Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 4
Capítulo 4 - Primeiro Beijo


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos mais um capítulo de Os olhos violetas!
Por favor, leitores invisíveis, deem sinal de vida pelos comentários!!!
Espero que gostem!

“Por favor, fale outra vez onde fica o seu coração”



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Sinceramente, achei que Logan iria ficar muito impressionado , assim como eu, porém, eu estava errada. Ele gostou do dom da Sofi, riu da minha cara absmada e até tentou derrubar a água, mas não se surpreendeu em ela ter mais que um poder sobrenatural.

– Mostra a ela o que mais você sabe fazer – A voz de Sofi foi tão baixa, como se fosse apenas para Logan escutar, e isso me fez encará-lo depressa.

– Eu não sei controlar - Ele olhou para a água que ainda estava em minhas mãos. - Despeje a água na planta antes que derrame.

Fiz o que Logan sugeriu.

– Tenta - Propus - O que pode dar errado?

– Muitas coisas. - Ele se encaminhou para a porta principal - Vamos lá para fora. Mostrarei-te o que quer ver.

Quando saímos, fiquei perto da Arqueira, gostei do apelido, e gostaria ainda mais de ve-la em ação. Ela se afastou e se sentou no chão, com as pernas cruzadas, esperando.

– Me levanta - Ela quase ordenou olhando para Logan. - Nada de ruim vai acontecer, acredite nisso.

– Você levita as coisas? - Perguntei incrédula. – Que máximo! Não esperaria que existisse isso, mas...

– Não exatamente. Eu faço isso. – Logan me interrompeu. olhando para aonde Sofia estava sentada na grama. Em minutos o Lutador havia tirado esse exato pedaço de terra e feito vir em sua direção, um pouco lendo, como se estivesse muito aflito por fazer a levitação. Sofi estava relaxada em cima da terra. Ele colocou-a no chão quando Sofi chegou ao seu lado.

– Nossa - Pensei em voz alta - Então, você realmente levita as coisas. Como eu esqueci de dizer antes, digo agora, UOU!

– Ele domina a terra, Su - Quando a menina disse isso, onde estava sentada se tornou lama. – Humpf, Mais ou menos, né? - Ela completou se levantando e limpando a mão suja, em seu short branco.

– Que saco - Eu murmurei - Queria saber o que eu faço de especial, se é que faço. A tia Rosa não iria me trazer aqui atoa. Ela até falou que sou bem parecida com meu pai e que ele tinha dons! Contudo, falou que não sabe dos meus poderes, assim como não sabia os dele.

– Você já sabe que é ligada a sua águia pelo menos. - contradisse Logan – Seu pai tinha algum animal, assim como você tem Remendo?

– Mas meu pai era tão normal, nunca vi nada de louco nele... Só sua relação com nosso cão: Bluddy. – Pensativa, percebo o quando eu fui lerda com esse “dom” que tinhamos de nos comunicar com os animais.

– Está dizendo que somos loucos? - Perguntou Sofi não gostando nada dessa palavra. Até parecia ser familiar, para ela.

– Que cheiro é esse - Mudei de assunto. - Parece madeira queimada. Madeira de pinheiro. Ou é madeira de araucária? Hum... acho que é madeira de...

– Quem se importa que tipo de merda de madeira é? - Gritou Logan, me interrompendo. - O moleque está colocando fogo na casa! - Ele correu escadas a cima, com raiva e mal-humor, atrás do quarto que pegava fogo.

A menina abriu a bica da pia, na cozinha e deixou assim por um tempo, enquanto ia para a escada. A água fazia um leve barulho no começo mas depois passou a escorrer pela pia da cozinha, subir as escadas, e passar pelo corredor atrás de Sofia. Como se fosse adestrado.

Corri atrás deles antes que Logan matasse o novo garoto. Deparei-me com a fumaça saindo do quarto do jovem. Ele estava dormindo profundamente quando o mais velho acordou Rob, enquanto Sofia apagava o fogo.

– Des... Desculpa - Robert disse quase engasgando ao olhar em volta. - Tive um pesadelo.

– Que ótimo. Agora temos um incendiário. - Logan olhou para o menino. - Destruirá seu quarto sempre que tiver um pesadelo - Logan berrou - Desça para a sala enquanto resolvemos por aqui.

