Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 17
Capítulo 17 - Tensões




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Quando vi aquela mancha na minha calça, e depois de acabar de gritar feito uma mulherzinha obviamente, corri para a casa da Carol, só ela poderia me ajudar, pois era algo que nem eu e pelo jeito nem ela tínhamos pensado nas nossas conversas sobre como ser mulher, menstruação.

Isso é nojento, bem nojento na minha opinião, mas menstruei sem estar usando absorvente. Eca...

Entrei em pânico com isso, imagina se a Dhébora me visse assim, o que ela iria pensar? Essa ideia na minha cabeça foi logo substituída pela dor imensa que eu sentia no meu abdomem, chegou a um ponto que eu me ajoelhei, a dor era comparável a como se tivessem chutado as minhas bolas duas vezes e depois tivessem dado dez socos na minha barriga, era insuportável, se essa era a dor que as mulheres sentiam todo mês, não fazia sentido algum elas serem chamadas de sexo frágil, eu não era macho suficiente para aguentar aquilo, ninguém deveria de ser.

Corri para a casa da Carol desesperada, aquilo era muito diferente do que eu estava acostumada, ainda não era tarde o suficiente então entrei rapidamente para o quarto dela, pela porta da frente mesmo, já tinha até a chave da casa, nem precisei pular pela janela ou algo do tipo, só fazia isso quando era muito de madrugada, os pais dela adoravam a Renata, ao contrário do ódio que sentiam pelo Henrique.

Quando cheguei, Carol estava mexendo no computador, ela estava com o cabelo preso com um rabo de cavalo, usava uma camiseta larga branca que parecia ter sido pintada a mão com tinta guache, obviamente não era, ela usava um short que mal dava para ver pois era coberto pela camiseta, parecia preocupada, eu nem imaginava com o que.

— Carol, preciso de ajuda… — disse eu desesperada entrando no quarto da minha melhor amiga.

Carol estava vidrada no computador, ela não estava mexendo nele mas ficava olhando para a tela como se esperasse alguma coisa.

— O que houve, Henri? — me perguntou Carol sem nem olhar para mim.

— Eu tô sangrando… por aquele lugar…

— Tem absorvente naquele armário ali — disse Carol apontando para um dos seus armários, ela nem se levantou para me ajudar. Eu abri o armário e peguei um pacote, quando abri tinha uma coisa de plástico estranho, eu realmente não imaginava como funcionava aquilo.

— Hm… Carol… como se coloca isso?

Carol se levantou e impaciente veio me mostrar, ela puxou aquele troço estranho do plástico, colou em uma calcinha, prendeu umas abas e me entregou, voltando logo em seguida para se sentar na frente do PC. Eu fui até o banheiro, troquei de calcinha e de calça para não ficar com aquela manchada e voltei para o quarto da Carol.

— Isso não é estranho? TIpo para eu ter a menstruação eu não teria que ter a tal da TPM antes? — disse eu sem entender nada, até chegar a conclusão óbvia — Ah não ser que a TPM seja como sempre eu imaginei uma mentira das mulheres para elas apenas terem um tempo onde podem fazer tudo que quiserem sem ter a chance de os homens se intrometerem.

Eu confesso, eu tenho medo de mulheres na TPM, é uma das poucas coisas que tenho medo na vida, a principal coisa que tenho medo são pessoas loucas, como lido mais com mulheres, as garotas malucas são um nicho pior ainda das pessoas loucas e a sintese das garotas malucas são mulheres na TPM.

— Nem sempre a TPM vem antes da menstruação, talvez você esteja na TPM, agora, talvez fique depois…

— Mas é tensão PRÉ-menstrual…Quer dizer que eu posso começar a sentir coisas diferentes agora? Eu tô sentindo uma dor na barriga estranha como se tivessem me espancado com um taco de beisebol, será que é isso? Eu me sinto diferente… como se algo estivesse mundando em mim… ai meu deus...

Quando olhei Carol estava na frente do computador totalmente vidrada na tela, não prestando atenção alguma no que eu falava.

— Mulheres não são uma coisa precisa, Henrique. Agora que você é uma você devia de se acostumar com essa ideia.

— O que foi que você nem tá falando comigo direito? Tá olhando esse computador como se fosse a monalisa...

