Boa Sorte, Katniss escrita por Hanna Martins


Capítulo 8
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Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Gabii Seddie que fez uma linda recomendação para a fic e me deixou cheia de animo para terminar o capítulo. Muito, muito, muito obrigada, Gabii!!!!



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— Tampinha, eu sou muito lindo, não?

— Quê?! — quero matar este louro oxigenado.

— Você não consegue tirar os olhos de cima de mim! Fica me encarando aí... Aliás, passou a manhã toda me encarando. Eu realmente preciso cobrar uma taxa por você ficar me olhando.

Ai, este cara! Lanço meu olhar matador para cima dele. Ele precisava estragar meu final de semana também? Hoje é sábado. Normalmente, no sábado acordo e vou direto para frente da TV, fico a manhã toda assistindo TV, de pijama, sem fazer nada. Não há nada mais relaxante que isso. Mas, hoje, Peeta resolveu ficar em casa. Agora estamos os dois aqui, em frente da TV, sentados no mesmo sofá (o único da sala e muito pequeno para meu gosto).

Bufo. Peeta sorri.

Estou tentando tirar certa cena de minha mente. No entanto, ela não quer sair, é como aquelas manchas de roupas que nunca vão embora, por mais que você esfregue. E não ajuda em nada o fato de Peeta estar bem na minha frente...

Fecho os olhos por um instante, porém os abro imediatamente porque a imagem de Peeta tocando meus lábios com seus malditos lábios surge.

— Que inferno! — falo em voz alta sem notar.

— Calminha, tampinha! Quer um suco de maracujá? Dizem que é bom para os nervos...

— Você vai o que é bom para os nervos, louro oxigenado!

— Você realmente está precisando de um suquinho de maracujá — zomba.

Quero matar este cara! Juro!

Por que não consigo tirar aquela cena de ontem da minha mente? Aliás, porque Peeta tinha que me beijar?

Depois do beijo, ele praticamente desmaiou em cima da mesa da cafeteria. Precisei chamar um táxi — e gastar meu precioso dinheiro — para trazê-lo para o apartamento, já que ele não acordava nem com reza brava. Este idiota só me dá despeças!

Haymitch e minha mãe não estavam quando chegamos. Não foi por sorte (eu nunca posso contar com essa aí). Liguei para Madge e pedi para ela convidá-los para jantar no restaurante de sua família. Algo como cortesia da casa. Cortesia nada, precisei dar meu precioso pôster da Mockingjay para aquela chantagista da Madge (Josh, Sam, Alex e Liam me perdoem por vendê-los).

Larguei Peeta na cama e disse, para Haymitch e minha mãe, quando eles chegaram, que ele tinha ido dormir mais cedo porque estava muito cansado. Minha mãe queria acordá-lo para lhe dar o bolo que ela havia comprado. Precisei de muita criatividade para ela não ir até aquele quarto e dar de cara com um Peeta completamente bêbado.

Hoje, ele acordou como se nada tivesse acontecido. Enquanto, eu estou aqui quase tendo um infarto tentando tirar certa cena da minha mente. É, quero matar certo alguém.

— Você está me encarando de novo! — reclama. — E ainda está com um olhar estranho...

— Estou olhando para seus hematomas — contesto. O rosto dele ainda tem as marcas da briga de ontem. Quero só ver qual será a desculpa que ele dará para minha mãe e Haymitch sobre isso. — Isso é uma prova do tamanho da sua idiotice!

— É claro que é isso! — fala em tom irônico.

A pior parte é que mesmo com todos os hematomas, Peeta não perdeu nenhum um pouco a aparência de um deus que desceu do monte Olímpo.

Ele se aproxima um pouco de mim. Isso me lembra...

— Já chega! — digo o empurrando com minhas mãos.

— O quê deu em você? Que bicho te mordeu?

— Um bicho chamado Peeta Mellark!

