O Sequestro de Madame Rowling escrita por Aluada


Capítulo 5
Epílogo (oficial)


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu tinha duas opções de epílogo e não me contentei em escolher uma só. Resolvi postar as duas!

Este aqui foi o que primeiro me veio à cabeça. Encarem-no como o fim definitivo.



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Seis meses depois, julho de 2007
Set do programa de entrevistas 


           
Silêncio absoluto entre a platéia. Os espectadores mal respiravam. Sentada em sua confortável poltrona de acesso visível pelas câmeras, Joanne Rowling divertia-se. Não adianta prenderem a respiração, sorria para si mesma, porque vocês não vão ficar momentaneamente invisíveis.

            — Jo, querida, não tenho nem palavras para expressar a emoção de estar novamente com você aqui no meu programa. É mágico!

            — Ora, obrigada, Chica. A senhora é muito gentil.

             — E pensar que apenas alguns meses atrás você veio aqui exclusivamente nos contar que tinha acabado de escrevê-lo!

            — Pois, é Chica, pois —

            — E também foi naquela época em que você viveu aquele horrível seqüestro que envolveu sua filha e uma dupla de fãs enlouquecidos por Harry Potter!

            — Exatamente. Na verdade, foi bem depois —

            — E como essa experiência desastrosa influenciou a última aventura do nosso bruxinho, Jo? Você chegou a reescrever alguns trechos? Realizou a vontade dos seqüestradores? Esqueceu-os por completo?

Um, dois, três, inspire fundo. Abriu um sorriso educado e encheu-o de paciência.

            — Na realidade, eu não poderia desconsiderar o acontecimento. Ele foi muito próximo do livro, foi trazido de seus próprios fãs.

            — Então quer dizer que a senhora sente compaixão por aqueles pobres fãs cegos pela paixão de uma obra fantástica?

            Argh. Uma bela frase para nunca ser usada num futuro livro.

            — Não, não, compaixão não, eu realmente não gostaria de incentivar atitudes extremistas como essa! Por favor, não me seqüestrem se não gostarem do final do livro!

            Caíram na gargalhada. Ótima válvula de escape. Melhor que isso, só Pirraça.

            — A senhora poderia ler uma das passagens influenciadas? — chupou a ponta da caneta verde-limão mais próxima.

            — Chica — abaixou a cabeça —, eu não sei se gostaria, não foi um acontecimento agradável e digno de ser relem —

            — Voltamos logo depois do anúncio de nossos patrocinadores — a câmera deu um zoom descarado sobre a apresentadora — com a leitura inédita pela própria autora de uma das mais trágicas cenas de Harry Potter — e diminuiu a voz até um sussurro sensual — and the Deathly Hallows.

            Salva de palmas, intervalo para Chica ajeitar os cachos, show de luzes, etecétera.

            Teria de agüentar isso por mais quarenta e cinco minutos, no mínimo, e mais centenas de entrevistas futuras. Suspirou seu septuagésimo suspiro daquele domingo. As pessoas estavam aturdidas somente com o lançamento de seu livro, imagine só quando ela revelasse – como se ninguém tivesse percebido algo tão óbvio como isso – que Dumbledore era gay!

            Rindo sozinha, deu o primeiro passo para buscar um gole d’água animador.

Teve de parar no meio do caminho. Sua perna direita estava absurdamente mais pesada.

Olhou para baixo para encontrar um pingo de gente colada a sua calça de tweed inglês.

— Madame Rowling, por favor, eu lhe imploro — o ponto minúsculo chorou com uma voz fina —, autografa meu livro..?

A figura de lua cheia de sua contra-capa era maior que sua cabeça. Não poderia negar.

— Claro, claro... qual é o seu nome? — tirou uma esferográfica da bolsa.

— Calvin Creevey, ma’am — a mancha de menino sorriu freneticamente — E eu sou seu maior fã, ma’am, o maior, o número um, ma’am, tenho 11 anos, ma’am, e minha mãe me lê Harry Potter antes de dormir desde os meus três anos...

            Ah, não. Outro.

Os pêlos do seu braço arrepiaram. Rabiscou qualquer coisa na primeira página e agachou até ficar na altura dos olhos da criança.

— Eu só lhe devolvo com uma condição.

— Te chamar de só de Jo..? — Calvin brilhou cheio de desejo.

— Não.

Agarrou-o pelo braço num tranco e aproximou o ouvido da boca da maneira mais perigosa possível.

            — Pare – de – ser – meu – fã – número – um!

Em seu septuagésimo primeiro suspiro do dia, levantou-se e foi ter com seu copo d’água.

            Meu próximo livro vai ter slash. É, é. Harry Potter and His Unknown Crush On Draco Malfoy. Desse eu vou sair ilesa.

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