— Meu namorado anda bastante distante, falta pouco tempo para ele viajar para cá, mas parece que ele não tem mais interesse, mal fala comigo, está tudo muito estranho…

— Não deve ser nada, Carol. Mas me ajuda por favor, eu to realmente preocupada com essa coisa de TPM.

— Eu tenho que resolver isso, Henrique, tô esperando ele me responder…

— Não deve ser nada, Carol, já disse, nem se estressa com isso, me ajuda, é importante.

— “Não deve ser nada”... Porque para você só as suas coisas são importantes? Porque os problemas de qualquer outra pessoa são tão menores do que os seus, hein Henrique?

— O que? — fiquei sem entender aquela reclamação repentina

— É! Isso mesmo! Sabe, eu estive sempre ao seu lado e te ajudei com o que fosse que você precisasse! Mas eu preciso de você apenas uma vez! UMA ÚNICA VEZ, HENRIQUE! E obviamente, eu não posso contar, porque você é um egocentrista do caralho que só pensa em você mesmo, grande amigo que eu tenho, grande amigo. — disse Carol se levantando e andando para um lado e para o outro bastante nervosa, seus braços cruzados com as unhas apertando forte os próprios braços.

Eu comecei a chorar.

— Do que você está falando, Carol?

— Do que? Quer uma lista de vezes que você precisou de mim e eu estava do seu lado? Com toda essa história da Dhébora, agora que você tem que se tornar mulher toda noite, quando teve o problema da Anne.

— Não ouse…

— Porque? Não quer que eu fale sobre isso? Eu falo sobre o que eu quiser falar, você não vai ouvir mesmo, não é? Eu estava do seu lado quando você ficou em um ciclo vicioso de tristeza e decepção, quando foi envolvido por um jogo malicioso e quebraram o seu coração, mas eu nunca posso contar com você agora, porque eu perdi meu amigo para uma ideia narcisista que ele criou de si mesmo como se ele fosse o centro do universo, em um lugar onde todos são obrigados a fazer o que ele quer, você falou tão mal dela, mas se tornou algo como ela, Henrique.

— Eu te ouço, Carol.

— Qual o nome do meu namorado?

— O que? — não estava entendendo nada daquela conversa.

— Você não me ouve? Então me diz, qual o nome do meu namorado? Me diz aí, Henrique!

— Eu não lembro, Caroline — eu já estava chorando sem parar.

— Claro que você não se lembra, pois você nunca lembra de nada que não seja totalmente ligado a você, pois você é a pessoa mais egoísta que eu conheço, nem sei porque somos amigos ainda...

— Você está sendo muito injusta comigo… Muito…

— Todos são sempre muito injustos com você, porque para você tudo tem que ser direcionado para você, se o mundo não conspira ao seu favor estão sendo injustos com você. O mundo foi tão injusto que você ganhou uma chance de conquistar uma lésbica da qual como homem você nunca conseguiria, mas daí o que você faz? Você não aceita! Pois seria muito injusto com o principezinho, que está com o ego tão inflado que não aceita a ideia de que não é possível para ele converter uma lésbica. Uma lésbica, ela gosta de garotas, é óbvio que ela nunca vai ficar com você, porque ela gosta da mesma coisa que você, então para de achar que a vida é um mar de rosas, porque se a vida é um mar de rosas, você foi um dos únicos que não caiu nos espinhos

A dor no estômago voltou, me ajoelhei de tanta dor que sentia e agora chorava com a briga e por causa da dor.

— Quer saber Henrique, vai embora, por favor… — completou ela apontando pra mim a porta.

O pai da Carol entrou no quarto assustado:

— Aquele crápula está aqui? Ouvi você gritando o nome dele, Carol… O que houve aqui? — perguntou ele vendo que eu estava chorando, o pai da Carol veio com um pedaço de madeira na mão, usando um roupão azul surrado e duas pantufas, parece que tinha acordado com os barulhos e veio correndo para o quarto de sua filha.

— Nada, senhor. Acho melhor eu ir embora…

Sai da casa da Carol ainda chorando e peguei o celular, digitei os números e coloquei ele no ouvido.

— Alô, posso te ver? Acabei de brigar com a minha melhor amiga, uma briga muito feia, eu tô muito sensível para ficar sozinha, eu preciso de alguém… — confessei chorando. — Ok, onde você está?... Tudo bem, estou indo para aí.


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