Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 48
Capítulo 46 - O que não percebi




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Esse episódio agora é importante, ele é importante por duas coisas, em primeiro lugar porque ele vai mostrar para vocês como eu amadureci, passei de um cara bobão que corria atrás das garotas para esse cara… como me descrever agora? Acho que mais maduro é realmente a forma correta, evolui e aprendi coisas que não sabia antes, aprendi a trabalhar para viver, aprendi a ser adulto e hoje era a segunda vez que ia ver um ultra-som do meu filho.

A primeira vez fiquei bastante emocionado, então acredito que a segunda vez que visse ele não seria diferente, era como se eu estivesse vendo um amigo que não via a muito tempo e que eu estava ansioso para rever, eu estava tendo problemas com sentir saudades da Dhébora, estava tendo problemas por estar confuso com a volta da Anne, estava tendo problemas com o meu supervisor que ficava no meu pé ou com o meu pai que eu simplesmente não falava, mas quando eu estava perto do meu filho tudo isso sumia, tudo isso desaparecia, só queria ficar lá olhando para ele, imaginando como seria a sua vida e como eu faria de tudo para que ele fosse feliz.

Eu podia estar apaixonado pela Dhébora, eu podia estar com tudo que eu sentia pela Anne a flor da pele, mas a pessoa que eu mais amava no mundo ainda nem tinha nascido ainda.

Cheguei no hospital e fui para o quarto que Linda estava, ela esperava a médica e isso nos deu um tempo para conversarmos.

— Como você está? — perguntei me aproximando e sentando do lado da cama que Linda estava.

— Bem… bem…

— Bem mesmo? Está precisando de alguma coisa? Eu posso comprar se estiver algo faltando pra você.

— Henri, eu já te disse e repito, não quero que você fique gastando comigo, não foi por isso que te falei que você poderia ser o pai desse filho.

— Linda, se eu sou o pai dessa criança, eu também devo arcar com as despesas e responsabilidades de ser pai.

— Eu entendo isso, mas não preciso de nada, ok?

— Nada mesmo?

— Preciso de ajuda para escolher o nome do bebê, ou qualquer coisa que não faça você gastar comigo.

— Isso é fácil, se for menino: Leon e se for menina: Helena.

— Leon? Que tipo de nome é esse… Helena é legal…

— Leon é um ótimo nome, forte, galanteador, qual garota não iria gostar de ter algo com um homem chamado Leon?

— Como você é bobo, Henri… — disse Linda para mim.

— O que?

— Nada… mas Leon não vai ser o nome do meu filho, não.

— Porque não? Que nome você gosta?

— Leonardo.

— Mas é quase a mesma coisa! Leonardo tem Leon dentro do nome até.

— É bem diferente, Leonardo me lembra o grande pintor.

— Leonardo me lembra tartarugas ninja, isso sim.

A médica entrou e fez o ultra-som na Linda, não chorei como da outra vez, mas fiquei tão emocionado quanto, não vou ficar chorando toda hora não.

Quando estava saindo do hospital, vi meu pai saindo com uma pasta do que parecia ser alguns exames, ele parecia bastante preocupado e abatido, pela logo da empresa nos exames indicavam que não eram dele e sim dos funcionários, ao me ver ele se aproximou para falar comigo, eu não queria falar com ele, mas não tinha escolha, não ia destratar ele até porque eu ainda tenho educação.

— Neto…

— Oi…

— Oi, filho…

— Já disse que não sou mais seu filho, agora sou apenas seu funcionário.

— Neto, para com essa bobagem.

— Humpf…

— O que faz no hospital? Você tá bem?

— Sim, vim ver meu filho.

— Neto, você já pensou que esse filho pode não ser seu? Você tem que tomar cuidado com essas coisas…

— Porque diabos você pensa que tem o direito de querer me falar isso? Porque você acha que pode sempre tentar suprimir tudo que eu sinto ou quero? Você só vai ter o meu respeito o dia que você parar de tentar impor sua vontade sobre mim.

— Não é isso, Neto.

— Você se acha perfeito o bastante pra me julgar, você deveria cuidar mais da sua vida antes de vir me dar lição de moral. Você não tem seu trabalho para cuidar não? Passou a vida inteira trabalhando sem parar, nunca teve tempo pra mim e agora quer dar uma de pai do ano?

Minha vontade era mandar ele se foder, mas não era mais assim que eu agia.

— Neto…

— Eu vou embora.

— Calma, Neto, precisamos conversar!

— Conversamos no trabalho, aqui eu não preciso te obedecer.

E assim parti dando as costas para o meu pai, não estava com paciência para ficar ouvindo qualquer coisa que ele tinha pra me falar.

Inclusive, nem que eu quisesse eu poderia ficar conversando muito com ele, pois hoje era o dia que eu havia marcado de sair com a Anne.

Eu tentei ser o mais casual possível então não me arrumei demais para ir encontrar ela, coloquei uma calça jeans qualquer, uma camiseta branca da Forfun e uma jaqueta de couro preta.

Anne estava na praça de alimentação do shopping me esperando, ela usava uma blusa de alça rosa claro e calça jeans.

— Nunca imaginaria você me chamando pra ir no cinema… — falei me aproximando.

— É pra você ver como eu queria sair com você…

— Tudo bem com você? — perguntei me sentando ao lado dela na mesa da praça de alimentação.

