Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 59
Passado 8 - Esperança




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Esperança… talvez seja o pior dos sentimentos do mundo, o mais mortal de todos. Depositamos as nossas esperanças em coisas que temos certeza que vão dar errado, acreditamos que algum milagre vai acontecer e irá mudar, mas no fundo, bem no fundo, sabemos que nunca irá mudar. A esperança é mortal, mas não para o nosso corpo, para nossa alma.

E por causa dessa mesma esperança, eu fui ver a Anne. Ela estava hospitalizada, poderia estar realmente mal, me sentiria muito culpado se não fosse ve-la, a Bibi poderia esperar, eu poderia sair com ela outro dia e se a Anne tivesse mudado de ideia? E se ela quisesse ficar comigo? Eu tinha esperança disso, admito. Tinha que ir lá.

Então fui até o hospital, perguntei na recepção qual era o quarto da Anne e corri até lá, ao abrir a porta vi a Anne deitada na cama do hospital, sentados ao lado dela um homem e uma mulher mais velhos, provavelmente a mãe e o pai dela e do outro lado, o detestável, Guto.

Quando eu entrei os pais da Anne vieram me cumprimentar, ela estava cochilando.

— Anne? Anne? — disse o pai da Anne, acordando-a, ela despertou. — Seus amigos chegaram…

Anne olhou para mim e para o Guto e sorriu com um tanto de vergonha.

— Oi rapazes…

Ela cumprimentou tanto eu quanto Guto com um beijo na bochecha. Isso me deu uma pontinha a mais de esperança.

— O João não veio?

— Não, querida, ele disse que não poderia vir…

— Tá bem.

Ficamos um bom tempo ali todos na mesma sala, o clima de eu e o Guto na mesma sala era péssimo, a conversa não fluía, eu e ele nos fuzilávamos com os olhos o tempo inteiro, mas para a minha sorte, ele falou que teria que sair, não entendi muito bem o porque, mas fiquei feliz que ele foi embora.

— Pai, mãe, vocês podem deixar eu conversar com o Henrique um pouco sozinha?

— Ok, filha, mas se mantenha deitada, você precisa descansar, ok? Eu e sua mãe vamos até a área de alimentação e já voltamos.

Eles saíram, me sentei ao lado dela e segurei a sua mão.

— Você tá bem? O que houve?

— Eu me senti uma dor estranha perto da barriga, cheguei no hospital e era apendicite, eles fizeram uma cirurgia e removeram o apêndice. Eu tô bem, relaxa.

— Mesmo?

— Sim, juro.

— Ok…

— Rique, eu vou terminar com o Guto…

— Aham…

— É sério, dessa vez é sério.

— A gente já passou por isso várias e várias vezes, eu não sei mais o que você pensa, Anne.

— As coisas mudaram desde a última vez que a gente se viu, já não são mais como eram, não quero mais ficar com ele. Tenta se por no meu lugar…

— Aham… Eu me toquei que eu não sou com quem você quer ficar, ou pelo menos quem você aceita que quer ficar.

— Não é isso…

— Eu lembro daquela noite na praia, nós dois nos divertimos muito juntos e eu achei que ali seria o primeiro dia da gente juntos, mas depois tudo voltou a como estava antes, você com o Guto e eu te esperando, mas eu tô cansado de esperar…

— Rique, não…

— Tudo bem que eu deveria de saber que depois daquele dia na praia nada mais seria igual, na verdade, eu senti isso, mas entendi errado. Alguma coisa tava errada e eu podia ter sentido isso quando te levei pra casa, eu me achei um idiota e realmente estava sendo. Me sentia como um perdedor por dentro.

— Perdedor? Não, Rique. Você não é um perdedor…

— Não? Então me diz o que eu ganho no final?

— Vem cá… — disse Anne pedindo para eu me aproximar, eu me aproximei e ela me beijou, não resisti e acabei retribuindo — É isso que você ganha…

Eu fiquei um segundo em silêncio, eu estava bem certo das minhas escolhas naquele momento.