Após alguns segundos, o garoto já havia saído do quarto. Olhando em volta dava para ver que ele já havia tirado tudo das malas, tinha algumas fotos dele. Em todas ele estava sorrindo e apontando para trás, aonde tinha um lugar histórico diferente em cada foto.

Com apenas sete ou oito anos ele já havia viajado quase tanto quanto eu, pensei, bem mais que eu. O garoto era ruivo. Não um ruivo pintado, nem tinha o tom dos olhos da Sofia. Era aquele ruivo natural, que normalmente é seguido por sardas na bochecha. Tinha um corpo pequeno, nem um pouco desenvolvido. Era fraco e magro. Não chegava a ser esquelético. Rob tinha um biotipo de fogo. Bonito, mas não pode chegar muito perto se não queima. Ao observa-lo, na sala mais cedo, consegui dizer se ele iria conseguir ficar de boa entre nós, aqui na casa da tia Rosários. Aqui, por sorte, não é um sanatório nem um hospício. Já que minha tinha não fica muito aqui, boa parte do tempo é o Logan quem nos supervisiona. Agora ele está tremendamente encrencado, pois nosso novo hospede, é jovem e ainda tinha muitas travessuras para fazer. Não podíamos brigar com o Rob, que apenas quer se divertir e curtir sua infancia! Aparentemente, ele não sabe controlar seus poderes, não podíamos culpa-lo por isso.

– O que faremos com ele? Jogaremos para os leões ou deixaremos sua águia cuidar dele? - Perguntou Logan, sem a menor ironia. – Se é só você pensar, ou dizer, que ela ataca... Pensa aí em pedacinhos de Robert.

– Não seja idiota – Bati na sua costela, com um pouco de força.

– Ele é um de nós agora, Logan, e está aqui para aprender também. - Disse Sofi, a voz jovem da sabedoria. Ainda não me acostumei com o fato dela ser tão mais inteligente que nós dois juntos. - Vou até o escritório da tia de Suzanna e procurarei relatórios, lembretes, algo sobre Rob. Assim saberemos com quem estamos lidando.

– Certo - Me levantei da cadeira e fui até a porta, devagar. - Vou para meu quarto, Logan, o deixe dormir com você. Depois damos um jeito com o quarto dele. - Ele não gostou do que falei – Tente fazer algo com o cheiro de madeira queimada, está me encomodando. E amanhã iremos a escola, então lembra de acordar cedo.

Percebi que estava sendo mandona. Muito autoritária, em uma casa que nem minha era. O Logan deveria estar dando ordens, não eu. Porém, se ele não percebeu...

– E ele ficará aonde? - Perguntou Logan. – Nos bombeiros?

– Amanhã decidiremos, já tivemos muita coisa para apenas uma noite. – A voz de Sofi foi como se tivesse vindo de outra pessoa. Era mais grave, quase como se estivesse interpretando alguém. Ela saiu, do quarto de Rob, comigo.

– Amanhã é quinta – Sofi murmurou e eu concordei - É o dia em que você vai sair com Kevin, né? - A Arqueira mudou de assunto completamente e bem rápido. Fazendo com que desse uma tremenda volta em minha mente, lembrando-me que Kevin havia me chamado para ir ao cinema.

– Caraca, eu já havia me esquecido disso - Eu coloquei a mão na maçaneta. - O que eu faço? Desmarco com ele? Mudo de dia? Dou uma desculpa qualquer?

– Está pedindo conselhos amorosos para mim? Uma garota que é mais inexperiente que uma porta? - Eu dei de ombros, fingindo que não havia percebido isso. - Ok, faz assim, vai com o Kevin ao cinema como combinaram. - Ela sorriu - Eu cuido do baixinho. De qualquer forma, se ele fizer confusão, eu sou "água" e ele é "fogo". Acalmo tudo bem fácil. E o altinho – Se referindo a Logan, ela levantou a mão como se dissesse a altura dele. – se vira sozinho.

– Qualquer coisa me ligue, está bem? – Falei ao fechar aos pouco a porta, mas antes vi que ela concordou com a cabeça .

Entrei no quarto. Estava tudo apagado, mas já sabia por onde ir.

