Boa Sorte, Katniss escrita por Hanna Martins


Capítulo 2
A culpa é daquele idiota


Notas iniciais do capítulo

Uma mega obrigado aos lindos que comentaram no capítulo passado e aos que favoritaram!!! Vocês sempre me dão animo para continuar escrevendo, seus lindos!!! Sem vocês esta autora aqui estaria perdida!



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― Peeta! Ei, Peeta! Sai deste banheiro! ― grito, enquanto bato na porta.

Por que aquele idiota tem que demorar tanto tempo no banheiro? Estou ainda toda molhada, devido ao tombo, preciso usar o banheiro e vou acabar perdendo o ônibus, se aquele louro oxigenado não sair logo daí.

― Peeta! Se você não sair daí agora, eu juro que vou arrombar esta porta. E olha que isso não é apenas uma ameaça, louro oxigenado! ― tudo o que recebo como resposta é silêncio.

Ah, aquele idiota não está me levando a sério! Ele vai ver só. Preparado meu pé para dar um chute daqueles na porta. Essa peste Mellark precisa ver que não estou brincando. Solto meu pé com toda a força e, neste exato momento, a porta se abre.

Por que raios existe força de gravidade? O mundo me odeia!

Caio no chão novamente. Peeta me olha.

― Confessa, tampinha, você tem uma grande queda por mim! Já é a segunda vez hoje que cai aos meus pés! E olha que ainda é de manhã! ― fala ironicamente.

― Idiota! ― grito. ― Eu nunca iria ter uma queda por você! Vê se te enxerga, louro oxigenado! ― digo, enquanto me levanto do chão. A queda desta vez foi feia, será que quebrei alguma coisa?

Ele solta uma risada sarcástica. O que só me deixa com mais ódio ainda. Se eu pudesse este idiota já tinha virado churrasquinho.

― Ah, é? Aposto que queria entrar no banheiro para ver meu corpo nu.

O quê? Agora ele passou dos limites.

― Ei, idiota, existem caras bem mais bonitos que você!

Ele ri. Acalme-se, Katniss, pense em como sua mãe sofreria em ter uma filha presa por ter cometido assassinato em uma idade tão jovem. Não, eu não posso virar uma jovem criminosa por causa deste traste.

Entro no banheiro e bato a porta bem forte, quase no focinho de Peeta, torcendo para que faça um belo estrago.

― Tampinha! ― ele grita. Vejo que posso ter feito algum estrago, isso é bom.

Me recuso a responder. Tomo um demorado banho.

Quando saio do banheiro, encontro Peeta comendo uma panqueca. Panquecas! O cheiro está maravilhoso.

Já disse que amo comer, mas que sou péssima cozinheira? Faço coisas no máximo comestíveis, embora Haymitch não acredite muito nisso depois de meu incidente com a torta de frango. Depois daquilo, Haymitch instituiu uma regra em casa: “Katniss deve ficar fora da cozinha!”.

Peeta é... um cozinheiro horrível!... Ok... ele é um cozinheiro... regular... tá, tá bom, a quem estou tentando enganar? Ele é ótimo na cozinha, mas eu nunca vou admitir isso, se me perguntarem, eu nego até a morte que eu confessei isso!

Ele me olha saboreando uma panqueca. Enquanto eu me contento em pegar uma tigela e colocar cereal. Pego minha tigela e me sento à mesa, com o máximo de distância que consigo de Peeta, o que não é muita coisa, levando em consideração que a mesa é minúscula.

Lanço um olhar furtivo para o prato de panquecas. Noto que Peeta derramou uma generosa quantidade de calda de chocolate em sua panqueca.

― Então, você quer minha panqueca? ― fala de modo arrogante me encarando, após me flagrar lançando um olhar para as benditas panquecas.

― Eu? ― não posso deixar este idiota sair ganhando por aí. ― Prefiro comer uma porção de amoras venenosas do que comer sua comida.

― Mesmo? ― diz, cruzando os braços, me encarando.

