Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 54
Capítulo 54 - A culpa é minha


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao final da primeira história de os olhos violetas.
Espero que gostem.
Terá apenas mais um capítulo antes da nova história "Os olhos incandescentes"



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Foi rápido chegar até a casa de Ruan. Expliquei a situação toda e ele não me fez perguntas. O ruivo de olhos vermelhos só me pediu um favor: tomar conta de sua priminha. Após confirmar que Sofia não se machuaria, entramos em um avião e saimos da Grécia.

Não demorou tanto para chegarmos a casa da tia Rosa, mas foi tempo suficiente para me irritar com a distração que a Cura faz. Querer o Harry foi o inicio das discussões, depois teve a mudança de aparência por base de compras caras no aeroporto, e é claro usando nosso dinheiro.

Meu dom não funcionou tão bem quanto devia e a Cura resolveu querer ir a Macy`s, por base da recomendação de uma das atendentes de uma loja no aeroporto, quando chegasse na américa do norte. Esse desejo foi ao menos ignorado por todos. Durante o percurso do avião, Parole sentiu um medo inimaginável, mas Maionese não saiu do meu punho mesmo assim.

Chegando a casa de Rosários, Cura não fez muita cerimonia para me seguir adentro da casa. Apesar do seu jeito mesquinho de se comportar comigo e por dizer em alto e bom tom que eu sou uma pessoa má, ela não pareceu pensar duas vezes antes de chegar perto de minha mãe.

— Rachel, essa é uma amiga de Suzanna. Ela se chama Parole. – Rosários falou para a minha mãe, vendada e deitada em uma cama.

— Por que ela está com isso nos olhos? – Perguntou Bernardo entrando logo após de mim. Harry preferiu ficar no corredor, esperando.

— A visão de Rachel, além de outros sentidos, foi afetado por seja lá o que Branden fez com ela. – Respondeu minha tia. - Suas pernas estão inchando mais a cada dia, e algumas veias estouraram. Os ombros estão tremendo, ela anda tendo espasmos e nada que uma feiticeira poderia fazer resolve essa doença.

— Foi você quem fez a garota me procurar, não foi? – Parole chegou perto de minha mãe desacordada e colocou as duas mãos abertas em cima do tronco dela. – Essa mulher está com uma doença que não vejo faz alguns séculos.

— E o que seria? – Pergunto. A Cura parece irritada só de escutar minha voz, como fez durante a viagem.

— Pelo que percebo tem uma pequena peça dentro dela. Recheada de magia negra radioativa. A cada momento que tenta tirar, ela entra mais e mais e mais dentro da moça. Então  o que preciso fazer não é apenas tirar esse objeto, que já está tocando o coração por sinal, mas também tenho que tirar todo o veneno dela.

— Me diga o que precisa que eu busco no porão. – Tia Rosa chegou mais próximo da minha mãe e a tocou na testa.

— Acha mesmo que você poderia me ajudar? O que poderia ter ajudado fosse se alguém tivesse mais interesse na salvação dela e fosse me buscar mais cedo. – Parole olhou para mim com certo ódio, mas voltou a atenção para minha mãe.

— Então o que você quer para salva-la, menina? – Perguntou o loiro indo para perto da janela, visivelmente frustado.

— Quero que todos saiam do aposento. Quero privacidade, não demorará mais que alguns minutos.

Todos nos viramos e nos encaminhamos para fora do quarto quando a Cura me chamou:

— Chame o Harry?

— Porque?

— Por que estou mandando. Quer sua mãe viva ou não?

Sem questionar a mimada da nova inquilina nas nossas vidas, Harry entrou no quarto e fechou a porta.

Realmente demorou bem pouco e a porta foi reaberta por ele. Harry deu de ombros quando perguntei por que ela o escolheu para ficar, falou apenas que ele era melhor que todos nós e pronto.

— Sua mãe está sã e salva. – Murmurou a Cura do canto do quarto. Ela estava agachada e sentada. A cobra em meu pulso começou a se mexer. – Fique Maionese. Apenas faz muito tempo que não tenho que curar alguém realmente com os dois pés na cova.

— Rachel já deveria ter morrido, não é? – Perguntou Harry à Cura.

— Sim, meu amor. Não sei o que você fez exatamente, mas você agiu certo ao impedir o veneno de se expalhar. Pois se fosse apenas pela garota, a mãe estaria morta.

