Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 34
Capítulo 34 - Filho Morto


Notas iniciais do capítulo

Ainda na demora pra responder os comentários mil desculpas, muito obrigado as lindas Sam Collins e Nani pelas recomendações na história.



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Devo dizer que não tenho nada contra abortos, muita gente briga porque acha certo ou errado e eu devo dizer: eu acho que quando os pais querem, eles deveriam poder abortar sim. Melhor abortar do que jogar a criança em uma lata de lixo ou algo do tipo.

Mas quando a criança pode ser bem tratada, pode crescer bem, pode ser amada, isso não pode acontecer e é isso que meu pai não entende e é isso o que espero que Linda entenda.

Sim, no começo eu não queria esse filho e não vou dizer que a ideia de ter um filho não arrepia cada pelo do meu corpo, mas já é um fato consumado, já é uma verdade e eu não posso voltar atrás, não posso deixar que voltem atrás por mim. Não era para eu ser responsável? Então está na hora de começar a ser...

Cheguei correndo na casa de Linda, podia ter ido de carro, mas nem pensei nisso na hora, eu só queria chegar lá o mais rápido possível. Bati na porta rapidamente chamando por ela e não demorou muito para que ela atendesse.

Linda usava uma camiseta larga branca e uma calça também larga de algodão, em sua mão um pote cheio de aveia que ela comia as colheradas.

— Você não pode fazer isso! Não pode abortar essa criança, você não tem esse direito!

— Entra, Henri. — disse Linda abrindo espaço para que eu passasse e foi o que fiz, mas logo em seguida já argumentando.

— Você não pode, ouviu? Eu não acho que vou ser o melhor pai do mundo, mas acho que temos que aceitar as consequências do que fazemos e nós fizemos esse filho.

— Henri, eu não vou abortar. Eu já te falei isso, eu quero ter esse bebê.

— O que? Então porque você aceitou o dinheiro do meu pai?

— Porque ele me disse que pegou da sua conta e imaginei que você fosse querer de volta. — disse Linda me entregando uma sacola, quando a abri vi que o dinheiro estava ali dentro.

— Quem é você e o que você fez com a Linda? — Aquele não era de forma alguma o tipo de atitude que eu esperaria da Linda.

Ela riu encabulada.

— Eu sei que andei fazendo muita merda nesses últimos tempos, mas vou ser mãe agora, não posso mais continuar desse jeito, tenho responsabilidades a partir de então e você também.

— Eu sei... eu estou tentando ser, mas é difícil, não sou bom nessa coisa de ser responsável.

— Bem, eu tambem não era, mas arranjei uma técnica agora quando eu quero ser responsável eu penso no que o meu pai faria se estivesse no meu lugar, ele é a pessoa mais responsável que eu conheço, então acabo sempre decidindo de forma correta e responsável...

— Pois é, mas meu pai tentou te convencer a abortar o filho que está na sua barriga, eu não acho que ele seja um bom exemplo para eu seguir.

— Não precisa ser seu pai, Henri. Precisa ser alguém que você confie, alguém que tenha a cabeça no lugar.

— Você esta me descrevendo a Carol...

— Então tente pensar como ela... — me aconselhou Linda.

— Esta certo... Então, toma. — respondi entregando a sacola com o dinheiro para Linda.

— O que? Não! Esse é o seu dinheiro, já te disse que não quero o seu dinheiro.

— Esse dinheiro eu estava guardando para comprar um carro, eu normalmente uso o carro do meu pai, mas sempre quis ter um meu, ser independente, sabe?

— Então... guarde esse dinheiro para isso, Henri.

— Linda, eu vou ser pai. Esse filho que está na sua barriga também é meu e eu tenho que me tornar responsável e esse é o meu primeiro passo. Por favor, aceite. É o que a Carol faria.

Linda pegou o saco contrariada.

— Vou guardar para a faculdade da criança.

— Faculdade? Mas já tá pensando nisso?

— É o que meu pai faria.

— Entendi. — respondi sorrindo.

Me levantei, dei um abraço em Linda e sai da casa dela, ainda estava irritado com a atitude do meu pai, mais uma, logo não queria voltar para casa então decidi ir para a casa da Carol, como eu ainda era Henri era fácil de subir pela parede e entrar pela janela e foi exatamente isso o que eu fiz.

— Oi Carol — disse eu entrando pela janela.

Carol estava sentada em sua cama lendo um exemplar do volume único de Senhor dos Anéis.

— Hey Hen.

Me sentei na cama ao lado de Carol e contei todo o ocorrido, desde meu pai ter tirado o dinheiro da minha conta até a sua tentativa de convencer Linda de abortar nosso filho.

— Um aborto resolveria o problema, mas não do jeito certo, eu não quero que essa criança morra.

— Concordo com você. Então meu melhor amigo vai ser pai mesmo?

— E você, dinda.

— Tá me convidando para ser madrinha?

