Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 22
Capítulo 22 - Senhorita




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Voltei para a sala para encontrar Dhébora após aquela conversa estranha com a sua mãe e sabe quando você encontra o dono da casa e você consegue notar isso no mesmo instante? Alguém imponente com pose quase que de realeza e com um olhar de quem te julga com um ser realmente inferior? Então foi isso mesmo que aconteceu.

Sentada no colo da Dhébora, uma gata com olhos azuis bem claros, pelo preto bem escuro, era magra e parecia inteligente, o que era bem estranho de se pensar de um animal que mal se conhece. Ela olhava para mim com um olhar de quem me analisava, notei que era a gata quem mandava na casa e que eu para ser bem aceito ali deveria agrada-la.

Devo deixar claro que eu prefiro cães, mas tem uma frase sobre cães e gatos que eu acho que é muito adequada para a situação:

“Você limpa as sujeiras, dá carinho e comida para o cachorro e ele pensa:

— Nossa, ele me trata tão bem, ele deve ser um tipo de deus.

Você limpa as sujeiras, dá carinho e comida para um gato e ele pensa:

— Nossa, ele me trata tão bem, devo ser um tipo de deus para ele.”

No caso, em menos de cinco segundos já consegui notar que a gata era o deus da casa e eu deveria escolher se seria um súdito ou um herege.

— Olha quem veio nos visitar, Maggie… — disse Dhébora olhando pra gata que olhava para ela e depois para mim, Dhébora olhou para mim sorrindo — Vem aqui… — eu me aproximei — Maggie, esse é o Henrique, ele veio aqui em casa fazer o trabalho do colégio comigo, Henri essa é a Lady Margareth, mas nós chamamos ela de Maggie.

A gata me olhava interessada enquanto que eu tinha que pensar em alguma forma de conquistar essa gata embora nem imaginasse como faria isso, eu sei conquistar garotas, não animais. Aproximei minha mão da patinha dela e a segurei como se a cumprimentasse.

— É um prazer conhece-la, senhorita Margareth. — Ela miou para mim e continuo me olhando atenta.

— Parece que ela gostou de você… — disse Dhébora.

— Mas ela só miou…

— Normalmente ela arranha as pessoas ou coisas do tipo, ela é meio temperamental, né Maggiezinha? — disse Dhébora dando beijinhos na gata que fechou os olhos de forma a dizer que estava gostando dos carinhos.

Começamos a fazer o trabalho, até que Joana D’Arc foi alguém legal, fiz o trabalho inteiro com a Maggie no meu colo, ela realmente gostou de mim e eu gostei dela e olha que eu sou um cara que prefere cachorros.

— Porque você não quis fazer esse trabalho com a Carol? - perguntou Dhébora para mim, enquanto eu copiava um pedaço do artigo do Wikipédia.

Eu suspirei enquanto fazia carinho na barriga de Maggie que estava totalmente rendida no meu colo.

— Poderia dizer que foi porque ela faltou no dia, mas a verdade é que brigamos, brigamos feio, ela está tendo alguns problemas foda atualmente…

— Imagino…

— Imagina?

— Se lembra da Renata que eu te falei? — Assenti que sim com a cabeça — Ela também brigou com ela, é uma droga com certeza, mas quem se dá pior nisso tudo é a própria Caroline, pois ela brigou com todos os seus amigos, só vi vocês dois andando com ela…A Re ficou arrasada com isso, eu passei uma noite inteira consolando ela.

— Noite inteira, é? — disse fazendo olhares maliciosos, mas sabendo exatamente do que se trata, era estranho eu tinha que representar o papel de Henri sendo ele mesmo, afinal Henri não sabia da noite em que Dhébora e Renata passaram juntas e era exatamente isso que eu faria se soubesse.

— Para, Henri. Como você é bobo…

— Você está interessada nessa menina, não está?

Dhébora ficou em silêncio por um segundo sem saber o que falar quando sua mãe passou e respondeu:

— Está, mas não deveria.

— Mãe!

— Como assim? — perguntei curioso embora de certa forma já tivesse entendido.

— Da última vez que conversei com a Renata, ela me disse para eu esquece-la, seguir minha vida e tal.

— E é o que deveria fazer, você não concorda, Henrique? Se uma garota deixa claro que não quer nada com você, você não desistiria dela no mesmo instante e partiria para outra? — me perguntou a mãe da Dhébora, Dhébora me olhou rindo e ei fiquei um instante sem saber o que dizer.