Coloco uma colher de cereal em minha boca para me acalmar. Este cara está desejando morrer hoje, só pode.

Trato de terminar minha tigela de cereal o mais rápido possível. Coloco a tigela na pia e a lavo rapidamente, enquanto Peeta continua a comer tranquilamente. Ele ainda está comendo, quando saio da cozinha. Vou até o quarto e pego minha mochila. Não espero por Peeta para ir até o ponto de ônibus.

Mas sabe que ver Peeta Mellark pegando um ônibus é uma das melhores partes do dia. Dá para acreditar que ele tinha motorista particular, quando morava em Londres? É, algumas pessoas nascem com muitas coisas... enquanto outras... Esse mundo, definitivamente, não é justo.

Foi muito divertido o primeiro dia de aula dele, quando ele precisou pegar um ônibus pela primeira vez (tenho certeza que foi a primeira vez que Peeta fez isso na vida). Isso foi a uma semana atrás. No entanto, ainda me lembro como se fosse hoje.

― Nós vamos para o colégio nisto? ― falou, apontando um ônibus que passava, de modo arrogante.

Aquilo estava me divertindo muito.

― Não, nos voamos até o colégio, não está vendo a vassoura ali? ― disse ironicamente. ― É, claro que vamos para o colégio de ônibus!

Ele fez uma cara de poucos amigos.

O ônibus parou no ponto. Havia uma fila enorme de pessoas em nossa frente. Olhei para a cara de “aonde eu vim amarrar meu jegue?” de Peeta. Aquilo estava se tornando cada vez melhor.

Peeta não parava de reclamar (e as pessoas ainda acreditam que ele é um bom moço!). Reclamava da fila, do espaço, do fato do céu ser azul... se eu for fazer uma lista das reclamações dele não parava por hoje, além de desmatar meia floresta para fazer o papel.

A melhor parte, foi ele ter que ficar com aquela cara de poucos amigos, enquanto lutava para manter o equilíbrio entre dois pirralhos, que não paravam de falar alto (aquilo estava mais para berrar mesmo).

Há uma fila enorme no ponto de ônibus. Uma criança berra no colo da mãe. Ah, trilha sonora de ônibus! O que seria de um ônibus lotado sem sua trilha sonora?

Um ônibus tem diversas trilhas sonoras. Entre as mais comuns estão:

1) Pessoas que revelam toda a sua vida, enquanto conversam alto no celular. Acredite, posso escrever um livro sobre os dramas que escuto. O que estas pessoas pensam? Que seu vizinho é surdo? Que ao falar ao telefone uma capa de invisibilidade (neste caso uma capa a prova de sons) a cobre?

2) Crianças que começam a berrar, chorar, ou sei lá o que mais.

3) E o pior tipo de todos, o que eu denomino de “pessoas perversas”, que acreditam que seu gosto musical é tão bom, tão bom, que o mundo inteiro deve saber disso. Pessoas que ouvem música sem fones de ouvido. Essas pessoas deveriam ser presas!

Hoje, teremos berros de bebê. Pelo menos poderei apreciar a cara de Peeta Mellark, quando descobrir a trilha sonora do dia.

Ainda não me esqueci do que aconteceu hoje. Dois tombos! Dois malditos tombos! E tudo culpa daquele traste. Mas pelo menos, eu joguei todo aquele balde de água com gelo nele, vendo por este lado... até que os tombos não foram tão ruins assim...

Não demora muito e o senhor arrogante aparece. E a cara dele ao escutar nossa trilha sonora do dia, não é nada boa. Peeta, Peeta, Peeta, acho que minha má sorte pode ser bem contagiosa!

O ônibus não demora a aparecer. As garotas quase têm hemorragias nasais ao ver Peeta entrando no veículo. Não entendo isso, juro que não entendo! Peeta é como aqueles quadros que são belíssimos de longe, mas ao chegar perto são horríveis. Ele é assim, se você só olhar para sua aparência vai julgar que ele é uma pessoa incrível, mas se o conhecer de perto, vai notar que ele não é nada disso.