Ao ouvir que se minha mãe morresse seria por minha causa eu começo a ficar irritada e chego perto de Harry. Ele sabe que quero acusá-lo e também entende o motivo: foi ele quem a raptou. Quem a levou para o líder dos olhos de fogo.

Levantando as mãos em modo de rendição o moreno fala:

— Estamos em trégua, fica na tua.

— Minha mãe vai acordar quando? – Ignorando-o, pergunto a Cura. – Você já fez sua magia a quase cinco minutos.

— Meu dom é rápido sim, mas não o corpo dela. Demorará um pouco mais de vinte minutos para os musculos entendam que o objeto sumiu. O veneno eu já absorvi, então curará bem mais rápido do que qualquer doença que ela já teve.

 Concordo com a cabeça e chego perto de minha mãe. Pego em sua mão gelada e dura e espero todos sairem do quarto. Seguro firme em seus dedos e sinto algumas lágrimas sairem.

— Eu sei que a culpa é minha. Eu sei disso. Mesmo que alguém venha me dizer que não, pois foi você quem me fez chegar a tia Rosa. E por isso soube dos Olhos. Foi meu pai que meu deu esses genes. Foi a tia Rosa quem me contou quem eu sou. Foi nessa casa que descobri o que posso fazer. Foi o Kevin que me fez desistir um pouco da minha vida Normal. Foi o Logan que me fez continuar aqui. Foi a Sofia que me contou ainda mais o que podemos fazer. Foi Mike e Ash que me fizeram viajar no tempo e conhecer a beleza dos nossos antepassados. Foi Rob que me fez acreditar que ser uma de nós era coisa boa. Foi Harry que pelo visto de me deixou viver até hoje. – A cada palavra meus olhos se enchem mais e eu fico com eles nublados. – No entanto, isso não foi nada. A culpa é minha. Por muito motivos, e a maioria é por aceitar tudo isso quieta. O maior deles, no entanto, é por ainda estar viva. Eu poderia ter morrido e então você estaria bem. Sem a mim e sem meu pai... Você não estaria ligada aos Olhos e não serviria como um modo deles me acharem. Harry não teria que ter de raptado se Branden não o obrigasse, e eu sei disso. Você não me traria aqui se soubesse o que aconteceria. Meu pai não se casaria com você se soubesse disso. Ninguém faria nada se soubesse disso e...

— Cale. – Tosse. – A. – Tosse. – Boca. – Tosse. – Filha. – Minha mãe engasga sangue um pouco mais e inclina a cabeça para onde eu estou.

— Mãe, você está bem? – A pergunta teve mais significado do que deveria. Era para ser só uma pergunta simples de resposta simples, mas Rachel negou com a cabeça.

— Não. Ainda não estou. Sabia sobre você e seu pai bem antes de conhecer vocês...

— Mãe, não fale nada. Espere melhorar!

— Eu estudava vocês. Sabia sobre os Olhos. Cedo ou tarde me achariam. Já. – Tosse. - Acharam. – Tosse.  - Antes.

— Mãe, fique em silêncio! Trarei água, e me ajudarão a tratar da sua saúde. Foi a última vez que me esqueci de você. Eu sei que sempre disse que a minha vida seria mais fácil sem você, e já quis te mandar para as nuvens muitas vezes. Minha hipocrisia quase deixou que isso realmente acontecesse. Eu ainda não acredito que os pequenos problemas na minha vida me deixaram alheia a sua doença e...

— Filha. – Rachel murmurou. – Eu acordei algumas vezes durante esses meses.

— Mas, ninguém me disse que...

— Avisei a Rosários que você não poderia ser alertada. Ela colocou um feitiço em você que a cada vez que dormia, se esquecia um pouco de mim. Você tem que entender a situação... Você estava realmente se esquecendo de mim, pois assim seria melhor. Assim você ficaria mais forte.

— Isso é mentira! Não tem por que ela me fazer te esquecer...

— Eu achava que ia morrer. Ela achava que você não acharia a cura para minha doença. Parecia uma maldição que você não merecia ter na consciência. A cada noite você se esquecia de mim, um pouco mais... Me desculpa, Suzanna.

— Shhh, foi minha culpa. – Digo e sinto sua mão mais quente. Levanto-me e vou até a porta do quarto. – Trarei ajuda.

— Não culpe sua tia. Não acreditávamos que a Cura viria com você. Por que...

Viro para minha mãe e a vejo tirar a faicha dos olhos. Quando seus olhos castanhos me encontraram, a vi desviar para a janela.

