Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 49
Capítulo 49 - Só o Fogo passa


Notas iniciais do capítulo

Faz tempo que não posto um novo capítulo.
Espero que gostem.



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Meu antepassado desapareceu na frente dos meus olhos e eu fiquei sozinha. Não esperava que o fato de Mike ter voltado para o século XIV poderia mexer tanto comigo, mas eu comecei a lacrimejar. Sem saber por que, minha mente vagou pelos últimos dias. Logan havia dito que eu poderia viver uma vida normal por enquanto e tudo mais, contudo, seria apenas por duas semanas que isso iria acontecer? E quando eu for atrás de Parole, o que será do meu trabalho? Mike disse que algo se aproxima, e se ele está com medo disso, quem sou eu para não ficar.

Minha mãe está com essa doença estranha que médicos não conhecem a mais de dois meses e tia Rosários só me diz que a cura é uma menininha trancafiada, é loucura. Apesar da dificuldade de entender a lógica desse ano, lembrar que foi mais ou menos a um ano que tudo começou me assusta. Ter desejos como voltar no tempo nunca fez tanto sentido quanto agora.

Harry estava brincando com Robert de novo. O sol estava iluminando o quarto inteiro, e parecia que Rob havia dormido ali naquela noite. Bolas de fogo estavam no ar e parecia que ambos estavam se divertindo. Harry estava com um sorriso contagiante e o ruivinho estava fugindo das bolas de fogo. O que era até bem fácil para alguém com supervelocidade.

— Você queimou minha manga! – Riu o mais velho. Seus cabelos negros estavam mais curtos e bagunçados. Olhei em volta do quarto e percebi que havia uma tesoura e pente ali na cadeira. – Você vai pagar, pirralho.

Harry zigzageou e acabou batendo com o quadril na quina da mesa. Gritou um palavrão e se sentou na cama. Olhou para a porta e me viu. Seus olhos estavam preenchidos de ódio como se tivesse sido culpa minha de Harry não estar em condição para brincar. Na verdade, nem para levantar da cama.

— Preciso conversar com você. - Caminho em sua direção e noto que mesmo com a porrada o garoto não sangrou. – Como consegue correr? Há duas semanas você estava quase morto.

— A ruiva passou por aqui em quanto eu estava tentando ir buscar o café da manhã hoje. Já que alguém não veio me dar comida. – Resmungou. – Por acaso esqueceu que sou sua responsabilidade?

— E como poderia? Você vive gastando meu tempo com “arrume meu travesseiro” e “leve-me para o banheiro”.  Sei muito bem que você consegue isso sozinho!

— Se sabe por que continua a ajudar? – O sorriso de Harry voltou ao rosto e claro, sendo bem arrogante e prepotente. – O que você quer?

Rob começou a andar para perto da porta, como se não pudesse continuar dentro do quarto quando eu estou. – Pode ficar ai, não tem problema. – Digo e vejo que o ruivo volta para perto de Harry e senta-se na cadeira ao lado da cama.

— Então...?

— Você está melhor. – Afirmo e vejo que seus músculos ficam mais tensos. – Eu ando cuidando de você todos os dias e das duas as oito Rob fica aqui com você. De vez enquando Nature te faz visitas para “aplicar” o dom dela em você e sua dor diminuir. Soube que Pergaminho às vezes trás livros para você ler. Percebo que cortou o cabelo, e não fez sozinho. A única pessoa que eu ache que conseguiria cortar seria Mike com a ajuda de Asheley que sabe como destrair qualquer um. Você provavelmente não anda tendo muito contato com Logan nem Bernardo, mas Robert sempre está aqui te entretendo.

— Certo, o que você quer dizer com tudo isso? – Inclina-se para frente e fica menos de um metro de distância de mim, ainda na cama.

Estou sentada perto de seu pé, e vejo que sua perna não tem mais nenhum arranhão e também está sem nenhuma atadura.

— Digamos, então, que você está melhor do que antes do acidente.

— Não foi um acidente. – Harry disse entre dentes.

O tom frio não me congelou essa vez. Na realidade, não ando mais com pena de Harry, nem mesmo o medo que senti quando o conheci.

O Harry essas semanas não foi nada comparado com o que eu esperava. Apesar de se fazer de mimado e talvez falte que ele começe a abanar um sino quando quiser que eu corra ao seu quarto, o garoto até que é gentil. Mau, mas bom. Não é gentil, mas tem vezes que não é grosso. Tem um péssimo humor quando acordado por mim, mas quando está com sono eu acabo tendo que coloca-lo para dormir.