Minha cama era no centro do quarto. Em cada lado havia uma pequena mesa branca com um abajur preto. Eu ainda não havia decidido se era moderno ou antigo aquele quarto. Tinha uma televisão, a quase dois metros de distância da cama. Na janela havia um sofá aclopado a parede. A janela era de madeira, pintada de branco, com vidro transparente e bem limpo. Do outro lado, perto da porta, se encontrava três armários, com quatro portas cada um. Eles também eram brancos. As paredes eram lilás, bem claro e o teto era branco. As mobilias se alternavam com preto de plastico ou metal e branco de madeira. Havia um tapete longo, que pegada desde a parede, atrás da minha cama, até perto da televisão. O chão era de madeira crua, e bem bonito. No parapeito da janela, observei ter escritas e desenhos entalhados na madeira. E entre a televisão e os armários havia uma longa comoda, onde eu estudava.

Deitei na cama e olhei para o teto. Estava no mesmo palácio de antes, mas em outro comodo.



Estava deitada em um sofá grandioso, típico de filmes sobre realeza. A moça de olhos brancos escrevia em um caderno. Estávamos no quarto dela. Levantei rapidamente e fiquei em pé ao seu lado. Na mesa dava para ver minha sombra.

Toquei na garota devagar.

Ela olhou para mim. Depois para o resto do quarto.

A garota não havia me visto. E de novo estou dentro de um sonho.

Olhei para seu caderno. Não estava escrito na minha lingua. Mas me forcei a entender.

O mordomo Sheng saiu do cômodo. Logo após o príncipe beijar-me a mão, segui o mordomo. Depois que subi duas escadas em posições distintas no castelo, havia pensado que o ultimo andar era realmente mais simples, comparado ao resto do castelo.

Comparado ao primeiro e ao segundo, este parecia realmente simples. Mas quando abri a porta para este quarto me surpreendi. Este quarto é estupendo. Repeti para mim mesm,a varias vezes, "não se encante".

Havia criadas. Cinco. Elas estavam do lado da porta de vidro da varanda, me esperando enquanto conversavam. Ao me verem, toda molhada se ofereceram para providenciar minha roupas novas e um banho na banheira.

Não tiro proveito de nada que me oferecem, Mike. Não tenho motivo para isso.

O mordomo deixou uma grande maleta do lado do banheiro e saiu do quarto batendo a porta de leve contra a madeira. Nathan, o principe desse reino, disse que o quarto era humilde e simples, mas estava completamente errado. Aqui dá para dormir mais de cinquenta pessoas. E ainda estariam bem acomodadas. Um dos motivos de eu insistir para o príncipe em não ficara na parte nobre do castelo foi que me lembrava de você, Mike.

Eu e você somos sucessores do trono a tanto tempo, que ficar aqui só me lembra de que você pode estar em perigo. Quando mamãe morreu, nosso pai entrou em depressão e depois de uns anos morreu também. Quem tinha que assumir o reino era você. Por que você foi embora? Porque você sumiu?

Estou a sua procura faz dias. Não irei parar de te procurar. Você sabe disso, irmão. Até que você ou Jenny venham me pedir para que eu pare. Por favor, seu futuro é aqui. Volte. Cuide de Jenny, ela é uma boa ursa.

Ainda te procurando,

Sua irmã, αετός.

– Como aguenta dormir tanto? - Disse uma voz baixa ao meu lado. Olhei para onde veio a voz. Robert.

– Você me acordou - Eu disse me sentando na cama e bocejando.

– Preciso comer. - Ele chiou. - Estou com fome. Quando me dará comida?

– Vá para a cozinha, em alguns minutos irei lá para baixo preparar nossa comida. Ok, Rob?

Rob concordou com a cabeça e quando pisquei, este não estava mais lá, mas a porta estava aberta. O Rob vestia um blazer cinza e uma gravata laranja clara, como se estivesse indo para uma comemoração. Não perguntei o motivo, contudo percebi que ontem ele usava roupa formal também. Arrumei-me pensando no sonho que tive. A "Olhos brancos" é herdeira de um trono, e saiu a procura de seu irmão Mike. Normalmente, não tenho sonhos contínuos.

αετός. O que será que é isso?

As letras vieram em minha mente. Escrevi em um pequeno papel e deixei como lembrete para mais tarde perguntar a Sofia, na minha mesa de cabeceira. Me veio a cabeça uma poesia brega, que eu compus, enquanto descia as escadas.

" o amor é como uma doença,

você morre por causa dele.

O amor é uma cura,

você morre se fica sem ele.

O amor mata e salva,

condena e purifica.

É mais que um desejo

e muito mais que a vontade.

