Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 57
Passado 7 - Eu posso ser feliz sem ela


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigado a Açucena e a Boca Vermelha pelas recomendações, amei ler seus textos e agradeço muito por terem mandado, dá sempre um gás a mais ler as recomendações de vocês :D



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Eu acho que está chegando no ponto que eu posso voltar a agir como eu agia antigamente… está chegando o ponto que eu posso ser eu mesmo. Acho que agora está chegando ao ponto onde eu tenho que aceitar que as coisas não são como eu queria… aceitar que está chegando na parte mais difícil dessa nossa história. O fim.

Meu medo é: se você ligar, eu irei atender? Se você se machucar, eu vou te ajudar a se reerguer? Se você se perder, eu serei o seu guia?

Não devo querer ser isso, mas uma parte de mim, uma boa parte de mim, quer isso.

Depois que a Anne voltou mais uma vez com seu namorado, eu decidi que era finalmente a hora de esquecê-la.

Eu sabia que isso ia ser difícil, mas eu não tinha escolha, era o certo a se fazer. Tive muita ajuda da Carol e do Sony para me animarem e assim passou um mês.

Eu não falava muito mais com a Anne, na verdade, eu não falava nada, as vezes eu pegava ela olhando para mim, eu as vezes me pegava olhando para ela, mas estava dando meu máximo para esquece-la e a possibilidade de isso acontecer apareceu quando conheci Bibi..

Eu fui a casa do Sony um dia para jogar video game com ele, eu gostava de fazer esse tipo de coisa, me ajudava a me distrair, mas nesse dia na casa do Sony havia mais uma convidada.era uma garota com a pele bem clara, seus olhos eram escuros e curiosos, seus lábios finos. Seu cabelo era uma mistura de loiro bem claro com algumas mechas de castanho escuro, era um estilo meio selvagem que funcionava muito bem nela.

Ela era mais velha que nós, enquanto eu e o Sony tínhamos quatorze anos, ela já tinha dezesseis, era linda, mais velha e era nerd, nerd de uma forma que eu nunca tinha visto antes.

– Henrique, essa é a Bibi. Bibi, esse é o Henrique.

– Olá - a cumprimentei.

– Oi - disse ela sorrindo e me dando um beijo na bochecha. - Então, Sony, esse é o outro carinha que vai perder para mim no Mortal Kombat?

– Perder? Não… O Sony não te falou? Ele nunca ganhou de mim no Mortal Kombat, eu sempre venço.

– Então isso parece um desafio… - disse ela sorrindo desafiadoramente para mim.

– Desafio?

– Sim. Desafio.

– Não vejo desafio algum… - falei para ela rindo de volta.

– Então não verá problemas em jogar contra mim.

Estávamos jogando o Mortal Kombat 2 para Super Nintendo.

– Vou pegar leve com você agora na primeira vez, ok? - disse eu escolhendo o Jax, um homem negro e super musculoso que tem os braços feitos de metal.

– Leve? Ok, acho que seria bom eu também pegar leve com você então… - me respondeu ela escolhendo o Johnny Cage.

Eu perdi e perdi de forma bastante vergonhosa, o personagem que ela escolheu tem uma habilidade chamada Ballbreaker ela é chamada assim pois consiste no personagem dar um soco nas bolas do outro e embora o Jax tenha braços de metal duvido que a cueca também seja. Bibi usou somente esse golpe para me vencer, foram 17 socos nas bolas do meu personagem e ela ainda fez um fatality depois, embora tenha me parecido que o fatality venho antes mesmo.

– Quer perder de novo? Quer dizer, jogar… jogar. Quer jogar de novo? - me perguntou ela se deliciando com a situação. Já fiquei um tanto consternado, odiava ser desafiado, mas odiava mais ainda perder um desafio. Então escolhi o meu personagem favorito: o Sub-zero. Ela em resposta escolheu o Scorpion, o inimigo do Sub-zero.

Perdi novamente. Estava estarrecido, não consegui ver ela, mas não desisti e pedi revanche, depois eu pedi outra e outra e mais outra. Não conseguia vence-la.

– Eu desisto.

Bibi olhou pra mim e sorriu.

– Da onde você veio? - perguntei.

– Da minha casa…

– Não, eu quero dizer, eu nunca conheci nenhuma garota que ao menos jogasse videogame e daí surge você e me vence sem chances de eu revidar.

