Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 40
Capítulo 40 - Parando de Fugir


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Como prometido, postei um capítulo essa semana (pra mim a semana acaba no domingo u_u)

Também queria avisar vocês que comecei a postar outra história aqui no Nyah, na verdade, ela já está toda escrita, eu apenas estou reescrevendo e melhorando ela.

O nome da história é o Segredo da Evolução, ela é bem diferente da Não leia, algo mais ficção cientifica e drama, adoraria que vocês acompanhassem ela também, mas isso cabe a vocês decidir.

Vou deixar aqui o link da história para vocês, espero que gostem:

http://fanfiction.com.br/historia/622245/O_Segredo_da_Evolucao/

Um beijo e até mais!



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Sabe aqueles clímax de novela quando um inspetor vai revelar quem matou o personagem chave? Que eles seguram até o fim da história para que as pessoas não queiram perder um capítulo se quer… calma, não vou fazer isso com vocês, ao invés de criar um mistério e presenteá-los no final com a resolução, eu prefiro lhes metralhar com mistérios de nível médio para que vocês fiquem curiosos com uma coisa diferente de tempos em tempos.

Mas então, eu estava me sentindo nesses clímax de novela, eu estava prestes a desmascarar Becca e assim tentar descobrir alguma verdade do que acontece comigo toda noite.

— Do que você está falando, Henri? — perguntou embasbacado Sony.

— Você realmente nunca reparou, Sony? O jeito que a Becca te olha? Até eu que a conheço a pouco já tinha sacado.

— Nada haver, a Becca é só minha amiga — enquanto Sony argumentava comigo, Becca ficava de cabeça baixa. — e além do mais, que história é essa sem cabimento da Becca ser meu namorado. Você sabe o quão impossível é isso?

— Acredite, não é impossível. A Becca passou muito tempo querendo ter algo com você, mas sabia muito bem que você era gay e nunca teria nada com ela, até que um dia ela encontrou com um cara de turbante e esse cara deu a chance de ela virar homem de noite e continuar mulher de dia.

— Cê tá doido, Henri?! Tá vendo televisão demais, isso é muito comédia romântica!

— Becca — a chamei, mas ela não me olhava de volta, ficava apenas de cabeça baixa — Vai dizer que eu estou mentindo? Você não é apaixonada pelo Sony?

Becca começou a chorar.

— Eu não quero falar disso… — disse ela em meio as lágrimas.

— Olha o que você está fazendo, Henri… A Becca tá chorando… — disse Sony com tom de piedade.

Eu segurei o rosto dela e levantei, ela me olhou nos olhos e olhou para o Sony rapidamente, não deixando o olhar deles se cruzar, Sony logo em seguida secou o rosto dela com a sua mão e isso a fez chorar mais ainda.

— Olhe nos olhos do Sony, Becca e fale que você não é apaixonada por ele, eu duvido!

— Você não precisa fazer isso, Becca. Para, Henri, você está deixando ela pior.

— Pior? Você não está acreditando em mim, não é? Ela foi apaixonada por você por todo esse tempo e na primeira oportunidade que teve está aí te enganando, fazendo você acreditar que ela é outra pessoa, apenas para que ela possa ter o que sempre quis!

— Mentira! Eu nunca faria isso com o Sony! — exclamou Becca enquanto chorava.

— Então você não é apaixonada por ele, Becca? Mentira é o que você está fazendo agora!

— Eu sou apaixonada por ele, sim! Amo-o demais e não consigo ficar longe dele! E sim, faz anos que sinto isso, mas nunca que eu mentiria para ele como você diz apenas para ter o que quero.

— Você é apaixonada por mim, Becca? — perguntou Sony sem entender.

— Sim, Sony, me desculpa nunca ter te contado, eu sei que você é gay, mas amor não é algo que se escolhe, não é mesmo? — a maquiagem da Becca já escorria em seu rosto, ela tentou fazer um sorriso enquanto ainda chorava deixando a coisa ainda mais estranha — Eu sei que nunca teremos nada, por isso que nunca te falei, preferi ser sua amiga do que ninguém na sua vida…

Sony a abraçou.

— Calma… calma...