Isso inclui fazer carinho em sua cabeça até dormir. Sei que Harry nunca adimitiria que tem pessadelo, mas agora até mesmo Rob já o conhece bem. Rob por ter olhos de abobora tem na mente que precisa proteger todos, por isso tacou fogo nas árvores quando eu estava no encontro com Kevin no começo das aulas. Então, se Robert gosta de Harry, não é possível que o garoto não seja nenhum pouco bom.

Robert, apesar de muito novo, já viveu maus bocados e sempre soube reconhecer o que o faria mal. E Harry virou quase seu melhor amigo.

— Ok. Continuando, já que você está melhor que antes então eu te fiz bem e não fui inutil.

— Isso ainda podemos discutir. – Sorriu os dois garotos se entreolhando.

— Obrigada, Robert. — Falo o nome do ruivo, pois sei que se incomoda e continuo a idéia inicial. – Logo, preciso te pedir um favor. E é muito importante.

Os músculos de Harry se suavisam e vejo Rob pular da cadeira e se penturar no braço tatuado do novo amigo. – H! Você tem nosão do que deve ser necessário para a Suzanna pedir ajuda? – Gritou o ruivo com emoção e me irritei.

— Está bem! – Resmungo. – Preciso que vá comigo a Grécia. – E antes que Harry abra a boca para debochar continuo. – E não a passeio. Preciso que você vá comigo para um lugar que só um olho de fogo pode entrar. Então, como Sofia arrombou seu cofre de armas, já as tenho para me ajudar. Porém, ainda preciso de algo que me faça passar por uma de vocês.

— E o que seria isso?

— Bem, eu tenho um anél que é do meu clã e isso aumenta meu dom, acredito que vocês possam ter isso com seu lider ou algo assim.

Harry levanta o anelar da mão esquerda onde contém um anél cor grafite com alguns brilhos prateados. – Isso foi feito do anél principal. Com os anéis recolhidos pelo meu clã a muito tempo, conseguiram derrete-los e colocar apenas uma gota do principal em cada anél. – Harry toca em seu anél. - Isso pode ajudar.

— Então, você vai? – Perguntou Robert animado. – Também quero ir, Su!

— Não falei isso. – Harry empurrou o menino para que esse voltasse para a cadeira. – Não concordei com nada. Não vi o que posso ganhar com isso.

— Talvez ganhe um pouco de respeito. Dessa vez preciso de você, antes foi você quem precisou de mim, Harry. – Só senti que o que eu falei teve efeito quando Harry ouviu seu nome. Estranhamente esse garoto gosta quando digo seu nome. — Iremos hoje a noite, assim chegaremos um pouco antes da tarde na Grécia.

— Ele vai. – Disse o Robert mas o Harry continuou calado.

— Bom. – Digo satisfeita. – E o anél?

— Você poderia pegar com seu namorado, inutil.  – O sorriso arrogante não saiu dos seus lábios mesmo quando Rob deu um soco fraco em seu machucado.

— Não tenho um, e Bernardo não usa nada no dedo. – Dou de ombros. – Ele até usava, mas quando se ligou a mim, Bê se desligou, quase que completamente, do antigo clã.

Esticando a mão Harry me entregou seu anél, o qual não coloquei no dedo ainda, apenas segurei e senti sua energia, bem diferente da minha. O anél era muito simples e preto. Tinha alguns brilhos que deveriam ser a gota tirada de um dos antigos anéis. Guardei no bolso e me levantei. Eu já tinha Harry comigo, que por necessidade irá comigo. Agora falta falar com Bernardo e ver se por ele tudo bem.

Levantei-me da cama, dei um beijo na testa de meu irmão caçula o qual corou instantaneamente. Ajeitei o travesseiro de Harry e o cobri. Apesar de ouvir uns resmungos, ignorei. Já tinha minha resposta, apesar de não ter sido pelo próprio garoto, eu sabia que Robert o convenceria. Mesmo não podendo ir conosco.

Agora eu tinha meu jeito de passar pelo túnel. E quanto a passar pelo labirindo? E não me perder? E não morrer? Bem, teria que contar com um inimigo e um ex-namorado. Não tenho motivos para duvidar de nenhum dos dois, certo? Toquei na porta e antes de fechar a porta escutei Harry falando com o amigo em um tom baixo, quase como um sussurro.

— Eu vou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Logo teremos um novo capítulo.



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