— Por quê? – Busco sua atenção.

— Porque... As únicas coisas boas que vieram genéticamente para você foi de seu pai.

— Mãe, você é mais bondosa e altuista que meu pai. – Digo dando um passo para perto dela.

— Mas, Ela não tinha nada de bom para te dar. Só o mal. E você só poderia entrar na gaiola da Cura, se você fosse má como Ela. Por isso você não tinha chances de tirá-la de lá.

— Mas tirei... De quem você está falando, mãe?

— Eu não acho que tenha sido por sua causa que a Cura me salvou. E Ela... Ela era a única outra pessoa do seu clã, então seu pai a escolheu para ter você... Seu pai se importava com você ter cem por cento de chance de ser uma deles. Por isso foi com Ela e não comigo.

— De quem você está falando, mãe... – Digo, já com os olhos cheios d`água. Espero alguns minutos até escutar de novo a voz fraca de Rachel:

— Estou falando da mulher que te deu a vida.

Saio do quarto como um furacão. Evito todas as perguntas e intervenções, passando reto e entrando no meu antigo quarto. Está tudo igual, arrumado como deixei antes de ir ao acampamento. Nada estava com poeira, então entraram ali, mas nada parecia mexido.

Tranco a porta, deito na cama e olho pela janela. O céu está bem azul escuro, e começo a ver as estrelas. Meus olhos não aguentam conter as lágrimas e começo a chorar. Não demora nem dez minutos e eu já não vejo mais nada.

— Posso entrar?

— Se eu fosse deixar alguém entrar, sem dúvidas não seria você. – Penso, ainda com os olhos bem fechados.- O que você quer?

— Que alguém reveja meus curativos. – Resmunga um pouco britanico na voz.

— Eu não sou a melhor pessoa para isso. Temos ótimos curandeiros no andar de baixo, pode procurá-los.

— Eu estou sentado, encostado na porta. Vou continuar aqui, está bem? – Harry mostra um pouco de preocupação.

— Cade meu badboy preferido? Aquele que não se importa com ninguém?

— Bem, depois que ele expôs algumas verdades, preferiu ao menos uma vez tentar te ajudar com você sabendo. Relaxa já que será só dessa vez. – Diz.

— Prefiro ficar sozinha, como disse a todos. Não quero falar com ninguém.

Não consigo escutar Harry por alguns minutos. O tic tac do relógio na cômoda é o único barulho no quarto. Aperto mais forte os olhos, me negando tanto a aceitar que logo depois de salvar minha mãe eu continue triste quanto a querer abrir a porta para um garoto que inumeras vezes me machucou.

— Então saiba duas coisas, Garota Inútil. Primeiro: Você vai continuar falando comigo, pois nossos pensamentos... se ligam sem querermos. E segundo: pelo o que a menininha me disse, você não está sozinha nesse quarto.

Ao escutar sobre o que a Cura falou a Harry, olho para meu pulso. É verdade, ele ainda está aqui. Imóvel. Duro. E sem piscar.

— Não ligo. Ele ao menos não está falando comigo. Não me faz perguntas. Ele nem ao menos se mexe. – Penso.

— Então, ele é o homem perfeito para você. – Escuto o riso de Harry do lado de fora da porta. – E eu estou aqui para te perturbar, como você fez comigo algumas vezes e também por que Robert me pediu.

— Ele está ai com você? Se estiver mande-o embora. Não quero falar com ninguém.

— Ele já foi embora faz um tempo. – Ele pensa. – Ele se importa com você, sabe disso, Suzanna? Então, você poderia abrir o jogo. O que está acontecendo?

— Minha mãe não contou?

— Ao menos não para mim. E pelo jeito como os outros estão se comportando, você é o menor dos problemas já que foi ela quem voltou dos mortos. Você é apenas uma garotinha temperamental inútil que faz terremoto por qualquer coisinha.

— Eu acabo de descobri que minha mãe não é minha mãe de verdade e você vem me zoar... Eu mereço. — Viro-me nos lensois e sento olhando a porta.

— Rachel não é sua mãe... Biológica. Então é isso... Grande coisa. Você tem mãe. Poderia aceitar isso e fim. Não é nada muito difícil.

— Ela não é minha mãe. A verdadeira é má pelo visto.

— Rachel é sua mãe verdadeira. Foi ela quem cuidou de você, quem te amou, quem te deu carinho. Não interessa seus laços sanguineos. — Harry bate com as costas na porta, como se se ajeitasse também.

