Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 43
Capítulo 43 - Respeito e reconquista




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Como se conquista o respeito de alguém? Como fazemos para nos tornarmos respeitados? Seja em qualquer parte da vida, em um relacionamento, em uma amizade, em um circulo de pessoas, no trabalho. Muitas atitudes ou palavras podem acabar conquistando o respeito e outras podem acabar destruindo o respeito que as pessoas criaram por você.

Trabalhar na empresa do meu pai estava sendo um verdadeiro problema exatamente por isso, eu não era respeitado de jeito nenhum.

Todos os outros estagiários consideravam que eu só consegui o estágio porque meu pai era o dono da empresa, de certa forma eles estavam certos e por isso me excluíam de qualquer coisa, tentando me fazer até não trabalhar.

Meu supervisor não me respeitava da mesma forma, mas ele eu também não respeitava, ele sabia muito bem que eu queria ele fora dali, então não aceitava que eu fizesse nada de errado. Tudo bem que ele não era assim só comigo, qualquer coisa que acontecesse poderia ser motivo pra ele demitir alguém, menos eu, pois eu era o filho do patrão e é sobre isso que falaremos hoje.

Eu fui para a empresa trabalhar no que parecia ser apenas mais um dia normal, mas seria um dia diferente estava empacotando alguns processos junto com os outros estagiários, quer dizer, não era bem junto, eu meio que estava num canto, era normal eu ficar meio excluído.

De repente, o supervisor entrou com um saco plástico transparente cheio de papéis picados, ele parecia bem irritado.

– Muito bem – disse ele – Alguém fez a proeza de picotar metade de um processo do nosso cliente principal desse mês. Gostaria que vocês me dissessem que foi o gênio que fez isso.

Dois estagiários cochicharam alguma coisa, eu meio que compreendi que eles sabiam que havia feito isso.

– Ei! O que foi isso? – perguntou o supervisor olhando desconfiado para os dois – Vocês sabem de alguma coisa, não é mesmo?

– Não, senhor. – respondeu um dos estagiários. Olhei para um deles e notei preso em seu pé um pedaço de papel picado, ele viu o que eu também vi e ficou com um olhar assustado. Todos nós sabíamos o que aconteceria se o culpado fosse revelado, ele seria demitido e aquele estágio era importante para todos que estavam fazendo ele.

– Não vão falar? Bem, então acho que vou ter que descontar metade do salário de todos esse mês para os pagamentos dos danos da empresa, não é mesmo?

Um dos estagiários cutucou o outro, eles queriam que ele se denunciasse, mas quando ele pensou em falar qualquer coisa, eu já havia agido.

– Fui eu – respondi me levantando, o supervisor parou na minha frente, irritado, me olhando nos olhos, tanto eu quanto ele sabíamos que não era verdade.

Ele suspirou e disse:

– Você vai realmente assumir a culpa, rapaz?

– Claro, fui eu que fiz. Vai fazer o que? Me demitir?

Ele jogou o saco de papéis picados no meu peito.

– Organize isso e refaça os textos, precisamos deles e o resto de vocês, parem de ficar olhando e voltem ao trabalho.

Ele saiu da sala e o estagiário com o papel picado preso no pé veio falar comigo.

– Porque você fez isso? Porque me ajudou?

– Eu não sou o idiota que vocês pensam, agora se me der licença, eu tenho muito trabalho pela frente – respondi mostrando o saco de papel picado, o cara me segurou no ombro e me parou, olhei para ele e ele estava com a mão estendida.

– Obrigado – disse ele, eu apertei a sua mão e fui pra minha mesa. Foi dessa forma que conquistei o respeito dos estagiários da empresa. Eles não tinham como me ajudar cem por cento com o processo picado, mas sempre que tinham um tempo livre me ajudavam. O supervisor é super rígido e ficava bastante tempo do meu lado tentando encontrar algum erro no que eu fazia ou se alguém estava me ajudando, o respeito dele eu já tinha certeza que nunca iria conseguir.

As minhas noites agora pararam de ser com a Dhébora e começaram a ser sozinho. No começo fiquei arrumando o processo que havia sido picotado, depois quando terminei de arruma-lo, não sabia mais o que fazer, as vezes via televisão, as vezes ficava na internet, cheguei ao ponto de as vezes estudar. Realmente não sabia o que fazer durante a noite, as vezes ficava só olhando as fotos da Dhébora mesmo.

No outro dia, já havia combinado com Eduardo que iria ajudá-lo a reconquistar a Carol, ele era um cara legal, mas era meio bobão, não sabia como se conquistava uma garota, meu trabalho nesse caso, era coloca-lo no caminho certo para que ele conquistasse a minha melhor amiga, não seria nada difícil conhecia a Carol como a palma da minha mão.

Comprei um buquê de rosas, uma caixa de chocolates com morangos, que eu acho que é o favorito dela e chegou para falar com o bobão.

– Então rapaz, o que você tem que fazer é simples, você tem que se ajoelhar na frente dela, pedir desculpas e não se importe com a vergonha, provavelmente vai parecer vergonhoso, mas ela vai gostar disso, se ela acha que você está errado, ela vai querer que seja embaraçoso, ela vai querer você mostre que vale a pena te perdoar então não poupe a cena.

