direito algum de tentar mudar isso, eu não quero mais nada de você, será que é tão difícil entender isso?

Mas daí você chega, se aproxima novamente e eu já não sei mais o que fazer. Tudo muda, todos os meus pensamentos se embaralham e eu fico tonto, em todos os sentidos.

E daí eu me esqueço de tudo, e me aperta uma coisa no peito que não sei explicar, uma coisa que fica chamando por você o tempo inteiro e por mais que eu queira negar o meu eu sempre acaba correndo na sua direção.

Eu fazia aniversário hoje e você quis me dar um presente totalmente inesperado, você me chamava com um olhar… um olhar malicioso e sedutor. Me puxava para perto de você, sem nem se mover. Queria fazer comigo coisas que eu nunca havia feito antes e nem imaginava como fazer. Será que você já tinha feito? Eu não sei…Mas eu consigo pressentir que você não é uma criança… Não, com certeza não, ainda mais com esse jeito de loba libidinosa pronta para me comer inteiro.

Você estava tão sexy, uma lingerie preta que delineava todo o seu corpo, embora ela fosse linda, eu queria tira-la em um segundo, beijar todo o seu corpo, te conhecer inteira.

Você me olhava de um jeito tão voluptuoso, sorria para mim, não de forma doce como eu estava acostumado, era de um jeito que mostrava que me queria, de um jeito safado. Ah… seus pais nem imaginam o que fizeram… ao invés de uma filha criaram um diabo sexy e traiçoeiro, uma sereia que não precisa de canto para chamar a atenção, uma Afrodite com a mortalidade humana, criaram o meu ponto fraco, aquela capaz de fazer eu esquecer de tudo e de todos e só pensar nela, não pensar nem em mim.

E foi assim que eu decidi entrar no quarto.

Naquele momento eu não sabia dizer que dia ou que horas eram, o relógio nunca me pareceu menos importante, porque naquele momento era apenas eu e você, e todas as outras pessoas ou coisas não importavam, não tínhamos mais nada para fazer ou dizer, era apenas eu e você juntos de uma forma que nunca estivemos antes, era apenas eu e você, era apenas nós.

O que estávamos fazendo era diferente de tudo que eu já havia feito ou sentido, era algo que eu não compreendia, não a parte física, mas o resto, eu finalmente notei que não importava, tudo em você era lindo, tudo em você era perfeito.

— Foi bom?

— Foi…

— Mesmo? Foi minha primeira vez, eu fico com medo de não ter sido bom o bastante para você.

— Foi ótimo, Rique, não se preocupe.

— Tem certeza?

Anne se aproximou de mim e me beijou.

— Sim, relaxa.

Logo em seguida ela deitou no meu peito e ficou fazendo carinho nele.

— Fico feliz que agora vamos ficar juntos. — confessou Anne.

— O que? — meu coração acelerou e eu não entendi mais nada. — Como assim ficar juntos?

— Não se lembra quando você me visitou no hospital?

Então eu me lembrei…

“— Eu nunca consigo dizer as coisas que eu quero, mas hoje eu vou dizer e não quero nem pensar em me arrepender por isso. Esse foi nosso último beijo, Anne.

— Como assim?

— Eu não vou mais ficar com você, não com você tendo namorado, ou melhor, não com eu não sendo o seu namorado. Se for para nós termos algo de novo será algo sério, eu prometo para mim e para você isso. Agora é com o tempo…

— Tempo? Rique…

— Sim, o tempo — a interrompi — O tempo é que vai me mostrar se tem como as coisas mudarem.

— Desculpa se eu te magoei antes, nunca quis isso… eu não sei… tenta se por no meu lugar...

— Sim, mas relaxa, eu não te culpo por isso, na verdade me sinto mais culpado do que você. Eu vejo que as coisas podem ser melhores no futuro, acho que nada é por acaso, talvez nós dois precisássemos disso para evoluirmos e podermos seguir em frente.

— Não é assim...

— Eu espero que não seja assim, eu espero…”

— Eu disse… eu disse que eu só ficaria com você quando fosse algo sério… quando fosse para a gente namorar…

Anne confirmou com a cabeça.

— Mas… mas eu tô com a Bibi agora…

— Você disse que ela não era sua namorada, eu quero ser a sua namorada. Se vocês ainda não estão namorando não tem problema você parar de sair com ela ou ter feito o que fizemos aqui.

Aquilo deu um nó no meu coração.

— Por que isso? Assim… do nada…?

— Eu queria te falar isso antes, mas não deu, aconteceram coisas e você tinha se afastado de mim… Você quer ficar comigo? Quer namorar comigo?

Eu pensei por um instante e respondi:

— Sabe, eu esperei tanto tempo por essa oportunidade. Mas eu juro que não consigo compreender mais nada… eu já tentei te esquecer tanto e quis parar de ter você no meu coração com todas as minhas forças.

Anne abaixou a cabeça, parecia chateada.

— Mas o que eu faço pra ele me obedecer? Porque eu não sei.

— Por um lado eu te entendo, é difícil amar alguém que parece que não dá bola pra você, mas mesmo assim você continua querendo, não é mesmo? Sei que pode ser tarde pra começar, mas nunca é tarde pra tentar, nós deveríamos aproveitar essa chance. Quero te conhecer completamente, quero que você possa me conhecer, só vamos nos conhecer, me ajuda a te convencer…

— Você quer mesmo namorar comigo?

— Quero, mas não assim. Nós não vamos começar a namorar na cama do seu quarto, amanhã, eu vou fazer um pedido direito.

— Porque amanhã? Porque não agora?

— Porque eu não gosto de fazer as coisas do jeito errado. — respondi piscando pra ela.

Nos beijamos e eu sai da casa da Anne, nunca fiquei tão feliz quanto estava naquele momento.

Eu via a vinda tão sem graça antes de ter ela do meu lado, eu não sabia como eu vivia bem antes e achava que era feliz, sério. Agora eu estava longe dela faz menos de um minuto e já sentia saudades, já ficava pensando em seu sorriso.

E hoje sei o que faltava na minha vida e era ela, sorte minha encontrar alguém assim tão perfeita para dizer que é só minha e agora finalmente ela era.

Eu só tinha que preparar algumas coisas, ajeitar outras e fazer o pedido mais maneiro que alguém já fez de namoro a outra pessoa. Como nos filmes essa seria a cena que todos se emocionam antes das letras subirem, logo logo minha história chegaria no feliz para sempre.