Não Leia Essa História escrita por Just a Teller


Capítulo 14
Capítulo 14 - A festa




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Não existe trono sem rei, mas o momento que um rei sai não é o momento que outro entra em seu lugar, quando um rei é deposto ou sai do seu cargo por vontade as pessoas querem ser os novos reis, mas demora bastante tempo para que as pessoas o respeitem como nova autoridade e ele tem que provar para todos que ele é o rei absoluto.

O que isso tem haver com a minha história? Calma… vocês são muito apressados, sabiam?

Depois que me tornei Renata, eu perdi muito do meu tempo livre, acabei me focando em várias coisas diferentes e isso me tirou do posto de pegador da escola, eu era um rei dos sapos entrando em aposentadoria, muitos queriam tomar meu lugar, não era uma tarefa fácil e não importava quem tentasse, com toda certeza, não me substituiria a altura.

Mas desses candidatos havia um que se destacava, não por ser um com potencial para ser tão foda quanto eu, mas por ser a escrotidão em pessoa. Seu nome? Juan, ele era meu fã, mas não aprendeu nada vendo como eu fazia, sua estratégia era bem diferente da minha, enquanto eu conhecia as meninas, era um cara inteligente e carismático, Juan as tratava como lixo.

Ele era um cara bonito e com bastante grana, isso acabava atraindo aquelas garotas vazias que realmente não se vale a pena nem trocar uma palavra pois não irão acrescentar nada na sua vida.

Juan era um negro de mais ou menos um metro e oitenta e cinco, bombado de academia, metido a jogador de futebol e idiota, não estudava muito, não entendia nada sobre mulheres e apenas conseguia muitas por poder oferecer coisas caras para elas basicamente em troca de sexo, eu acho incrível as vezes como existem garotas que se prostituem por coisas, afinal não existe só a prostituição direta, você sair com um cara porque ele tem um carro legal ou porque ele vai te dar alguma coisa também é uma forma de prostituíção.

Juan se aproveitava disso para conseguir conquistar algumas meninas, mesmo sendo grosso e as tratando como se fosse cocô. Sua filosofia de vida era que mulheres servem apenas para quatro coisas: cozinhar, limpar, fazer sexo e lhe apresentar as suas amigas e familiares para que você possa fazer sexo com elas também.

Detestável, não? Eu nunca me dei bem com ele, o jeito que ele tratava as coisas não era nenhum pouco do meu agrado e quando algo não me agrada eu simplesmente me afasto, muitas vezes ele tentou ser meu amigo, afinal daria um bom status para ele andar ao meu lado, mas ele pode conseguir conquistar garotas com o seu dinheiro, eu não.

Naquele dia, Juan veio falar comigo, algo que eu não estava nenhum pouco afim de fazer, para falar sobre algo que eu realmente não iria querer falar nenhum pouco.

No dia, Carol não havia ido a aula, pois estava vendo as roupas que eu e ela usaríamos na festa de noite, ela se animava bastante com coisas que eu não ligava nenhum pouco. Dhébora estava muito ocupada tentando resolver suas tretas com Linda, então passei o intervalo sozinho ouvindo música, até Juan vir me encher o saco.

— Henri — disse ele se aproximando.

— Oi, Juan, o que você quer?

— Então, aquela sua amiga, a loirinha baixinha…

— A Carol, ela tem nome.

— Tanto faz, ela tá solteira?

— Não, está namorando…

— E você não pode desenrolar ela para mim?

— Você ouviu o que eu disse? Ela tem namorado.

— Então, não pode desenrolar?

— Desenrolar?

— É, tirar o cara da jogada…

— Juan… ai ai… Juan, não, eu não posso.

— Porque cara? Você tem que ajudar os bros!

— Em primeiro lugar, você não é meu bro, não é nem meu amigo, em segundo, como eu disse ela tem namorado, terceiro, ela gosta de caras que exercitam outras coisas além do bíceps — respondi apontando para a cabeça — ,ela não iria querer nada com você, assim como eu não iria querer te ajudar de forma alguma.

Ele me olhou com cara feia e saiu da sala, voltei a colocar meu fone e a fazer a minha Air Guitar ao som de “You Could Be Mine” do Guns.

Mais tarde, fui até a casa da Carol, onde ela nos arrumaria para a festa de hoje a noite quando cheguei lá vi que ela havia me escondido algo sobre a tal festa, ela era a fantasia.

Mal entrei e vi Carol com uma peruca de cabelo castanho escuro, com maquiagem forte nos olhos e uma roupa larga de tia velha preta, ela me empurrou uma blusa rosa e uma saia marrom na cara para que eu botasse logo e então me jogou uma peruca ruiva para por também. Minha fantasia? Bem, ela fazia dupla com a da Carol, as duas de O Clube dos Cinco, filme de John Hughes dos anos oitenta.

Ela escolheu esse filme de propósito, ela sabia muito bem que eu era apaixonado por esse filme, era uma forma de me compensar por ir obrigado a uma festa a fantasia.

Eu era a personagem de Molly Ringwald, a Claire e Carol era a personagem de Ally Sheedy, a Allison, confesso que teria ficado muito mais animado se eu pudesse me fantasiar de John Bender, se você não conhece esse filme, pelo amor de deus, para de ler agora e vá ver Clube dos Cinco.