Ele é o primeiro a sair do ônibus, quando chegamos ao colégio. Em menos de um segundo o perco de vista. Finalmente, terei um pouco de descanso. O que não vai durar muito tempo, considerando que minha terceira aula (arte) é com ele. No entanto, vou aproveitar meu momento de liberdade.

Encontro Madge. Começamos a conversar sobre nossas provas. E como estamos ferradas em matemática.

― Katniss, pelo menos você tirou uma nota razoável! Enobaria me odeia!

― Ela odeia todo mundo!

Nós duas rimos.

Cato, um dos garotos mais populares, passa por nós. Ele é o capitão do time de futebol. As garotas o adoram. Eu apenas o acho um tanto prepotente e descontrolado. Todos sabem que paciência e calma não são os pontos fortes do garoto.

― Parece que está furioso ― sussurra Madge para mim.

Dou outra olhada para ele, tenho que concordar com Madge.

― Deve ser por causa da derrota do time ― afirmo.

Na semana passada, nosso colégio perdeu feio no campeonato de colégios. Cato não deve ter superado a derrota até agora. Atrás dele vem Marvel, outro dos populares. Este ai é um daqueles que vive se gabando por tudo o que faz. Populares são tão antipáticos. Além deles, o grupinho dos populares é composto por outras duas garotas, Clove e Glimmer. A loura Glimmer é uma daquelas garotas que os garotos fazem verdadeiras disputas para pegá-la. Alta, magra, corpo de modelo, é considerada a garota mais bonita do colégio. Clove é conhecida por dar as festas mais disputadas do colégio.

E elas, como se soubessem que estou pensando nelas, também passam por nós.

― Amiga, hoje temos que ir no shopping comprar uma blusa! ― fala Glimmer. ― Minha mãe me deu a mesada hoje. Ela não queria me dar, mas eu disse que estava sem nenhuma blusa para vestir.

― É claro que precisamos! Imagina ficar sem nenhuma blusa da coleção da estação. E você, amiga, está sem nenhuma! ― fala Clove.

― Não me lembre disso, amiga! ― diz de um modo dramático. ― Precisamos resolver isso urgente! Isso é uma crise mundial!

Eu e Madge nos olhamos e reprimimos uma risada. Os populares são muito idiotas.

Até dá para entender porque Peeta está andando com eles. Dizem que os iguais se reconhecem, não posso discordar desta afirmação.

As aulas começam e passam rapidamente, quando percebo estou indo para a aula de arte. Peeta já está na sala. O ignoro totalmente e me sento bem longe dele.

A professora Cressida anota algumas coisas no quadro. Ela é uma professora, digamos que um tanto não convencional. Começando por seus cabelos, quero dizer pela falta deles. Ela tem a cabeça raspada e tatuada com videiras verdes. Hoje ela usa uma calça que parece ser de couro e umas botas também deste material.

A aula passa rapidamente, com Cressida explicando algumas coisas sobre a arte gótica.

― Classe, está chegando o festival de nosso colégio e estamos selecionando voluntários para fazer a decoração. Quem se habilita? ― ela passa os olhos pela sala. Todos fingem que nem estão aqui. Todo mundo sabe como é um trabalho bem desgastante ser responsável pela decoração. Quem ficar responsável por esta tarefa precisará passar provavelmente o final de semana inteiro decorando o colégio. ― Vamos, gente! Vai ser ótimo!

Sei...

― Professora, podemos indicar alguém? ― pergunta Peeta.

― É claro!

― Acredito que Katniss seria uma ótima decoradora.

Não, eu não ouvi isso! Só pode ser mentira!

― Ótimo! Parabéns, Katniss, você ficou com o cargo de decoradora ― diz Cressida toda feliz.

O quê? Estou tão surpreendida com tudo isso, que nem consigo esboçar uma reação. Vamos lá, Katniss, diz algo, qualquer coisa! Qualquer coisa!