— Você está sendo muito bonzinho hoje.

— Não se acostume. Deve ser por que estou cansado e de saco cheio da Cura.

— Admite: você gostou dela. — Toco na pulseira de cobra. – Agora é você quem me protege, não o Harry, né?

— Eu não te protegia. – Harry resmunga por pensamento. – Eu apenas seguia uma promessa. Que fiz a você, a dez anos atrás. A qual você nem ao menos se lembra.

— Queria me lembrar disso tudo que você contou no esconderijo da Parole, mas eu além de não ter acreditado muito bem, eu não recordo de nada.

— Garota Inútil.

Fico em silêncio por alguns segundos e escuto sua voz britanica de novo:

— Está acordada?

Continuo em silêncio até ele perguntar de novo.

— Acabei de descobrir que genéticamente sou má. Posso te matar agora se eu quiser. – Até parece - Você poderia ficar quieto e ir encher outra pessoa? Vou para o banho.

— Não se esquece de que você tem companhia.

Olho para Maionese e entendo o que Harry diz. Levanto-me da cama e vou até a porta do banheiro. Antes de abri-la olho para a cobra de novo.

— Você pode fazer o favor de sair do meu pulso?  Pelo que entendi você é homem. – O bracelete nem se mexeu. – Eu estarei na distancia de uma porta, não será grande coisa. Pode me proteger daqui. Sai por favor, quero tomar banho.

A pulseira começou a ganhar vida e pulou do meu pulso para o chão. Agradeci com um aceno de cabeça e entrei no banheiro.

Tirei a lente de contato que estava usando desde a minha ida a Grécia e sentir um alivio. Despi-me e entrei no boxe. A água cai pesada em meus cachos e isso me faz suspirar. Ela está gelada e limpa todos os reziduos de lágrimas do meu rosto. Escuto uma batida na porta e então coloco a cabeça para fora do boxe.

— Quem entrou? Entenda que quando alguém tranca uma porta é para não ultrapassarem! – Grito, no entanto não escuto nada em resposta.

Pego a toalha e me enrolo nela. Limpo meus olhos com a ponta dela e olho para porta. Nenhum barulho. Desligo a água e espero de novo. Nada de incomum. Coloco um pé para fora do boxe e congelo. Tem algo aqui dentro.

Ou melhor, Maionese.

Grito quando aquela pequena cobra inofenciva se transforma em um homem alto forte e bem mais novo do que eu pensava que seria. Era para ser um ancião, um portador da Doença e algum tipo de protetor, toda via parecia mais um badboy para o grupo.

Quando fica completamente humano aos meus olhos, sinto uma necessidade de me cobrir completamente e volto o passo para dentro do boxe de vidro.

— Mas que merda! – Berra Harry após chutar a porta, fazendo com que Maionese chegasse um pouco mais perto de mim. - O que ele faz aqui? Quem é ele? Eu vou te...

— Eu sou cego! – Escuto o “Grande Protetor” pela primeira vez, e Harry para o soco antes que o encoste. - Não vi nada, mas se você chegar com esse ódio para cima de mim, você morre com um simples toque meu.

— Quem...- Harry começa.

— Esse é o Maionese, o ancião e protetor da Cura. – Digo, segurando mais forte a toalha. – Ele deve ter entrado aqui sem eu ver.

— Entrei no banheiro rastejando como uma boa serpente. Suzanna sabia que eu não poderia ficar longe dela, tenho que a proteger vinte e quatro horas por dias. Isso inclui no banho. Sou cego então eu não...

— “Não” porra nenhuma. Que cego pode ser protetor, idiota. Saia do banheiro, não vou tocar em você. Só saia de perto dela. – Grita Harry entrando no banheiro e ficando entre mim e a Cobra.

— Como ele está aqui dentro com você, vou esperar no seu quarto, ok. Mas deixe a porta do banheiro aberta. – Antes de um de nós dois argumentarmos, ele sai andando para o quarto.

— Mas que merda foi essa... – Murmura Harry. Vira-se para mim e me olha de cima a baixo.

— Sei que aprecia, mas pode fazer o favor e se virar para eu me vestir?

— Fico tentado a dizer que não, mas... – Ele dá de ombros e fica de frente para os ladrilhos da parede.  – Se ele é protetor da Cura, por que ele... Ela não me explicou por que ele está contigo.

