Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 63
Passado 10 - Eu só estou dançando




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Eu não tinha namorada, deixo isso claro, mas eu estava bem perto de ter uma, as coisas entre eu e a Bibi cada vez mais estavam perto de chegar nesse nível, isso era bom por um lado, mas bem ruim por outro.

Porque depois que eu comecei a me relacionar com garotas, eu não queria parar. Como falei antes, eu era um jogador. Eu não ficava com nenhuma garota, eu não tentava transar com elas, eu apenas queria vencer, conseguir seduzi-las, conseguir seu telefone e depois até jogar fora, não importava. O importante era a vitória e olha, eu acho que eu era bom nesse jogo.

Eu sabia sorrir, eu sabia falar, eu sabia como falar, eu só estava aprendendo a falar, aprendendo a parecer amigável, aprender a ser safado em um nível certo, sabendo o que elas pensavam, o que elas queriam.

É engraçado como as garotas não querem os caras legais, elas querem os maldosos, aqueles que elas tem que consertar, eu não sou um cara assim, mas consigo fingir bem que sou.

E cá entre nós, onde isso pode levar? É só uma brincadeira, em breve eu estarei namorando e nada disso vai importar mais.

Eu andava pela rua cuidando da minha própria vida quando vi uma garota bem bonita sendo paquerada por um cara, ele insistia e falava besteiras para ela e só parou quando ela gritou com ele para ele se afastar, essa com toda certeza seria a pior hora para um cara tentar alguma coisa com ela.

Isso me fez sorrir.

Onde todos viam uma barreira, eu via um desafio.

Henrique era um nome que todos conheciam, mas que não passava o que eu queria, era difícil, digamos assim, a parte do Rique soava dura, arranhava a garganta, eu tinha que ser mais simples, mais prático, mais sedutor.

— Oi, — falei me aproximando da moça que parecia bastante irritada enquanto andava apressada pela rua, eu a acompanhava na mesma velocidade, tinha pouco tempo para colocar minhas cartas na mesa — meu nome é Henri.

Henri é bem mais simples e sedutor que Henrique, deixo claro que se lê Enri e não Ãnri, não sou nenhum tipo de francês e soaria bastante forçado me chamarem assim.

— O que você quer? — me perguntou ela bastante rispidamente.

— Eu vi o que aconteceu ali atrás e fiquei totalmente consternado, aquilo me chateou profundamente pois eu gosto de conhecer pessoas novas, assim como estamos fazendo agora e ver caras nojentos como aquele que falava com você estragando a imagem de pessoas que conversam assim, é ultrajante.

— Desiste, cara, não vou te dar meu telefone.

— Eu não vim pedir seu telefone. Eu vim pedir desculpas para você, são esses caras como aquele lá de trás que estragam as chances de conhecermos pessoas novas, eu amo conhecer pessoas novas e muita gente sente receio de falar com estranhos na rua, mas todas as pessoas que passam pelas nossas vidas já foram estranhas antes, não é mesmo? Então, eu peço desculpas a você por aquele idiota e peço que não perca a fé em conhecer pessoas interessantes assim, pois se todas as garotas lindas como você perderem a esperança de conhecer caras como eu na rua como poderei chegar com um sorriso e dizer “Oi, meu nome é Henri, adoraria te conhecer, quer conversar comigo?” e sinceramente, eu não gostaria nenhum pouco que isso acontecesse. Eu não sei seu nome, mas…

— É Lisa.

— Elisa?

— Não, Lisa…

— Sim, Lisa. Um lindo nome, lindo mesmo. Então Lisa, muito obrigado por me ouvir, tenha um bom dia. — completei me virando de costas e saindo.

— Espere! Henri!

— Oi… Eu não quero ser pretensioso, mas eu posso te falar uma coisa?

— Diga, você é muito linda, realmente muito linda...

— Obrigada...

— Olha, eu realmente gostaria de conversar mais com você, mas eu tenho um compromisso agora e não vou poder ficar mais aqui.

— Pega o meu número... — respondeu a moça, sim, eu não lembro o nome dela, não me culpem, eu falei ali em cima, se quiserem saber é só voltar um pouquinho.

Ela anotou o número em um papel e me entregou, eu peguei o papel e sorri para ela.

— Obrigado, gatinha. — me virei para sair, porém voltei para a cereja no bolo. — Eu devo dizer: isso — falei mostrando o papel com o telefone da moça — isso é apenas o começo.

E assim fui embora. Sim, era mentira, não era o começo de nada, eu nunca ligaria pra ela, na verdade, joguei seu telefone fora no primeiro lixo que achei, eu já tinha vencido o jogo mesmo.

Porque falei disso para vocês? Simples, eu precisava explicar isso para vocês não acharem que sou um cafajeste, um daqueles caras que se diverte ficando com várias garotas só para joga-las fora depois, eu apenas gosto do jogo e fico jogando ele.

Naquela noite eu iria em uma festa com a Bibi, a Carol e o Sony iriam também. Era uma festa com gente da idade da Bibi e confesso que eu estava com medo de me sentir um tanto deslocado e assim foi como realmente me senti.