Ele arqueia a sobrancelha, como se não soubesse absolutamente nada sobre o que estou falando. Esta cara de “sou inocente, não sei de nada” não me engana.

— Escuta, não me venha com aquele velho truque, eu estava bêbado e não lembro de nada! Porque isso não vai funcionar!

Ele olha para mim e sorri de uma maneira bem sacana.

— Você! Você lembra, não é?

— Lembrar do quê? — indaga sorrindo.

— Do beijo que me deu! — respondo, tentando controlar minha fúria.

— Ah... aquilo... — fala calmamente como se não fosse nada demais. Ele até solta um bocejo.

Que cara irritante!

— Eu estava bêbado e quando as pessoas bebem fazem atos impensáveis.

— Quer dizer que quando você bebe, você sai beijando todo mundo por aí?

Ele dá os ombros.

Me segurem, quero partir a cara deste idiota! Ele rouba meu primeiro beijo — meu precioso primeiro beijo — e depois age como se fosse pouca coisa.

— Olha só, você me beijou!

— E daí? — fala de modo despreocupado.

— E daí?! — daí que hoje teremos louro oxigenado à moda da casa para o jantar.

— Eu sei que você gostou.

— O quê?

— Tampinha, eu senti como seu corpo ficou quando eu te beijei, e eu nunca beijo ninguém a força. Você também colaborou naquele beijo, eu não beijei sozinho.

— Ah! — estou sem palavras, sério, não consigo dizer nada a raiva é tamanha que falar para mim se tornou uma atividade de outro mundo.

— E você está precisando de umas aulinhas sobre beijo, parece até principiante... Espera, não me diga... — não, não, ele não pode ter descoberto! — Aquele foi seu primeiro beijo?

— Imbecil — quero morrer!

— Aquele foi seu primeiro beijo? Meu Deus, que honra, seu primeiro beijo foi com o Peeta Mellark aqui! Você tem muita sorte, tampinha, muita sorte! Não espalhe para as outras garotas, elas podem ficar com ciúmes! Sabe, nem todas as garotas têm a sua sorte de ser iniciada por Peeta Mellark — ele fala todo arrogante, como seu beijo fosse uma espécie de prêmio. Como alguém pode se achar tanto? — Eu até poderia me oferecer para ser seu professor na velha arte do beijo, mas meu preço é muito alto.

— E quem disse que eu quero você como professor? Se situa, louro oxigenado! Você não vale tudo isso, não!

— Sei...

— E... — digo a primeira coisa que me vem a cabeça — Quem disse que você beija bem? Você não é o deus do beijo!

— Falou a garota cheia de experiência! E você adorou o beijo! — sorri de maneira maliciosa.

— É óbvio que não! — trato logo de explicar a situação. Não quero maus intendidos aqui. — Quem gostaria de ser beijada por um cara bêbado?!

— Hum! Então, você gostaria que eu te beijasse sóbrio? — desliza o polegar pelos seus lábios de maneira absurdamente sexy.

— Ei, pare de mal interpretar as coisas! — este cara está passando dos limites.

Peeta se aproxima de mim, acabando ainda mais com a distância entre nós no sofá (e o sofá não é muito grande, volto a ressaltar).

— Quer que eu te beije sóbrio, não? — ele mudou o tom de voz, agora é baixinha, rouca. O quê ele está tentando fazer? Aposto que está se vingando da dancinha da Macarena. — Eu faço um desconto para você... — provoca.

— Sai daqui! — o empurro.

Porém, o idiota não quer cair sozinho. Ele me agarra pelos ombros. Caímos no sofá. E (pela terceira vez) fico em cima do corpo de Peeta.

— Não seja agressiva, se você quer tanto um beijo meu, eu te dou, viu? Meu Deus, que garota selvagem!

Por quê comigo? O que há de errado com o mundo?

Não vou deixar este idiota ficar zuando com minha cara. Não vou mesmo. Já tenho uma réplica na ponta da língua, porém minha brilhante réplica é cortada pelo som do telefone. Trato de sair de cima de Peeta. Vou para a cozinha atender o telefone.