— Claro, claro — respondi sem jeito, acho que a única que não sabia que não era bem assim era a mãe da Dhébora.

— Viu, Dhédhé? Você tem que se valorizar, a Renata é um amor, eu adorei ela, mas se ela não quer nada com você, você devia de seguir em frente, não teve uma menina que te chamou pra ir em uma festa, você deveria ir…

— Ai mãe, será? Eu não sinto vontade de ficar com ninguém nesse momento.

— Se você não sente vontade, não deveria ficar né? — retruquei calmo por fora e nervoso por dentro, como assim a mãe da Dhébora já queria enfiar ela no meio do par de coxas de outra menina, isso não tava certo.

— Não ouve o Henrique que ele não sabe de nada — disse a mãe da Dhébora dando um tapa no ar e logo em seguida me fazendo uma cara de “me ajuda aqui, poxa vida”, acho que depois ela se lembrou que eu gostava da Dhébora e achou que fosse por esse motivo que eu não queria que ela não ficasse com a tal menina — Faz assim, marca com a menina e sai só para se divertir, não precisa ter nada com ela.

— Não sei, mãe…Não tenho certeza que quero até sair, festas são tão barulhentas e algumas são um saco.

— Ou você marca ou está de castigo…

— O que?! Eu que não vou ficar vendo minha filha ficando toda mimizenta por uma menina que não sabe o que quer da vida. E então, como vai ser? Festa ou castigo?

— Ok, mãe… — disse Dhébora pegando o celular para mandar uma mensagem, eu apenas observava estático.

— Boa menina… Agora tenho que ir embora, o trabalho me espera. — disse a mãe da Dhébora dando um beijo na sua testa e vindo me dar beijos nas bochechas — Foi um prazer te conhecer, Henrique. Lembre-se da nossa conversa.

A mãe da Dhébora saiu e deixou apenas nós dois na sala.

— Sua mãe é legal… — afirmei olhando a porta fechar.

— Ela é demais. Ela me criou sozinha, sabe… sou muito grata a ela por causa disso...

— E o seu pai? — perguntei meio que automaticamente, só notei depois que talvez não devesse ter perguntado, mas parece que ela não se importava em falar.

— Nunca foi presente, cheguei a conhece-lo, mas nunca tive interesse em me aproximar mais e pelo jeito, ele também não. Ele nunca pagou nem pensão para minha mãe, mas foi porque ela não quis, ela me criou sozinha e arcou com todas as contas por escolha própria, não queria depender de ninguém, tenho certeza que foi difícil pra ela, quando eu era pequena nós eramos bem pobres, as vezes ela até deixava de comer para que eu comesse, é uma mulher muito forte, por mais que sejamos mãe e filha, ainda assim somos mais que mãe e filha, não sei se você me entende, mas não saberia viver sem ela.

Eu sorri, Dhébora sorriu para mim curiosa.

— O que foi? — ela me perguntou.

— Nada — respondi ainda sorrindo — só achei bonito. Hm, Dhé qual é a festa que você vai com a tal menina?

— É uma que vai ter nessa quinta, naquele barzinho que tem duas ruas acima daqui de casa, sabe qual é?

— Sei, sim… — disse pegando o celular que tinha o número da Renata.

— Porque? Você vai?

— Não, não, só queria saber mesmo. Não saio muito a noite.

Enquanto falava com a Dhébora, mandava uma mensagem para o carinha de óculos, o intimando para ir nessa festa comigo, queria ver quem era essa tal que ia sair com a Dhébora. Terminamos o trabalho e chegou a hora que eu tinha de ir embora, se eu demorasse mais ficaria de noite e eu me transformaria em Renata.

— Gostei de passar essa tarde com você, Henri…

— Eu também curti.

— Gostaria que pudéssemos ser mais amigos, quando você não está me paquerando, é um cara legal.

— Obrigado, eu acho… — disse rindo, Maggie passou pela minha perna se esfregando, Dhébora olhou surpresa, me abaixei e fiz um carinho nela.

— Parece que ela realmente gostou de você, essa é a forma dela dizer tchau e olá para quem ela gosta…

— Até mais, milady — disse fazendo carinho na gata que miava com o meu carinho.

Sai da casa da Dhébora e olhei o celular, o carinha de óculos tinha aceitado o convite, agora era só esperar a festa chegar, quer dizer, antes eu teria muito o que fazer...


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