O amor é uma caça,

e a presa é o amado.

O amor é um bosque,

uma selva, um gramado.

É saudade que não se esgota

Não é vontade que vai e volta

É estar longe mas estar perto

É um caminho que foi descoberto

Sei disso porque sinto, vivo

Não saberia disso se não amasse alguém

Agora que já amei, me salvei e me condenei

Mesmo morrendo já mais te esquecerei"

Logan estava comendo junto com Sofi. Rob estava sentado na bancada da pia me esperando e respondendo algumas perguntas da Arqueira. Tia rosa não estava ali.

– Eai, crianças, tiveram um bom dia? - Sorri ao entrar na cozinha.

– Me conte tudo! - Implorou Sofia, parando de comer o cereal matinal.

– O que? Do que você está falando? - Ela as vezes me dava medo com os seus interrogatórios.

– O sonho, o teve de novo, certo? - Ela riu - Sei que teve.

– A caminho da escola eu conto. - Eu sorri para Sofi.

– Você já se esqueceu? - Ela sorriu olhando para Rob - Ficarei com ele no parque até Logan nos buscar. Hoje você vai sair...

– É lembrei - Quase gritei para ela não terminar a frase, mas Sofia entendeu.

Logan também. Acredito.

Entramos no carro, deixamos o pequeno Robert e a Arqueira no parque e fomos a escola. Quinta-feira. O grande dia. Sem loucuras, pensei. Logan não parava de falar de quanto nosso novo amiguinho era irritante. E que ele não conseguia controlar o menino. Que eles ficaram discutindo até Rob ficar com sono.

– Você gosta dele - Declarei.

– Eu apenas aceitei que ele é um de nós. E que tem olhos divertidos. - Ele sorriu olhando para a estrada.

– Então, é isso - Fingi desapontamento - Você apenas quer descobrir de consegue fazer isso com os seus olhos. - Apontei o dedo no rosto dele.

Rimos.

– Quem sabe? - Ele olhou para mim - Ou talvez eu apenas tenha começado a gostar do baixinho. - Ele voltou a olhar para a estrada - Imagina o que ele está fazendo Sofia sofrer – Logan gargalhou.

– Nossa, cadê a humanidade em você? - Perguntei cética. - Quando parará de pensar só nas pessoas sofrendo?

– Quem sabe um dia - Ele deu de ombros e estacionou o carro no lugar de sempre. – Não acha que Rosários irá brigar pela Sofia não ir a aula?

– Acho que não, afinal, Sofi está fazendo o que a tia Rosa deveria. Cuidar das crianças e não abrandona-las

Estávamos no mesmo barco há duas semanas. Mas só sabíamos disso há dois dias. Sai do carro e chamei Remendo. Fiz carinho em sua cabeça.

– Quem diria que você estava ligada a mim, hein, sua cabeça dura? - Eu ri falando baixinho, dando tapas amigaveis em sua cabeça.

– Não fale com ela em público - Ele me avisou - Ninguém consegue vê-la. Acharão que está louca.

Olhei para minha águia e sorri.

– Quem sabe eu esteja.

Assim que passamos pelo portão da escola, os lutadores da esquipe de Jiu-jitsu nos pararam e avisaram ao Logan que o Bernardo estava dizendo a todos que arrebentaria ele a qualquer momento, em qualquer hora e em qualquer lugar. Logan se irritou muito fácil, pensei.

– Vamos atrás dele - Bateu Mark em seu peito. - Vamos arrebenta-lo. Levaram o Lutador para longe de mim.

Fui para meu armário. Quando o abri tinha uma flor dentro. Uma tulipa. Roxa. E uma carta.

Vilu,

Eu estou lutando, não quero gostar, mas você sabe que eu gosto. Todas as outras garotas podem ir embora, elas nem sequer estão no jogo.

K.

Fechei a porta do armário.

– Eu sei, eu sei - Disse uma voz familiar ao meu lado. - Não sou bom com palavras - Ele sorriu sem graça.

– Vilu? - Perguntei.

– Vilu. - Ele confirmou - Violeta. Achei que combinava. - Ele sorriu sem graça.

– Minhas amigas me disseram que você não é de sair com garotas lá da escola – Tentei puxar assunto e ele apenas deu de ombros – Porque me chamou para sair, então?

– Cada regra tem a sua exceção. - Kevin riu e andou comigo até a sala de artes. Em que tínhamos aula juntos. – No meu caso, é você.