Eu estava sentado, olhando para os lados, vendo as pessoas dançarem e se divertirem enquanto eu tomava minha Coca-Cola, Carol estava dançando com o Sony, pareciam se divertir, eu que não iria atrapalhar.

— Curtindo a festa? — perguntou um cara se aproximando de mim e sentando ao meu lado, ele era a cara do Matthew Broderick quando interpretou o Ferris Bueler no Curtindo a vida Adoidado.

— É, ela tá bem divertida...

— Você não parece estar se divertindo muito.

— Vim com uns amigos e bem, sei lá...

— Sabe o que eu gosto de fazer para me divertir? — me perguntou o cara se aproximando para falar baixo — Apostas...

— Apostas? — perguntei rindo — Você não vai querer apostar comigo, eu sempre venço.

— Não dessa vez, amigo, pelo menos é o que eu espero. Você não tem namorada, não é? Veio sozinho nesse quesito?

Olhei para a Bibi por um instante, ela estava conversando com suas amigas, nem tinha ficado direito comigo aquela noite.

— Não, não tenho.

— Ótimo, tá vendo aquela garota? — perguntou o cara apontando para uma garota que estava sentada sozinha no outro lado da festa. — Ela tem namorado, mas ele não veio hoje, eu duvido que você consiga conquista-la.

— É só isso? Eu sou o cara para conquistar garotas.

— Mas você sabe que ela tem namorado né?

— Sim, o que tem?

— Acho que você ainda não está preparado, talvez daqui uns anos...

— O que? Não! Eu vou te mostrar que consigo e é agora!

Me levantei e em menos de um minuto já estava dançando com a tal garota, porém não dancei por muito tempo com ela, em menos de uma música já surgiu a Bibi me puxando para um canto para falar comigo.

Ao fundo enquanto conversávamos, tocava Cazuza, a música era Faz parte do meu show, eu gostava bastante do Cazuza, ele foi um cara legal, pena que não se cuidou, transava com tudo que via pela frente e assim acabou pegando AIDS. Acho que ele era triste, ficava saindo com as garotas e os caras porque era a melhor forma de conseguir esquecer dessa tristeza, bem, isso acabou matando-o no final das contas.

As pessoas deviam aprender a se controlar, a conquista é um jogo divertido, mas ir mais longe que isso pode ser catastrófico.

— Henrique, o que você estava fazendo?

— Ahn? Como assim?

— Quem é aquela garota? — me perguntou Bibi enciumada.

— É só uma garota.

— Vocês estavam se esfregando no meio da festa!

— A gente só tava dançando.

— Dançando com outra garota?

— É, só dançando.

— Eu vi, Henrique!

— Então?

— Vai me dizer que era só uma dança mesmo?

— Ela era bonita, ela me excitava, mas era só uma dança. Eu só estava dançando.

— Te excita então?

— Não, você está me entendendo errado. Eu só estava dançando.

— Você não está comigo?

— É claro que estou… — falei abraçando a Bibi — Eu só estava dançando, relaxa.

— Minhas amigas todas te viram… O que vou dizer pra elas?

— Vai dizer que eu estou com você, que a gente vai ficar junto, que fomos feitos um para o outro e eu, só estava me divertindo, nada demais, ok? — completei dando um selinho na Bibi que me olhava ainda desconfiada.

— Ok.

— Ótimo. Agora vai lá, não vou dançar com mais ninguém, ok?

— Pode dançar, se quiser.

— Não vou, relaxa.

— Ok.

Voltei a beber minha Coca-Cola e olhar para o nada, o cara que parecia o Ferris Bueller não estava mais por ali, mas quem se aproximou de mim foi o Sony.

— Se divertindo? — me perguntou ele.

— Ah, sei lá…

— O que aconteceu, Henrique? Você tá bem diferente.

— Me chama de Henri, por favor.

— Henri?

— É. Soa melhor, o Rique de Henrique é tão duro, tão áspero, não combina comigo.

— Como assim? O que você tá falando, cara?

— Ué, pra me chamar de Henri.

— Henrique…

— Henri…

— Então, Henrique… nós somos amigos faz bastante tempo, eu te conheço o bastante para saber que você não está bem. Aconteceu alguma coisa com você e a Bibi? Vocês brigaram?

— Não, tá tudo de boas…

— E então porque você estava dançando com outra garota?

— Caralho, você é meu pai?!

Sony recuou.

— Ow, calma, eu só estou preocupado com você.

— Pois não precisa, eu danço, faço e fodo com quem eu quiser, você não tem direito nenhum de querer saber sobre isso e nem mesmo a Bibi poderia se importar porque eu nem estou namorando com ela. Então, me deixa.

— É… eu tô vendo que esse tal de Henri é um idiota mesmo, quando meu amigo Henrique voltar, me avisa que eu converso com ele. — Sony se levantou, mas voltou para completar me apontando o dedo — Mas saiba que a Bibi é minha amiga e você não vai machucar ela.

— Gosta tanto de apontar o dedo assim? Deixa eu apontar um para você… — completei mostrando o dedo do meio.

Eu não sabia porque eu estava agindo assim, na verdade eu sabia, mas vocês não vão querer saber porque. Acho que na real, por mais que eu dissesse que não, eu entendia o Cazuza.


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