Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 18
Capítulo 18 - Um brilho que nunca vai embora


Notas iniciais do capítulo

Hoje recebi uma recomendação da Andressa! Muito obrigado, Andressa! Recomendação é o atestado de que você está fazendo um bom trabalho e me sinto realizado quando uma chega.

Obrigado



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Brigas são uma merda, não importa a situação são sempre uma merda. Eu já vi uma daquelas imagens em preto e branco de meninas mal comidas com uma frase tipo assim “porque só as pessoas que nós amamos nos machucam?”, eu acho isso uma besteira óbvia, que apenas essas meninas mal comidas e bobas não conseguem entender.

Somente as pessoas que nós amamos podem nos machucar. Se você não o ama e ele tentar te machucar, não terá efeito algum, pois só amando alguém é que damos o espaço necessário para que ele possa nos machucar. Um estranho nunca irá lhe fazer um grande estrago, mas uma pessoa que marcou a sua vida de verdade, pode fazer uma ferida que dure para sempre. É verdade, eu posso garantir.

Claro que isso é uma via de duas mãos, brigar com um amigo é como lhe atirar um carvão em brasa, você pode até o acerta-lo mas sempre se queimará primeiro. Os dois saem machucados, como eu falei no começo, é uma merda.

Eu entendo que a Carol estava com problemas com o seu namorado, independente de qual o nome ele tenha e sinceramente, não me julguem por não lembrar, eu já falei o nome dele aqui na historia, você se lembra? Eu aposto que não... mas aquela foi a pior hora possível que a Carol podia escolher para brigar comigo, eu não entendi isso na hora mas essa coisa de hormônios é muito complicada, tipo realmente muito complicada mesmo, eu estava bem mais sensível do que de costume, me sentia gorda, com uma dor desgraçada nas costas e uma vontade louca de chorar, choraria por qualquer coisa naquela noite e Carol me deu um motivo mais que suficiente para chorar, mas essa não era a única besteira que eu faria naquela noite, eu não podia me contentar em passar a noite chorando, eu tinha que chamar alguém para ficar comigo, alguém para eu soltar toda minha carência, alguém que eu sabia que ia dar merda se eu encontrasse e como vocês verão, realmente deu.

Sai da casa da Carol ainda chorando e peguei o celular, digitei os números para ligar para alguém e coloquei o telefone no ouvido. Estava ligando para Dhébora.

— Alô, posso te ver? — disse eu nem esperando a resposta dela para o meu alô.

— Alô… — ela parecia sonolenta, será que eu a acordei? — Re? O que houve?

— Acabei de brigar com a minha melhor amiga, uma briga muito, muito feia…

— Tá tudo bem com você?

— Eu tô muito sensível para ficar sozinha, eu preciso de alguém… — confessei chorando.

— Calma, calma, vai ficar tudo bem, certo? Quer que eu fique com você? É só me dizer que sim que a gente se encontra agora mesmo, ok?

— Ok, onde você está?

— Em casa.

— Tudo bem, estou indo para aí.

Cheguei na casa da Dhébora rapidamente, fiquei feliz de ela não me perguntar como eu sabia o endereço, ela estava me esperando na porta, foi uma situação engraçada, se fosse antes de eu me tornar Renata, eu não notaria, mas agora era fácil, Dhébora tinha realmente acordado a pouco e correu para se arrumar, provavelmente não deu tempo de fazer muita coisa, ela se maquiou meio por cima e prendeu o cabelo com um coque porque não deu tempo de fazer mais que isso, nem a roupa pelo jeito deu tempo de mudar, admito que saber que ela correu para se arrumar para me ver me fez dar um sorriso bobo, será que ela gostava de mim de verdade como dizia? Dhébora estava usando um suéter branco bem solto que ficava muito fofo nela, mas parecia o tipo de roupa que se usa em casa, conseguia ver a ponta do short jeans que ela usava que era quase todo coberto pelo suéter longo.

Ela me viu chegando com o rosto molhado e já fez uma cara de triste, eu ainda estava chorando e não tinha como esconder isso, acho que eu passaria essa noite inteira chorando. Quando eu me aproximei dela, ela me abraçou apertado, meu coração saltou, ela me abraçava de um jeito que me faria nunca querer solta-la, eu não sei se existia um concurso de melhores abraços do mundo, mas se existisse com toda certeza a Dhébora venceria.

— Você está bem? — ela me perguntou.

— Não… — disse eu voltando a chorar, lembram que eu disse que choraria por qualquer coisa? Então…

— Calma… calma… você quer entrar?

— Não, por favor. Vamos para algum lugar longe de tudo…

— Para onde vamos?

— Não sei, Dhé, me leve para qualquer lugar, me leve para onde você quiser, eu só quero me afastar de tudo. Me leve pra qualquer lugar, eu não me importo, sério, não me importo.

— Vou te levar para o motel então… — disse ela rindo para mim.

— Não brinca comigo agora — disse eu voltando a chorar e abraçando a Dhébora, se algum de vocês tinha dúvidas de que a Dhébora realmente estava apaixonada pela Renata, hoje vocês as perdem, somente uma pessoa muito apaixonada me aguentaria naquela noite.

— Ok, ok… já sei onde vamos...

— Me conta… — falei ainda abraçada nela.

