Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 33
Capítulo 33 - Entre Princesas e Sapos


Notas iniciais do capítulo

WOW DEZ MIL ANOS, COMO É BOM ESTAR FORA DALI!

Ok, ninguém vai pegar essa referência, mas, sim, eu estou livre!

Esse perfil agora é todo meu e eu usarei ele como bem quiser, sem a interferência de NINGUÉM, nem o autor mais manda em mim MWHAUAHUAHAUHAUHAU

Mas vamos ao que interessa, não é mesmo? O capítulo está logo abaixo.

E sobre como eu sou, me imaginem como quiserem, o autor me imagina como esse carinha ali da foto, mas será que sou assim? Eu acho que sou como vocês me imaginarem.



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A manhã finalmente chegou e eu voltei a ser um homem, era estranho usar aquele terno como mulher, então acabava sendo um alivio voltar a ser Henri, não notei onde meus pés estavam me levando, apenas segui andando, só notei aonde estava quando a vi sentada na frente de sua casa fumando um cigarro, linda como sempre, ela usava uma camisola azul bebê e um casaco preto por cima, Dhébora.

Eu a olhei curioso, ela me olhou curiosa e foi ela mesma a primeira a falar.

— Na rua a essa hora? — me perguntou ela.

— Eu que te pergunto e fumando? — repliquei me aproximando.

— Ah cara, eu preciso relaxar... — disse Dhébora dando mais uma tragada.

— Sua namorada não vai gostar de te ver fumando…

— Ela não está aqui para ver... E aliás como você sabe que ela não gosta de cigarro?

— Ah… — oh droga, minha maldita boca que fala de mais — quem gosta né? Cigarro faz mal à saúde, você devia parar de fumar…

— Eu já parei, só fumo de vez em quando.

— Então não parou... Vai, você não precisa disso...

— Não preciso mesmo, eu preciso de outra coisa — respondeu Dhébora dando uma tragada profunda e sem querer usando isso como uma pausa dramática perfeita — mas minha namorada não quer me ajudar com isso...

— Tá a tanto assim? Não conversou com ela ainda? — perguntei já sabendo a resposta.

— Se ela não tivesse sumido eu até pensava em conversar com ela sobre o assunto. — completou Dhébora jogando o cigarro longe na calçada — Mas concordo com você, vou parar de fumar, quer cerveja?

— Tá aí uma droga que eu apoio: álcool.

— Acho que essas são as últimas — Dhébora me mostrou um engradado com poucas latinhas de Heineken ainda dentro.

— Você já bebeu tudo isso? — perguntei mais impressionado por ela estar tão sóbria do que com o fato de ela já ter bebido tanto.

— Teoria da branca de neve porque só beber uma se posso beber sete?

— E como você está tão sóbria?

— Oh, estou tão bêbada, Henri, é a sua chance! Me possua agora! Me tornei bissexual novamente, não quero mais saber de mulher, quero saber só de você, agora sou henrisexual! — disse Dhébora caindo na gargalhada.

— Cê tem problema né?

— Qual é, se diverte um pouco, relaxa, eu não vou te comer.

— E nem eu, você. — respondi em tom de réplica pegando uma lata de cerveja do engradado

— Nem queria mesmo... — me respondeu Dhébora rindo.

— A cerveja ou eu?

— Você, né! A cerveja não é uma questão de querer, é uma questão de necessidade. Ela é o amor da minha vida, sempre está lá quando preciso, dorme comigo e ao contrário de pessoas, eu adoro quando ela é fria comigo.

— OK, Dhé — respondi rindo — só estou com medo de um dia te pegar fazendo sexo com uma latinha.

— Prefiro mulher.

— Somos dois. — disse levantando minha latinha como se brindasse.

— Falando nisso, cadê aquele garanhão que tanto ouvir falar quando cheguei na cidade? Nunca te vi ficando com ninguém...

— É, parece que não sou mais o rei dos sapos...

— Rei dos sapos?

— Toda mulher diz que busca um príncipe encantado mas na verdade elas buscam um sapo para beijar e transformar em príncipe, saca?

— A necessidade adolescente feminina de namorar um bad boy... Ainda bem que eu passei rapidamente por essa fase. Cansei de sapos na minha vida, mas uma dúvida...

— O que?

— Se as mulheres heteros buscam um sapo, o que as lésbicas buscam?

— Uma princesa em perigo, assim como os homens.

— Hm...