Peeta sorri para mim. Já entendi tudo, o traste está se vingando do balde de gelo. Não, isso não vai ficar assim, Mellark! Prepare para ser morto! Mãe, sinto muito, mas sua filha vai se tornar uma jovem criminosa.

― Professora, eu... ― começo a protestar... ai, eu não sei o que dizer.

― Katniss, você deve servir de exemplo para todos da turma! Gente, precisamos dar uma salva de palmas para Katniss!

Todos começam a bater palmas para mim. O povo parece estar muito aliviado. Alguns até me olham como se eu fosse uma espécie de heroína nacional ou algo do gênero. É claro, serei a responsável por salvá-los de ficar o final de semana inteirinho decorando o colégio.

Katniss, vamos, pense em uma desculpa. Rápido. Rápido. Você precisa se livrar disso. É tudo ou nada.

― Professora... ― começo.

― Professora ― uma voz me interrompe. ― Posso também ser responsável pela decoração?

― É claro, Gale!

Neste instante o sinal toca. E lá se foi minha oportunidade de sair desta enrascada.

Olho para Gale que me lança um olhar e em seguida o desvia rapidamente de mim. Eu não sei muita coisa sobre Gale Hawthorne. Muito bonito, é considerado um dos caras mais desejados do colégio. No entanto, ele não pertence ao grupo dos populares, nem nada do tipo.

Por que Gale pediu para ser voluntário? Tem doido para tudo neste mundo, não? Melhor para mim. Já que perdi minha última oportunidade de sair desta enrascada graças a ele.

Aquele traste do Peeta, vai ver só! Isso não vai ficar assim! Ele vai ganhar algo muito pior do que um balde de água com gelo ao acordar!

― Katniss?

Me viro para a voz que me chama. Gale está diante de mim.

― O quê? ― indago surpresa.

― Preciso falar com você...

― Ah, sobre a decoração! ― noto que não há mais ninguém na sala, além de Gale e eu. Começo a recolher minhas coisas.

― Isso também... ― ele parece um tanto hesitante. ― Mas... queria falar mesmo é sobre outra coisa.

O encaro. O que Gale, afinal de contas quer comigo?

― Sua amiga Madge...

― Madge... o que tem ela?

― Você sabe se ela tem... namorado?

Espera, Gale Hawthorne está interessado em Madge? Ela não vai acreditar quando eu disser isso a ela.

― Por quê? ― resolvo brincar um pouquinho.

― Sabe... tenho tentado me aproximar dela... mas ela é uma garota difícil. Pensei que você poderia me ajudar...

Uau, Gale quer a minha ajuda? Que dia louco!

― Você pode me ajudar, Katniss?

― Não sei... ― pego as minhas coisas e começo a sair da sala.

― Katniss, de qualquer forma, não conte a ela sobre esta conversa...

Olho para Gale. Nunca tinha reparado muito nele. Ele até me parece legal. Vou dar este voto de confiança. Além disso, ele até se voluntariou para me ajudar com a decoração, é claro que com segundas intenções, mas ele se voluntariou.

― Tudo bem...

Gale sorri e sai da sala.

Mal dou alguns passos para me encaminhar para minha próxima aula e me deparo com a cruz de meus pecados.

― Não disse que ia ter volta? ― fala com aquele estúpido sorriso arrogante nos lábios.

Ele não dá tempo para eu responder e desaparece da minha frente. Espertinho, sabia que eu iria quebrar seu narizinho perfeito. Está com medo, Mellark?

Pode rir, Peeta, apenas não esqueça que quem ri por último ri muito melhor!


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Peeta é mesmo uma peste, tadinha da Katniss, agora vai precisar decorar o colégio. Mas, ele está muito enganado se pensa que Katniss não vai fazer nada... E Gale interessado na Madge, onde será que esta história vai dar? Só eu acho que contar com Katniss como cupido não é uma boa ideia?



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