Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 38
Capítulo 38 - Eu não sou gay




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Eu menti, ok? Eu menti sim, todo mundo mente de vez em quando. Vocês já devem ter mentido antes e não podem me culpar nessa situação, eu disse que não ia ter nada homossexual, mas acabou acontecendo e não foi culpa minha, Eduardo me beijou, não fui eu que fiz isso. Em primeiro lugar, gostaria de deixar claro que eu não sou gay, nunca fui e nem nunca vou ser, não tenho nada contra os gays, até porque, para cada casal gay sobra mais duas mulheres para mim, mas não sou, minha mãe sempre quis ter uma garotinha, mas não vai encontrar isso em mim, quer dizer, não desse jeito.

Entendido isso podemos partir para o fato de eu ter sido pego totalmente desprevenido pelo carinha de óculos. Vamos ser sinceros, ele é um panaca. Eu adoro ele, mas ele é um bocó, inocente e ingênuo até demais, nunca imaginaria que ele tentaria me beijar, mas a verdade é que ele no fim, acabou me beijando, erro meu, mas fiz de tudo para que isso não se repetisse mais.

Eu não quis ser beijada pelo carinha de óculos, ele agiu de uma forma que eu nunca pensaria que ele agiria, mas a situação que se seguiu a seguir, fez o beijo valer a pena. Um problema a menos para eu me preocupar, ou pelo menos era isso que eu achava.

Quando notei o que estava acontecendo empurrei o carinha de óculos para longe de mim e comecei a cuspir o máximo que eu podia no chão.

— Caralho, cara. Que merda é essa?! — perguntei limpando a boca e odiando aquele segundo que se passou pelo resto da minha vida.

Eduardo ficou parado, imóvel, como se tivesse petrificado. Não esboçava uma reação

— Você tá louco?! Não vai falar nada agora? — perguntei.

Como se acordasse de um transe, ele respondeu:

— Me desculpe... eu... eu...

— Você fez uma merda foda!

— Não entendo o que aconteceu. Eu estou confuso...

— E eu estou enojada. Porque você fez isso? Porque?!

— Me desculpa, eu agi por impulso e-eu...

— Eu preciso de água, eu preciso limpar a minha boca... Vontade de por clorofina pra ver se limpa. Ah, cara, que nojo!

— Eu não entendo...

— Você não entende? Sério que você está me dizendo isso? Você me beija do nada, mesmo sabendo que eu gosto de mulher e não de homem e ainda tem a cara de pau de dizer que não entende?! Eu que não entendo porque você fez isso! Que vontade de morrer...

— Eu estava muito afim de você, por isso te beijei, achei que isso talvez pudesse te fazer mudar de ideia...

— Obviamente você estava errado, me parecia mais que claro pensar que seu plano não daria certo, porra Eduardo, porra!

— Mas quando eu te beijei, foi totalmente diferente do que eu esperava...

— Claro, eu não te beijei de volta. Você acha que eu me esforcei? Nem um pouco. Eu beijo muito bem, o melhor beijo do mundo, mas você nunca vai saber isso, ok? Por favor, não tente me beijar de novo!

— Eu não vou tentar, é isso que estou querendo dizer! Foi estranho, não me pareceu certo, foi como se eu beijasse uma irmã ou um homem, sei lá...

— Isso pensa que eu sou um cara! Um cara alto, bonito e muito elegante. — o que na verdade eu sou né, vamos ser sinceros — Quer dizer, sei lá, desde que você não curta caras também, como disse, não me beije de novo!

— Ok, desculpe, não vou te beijar de novo... Eu só não entendo o que aconteceu...

— Carinha, a gente não pode e nem deve ficar juntos. O que acontece é que nascemos para ser amigos e você notou isso quando me beijou, não que eu tenha gostado de você me beijar, mas fico feliz que tenha entendido isso finalmente.

— Desculpa, Re. Eu ainda estou bastante confuso...

— Relaxa... Vai passar... — disse me levantando.

— Vai ir embora? — ele me perguntou.

— Sim. O que eu precisava ver aqui, eu já vi. — respondi saindo dali — Um abraço, carinha e espero que você entenda que é muito melhor sermos amigos. Você é um cara bem legal, mas nós dois juntos, não rola e principalmente, eu te imploro, não tente me beijar mais.