— Tudo sim e com você? — me perguntou Anne, colocando a mão sobre a minha, eu não sabia se tirava ou deixava, a mão dela estava quente, eu gostava dessa sensação.

— S-sim… está tudo bem.

Anne riu.

— O que foi? — perguntei.

— Você continua o mesmo…

— Acredite, não. Eu mudei muito.

— Comigo parece a mesma pessoa. Aposto que se eu quiser ir pra praia você ainda me dá carona…

Eu que ri agora.

— Aquilo foi divertido, mas hoje já não faria mais sentido. Nenhum de nós pensou nas consequencias dos nossos atos, ou melhor, eu não pensei nas consquencias dos meus atos…

— Foi divertido sim… Sinto falta daquele tempo. Você todo tímido e no seu mundinho e eu me divertindo com as coisas que aconteciam, queria só poder voltar no tempo pra mudar algumas coisas.

— A gente não tem como mudar o passado, Anne.

— Mas podemos mudar o presente, agora eu sei que não parece ser a hora certa pra eu querer voltar te encher de abraços e beijos e fazer tudo que não fiz da outra vez, mas quero que tente deixar o passado pra trás porque ele não tem mais importância, porque agora eu sei que você a pessoa que eu sempre quis.

— Eu já chorei e já sorri por muitas coisas nessa vida, uma delas foi você, mas aprendi que a vida se renova e disso não dá pra fugir.

— Então você vai me dar uma nova chance?

— Eu não sei, eu quero tentar, mas ainda não sei.

— Henri?! — disse uma voz que eu reconhecia muito bem se aproximando, uma voz que fez eu tirar a minha mão de baixo da de Anne.

— Dhé-Dhébora? — perguntei vendo ela se aproximando.

Dhébora usava uma camiseta com a logo dos Ramones mas ao invés de ter os dizeres da banda, ela tinha os nomes dos integrantes da banda Molejo, um short jeans e uma bota de couro de cano longa.

— Oi. — disse Dhébora se aproximando, ela olhava para mim e para Anne com uma cara de curiosidade e desconforto simultâneo.

— Essa é a Anne — disse eu apresentando a Anne para Dhébora — Anne, essa é a Dhébora.

— Prazer — disse Anne estendendo a mão.

— O prazer é meu! — respondeu Dhébora apertando a mão dela.

— Henri, seu safado, você não me disse que estava namorando… — disse Dhébora me dando socos no braço.

— Dhé isso tá doendo… — respondi tirando meu braço de perto — A Anne não é minha namorada, a gente é… a gente tá apenas… sei lá, é difícil de explicar…

— E eu achando que você tinha virado gay… parabéns… parabéns… — falou Dhébora voltando a me dar socos no braço.

— Dhé, para… isso vai acabar ficando roxo.

— Desculpa, acho que me empolguei demais com a ideia de você estar saindo com alguém. Fico feliz, garoto, muito feliz por você…

Dhébora parou um pouco, ficou olhando para mim e para Anne enquanto sorria, ela estava me assustando.

— Vocês formam um bom casal… um belo casal… Ah, eu vou embora agora… Vou deixar vocês, ok? Tchau! — falou Dhébora saindo — Tchau!

Anne abanou com a mão e eu fiquei sem reação, não conseguia entender o que estava acontecendo, mas Anne entendeu bem mais que eu.

— É por causa dela, não é? — me perguntou Anne.

— Oi?

— É por causa dela que você não aceitou tentar de novo. Você está apaixonado por ela.

— Como você sabe?

— Você olha pra ela do mesmo jeito que me olhava — me respondeu Anne, ela estava um tanto triste.

— Sim, eu gosto dela, mas não vai rolar nada, ela meio que é lésbica.

— Você continua o mesmo bobo de sempre, Henri.

— Como assim?

— Ela estava morrendo de ciúmes por você estar aqui comigo.

— O que? Não, Anne, você está errada.

— Duvido muito que eu esteja.

Eu fiquei atônito com aquilo.

— Você quer ir atrás dela? — me perguntou Anne, eu olhei para trás, ainda conseguia ver Dhébora indo embora ao fundo, pensei por um segundo.

— Não… eu sai com você. Como falei, não sei o que quero, mas hoje vou ficar com você.

Anne sorriu, ela com certeza não estava satisfeita com toda a situação, mas dado o panorama da situação atual, acho que ela entendeu que era o melhor que conseguiria de mim.

A minha vida estava um turbilhão, mas isso era apenas o começo dos meus problemas, como falei no começo do capítulo, esse capítulo era muito importante, pois além de mostrar como eu estava maduro, era o capítulo que ainda seria normal perto do que acontecerá nos próximos, bem, digamos que nos próximos vamos ter eu recebendo o troco por algumas escolhas que fiz, um pouco de drama é sempre bom, então se preparem pois as coisas vão começar a ficar mais tristes e mais escuras, mas como dizem a noite é sempre mais escura antes do Sol nascer, espero que eles estejam certos...


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Notas finais do capítulo

E então pessoal, como o Henri mesmo falou, a história vai entrar pra um lado um tanto mais triste, vamos ver algumas pessoas sofrendo bastante. Quem gosta? Eu gosto, espero que vocês também... ou não.