Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 54
Capítulo 49 - Mau dia, péssima noite


Notas iniciais do capítulo

Começa com clímax...



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Você já ouviu a expressão “cu de bêbado não tem dono”? Bem, ela de certa forma vale para mulheres também, não que seja certo estuprar alguém, mas quando se está bêbado, você não consegue falar direito, muito menos se defender, Juan havia me sequestrado e seu objetivo era óbvio, ele queria fazer coisas que eu não tinha um pingo de vontade de fazer com ele.

Renata não tinha como escapar daquilo, ela era fraca perto do que Juan poderia usar de força, ela ficava bêbada fácil e aquela quantidade de álcool já a deixava bem tonta a ponto de não reagir. Tudo isso acontecia com Renata, mas não com o Henri.

Chegamos na casa de Juan, eu já começava a ver as primeiras luzes do nascer do Sol, Juan desceu do carro e deu a volta para me tirar de dentro dele, mas o que ele viu quando abriu a porta não era bem o que ele esperava.

Ao invés de uma garota bêbada e indefesa, ele encontrou um cara muito, muito bravo.

Eu empurrei Juan no chão com um chute e já fui pra cima dele dando socos.

— Seu filha da puta! — esbravejei.

— Hen-Henri? O que você faz dentro do meu carro, mano?

Dei outro soco na cara dele.

— Achou que ia se dar bem hoje, seu filho da puta?

— O que?

Comecei a dar socos na cara do Juan sem parar, minhas mãos já estavam sujas de sangue, o chão da casa dele já começava a ficar coberto de sangue e os dentes dele já se espalhavam por tudo que é lado, minha mão doía, meu braço tremia por causa das pancadas, mas eu não parava, até que olhei. Olhei para o meu reflexo na poça de sangue, não era no Juan que eu queria bater, era em mim mesmo.

Parei de bater nele.

— Não quero que você nunca mais tente estuprar uma garota, porque se tentar, eu venho de novo e termino o serviço…

Mexi no bolso dele e peguei a carteira, tinha algumas notas de cinquenta, serviriam para a bebida dessa noite se eu tivesse sorte. Joguei a carteira nele e fui embora.

Eu vi em um filme que para curar o câncer algumas pessoas fazem meditação.

Façam comigo, fechem seus olhos, se concentrem, respirem fundo.

Imaginem que vocês andam por um corredor e chegam até uma porta, essa porta é a porta dos seus corações, vocês entram pela porta, entram em seus corações, agora imaginem toda a sua dor como uma sujeira no seu coração e você está com uma bola de luz curativa que vai limpar tudo isso. Sua dor é uma sujeira e você tem uma bola de luz curativa para limpar tudo isso, você acredita numa baboseira dessas? Eu não. Eu com toda certeza não.

Porque afinal, essa não é a sua vida, a sua vida é uma merda, ruim como deveria de ser e não vai ficar melhor do que isso, Esse é o fundo do poço da sua vida e a cada segundo ela está mais próxima de terminar.

Essa é sua vida, ela não é um seminário ou um final de semana de férias, você pode estar feliz agora, mas não imagina o quão no fundo do poço você pode estar amanhã. Mas isso é bom, somente depois de todas essas coisas ruins é que podemos enxergar a verdade, é somente depois de perdermos tudo que não teremos medo de fazer nada. Nada é pra sempre, tudo muda a cada segundo, tu se decompõe a cada segundo, assim como a sua vida.

Quando você chegar nesse ponto, você notará que não é único, que não é o ser especial que imaginava ser, você é o mesmo lixo feito de carne e ossos que todo o resto, somos todos a mesma defecação que canta e dança pelo mundo.

Mas no fim quem é você? Você não é o seu nome. Você não é o seu emprego. Você não é as pessoas a sua volta. Você não é as roupas de marca que veste. Você não é o conteúdo da sua carteira. Você não é o carro que dirige. Você não é as porras das garotas que transa. Você não é o filho que nunca poderá ter. Você não um homem. Você não é uma mulher. Você não é nada.

É aí que você percebe que tem que desistir, desistir de tudo, é aí que você percebe que um dia você morrerá.

É aí que você percebe que ser bem sucedido é uma imposição posta desde que você nasceu, mas me digam, porque eu deveria ser bem sucedido? Porque eu deveria ser completo? Porque eu deveria me esforçar para ser feliz?

Eu me lembro bem de que quando sai do escritório do meu pai fui direto para o médico lá fiz o exame para comprovar se eu era estéril ou não e o médico me explicou o problema.

— Então, meu filho, o seu caso é muito estranho.

— Como assim?

— Bem, os seus espermatozóides não se desenvolvem como deveriam, por isso eles nascem bem menos que a quantidade ideal e muito mais lentos do que deveriam, inclusive você tem uma taxa de estrogênio, hormônio femininos, muito alta. É como se você desenvolvesse os espermatozóides apenas por metade do dia e no resto do tempo seu corpo tirasse uma folga, é algo muito estranho.

Eu sai correndo, não quis ouvir mais do que aquilo, a culpa de eu não poder ser pai era minha, o motivo de eu ser estéril era eu virar mulher todas as noites.

Você pode me dizer agora que um dia talvez eu tenha filhos, mas não era isso que eu pensava no momento, eu queria esse filho. Eu não sabia como seria minha vida dali para frente, mas durante todo o tempo quando eu pensava em ter um filho isso me alegrava, eu nunca tive um motivo para querer ser um homem de verdade e um filho era o que eu precisava para mudar isso.

Então eu resolvi fugir de tudo e de todos, resolvi esquecer quem eu sou, resolvi beber até não conseguir ficar em pé para sempre.

Sai da casa do Juan, fui até um boteco qualquer e peguei algumas cervejas, bebi elas e juntando com o que eu já tinha bebido durante a madrugada foi o bastante para eu desmaiar na calçada. Acordei e já era de noite, eu já era Renata, voltei para o bar que eu frequentava toda noite fiquei lá até o dinheiro do Juan descer todo pela minha garganta e daí mais uma vez o barman me expulsou, naquela noite eu estava mais que bêbada, ela parecia que não poderia piorar, mas piorou…

— Re? — chamou uma voz que eu me arrependi muito de ter virado para olhar quem era.

Eu mal conseguia andar, virei totalmente torta e desnorteada para olhar para trás quase caindo no chão e me olhando de volta com uma cara de incrédula estava Dhébora.

Essa era a pior hora para nós duas nos encontrarmos.


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Notas finais do capítulo

Termina com clímax...

Porque se não for assim, qual a graça não é mesmo? Quem tá ansioso pra saber como a Dhébora vai reagir ao reencontrar a Renata e quem está ansioso para saber o que a Renata vai fazer, levanta a mão! o/