— Mentira! — Sony me olhou com cara de reprovação ao ouvir eu falar isso. — Não acredita, Sony? Não se preocupa, seu namorado não vai entrar por aquela porta, mas daqui a uns quinze minutos a sua querida Becca vai se transformar nele.

— Porque você está fazendo isso comigo? — me perguntou Becca — O que eu te fiz?

— Eu só não gosto de ver as pessoas enganando quem eu me importo… mas admito que também tem um lado pessoal, eu quero respostas.

— Do que você está falando? — disse Becca chorando mais ainda enquanto Sony a consolava.

— Chega né, Henri?

— Não, não chega! Admite, Becca! — disse eu a virando para mim.

— Me deixa em paz! Eu vou ir embora! — eu a segurei pelo braço.

— Ah, você não vai não! Daqui a pouco vamos ter a prova de tudo que eu estou falando!

— Me solta, seu doido! — todos no restaurante já olhavam para nós.

— Henri, para! — disse Sony segurando a minha mão, mas eu não a soltei.

— Só preciso de mais alguns minutos, não vou parar, quando você ver vai entender, Sony! — segurei mais forte o braço de Becca para que ela não escapasse.

— O que está acontecendo aqui?

Me virei para olhar e como se olhasse no espelho, vi o namorado do Sony se aproximando da mesa.

— Oi, amor. — disse Sony beijando o rapaz, nas mesas na volta pude notar as pessoas encarando os dois feio com olhar de reprovação ou nojo.

— E-eu a-a… — balbuciei palavras.

— Henri, esse é meu namorado. Será que você pode soltar a Becca agora?

Eu não estava entendendo nada, soltei o braço da Becca.

— Ma-mas, você deveria ser ela… — Becca se sentou e colocou a mão no braço, ele estava roxo.

— Seu maluco! — disse Becca chorando, agora eu não sabia se ela chorava por ter revelado seu segredo ou por dor. A ideia de ter machucado uma garota não me parecia muito boa, acabou me deixando mais aturdido ainda.

— Mas… mas… — ainda não conseguia formar frases.

— Acho melhor você ir embora, Henri. — me disse Sony, eu ainda estava meio atônito com tudo que aconteceu.

O namorado do Sony parou na minha frente.

— É melhor você ir, amigão. Você ouviu o que eles disseram.

Ele estava tentando me intimidar, não conseguiu, mas eu resolvi sair mesmo assim, estava confuso demais.

Sai do restaurante, mas não fui para rua, ao fechar a porta, entrei em um outro lugar, uma cabana exotérica que embora eu tenha ido poucas vezes eu conhecia muito bem, sentado em frente a uma bola de cristal estava uma versão do ator Jason Alexander, ator que fazia George Constanza na série Seinfeld, usando turbante, mais maluco que nunca. Porque esse cara sempre tinha que se transformar em pessoas que eu admirava?

— Você sempre tem que meter os pés pelas mãos, não é mesmo? — me perguntou ele.

— O que?

— O que? — repetiu o que eu disse rindo — Você viu o que você estava fazendo?

— Como eu ia saber que a Becca não era o namorado do Sony? Tudo indicava que sim!

— Não é esse o problema, Henri, você estava crucificando a menina por ela fazer a mesma coisa que você faz.

— Não, é diferente, eu demorei muito pra ficar com a Dhébora…

— E você sabe se ela não? — perguntou o cara do turbante rindo.

Eu fiquei sem palavras, na verdade, sem resposta.

— Você tem de aprender a cuidar mais dos problemas que envolvem você e ao mesmo tempo aprender a se importar de verdade com as pessoas a sua volta.

— Então é pra isso que eu preciso virar mulher toda noite? Foi pra isso que você fez essa coisa comigo?

— Não, Henri, quando chegar a hora certa você saberá…

— Que besteira…

— Sei...

— Mas aproveitando que eu te encontrei tem algo que eu gostaria de pedir para você.

— Eu também sei isso, mas pode pedir.

— Eu gostaria de passar um dia inteiro sendo a Renata, ou pelo menos a manhã.

— Você gostaria?

— É, a Dhébora meio que pede muito pra Renata passar a noite inteira com ela e eu sempre tenho que sair de fininho pra não acabar me transformando em Henri e estragando com tudo.

— Então não é você que quer, é a Dhébora que quer, é isso?

— Sim, mas não. Eu quero por ela, entende?