O carinha de óculos me olhou ainda atônito e concordou com a cabeça e enquanto eu saia dali ele ficava olhando para o nada pensativo.

O meu pensamento era um só após me despedir do carinha de óculos. Eu estava obstinado, obviamente não tinha como ter certeza se a Becca e o namorado de Sony eram a mesma pessoa, mas ao mesmo tempo, eu tinha certeza que eram sim e eu tinha que provar isso, vocês me entendem? Não. Acho que eu também não me entenderia…

Eu precisava de respostas, até então eu não tinha me preocupado com isso, mas eu queria saber se tudo aquilo era real, precisava saber o que acontecia comigo quando eu não era eu e também quem era a dona do corpo da Renata, se era realmente Becca, ou não.

Cheguei a conclusão que deveria ser coisa do cara do turbante só eu ver Becca como Renata, ele deve ter feito alguma magia para que todos os outros vejam a Becca e eu diferente do que somos, tipo o Clark Kent e o Superman, que são iguais, mas ninguém nota.

No outro dia, eu voltaria ao trabalho no escritório do meu pai, agora apenas como meu chefe, preferia me matar do que ir naquele lugar de novo, mas eu queria ser responsável, não é mesmo? Acho que eu estava conseguindo... mas antes mesmo de pensar em ir trabalhar, de manhã, obviamente estava na escola, Carol não foi naquele dia, não era algo comum de acontecer, Carol era meio CDF, como vocês já devem ter notado.

Aproveitei no intervalo para ficar conversando com a Dhé, nos tornamos bons amigos nesse meio tempo, mesmo quando Carol ia a aula eu tirava um tempo pra conversar com a Dhébora.

— Então Dhé. O que me conta? E as namoradas?

— Só uma por enquanto e espero continuar assim...

— Não sabe o quanto está perdendo...

— Você fala isso, mas faz mais de um mês que você não fica com ninguém, garanhão.

— Sei lá, acho que não achei a garota certa ainda...

— E porque não se diverte com as erradas enquanto isso? — me perguntou Dhé com um sorriso safado no rosto.

— Vamos falar de você, senhorita, como está o seu namoro? Tudo de boa agora?

— Ah, ótimo.

— Hm, não senti muita firmeza nisso...

— Não vou reclamar mais do meu namoro, pareço ingrata falando essas coisas dela, eu a amo e é isso que importa no final de contas.

— Mas...?

— Deixa, Henri...

— Somos amigos, não é? Pode me contar, você sabe que não vai sair daqui e as vezes é bom conversar com alguém...

— OK... Eu não quero reclamar dela, ela é ótima pra mim.

— Mas...

— Ela não dorme comigo, Henri.

— Pensei que tivessem já feito aquilo...

— Fizemos, mas cara, não é esse o problema... Ela não dorme comigo literalmente. Não sei porque, pode parecer estranho, mas eu adoraria ficar com ela uma noite inteira. Você não acha estranho ela sair assim do nada sempre? Eu sei que pode parecer bobo, mas é muito estranho, ela prefere sair as 4 da manhã da minha casa do que dormir lá!

— Eu não sei, Dhé. Você deveria conversar com ela sobre isso.

— E você acha que não tentei? Ela sempre foge do assunto e nunca fica lá comigo.

— Bem, eu então não sei como ajudar...

— Nem eu sei, fazer o que?

— Queria poder dizer alguma coisa pra te ajudar, mas não namoro nem nunca namorei...

— Eu acho que você precisa de uma namorada. Daí não reclamarei do meu namoro sozinha. — disse Dhé rindo.

— O que? Nem pensar! Eu estou bem como estou.

— Eu sei que alguém já te magoou no seu passado, mas você não pode ficar assim se resguardando pra sempre, Henri. Você tem que se abrir pro amor, ficar vulnerável é bom.

— O que? Eu não consigo ver um cenário onde estar vulnerável seja bom. Eu só ganho estando assim como estou.

— Não, Henri. Quando você está vulnerável, você sente e quando você sente, você sempre ganha. — disse Dhébora colocando a mão sobre a minha, corei por um instante e acho que ela notou. O que ela não sabia é que eu já estava vulnerável e ela que havia me deixado assim.


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