— Alô! — falo.

— Que mau humor é este, Katniss? Quer um suco de maracujá?

O que deu neste povo para ficar me oferecendo suco de maracujá?

— Você também, Madge?

— Eu não fiz nada — diz rindo. — E meu pôster da Mockingjay?

— Fique tranquila, ainda hoje eu levo para você. Você está trabalhando no restaurante hoje?

— Sim. Ah, quase me esqueci! Está faltando pessoal aqui para servir. Você quer vir aqui para ajudar?

— Isso, é perfeito! — realmente estava precisando de uma graninha, depois do rombo que o táxi de ontem fez em minhas economias. Espera, eu posso fazer aquele idiota pagar pelo táxi...

— E não se esqueça do meu pôster da Mockingjay! — claro, acrescente mais este detalhe a conta do Peeta, meu precioso pôster.

— Não se preocupe, eu levo o pôster! — Madge não deixa passar uma.

— Assim está ótimo.

Desligo o telefone e volto para a sala.

Peeta está esparramado no sofá. Enquanto, há pessoas que o mundo vive sacaneando, este aí se comporta como o rei do mundo/nada me atinge. Esta na hora de cobrar um pouquinho.

— Louro oxigenado, você está me devendo dinheiro?

— Eu?

— E existe outro louro oxigenado por aqui que não seja você? Ontem, eu tive que te trazer de táxi... — estendo minha mão. — Me passa a grana!

Ele me olha com a maior tranquilidade do mundo.

— Meus bolsos estão vazios, o velho só vai me mandar grana uma vez por mês, algo sobre meu castigo e aprender a ser responsável. A quantia é uma miséria e ontem eu gastei tudo nas bebidas.

Meu queixo quase cai ao chão. Este cara ultrapassa a capacidade humana de ser idiota.

— Você precisa me pagar! Eu arrisquei minha vida para te salvar de uma possível deportação, se minha mãe e Haymitch tivessem te pegado ontem era isso o que teria acontecido! — e eu teria sido expulsa do país, se eles tivessem descoberto Peeta bêbado, porque sei que a culpa de alguma forma iria recair sobre mim, mas não vou revelar esta parte.

— Espera um minuto — ele me lança um daqueles olhares maliciosos que me dá vontade de bater nele, até seus olhos mudarem de cor. — Você parece tão desesperada... será que quer a grana ou quer outra coisa...

— Ah, você não vai começar com aquela história do beijo! — digo irritada, minha paciência já estourou há muitas horas.

— Tá, legal, mas não se irrite! — diz com a maior inocência do mundo. — E nem grite alto, ainda estou com minha cabeça doendo por causa da ressaca.

— Isso é bem merecido — meu tom de voz ficou repentinamente bem mais alto do que o habitual, juro que foi involuntário... Ok, não foi tão involuntário assim.

Ele resmunga algo que não consigo compreender direito.

— Mas você vai me pagar! Pode levantar este traseiro do sofá!

Ele me olha interrogativo.

— Você vai me devolver a grana ainda hoje! — sorrio. Peeta precisa aprender uma lição sobre como ganhar o próprio dinheiro com o suor de seu rosto. Aposto que ele nunca trabalhou na vida.

— Eu te pago no próximo mês...

— É claro que não!

— Você não confia em mim?

— É óbvio que não!

Peeta resmunga. Porém, acaba por aceitar trabalhar no restaurante dos pais de Madge. É claro que ele vai bem emburrado pelo caminho. Fazer Peeta trabalhar vai ser muito divertido. Tenho que me conter aqui para não soltar minha risada maléfica.

— Tampinha!

— O quê foi?

— Por quê você está rindo feito uma louca?

— Nada, não — é, não pude conter minha risada maléfica.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Este Peeta sempre surpreendendo, o danadinho recorda de tudo! E agora, podemos esperar mais confusão? Sim ou com certeza?