Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 58
Capítulo 51 - Cada coisa a seu tempo


Notas iniciais do capítulo

Cada vez mais as coisas vão ficando mais sombrias e melancólicas, eu falei que a história ia passar por uma fase assim, é importante, mas admito que estou gostando dessa fase meio deprê, quem sabe fique assim até o fim... brincadeira AUSHUAUSAHS ou não...



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Eu não posso obrigar vocês a fazerem nada, mas peço encarecidamente que ouçam essa música antes de começar o capítulo, eu queria mesmo que vocês ouvissem, eu ia colocar ela aqui em forma de texto, mas preferi que vocês ouvissem, ouçam ela e depois leiam o capítulo, ok? Sei que vocês vão gostar, ou não.

Pra onde vai? - Gabriel, o pensador < cliquem aqui e ouçam...

“Cada coisa a seu tempo” foi uma coisa que eu ouvi desde pequeno, mas só agora noto o que perdi quando cresci, tudo que eu perdi. Quando eu dei por mim, o tempo já havia passado, já estava sozinho sem saber o que o futuro me esperava.Mas a vida é assim, o passado já era, não tem como voltar, não importa o que você faça, o futuro: ninguém imagina como será e qualquer previsão pode ser totalmente errada, mas o agora… bem o agora não é chamado de presente a toa.

Mesmo o meu presente que estava uma bagunça ainda era importante, porque afinal, cada segundo da nossa vida é o que irá nos moldar para fazer de nós nós mesmos no futuro. Um erro a 3 anos atrás pode fazer você acertar agora no presente.

Mas o meu agora me fazia sentir como se estivesse em um carro a duzentos quilômetros por hora e que a cada dia ficava mais rápido ainda. Como eu faria pra descer?

E no fim, esse é o problema da vida, tem tempos da sua vida que estão escuros, muito sombrios como uma noite sem eletricidade e isso é bastante amedrontador.

Nós não pensamos nisso quando estamos bem, não pensamos que aquele momento bom mesmo que não seja perfeito é muito melhor que coisas que passamos antes.

Por isso acho que acabamos sempre sendo tão egoístas, você disse para quem você ama que o ama hoje? Porque não? Você não sabe se ela estará ali amanhã, seja pela morte ou apenas por ir embora, a vida tem dessas coisas, não deixe de dizer a alguém que você ama isso por qualquer motivo que seja, um eu te amo é forte, muito mais forte que uma bala. Uma bala pode matar quem ama, mas não o amor, adaptando V de Vingança, o amor é a prova de balas.

Com o tempo vocês verão isso, o futuro é sempre amedrontador, mas temos que enfrenta-lo.

Eu só me peguei sonhando com os amigos e os lugares que deixei para trás e que talvez nunca mais veria de novo. Mesmo os momentos ruins, eu queria poder reviver tudo novamente, não para poder fazer diferente, mas para poder sentir tudo aquilo novamente.

Queria poder viver nas minhas fotos, nas fotos com meus pais quando eu era pequeno, com meus amigos quando mais velho, com as pessoas que amei, viver nelas, sem ter medo algum de acabar envelhecendo.

Eu sinto que estou cada vez mais melancólico com vocês, talvez diria até mais saudosista, mas sinto que eu evolui, eu mudei, não sou mais o mesmo cara do primeiro capítulo, espero que vocês tenham evoluído comigo e não achem essas mudanças desagradáveis, pois são assim que as amizades acabam, as pessoas mudam de sintonia e não conseguem mais conviver tão bem.

Mas cortando esse papo, acho que vocês estão interessados em saber o que aconteceu no último capítulo não é? Afinal, a história terminou com “e foi assim que o Henrique morreu…”. Vocês podem estar se perguntando como falo com vocês se estou morto, talvez eu seja um fantasma ou algo assim, mas agora vou explicar para vocês.

Eu acordei e estava em um lugar bem claro e tudo estava bem branco, paredes, luzes, chão… Minha vista ainda estava bastante embaçada, várias pessoas estavam a minha volta, todas também usavam branco, elas vinham olhavam para mim, acho que eram anjos, de vez em quando aparecia alguém com uma luz na frente do rosto, eu acho que era Deus.

Eles me perguntavam se eu estava bem, se me sentia mal ou se algo doída. Até que algo muito estranho aconteceu.

Quando comecei a enxergar melhor, uma mulher veio correndo me abraçar em prantos, era minha mãe.

— Henrique… que bom…

— Mãe? O que você faz aqui?

— Eu vim ver como você está meu filho! Que bom que você está bem!

— Mas mãe, você morreu?

— Claro que não, meu filho! Como assim?

— Eu… eu não estou morto?

— Não, meu filho, claro que não. Você está bem, não se preocupe…

— Isso não é o céu?

— Claro que não… — respondeu minha mãe rindo enquanto chorava. — Você está em um hospital meu filho, mas calma, já está tudo bem.

— O que aconteceu?

— Você caiu dentro de casa e bateu com a cabeça na mesa da sala, mas eles já costuraram tudo, você está bem agora.

Minha cabeça estranhou tudo por um segundo, mas depois entendi o que estava acontecendo. O médico depois de um tempo apareceu, aquele da luz na testa, lembram? Ele me examinou e me disse:

— Muito bem, garoto, amanhã mesmo você já poderá ser liberado.

— Mas doutor, ele precisa sair hoje. Lembra o que eu falei com o senhor? — disse minha mãe para o médico que olhou para ela e depois olhou para mim. Ele suspirou. — Ok. Mas cuide bem dele...

O médico escreveu algo em uma folha e saiu do quarto.

— Porque preciso sair hoje, mãe?

— Meu filho, você notou que seu pai não está aqui?