— Não, eu estou deixando claro que isso vai acontecer.

Carol me abraçou. Ela estava chorando.

— E vejo que vai paparicar essa criança pra caralho.

Carol me deu um tapa no braço enquanto secava as lagrimas com a outra mão.

— Você para, tá? Você já pensou no nome da criança? Já falou disso com a Linda, meu deus, eu vou ser madrinha...

— Muito cedo para pensarmos nisso, não acha?

— Jamais, eu penso em nomes de filhos antes mesmo de ter. Vai! Me diz quais nomes você gosta...

— Ah, sei lá, gosto de Leon.

— Leon, é? E se for uma menina.

— Nah, vai ser um garoto.

— Como tem certeza?

— Porque eu quero um garoto ué...

— E se for uma garota?

— Não vai ser.

— E não vai seguir a linhagem de Henriques da sua família?

— Nem pensar! Quero que meu filho faça o que quiser da sua vida, sem um pai para tentar ditar o seu rumo. Inclusive, o dinheiro que dei para Linda será usado para pagar a faculdade da criança e será a que ele quiser.

— Você fez bem em entregar o dinheiro para ela.

— Também acho.

— Finalmente começou a ser responsável, hein?

— Obrigado? — perguntei ironicamente.

— Tô errada?

— Eu não sou um poço de responsabilidade, mas não é pra tanto também...

— Se você quer ser realmente responsável já sabe qual é a próxima coisa a fazer, não é?

— Sei sim e já pensei nisso. Vou voltar a trabalhar com o meu pai.

— Isso mesmo, estou surpresa...

— Não sei porque...

— Será que agora dura mais do que um dia?

— Vamos torcer que sim, não é mesmo? Já fico irritado só de imaginar ter que ouvir a voz dele novamente.

— Você não precisa.

Carol se levantou e pegou algo na gaveta da escrivaninha e colocou na minha mão. Era um pequeno mp3 da Sony, era prateado e surrado pelo tempo. Ao ve-lo, sorri.

— Até bateu uma nostalgia. — disse olhando para o objeto.

— Achei isso faz poucos dias.

— Você ainda fala com ele?

— Claro. Você deveria fazer o mesmo...

— Ele deixou claro que não queria falar mais comigo desde a coisa da Anne.

— Isso já faz bastante tempo, Hen. Você deveria ir falar com ele, aposto que ele também sente a sua falta.

— Me passa o endereço do novo colégio dele.

— Claro!

— Vou passar lá amanhã.

— Fico feliz em saber e sobre o trabalho, está nervoso?

— Pra caramba!

— Faz sexo que resolve.

— Caroline!

— O que? — me perguntou Carol sem entender.

— Isso é coisa que se diga.

— Você fala como se nunca tivesse feito...

— Faz tanto tempo que parece que nunca fiz mesmo...

— Ué, você tá namorando com a Dhébora, porque não faz com ela?

— Ah, nem tenho tempo...

— Henrique, você pode mentir pra qualquer pessoa, menos para mim. Me conta...

— Eu não sei...

— Não sabe o que?

— Fazer sexo com ela.

— Claro que sabe, você já fez isso milhões de vezes.

— Fiz como Henri, não como Renata e a Dhébora me disse que sexo entre mulheres é bem diferente do convencional.

— Ah, isso é verdade...

— Então, mas... ei! Peraí, como você sabe?

— Bem, eu já tive essa curiosidade e quando eu ainda namorava o Eduardo, eu falei com ele e ele deixou eu ver como era.

— Não acredito nisso, Carol. Você perdeu sua virgindade com uma garota por curiosidade? Sério isso?

— Não né, Hen. Claro que eu já tinha feito com o Edu antes.

— Como assim, meu deus? Carol você não pode fazer uma coisa dessas, eu preciso de ar...

Carol começou a rir.

— O que foi? — perguntei.

— Agora também tô torcendo que seu filho seja um menino...

Fui para a aula de terno novamente, o dia passou rápido e logo fui diretamente para o escritório do meu pai. Entrei direto para a sua sala, ele escrevia alguma coisa no computador, ao me ver, ele ajeitou os óculos e me olhou.

— Voltou então?

— Sim, senhor. Quero o meu trabalho de volta.

— Fico feliz em saber, Neto. — disse ele se levantando para vir me abraçar — e a situação com a tal garota? Foi totalmente resolvida?

Eu o parei.

— Senhor, não acho certo o senhor vir me abraçar no local de trabalho e nem fora dele e sobre a situação que eu chamo de meu filho, deixo claro que ele vai nascer o senhor querendo ou não.

— Que história é essa,Neto? Eu posso abraçar meu filho quando eu quiser.

— Quando você foi pedir para a Linda que abortasse, você acabou me abortando. Agora eu sou seu empregado sim, mas pode considerar que seu filho está morto pois eu não te considero mais meu pai.


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