— Você entende?

— Claro que sim… é.

— Bem, Henri, não posso fazer isso por você.

— O que? Porque?

— Porque não posso.

— Porque não pode ou porque não quer?

— Vou te contar um segredo — disse o cara de turbante fazendo sinal para que eu me aproximasse, eu me aproximei e então ele cochichou — Eu não quero, mas vou fingir que não posso.

— Como assim, cara?! Porque você faz isso?

— Bem, vamos fazer assim, se você quiser passar uma noite inteira como Henri, eu faço a sua vontade, que tal?

— Não! Isso é totalmente o inverso do que eu quero.

— Eu sei — respondeu ele rindo — não é essa toda a graça da coisa?

— Então isso para você é apenas uma diversão? Você está apenas zuando com a minha cara?

— Isso é para você aprender uma lição, evoluir e todas essas baboseiras, mas qual o problema de eu me divertir no percurso?

— Então você sabe tudo que vai acontecer? Sabe o futuro?

— De certa forma, sim. Eu sei tudo o que pode acontecer, mas existe o livre-arbítrio, cada decisão que cada pessoa toma pode mudar todo o rumo do que vai acontecer no futuro.

— Então você é tipo Deus?

— Você acredita em Deus por acaso, Henri?

— Não muito…

— E no diabo? Você acredita nele?

— Você é o diabo?

— Eu não sou nada, Henri. Eu sou apenas alguém que está te ajudando.

— Você não querer minha alma em troca, né? Meu deus, eu vendi minha alma pro capeta…

— Eu não sou o diabo, Henri — me respondeu o homem sorrindo.

— Então quem é você?

— Você não deveria estar perguntando isso, você deveria estar perguntando quem é você.

— Eu sei quem eu sou.

— E quem é você? — retrucou o cara do turbante.

— Eu sou o Henri.

— E quem quer passar a noite com a Dhébora, o Henri ou a Renata?

— Tanto faz, nós somos a mesma pessoa.

— Não, não. Podem até ser a mesma pessoa, mas não a mesma coisa. A Renata é uma parte de você, mas você não é uma parte da Renata.

— O que isso quer dizer?

— O que você acha que isso quer dizer?

— Eu realmente não sei...

— Henri… Quem está apaixonado pela Dhébora?

— Eu.

— Eu, quem?

— O Henri.

— Mas quem está com a Dhébora é a Renata, não?

— Sim, mas…

— Porque a Renata está com a Dhébora e não o Henri? — já questionou ele antes que eu pudesse completar minha frase.

— Porque a Dhébora gosta de mulheres?

— Só de mulheres?

— Sim.

O cara de turbante riu.

— Sua memória é péssima…

— O que você quer dizer com isso?

— Eu não posso decidir por você, Henri, mas posso abrir seus olhos. Você sabe que está apaixonado pela Dhébora, mas insiste em se passar por algo que você não é para ficar com ela, se lembra do que você reclamou da Rebecca? Que ela estava sendo outra pessoa pra ficar com Sony? É o que você está fazendo. Que tal começar a ser você?

— A Dhébora não vai querer ficar comigo…

— Como você sabe?

— Eu não sei.

— E essa é que é a graça da coisa. Talvez nem ela saiba.

O meu celular toca e eu decido não atender..

— Não vai atender?

— Não deve ser importante.

— Como eu disse, sua memória é fraca mesmo, você não notou que todas as outras vezes que veio aqui o tempo parou? Porque dessa vez tudo continuou correndo, Henri? Acho melhor você atender…

Eu peguei o celular e o atendi:

— Alô.

— Henri? — disse uma voz masculina que reconheci como a do carinha de óculos.

— Oi? — perguntei sem entender porque ele me ligaria.

— Então, eu achei melhor te avisar, eu soube agora e estou correndo para o hospital.

— O que? — perguntei sem entender.

— A Carol.

— O que tem ela?! Ela tá bem?

— Ela foi hospitalizada.

— Como assim?! O que aconteceu?

— Vem pra cá, eu te explico. Eu tenho que desligar agora, venha pro hospital do centro da cidade. Até daqui a pouco.

Desliguei o celular, mais atônito do que estava antes. O cara do turbante olhou para mim e apenas disse:

— Corra, Forrest, corra.


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