— O que? Não concorda?

— Pelo contrário, me toquei que eu namoro uma princesa em perigo. Mas pelo jeito eu sou o dragão que quer comer ela.

Nós dois rimos.

— Mas porque o senhor Henrique não quer ser mais o rei dos sapos? — me perguntou Dhébora apontando o dedo indicador até encosta-lo no meu nariz.

— Não sei, perdi a vontade de ficar correndo atrás dessas garotinhas...

— Ou vai ver alguma princesa de sorte finalmente beijou esse sapo e ele virou um lindo príncipe...

Nos encaramos por um segundo e depois voltamos a rir, confesso que fiquei um pouco envergonhado. Ficamos em silêncio um instante enquanto tomávamos nossas cervejas, pensei em algo que já vinha pensando a um certo tempo e finalmente decidi perguntar.

— Dhé...

— Oi?

— Eu tenho uma pergunta pra você.

— Manda!

— Qual é o principal ato sexual das lésbicas?

— Como assim?

— Sim, tipo para os heterossexuais é... — Dhébora me olhou com cara de curiosa — fazer amor...

— Fazer amor? — perguntou ela não acreditando que eu falava isso, corei em resposta.

— Foder, em uma forma mais chula de se dizer, penetração pênis e vagina. Enquanto as lésbicas tem toda aquela coisa de beijar e chupar e preliminares e tal só que no sexo hetero isso leva a apenas um final obvio que é foder, para o que isso tudo leva no caso das lésbicas?

— E de onde você presumiu que nós lésbicas não fodemos?

— Fala sério, não tem como... Só se você tiver falando de pênis postiços o que até pode parecer divertido de se olhar, mas não é a mesma coisa que um de verdade né...

— Você está me zoando, né Henri? É óbvio que tem como...

— E como funciona então?

— Eu não vou ficar te dizendo como funciona sexo entre duas garotas, cara, que coisa mais pervertida!

— Não é pra interesse sexual, eu só quero entender.

— Entender pra que? Você nunca vai poder fazer...

— E se eu transar com duas garotas?

— Daí você pergunta pra elas, porque eu não vou dizer...

— Dheaba...

Dhébora deu um sorriso com um tanto de tensão.

— O que foi? — perguntei.

— Minha namorada me chama assim... Tô com saudades dela, a gente não se vê faz alguns dias...

— Saudades dela ou com vontade de fazer sexo?

— Eu to sim com vontade de fazer sexo, ok? Mas tô com saudades dela, muito maior do que a vontade de fazer sexo. Fazer sexo é bom, mas não tô namorando pra fazer sexo, tô namorando porque sinto algo especial por ela.

— Entendi.

— Bem, agora tenho que ir dormir, afinal daqui a poucas horas temos uma aula pra ir né?

— Nem sei se vou, ainda nem dormi. — respondi

— Ok. — disse Dhébora se levantando — Até mais, Henri

— Até mais, Dhébs.

Comecei a andar para ir embora

— Ei — chamou Dhébora, me virei para olhar — Posso admitir uma coisa?

— Claro!

— Você é uma pessoa muito legal, se você fosse mulher, eu já tinha te pegado de jeito.

Sorri.

— Eu sei...

— Eita, pessoa convencida, não devia ter dito isso...

— Relaxa, só não espalha porque sou tímido, ok? E nem fica pensando em ficar comigo agora, pois você tem namorada, ninguém quer que você traia ela né?

Dhébora riu.

— Com certeza, embora ela meio que peça que eu faça isso fugindo de mim do jeito que está fazendo. Mas vou me manter fiel sim.

— Faz bem. Tchau, Dhé, deveríamos fazer isso mais vezes.

— Concordo. É bom ter companhia para beber.

— Mas da próxima vez sem cigarros, ok?

— E com mais cervejas?

— Apoio totalmente.

Fui para casa, tomei um banho e me deitei, achei que iria dormir por uma semana, mas infelizmente isso não seria uma realidade, menos de uma hora depois o telefone tocou, fiquei na cama, mas parecia que só estava eu em casa então levantei para atende-lo.

— Alô — respondi como uma voz ainda sonolenta.

— Bom dia, aqui é do banco, gostaríamos de falar com o senhor Henrique por favor?

— Henrique Júnior ou Henrique Neto? — perguntei já querendo desligar o telefone.

— Júnior, mas acredito que estou falando com o Neto, correto?