— Pff, sim, deve estar trabalhando…

Minha mãe voltou a chorar e fungando ela me disse:

— Não, meu filho… seu pai teve um ataque cardíaco, provavelmente quando viu que você bateu a cabeça… ele não sobreviveu…

Eu não respondi, apenas fiquei quieto, não sabia como reagir aquilo. Eu estava com muitos sentimentos misturados naquele mesmo momento.

E assim eu permaneci, quando estava no hospital, quando sai de lá, quando fui para casa colocar um terno, quando fui ao enterro do meu pai, quando vi ele sendo enterrado, quando o padre falava coisas que eu não escutava.

Era como se eu não estivesse ali, era como se eu apenas observasse de longe tudo acontecendo, não chorei, não fiz nada, apenas olhava tudo, como se estivesse em piloto automático.

— Você sumiu hein?

— Ahn? — olhei para trás, eu estava tão longe que nem reconheci quem falava comigo. Era Carol.

— Faz mais de uma semana que não te vejo. Bem, sua mãe me ligou, eu falei para a Dhébora e para a Anne virem, não que eu quisesse ver ela ou falar com ela, mas imaginei que você iria querer que ela viesse.

— Hm, sim… obrigado.

Carol me abraçou e saiu, isso aconteceu também com Dhébora e Anne, eu acho que todas as três pensaram a mesma coisa, que eu queria ficar sozinho, que estava muito triste, mas eu estava normal, até bem, eu acho, não estava triste, nem feliz, estava apático, nada daquilo parecia real, me sentia como se estivesse sedado ou em um sonho estranho.

Todos foram saindo, mas eu fiquei, eu ficava olhando para a lápide sem entender.

— Então é isso, você está morto… nós nunca fomos muito ligados, brigamos bastante nesses últimos tempos e acho que o certo, o que todo mundo espera é que eu te perdoe, que eu tente ver você como uma boa pessoa, é que o todo mundo faz com quem morreu. Não é mesmo? Brigamos tanto e você sempre vencia, sempre era o que ficava com a palavra final, não é mesmo? Afinal, você era o dono da casa, eu tinha que obedece-lo. Nessa última briga, eu senti vontade de sair de casa, talvez eu saísse… você não ficaria com a última palavra e por isso morreu, não é? Morreu para que eu não pudesse responder mais…

Comecei a chorar.

— Sabe, o complicado disso tudo é que eu sempre quis a sua aprovação, eu sempre quis que você me visse com orgulho e não apenas como um cara para seguir os seus passos, você passou a vida inteira apenas me empurrando para tentar me fazer ser igual a você, apenas para tentar me tornar alguém que eu não sou. E o pior é que, eu conseguiria viver sem ter tido a palavra final, mas é complicado viver sem saber que seu pai se orgulhou de você nenhuma vez. Que nada que você fez nunca foi o suficiente para que o seu pai pudesse te amar de verdade, o seu trabalho sempre foi mais importante que eu, a sua empresa te dava mais orgulho do que eu. Era como se eu fosse um filho mais novo de um primogênito impossível de se alcançar… Porque você fez isso? Porque?

Limpei meus olhos.

— Como falei, essa sua atitude foi muito covarde, pois agora, morto, você tem a palavra final e não precisa mais responder as minhas perguntas, eu não posso te confrontar, eu apenas tenho que aceitar. Tenho que aceitar…

Sai dali e fui para casa sem esperar minha mãe, fui a pé, para não deixar minha mãe sem carro. Cheguei em casa e vi algo que talvez pudesse me dar um deleite de toda essa situação.

Se vocês se lembrarem, meu pai tem um uísque na mesa da sala do qual ele nunca bebia, a garrafa ficava fechada e estava fechada faz anos, era mais velha que eu aquela garrafa, meu pai nunca o deixou beber, mas agora ele não estaria aqui para não deixar, agora eu poderia fazer o que eu quisesse. A palavra final seria minha.

Peguei um copo, sentei na frente da mesa, peguei a garrafa e fiquei olhando para ela.

A marca era GlenMorange, ele era dourado e tinha uma garrafa bastante bonita. Abri o lacre e fui servindo ela bem devagar, quando terminei de servir o copo minha mãe entrou em casa.

— O que você está fazendo, garoto?

— Bebendo ué? O papai nunca deixou eu beber esse uísque dele, agora eu vou beber.

— Esse uísque não é do seu pai.

— Não é?

— Não. Esse uísque é do seu avô.

— Do vovô?

— Sim! Seu pai nunca mostrou a fita do nosso casamento? Você não sabe porque ele tem essa garrafa?

— Claro que não, porque eu veria um video de casamento?

— Espera aí, não bebe ainda. Eu vou pegar a fita, você vê e depois se quiser você bebe, ok?

Eu confirmei com a cabeça e minha mãe foi até o seu quarto, voltando com uma fita de video cassete e um video cassete velho também, ela colocou eles na televisão.

— Pronto. Assista e tire suas próprias conclusões, ok?

Eu peguei a fita, nela estava escrito “casamento” pela caligrafia eu reconhecia que era da minha mãe, não sabia o que esperar disso, coloquei ela no video cassete e dei play.

Eu não sabia que o que eu viria a seguir iria mudar a minha visão de tudo completamente.

A luz da sala se desligou sozinha e parecia que eu estava em uma sala de cinema, alguém se aproximou e sentou ao meu lado no sofá, pensei que era minha mãe, mas ao virar vi que era uma pessoa vestindo uma fantasia de coelho bem diabólica, reconheci na hora a referência e imaginei que se tratava do cara do turbante.

— Porque está usando essa fantasia estúpida de coelho?

— Porque está usando essa fantasia estúpida de homem...?


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