— A lógica é simples. – Eu digo colocando cada peça o mais rápido possível. – Você dise a ela que desde aquele dia aos oito anos, você me vigia e me protege. Para você parar de ficar perto de mim, e eu não ser mais seu foco de atenção, eu preciso ficar em segurança. Entao ela...

— Então ela te deu o guarda-costas dela. – O moreno de tatuagem me interrompe e conclui o pensamento. – Vestida?

— Sim, vamos.

Entro no quarto e aquele novo cara está sentado comportadamente na cadeira da minha escrivaninha. Forte, alto, e com roupas brancas, Maionese se vira na minha direção. Seu cabelo é tão loiro que chega a ser branco, até a altura dos ombros, tendo um pouco mais de cor que a roupa. Seus olhos opacos são de um tom de cinza morto e seu sorriso não existe.

— Não gosto de conversar então vou dizer logo o que querem saber. – Resmunga se espreguiçando na cadeira. – Sim, sou cego, mas de forma um pouco diferente. Não te vejo, então não sei suas caracteristicas físicas, Suzanna. Não fui sempre cego, eu próprio fiz isso comigo...

— Porque? – Pergunto antes que ele termine.

— Por que eu não pude confiar em mais ninguém do mesmo jeito de antes, depois que uma pessoa específica mentiu para mim. Como eu estava dizendo, eu não te vejo como você me vê, mas eu vejo sua aura. Desde aquela que é a sua personalidade até as que dizem seus sentimentos. Fazendo-me deduzir seus pensamentos. Quando eu enxergava, eu era daltonico, então... Eu não podia confiar nos olhos das pessoas. Eu voltei a enxergar quando entramos na gaiola, repetidas vezes Parole me cura, no entanto eu não quero ver como antigamente. Digamos que agora é mais prático e sem erros.

— Então, você está querendo dizer que não erra... Como assim?

— Não há motivo para você mentir para mim, Suzanna, nunca. Pois, eu vejo as verdades. E também não precisa ter vergonha quando eu estiver no mesmo ambiente que você, como aquele. Eu não verei sua nudez, capiche?

Concordei com a cabeça e sem mais nada a dizer, Maionese voltou ao formato de cobra e se instalou de novo no meu pulso.

— Caso você não saiba disso ainda. – Ele disse naquela forma. – Eu não preciso estar na forma de um humano para me comunicar, só não gosto de falar com ninguém.

Afirmei que entendi com a cabeça e dei de ombros olhando para o Harry. Percebi que aquilo não fazia muito sentindo: O moreno está aqui dentro. Ao meu lado onde não deveria estar.

— Não me diz que você quebrou a minha porta. – Digo olhando na direção dela.

— Se você se sente melhor, não digo. – Ele dá de ombros e senta no meu sofá de baixo da janela.

— Você é apenas uma rebelde sem causa.

Olho incrédula para Harry. Ele está mais relaxado desde que meu novo protetor ficou em forma de bracelete.

— Eu? E quem fala isso é um badboy.

— Definir é limitar. Não me subestime. – Ele levantou e veio na minha direção.

Vou até minha comoda e pego uma camisola branca fina. Caminho até o banheiro e paro.

— Vou apenas trocar de roupa. Espere aqui e não invada meu banheiro de novo.

Harry não responde então eu entro. Coloco a camisola e visto meu chinelo um pouco molhado. Ponho a lente de contato azul e volto para o quarto.

Ele está sentado de volta, embaixo da minha janela.

— Ainda está brava?

— Ainda é idiota?

— Precisa ser grossa comigo? – Dou de ombros. – E agora o que vai fazer?

— FIQUE QUIETO. – Uso meu dom. – Eu ainda estou pensando.

— Eu não te obedeço, Garota Inútil.

Com raiva olho em seus olhos. Ele não parece controlado. Desde que voltei da Grécia meus poderes insistem em vacilar.

— Eu vou embora. – Aviso e ele fica entre mim e a porta. – Não é algo que você possa impedir.

— Claro que posso.

Harry crusa os braços e sorri de lado.

Dou alguns passos para trás e sento na cama.

— Não preciso usar a porta para ir embora, idiota. – Fecho os meus olhos e deito.

— O que está fazendo?  - Escuto sua voz mais perto agora.

— Existem finais felizes e finais necessarios. Adeus, Harry.

— Nunca diga adeus, Garota. Por que “adeus” significa ir embora. E ir embora significa nunca mais lembrar.

— Discordo. Você tem que aprender a dizer adeus. Quando você diz adeus, a vida te surpreende com um novo olá.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!



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