— Sim, sou o filho dele.

— Então pode ser com o senhor mesmo. Só gostaríamos de confirmar que a transferência feita da sua conta para dele foi efetuada com sucesso, ele tinha feito o pedido por telefone ontem e como era no nosso horário de fechamento não tivemos a oportunidade de confirmar a transação.

— Perai, transferência?

— Sim, da sua conta para a dele.

— Não teria de ter a minha autorização para isso?

— As contas são vinculadas, a sua conta é condicionada a dele, por isso não é necessário a sua confirmação, senhor. A transferência foi indevida? Não foi o seu pai que fez?

— Foi sim, mas sem a minha permissão…

— Bem, senhor, nesse caso nós não podemos fazer nada.

— Não se preocupe, eu irei fazer, obrigado.

Desliguei o telefone e a raiva me tomou, todo o sono que eu tinha foi embora. Eu estava a mais ou menos cinco anos juntando esse dinheiro para poder comprar meu carro ou pelo menos uma moto, ter minha liberdade, mas meu pai sempre precisava tentar me trancar, me barrar. Essa era a forma que ele tinha de tentar me manter no trabalho com ele, tirando todo o meu dinheiro e tentando fazer disso uma condição para trabalhar com ele naquele escritório de merda, se ele pensa que isso fará eu voltar a trabalhar lá, ele está muito enganado.

O resto da minha manhã passei sentado no sofá que ficava de frente para a porta de entrada de casa, apenas esperando meu pai chegar para o almoço, na minha cabeça ficava tocando infinitamente We’re Not Gonna Take It do Twisted Sister enquanto eu planejava milhões de vezes o implanejável, como seria a conversa com meu pai, o que eu falaria, o que ele responderia e como terminaria. Me imaginei mil vezes saindo de casa, mil formas disso acabar, com ele pedindo perdão e para eu ficar, com ele não ligando, com eu o perdoando e ficando, com eu indo embora sem olhar para trás, comigo tendo uma vida boa e sozinho, comigo virando mendigo, tudo passou pela minha cabeça, até que o trinco da porta girou, meus olhos arregalaram e meu coração acelerou, com seu terno sempre bem alinhado meu pai entrou na sala, largou sua pasta em cima do outro sofá e me olhou.

— Oi filho. — seu olhar parecia preocupado e o meu era obstinado.

— Porque você tirou todo dinheiro da minha conta? — perguntei antes de qualquer coisa.

— Hm, você já descobriu, eu preferia que eu tivesse vindo falar isso com você.

— Porque você acha que pode controlar a minha vida?

— Eu não quero controlar a sua vida.

— Quer sim!

— Deixa eu lhe contar uma coisa, Neto. Quando eu tinha a sua idade, eu também tinha uma namoradinha de escola, nós passavámos mais tempo no quarto do que qualquer outra coisa…

— Eu não quero que você me conte essas coisas sobre você e a mamãe, por favor, que nojo…

— Calma, escute. Um dia essa namorada ficou grávida e eu era muito novo, muito irresponsável, se eu tivesse um filho despreparado do jeito que eu era, eu nunca conseguiria ter a vida que eu tive, eu precisaria trabalhar e estudar ao mesmo tempo, o que faria eu ir mal nos estudos e tudo mais, mas era o necessário.

— Não adianta você fazer isso, pai. Eu não vou voltar a trabalhar com você só porque você tirou meu dinheiro, eu vou dar um jeito diferente. Não adianta você me contar histórias de como eu nasci ou como você teve que se virar para me criar.

— Eu não estou falando de você. Essa garota que eu falo não é a sua mãe. Eu namorei com a sua mãe na faculdade, essa gravidez aconteceu quando eu estava no colegial ainda.

— O que? Você está me dizendo que eu tenho um irmão por aí que eu nem conheço?!

— Não, Neto. A garota abortou o filho e nós seguimos nossas vidas. Se eu tivesse tido aquela criança, provavelmente hoje eu seria mais um fracassado na vida, pois não estava pronto para ter um filho. Eu não tirei o dinheiro da sua conta para que você voltasse a trabalhar comigo, você virá quando se sentir preparado, eu tirei o dinheiro da sua conta para entregar para a garota que você engravidou e aconselha-la a fazer o mesmo.

— Ela vai abortar? — perguntei desesperado.

— Bem, ela aceitou o dinheiro. — confirmou meu pai.

Me levantei e sai correndo de casa.


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