– Tem certeza? Isso não me parece muito o estilo do Carol…

– Tenho sim, mulher é tudo igual, cara. Eu já conquistei várias assim, confia em mim.

– E isso, flores? chocolates? Acho que a Carol iria preferir algo menos espalhafatoso, mais escondido, como eu e ela conversando sobre o que aconteceu e eu explicando que me arrependo e como errei.

– Bobagem, cara. Toda mulher gosta de flores e eu tenho certeza que esse é o chocolate favorito da Carol…

– Favorito? Ela nunca me falou sobre…

– Vai confiar em mim ou não? Quem precisa de ajuda? Eu ou você? Então… confia. Eu já preparei tudo, Já viu aquele filme Digam o que quiserem com o John Cusack?

– Qual?

– Enfim, não importa. Você vai pegar esse rádio e só dar play, ele vai tocar bem alto a música que já tá programada para tocar Everything I do, I do it for you do Dire Straits, eu sei que a Carol gosta dessa música então isso vai marcar pontos com ela, quando ela te ver pela janela, faça ela descer e entregue as flores e o chocolate, se declare e espere ela se jogar aos seus braços.

– Isso não me parece que vai funcionar não, Henri…

– Vai na minha, bro. Eu sei o que tô falando. Agora vai lá.

Eu observei tudo de longe, mas vou dizer exatamente o que aconteceu para vocês.

Eduardo chegou perto da casa da Carol. com buquê e a caixa de chocolates com morango em uma mão e o rádio na outra, como imaginava que a Carol gostava do filme peguei um rádio bem grande, mas isso não ajudou muito o carinha de óculos, não.

Ele não sabia como ficar com as três coisas na mão e acabou largando os doces e o buquê no chão para poder levantar o rádio e isso foi apenas o começo do show de horror.

Quando ele deu play, deve ter apertado algum junto então ao invés de tocar a música do Bryan Adams, começou a tocar “Roça” do MC Brinquedo. Para quem não conhece devo dizer que o refrão e basicamente a letra toda da música se trata de:

“A novinha não me quer, só porque eu vim da roça

A novinha não me quer, só porque eu vim da roça

Roça, roça, roça o piru nela que ela gosta…

É o MC brinquedo que tá mandando pras “gostosa””

O carinha de óculos ficou angustiado ao ver o que saia do rádio e tentou de toda forma desligar isso o mais rápido possível, mas não conseguia. O rádio era potente então acho que a rua inteira ouvia a música tocando, não demorou muito para que Carol aparecesse na janela. Eduardo ainda nervoso com tudo aquilo fez um pequeno aceno para ela, com o rosto todo vermelho.

– Eduardo? O que você tá fazendo?

– Você pode descer aqui? – respondeu ele gritando para ela.

– Porque você tá com essa coisa tocando isso?

– Era pra ser outra música…

– O que? – perguntou Carol sem entender.

– Era pra ser outra música – gritou ele.

– Ahn? – Carol ainda não ouvia, o rádio estava muito alto.

Eduardo finalmente pensou e tirou a bateria do rádio e a música parou, mas nesse ponto todo o quarteirão já sabia que era pra “roçar o piru nas gostosas que elas gostavam”.

Carol apareceu na porta e Eduardo, largou o rádio no chão, pegou as flores e a caixa de chocolate e foi correndo até a porta.

– Oi – disse ele ainda envergonhado mas tentando conter.

– O que você quer? – perguntou ela.

– Primeiro – disse ele mostrando as flores, logo em seguida vendo que elas estavam sujas de areia e começando a bater pra tirar a sujeira, mas isso acabou deixando as flores todas tortas.

– Eu deveria agradecer por isso?

– Não é só isso, as flores ficaram meio sujas, mas eu trouxe os seus chocolates favoritos – respondeu ele entregando para ela a caixa de chocolates com morango.

– Chocolate com Morango?

– Sim. – respondeu ele sorrindo.

– Meu favorito…

– Sim sim.

Carol jogou a caixa de chocolates em Eduardo.

– Você me conhece bem mesmo, não é? Eu sou alérgica a morango, Eduardo. Como você pode fazer isso comigo.

– Carol, eu…

– Vai embora!

– Me desculpa, eu…

– Vai embora, por favor!

– Eu não queria. É que eu preciso te dizer…

– Não, Eduardo. Vai embora.

– Por favor.

– Vai logo!

Eduardo decidiu que era melhor ir e saiu de perto da casa dela.

– E aí, como foi? – perguntei quando ele se aproximou, ele nem respondeu e só seguiu reto indo embora. – Calma, na próxima vez, vai dar certo, vou bolar alguma coisa.

– E se não der, cara? Eu a entendo, eu fiz muita merda.

– Vai sim, relaxa. Eu sou bom nessas coisas. Confia em mim.


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Notas finais do capítulo

Fiquem ligados nos próximos quatro capítulos, terá um puzzle pra vocês.



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