– Eu sou diferente. Diferente de tudo que você conheceu.

– Concordo… agora meninos, se me dão licença, eu vou ao banheiro. - Bibi se levantou e foi até o banheiro. Eu olhei para o Sony e ele me olhou de volta.

– Ela é demais, não é mesmo? - me perguntou Sony.

– Sim… é sim…

– E tá solteira, sabia?

– Sony...

– O que?

– Você sabe muito bem que eu não tô procurando isso.

– Ela é linda, ela é inteligente, divertida. Porque não?

– Porque eu ainda não superei a Anne direito…

– E nada melhor do que alguém para te ajudar a esquecer, não?

Fiquei um segundo pensando nisso, Bibi voltou para a sala.

– E então galera, o que faremos agora? - perguntou ela.

– Eu vou pegar algo para comer, vocês eu não sei… - disse Sony indo para a cozinha e fazendo um sinal de positivo para mim.

Suspirei.

– Bibi.

– Oi? - perguntou ela olhando para mim.

– Bibi… de onde vem esse apelido? Bibiana?

– Não, meu nome é Gabriela.

– Ué? Então porque não Gabi?

– Porque toda Gabi que eu conheci era uma vadia…

Eu ri.

– Então, eu queria te perguntar…

– Hm?

– Eu queria saber se você…

– Eu quero.

– Quer? Você sabe o que eu ia pedir?

– Pra sair comigo, não?

– Sim…

– Aqui - disse ela pegando um papel e anotando um número - Meu telefone, me liga, ok?

Era estranho, ela era linda, ela era realmente uma garota interessante, mas ela não era a Anne, isso era bom e ruim ao mesmo tempo.

E assim passou a tarde, a noite liguei para a Bibi e marquei a saída para a outra tarde, ela aceitou, conversamos um tanto sobre filmes, nós gostávamos de estilos diferentes, ela era bem mais nerd que eu e gostava muito de ver filmes de ficção cientifica e eu adorava as comédias românticas, mas dizem que as vezes os opostos se atraem não é mesmo? Quem sabe ela seria a garota que me faria esquecer a Anne.

Eu sei bem que eu mesmo me fiz refém dessa coisa que tive com a Anne, sem nem perceber me entrei em algo que nem começou mas já terminou, algo intenso, mas intenso apenas para mim.

Mas naquela tarde, quando ia sair com a Bibi, eu me olhei no espelho e vi um outro cara, me vi diferente, suspirei e falei para mim mesmo:

– A vida segue…

Talvez a Anne até estivesse sentindo a minha falta, eu sentia a dela, mas isso estava se tornando apenas uma lembrança, eu conseguia sentir ela, eu ia sobreviver. Eu ia viver. Eu ia ser feliz.

Acabei de me arrumar, coloquei uma camiseta simples, vermelha e com uns desenhos de dragão feitos em preto, um bermudão marrom e arrumei meu cabelo e abri a porta para sair , o telefone de casa tocou, pensei por um segundo se atendia ou ia embora, mas resolvi atender.

– Alô - disse uma voz feminina um tanto mais velha do outro lado do telefone.

– Alô… - respondi.

– Eu queria falar com o Rique?

– Rique? Bem, sou eu.

– Oi, eu sou Samanta, sou mãe da Julianne.

– Oi senhora, como vai?

– Não muito bem…

– Não me entenda errado, mas porque a senhora está me ligando?

– A minha filha teve apendicite, ela está na sala de operação agora mesmo. Ela pediu para eu chamar alguns amigos e você foi um deles e...

Eu nem ouvi mais o que a mãe da Anne estava falando, minha cabeça já estava pensando em outras coisas. Anne estava doente, será que era grave? Ela queria me ver, será que ela mudou de opinião? Será que ela entendeu que também gosta de mim?

– Você ainda está aí? - me perguntou a mãe da Anne.

– Oi, oi.

– Pega o endereço daqui.

A mãe da Anne me passou o endereço, eu anotei, desliguei o telefone e já ia sair em direção ao hospital quando me olhei no espelho. Isso me fez parar por um segundo.

Será que eu mudei? A Bibi estava me esperando e de outro lado a Anne estava no hospital. Eu só poderia ir para um dos dois lugares e tinha que decidir agora.


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