Fomos a festa, admito que eu não queria estar lá não, você pode achar estranho, mas eu não curtia festas, eu gosto de conversar, tenho muita lábia, e com música alta, eu perco muito do meu charme em lugares como esses, tudo bem, as músicas daquela festa eram boas, mas não era o meu estilo, e tem uma outra coisa, mas por favor guardem segredo sobre isso, ok?

Prontos? Bem, eu não sei dançar… é, tenho dois pés esquerdos, é um dos meus poucos defeitos, fazer o que…

Normalmente fico sentado no bar tomando algum drink ou cerveja (apenas as premium, Heineken principalmente)

Eu só aceitava ir em coisas tipo essas por causa da Carol, ela não gostava de ir sozinha então ela sempre me arrastava para essas coisas, com seu namorado chegando em breve, ela precisava de algumas coisas para tirar isso da cabeça, dava para notar que ela estava bem nervosa ultimamente, tensa a espera do cara.

Como Renata, eu não podia beber muito, como vi no outro dia ficava bêbada fácil, então estava bebendo bem devagar, o que era complicado, pois eu adorava tomar uma cerveja.

Eu estava lá sentada, com a minha garrafa de Heineken quando alguém se aproximou de mim e citou, obviamente Clube dos Cinco:

— Você disse que seus pais te usam nas brigas deles, eu não seria excelente no meio disso tudo?

Eu me virei e era Dhébora, ela estava com uma roupa de roqueira dos anos oitenta e um cabelo estilo poodle.

— Você é o meu John Bender agora?

— Adoraria ser… mas hoje eu sou a Joan Jett.

— Hm… ficou bonita. — disse eu arrumando o cabelo dela.

— Obrigada

A música parou e alguém subiu no palco para falar alguma coisa e todos viraram para olhar do que se tratava, era Linda, ela apontou uma das luzes de palco para Dhébora e começou a discursar:

— Vocês vêem aquela garota? O nome dela é Dhébora e o que ela faz é destruir as pessoas, ela as conquista, as engana e depois joga fora. Cuidado com ela!

— Eu não acredito nisso — disse Dhébora cobrindo o rosto, a Linda estava começando a me dar nos nervos. — só um minuto, Re. Eu já volto.

Dhébora esperou Linda sair do palco e foi falar com ela, de longe eu conseguia ver que elas discutiam bastante, Linda estava bem irritada e apontando bastante para Dhébora de um jeito me fazia querer lhe encher de porrada, decidi ir até lá.

— Dhébora, posso falar com você? — disse eu me aproximando para tentar apartar a briga.

— Espera aí, Re.

— Você não tem vergonha? — me perguntou Linda.

— Vergonha?

— Eu já lhe disse o que essa garota é e mesmo assim você fica querendo sair com ela, ela vai te ferrar, ela só quer te usar e apenas isso.

— Você deveria parar de se meter na vida dos outros, na real, eu sei o que está acontecendo aqui, você não consegue esquecer a Dhébora e então a única forma que você consegue sobreviver é tendo certeza de que ela não vai ficar com mais ninguém, só que te garanto, ao contrário de você que é uma qualquer coisa, ela vai ficar com alguém, por ela é tudo que você nunca vai conseguir ser, alguém que marca a vida das outras pessoas. Ela está comigo agora e não com você e não importa o que você faça, nada vai mudar isso.

— Sai daqui, garota, se manca! Ninguém te quer aqui…

— Sabe que já faz um bom tempo que você está me dando nos nervos… se você não fosse menina, eu juro que já teria quebrado a sua cara… — peguei Dhébora pelo braço e me virei para irmos embora, quando ouvi algo que me lembrou de um detalhe que havia esquecido completamente.

— Qual é, garota, está com medo de mim?

— Garota? — abri um sorriso maléfico ao notar a situação em que eu estava.

Sim, eu havia esquecido que eu era uma menina, se eu sou uma menina, eu posso bater em outra menina, não?

Me virei e dei um cruzado de direita direto no nariz de Linda que caiu como saco de batatas no chão, logo em seguida uma amiga da Linda pulou em cima de mim e eu não sei como, essa onda de violência foi se alastrando e aumentando de forma tão maluca que chegou ao ponto de todos que estavam na festa começarem a brigar, o que acabou acontecendo? Chamaram a polícia para conter o problema e levaram todos nós presos para passar uma noite na cadeia, eu havia esquecido meus documentos em casa, o que acabou sendo uma ótima coisa, afinal a carteira de Renata é falsa, deixei com eles todas as minhas coisas, eles fizeram o boletim de ocorrência e me colocaram em uma cela, era uma cela bem pequena, tinha o espaço de um beliche e mais ou menos o espaço de uma pessoa de pé fora dele, quando eu entrei tive uma surpresa muito agradável e ao mesmo tempo muito desagradável, minha única companheira de cela era Dhébora.

No primeiro momento, vi um problema que era difícil, mas não impossível de se resolver, teria de passar uma noite inteira com a Dhébora em um lugar fechado, ela estaria muito próxima de mim e não poderia fazer nada com ela, embora estivesse louca de vontade. Pelo olhar de safada que ela fez quando eu entrei o plano dela era exatamente se aproveitar da situação para ficar comigo.

Mas em um segundo momento vi algo bem pior, ficaria ali até de manhã com ela na cela, se Dhébora me visse ao amanhecer, saberia que Renata se transformava em Henri e daí as coisas complicavam bastante, eu precisava arranjar um jeito de fazer isso não acontecer, mas como?


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