— Você vai ver...

— Não, Dhé, me conta — disse eu manhosamente.

— Sobe na moto — ela me disse apontando para a moto ali perto.

— Me diz para onde vamos…

— Para um lugar especial onde você vai esquecer disso tudo…

Ela subiu na moto e eu subi logo em seguida, segurei ela pela cintura e saímos, dei um beijinho nas costas dela logo em seguida colocando minha cabeça no mesmo lugar, me sentia protegida ao lado da Dhébora, ela me protegia de tudo.

Dhébora me levou até uma estação de trem abandonada que tinha um pouco ao longe da nossa cidade, não tinha uma alma viva pela volta, afinal era um local abandonado e era de madrugada, normalmente eu acharia isso perigoso, mas eu estava com a Dhébora ao meu lado, nós paramos perto dos trilhos e ela me puxou para deitarmos lá, eu fiz o que ela fez e nos deitamos nos trilhos do trem uma ao lado da outra para vermos as estrelas, eu a abracei, não queria soltar, enquanto ela fazia carinho nos meus cabelos.

— Tem certeza que não tem mais nenhum trem andando por aqui?

— Sim, Re, absoluta — me respondeu ela sorrindo.

— Não quero morrer atropelada por um trem não…

— Se eu morresse ao seu lado eu ficaria feliz, não teria jeito mais divino de morrer…

— Ai, credo, Dhébora…

Ela riu e logo em seguida me perguntou:

— O que aconteceu, Rezinha? Me conta porque está tão triste...

— Eu briguei com a minha melhor amiga…

— A Carol né? Eu a conheço, ela estuda na mesma sala que eu…

— Sim. Ela me chamou de egoísta, disse que eu só penso em mim mesma, que eu não me importo com ninguém além de mim — não conseguia nem falar direito e engasgava no meio do choro.

— Calma… calma… — disse ela me fazendo carinho no cabelo.

— Obrigada por ficar comigo…

— Acho que você não acreditou quando eu disse que te amo né? Eu jamais te deixarei sozinha quando você estiver triste.

Volto a chorar e a abraço apertado.

— Eu vou ficar aqui com você, ok? Eu sei que tá tudo um caos agora, você está num momento sensível, TPM é foda...

— Como você sabe? — perguntei para ela.

— Eu sou mulher também, Re… dá pra notar essas coisas. Me abraça forte e esquece o caos que foi seu dia, ok? Só vamos ficar juntas e olhar as estrelas…

— Obrigada… eu não sei como estaria se agora não tivesse você aqui…

— A Carol é sua única amiga?

— Sim…

— Não pode ser assim, Re. Eu sei que é bom ter alguém para contar em tudo, mas quando você só tem um amigo, quando acontece esse tipo de coisa, você fica como está agora…

— Eu sei… — disse eu voltando a chorar — mas é que as pessoas são tão falsas, elas só querem usar umas as outras, eu tenho medo… medo de ser usada como já fui antes...

— Ai ai... a sua solidão me dói na alma, vou fazer isso passar, ok? — eu assenti com a cabeça, admito que estava muito vulnerável e não sei se propositalmente ou não, mas a Dhébora sabia tirar o máximo disso de mim, ela se sentou e colocou a minha cabeça no seu colo enquanto fazia carinho nos meus cabelos, eu olhei para ela, enquanto ela sorria docemente para mim.

— Cuida de mim, mesmo que eu beire a loucura… fica do meu lado mesmo que eu pareça uma doida varrida.

— Cuido… Cuido e amo mesmo que você fique uma maluca total, porque eu já sou maluca por você — disse ela beijando a minha testa.

— Seus olhos… eles tem um brilho… um brilho tão lindo e que nunca vai embora… — disse olhando para olhos da Dhébora.

— Na verdade ele vai sim, ele vai embora quando você também vai, mas sempre volta a brilhar quando eu te vejo novamente. É automático…

— Você realmente está apaixonada por mim, não é? Você quer realmente cuidar de mim, não é? Eu nunca tive isso e admito que sempre quis… eu sempre quis alguém do meu lado…

— Você nunca namorou, Re?

— É difícil explicar…

— É difícil ou você não quer falar sobre isso?

— Um pouco dos dois... fica comigo, você me quer e eu sei que eu me faço de durona, mas eu também te quero e você sabe disso, eu também estou apaixonado por você e a mais tempo do que você imagina, eu só não queria admitir para você… não queria admitir para mim mesmo, eu não consigo mais parar de pensar em você, eu penso o tempo inteiro, eu me acostumei tanto a pensar em você que quando não penso parece que esqueci alguma coisa em casa, eu não posso continuar mentindo que sinto isso, eu mentia porque eu pegava quem eu queria e não conseguia aceitar que alguém me dissesse um não sequer e você disse... eu não podia aceitar isso eu tinha um orgulho a zelar, isso confundiu tanto a minha cabeça...

— O que? Quando isso aconteceu?

— Ahn? Não… esquece isso…

— Não, me explica.

— Por favor, esquece ou eu vou acabar voltando a chorar — eu realmente ia.

— Tudo bem, relaxa...

A gente ficou as duas quietas por alguns instantes, uma olhando para os olhos da outra.

— Dhé..

— Oi, Re.

— Me beija.


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