— Eu nunca consigo dizer as coisas que eu quero, mas hoje eu vou dizer e não quero nem pensar em me arrepender por isso. Esse foi nosso último beijo, Anne.

— Como assim?

— Eu não vou mais ficar com você, não com você tendo namorado, ou melhor, não com eu não sendo o seu namorado. Se for para nós termos algo de novo será algo sério, eu prometo para mim e para você isso. Agora é com o tempo…

— Tempo? Rique…

— Sim, o tempo — a interrompi — O tempo é que vai me mostrar se tem como as coisas mudarem.

— Desculpa se eu te magoei antes, nunca quis isso… eu não sei… tenta se por no meu lugar...

— Sim, mas relaxa, eu não te culpo por isso, na verdade me sinto mais culpado do que você. Eu vejo que as coisas podem ser melhores no futuro, acho que nada é por acaso, talvez nós dois precisássemos disso para evoluirmos e podermos seguir em frente.

— Não é assim...

— Eu espero que não seja assim, eu espero…

Eu fui embora do hospital e fui até em casa, mandei apenas uma mensagem para a Bibi explicando que não pude ir encontra-la, que fui visitar uma amiga que estava hospitalizada, ela entendeu.

Por uma semana, Anne e Guto ficaram separados, mas depois dessa semana eles voltaram. Não sei nem porque eu ainda ligo pra isso, não sei porque eu ainda me importo, não sei porque ainda tenho esperança…

Decido de agora em diante, como havia prometido, não irei mais pensar na Anne, ela é passado, seguirei minha vida sem olhar para trás, sem olhar para ela e eu sabia exatamente quem poderia me ajudar com isso, eu sabia exatamente quem poderia me fazer esquecer Anne.

Ela não era tão bonita aos meus olhos, ela não fazia o meu coração acelerar de uma hora para outra, mas ela era linda, ela era interessante e poderia ser a garota certa pra mim.

Liguei para a Bibi.

— Alô, Bibi?

— Oi, Henrique…

— Será que se eu te pedir desculpas por não ter ido aquele dia e dizer que fui um idiota, você me perdoa e me dá mais uma chance de sair com você?

— Não sei, você vai aparecer dessa vez? — me respondeu ela rindo — Eu não fiquei brava com você…

— Sério? Ótimo! Vamos sair?

— Mas não é bem assim… eu não sou tão fácil assim…

— Ah é? E o que eu tenho que fazer para você aceitar sair comigo?

— Hm… não sei…

— Vamos fazer assim, a gente sai e você vai pensando em algo pra gente fazer, que tal?

— Quando foi que aquele garoto bobalhão que perdeu pra mim no Mortal Kombat virou um cara com tanta atitude assim?

Por um segundo recuei, nem havia notado que eu estava assim tão relaxado e atrevido falando com uma menina, mas sorri, estava gostando daquilo, era como jogar um jogo, e eu era bom em jogos, gostava de vence-los.

— Depois que a gente apanha para uma garota temos que mudar nossas atitudes, não é mesmo?

— É verdade… — respondeu Bibi rindo. — Ok, Henrique… vamos sair.

— Amanhã?

— Mas já?

— Claro, não quero faltar dessa vez, não vou ter nenhuma amiga para ficar doente novamente tão rápido para ter uma nova desculpa.

— Você nem ouse, entendeu?

— Não ousarei. Quero muito te ver.

Bibi ficou em silêncio por um instante, acho que ela ficou com vergonha do que ouviu.

— Ok… até amanhã.

— Até.

Desliguei o telefone e me senti vitorioso de uma forma estranha, era uma sensação boa que eu nunca tinha sentido antes.

Talvez eu não tivesse nascido para ser o personagem principal que nunca tinha ficado com ninguém e encontra a mulher dos seus sonhos, talvez eu estivesse naqueles filmes de adolescente em que o cara fica com uma guria encontra outra e ela é que é a certa.

Minha história com Anne havia acabado, agora começava minha história com a Bibi.


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