– Mas também disseram que você só procura por diversão - Continuei sorrindo. Mesmo não pensando que era uma coisa boa. – Que isso vem em primeiro lugar.

– Seu amiguinho também – Senti uma raiva reprimida em sua voz, então olhei para ele sem entender - O lutador. Ele só pensa em se divertir com as garotas. Não sei por que, mas a história que estou ouvindo é que faz duas semanas que ele não se diverte.

– Você é bem ligado com a vida amorosa de Logan, hein. - Eu ri me sentando no lugar da aula passada, com ele ao meu lado. E pensando sobre o codinome do Logan ser uma furada. - Você deve estar apaixonado. - Sorri.

– Não por ele.

Depois dessa frase o assunto foi finalizado. Agora estávamos desenhando. Sentados em roda. Desenhávamos dois modelos nus. Um homem e uma mulher. Com cada aluno em uma direção podíamos ter, ao final da aula, varias visões de uma mesma imagem, pensei.

– Como consegue fazer isso com o cabelo dela - A menina na minha direita me perguntou. – Parece selvagem, mas comportado. Como se fosse real.

– Rabisque um pouco mais o seu desenho. Está tudo muito reto - Eu aconselhei depois de olhar para o desenho dela.

O sinal tocou.

Kevin me levou para a próxima sala.

– Te vejo na saída, depois do último sinal - Ele deu um beijo no canto da minha boca, como se fosse sem querer, preferi não ficar muito aniada. E depois se misturou com o resto dos corpos que se movimentavam em tormento pelo corredor. Bem longe da sintonia.

Entrei na classe de História Gerais. Camilla já me esperava, com Sofi, colocando o pé na cadeira para guardar meu lugar. Me sentei entre elas.

– Hoje é a peça de um dos grupos – Cam sussurrou - É do meu - Olhou para baixo desanimada.

– Agora o grupo da Srta. Cherfrod. - Disse o professor.

O grupo de Cam tinha cinco integrantes. O meu tinha seis. E eu só os conhecia de nome. E resolvemos que quase tudo inventado na hora, o que não seria era outro assunto.

Camilla era extravagante sendo Julieta. Mas no meu ponto de vista ela só estava interessada em chamar atenção de um exato Romeu que estava em seu grupo. Quando Romeu vê Cam morta. Se aproxima devagar, e dá um beijo terno em sua boca a procura de uma gota de veneno para ele também.

Vi o canto dos lábios da Camilla subirem quando ele deu um leve beijo nela. Mas Cam estava em um papel e não podia sair assim. Segundos depois Julieta acordou e viu seu Romeu morto ao seu lado, com uma estaca no coração. Ela chorou em seu peito. Pegou a adaga e fingiu acertar-se. Caindo ao lado dele.

A turma aplaudiu, fizeram fiu fiu e alguns garotos do time de futebol gritaram gostoso para Dylan.

– Com licença - Pediu uma voz que eu já conhecia, mas que eu não ouvia faz tempo - Mudei meu horário e agora estou em História Gerais, pode me ajudar? - O garoto entregou o papel para o professor.

– Pode se sentar com Suzanna, na mesa dupla - O professor apontou para mim - Você será do grupo dela e Suzanna poderá te explicar o trabalho. - O garoto sorriu para mim e veio em minha direção, como se já estivesse esquecido nosso primeiro encontro.

– Oi, Suzanna. – A voz se dirigiu a mim

– Oi, Bernardo - Eu disse e ele se sentou ao meu lado.

Meu grupo veio em minha direção antes da saída.

– Como você é nova aqui vamos te dizer quem ser. – Quase berrou um dos garotos - Eu serei o Romeu, você Julieta - Ele olhou para Bernardo - Você será meu primo - O garoto continuou dizendo quem seria cada coisa.

– Por mim tudo bem - Eu disse - Depois um de vocês me diz direito. Estou indo – Cutuquei o garoto autoritário, saindo da sala a procura da porta de saída, para finalmente me encontrar com Kevin.

– Você está linda - Kevin me disse.

– Estou igual a antes da aula - Eu disse tocando no cabelo - Talvez com o cabelo mais rebelde e descontrolado.

– Formulei a frase mal... - Ele sorriu - Você é linda.

– Você também não gosta do Bernardo que nem o Logan? - Perguntei.

– Que mudança radical de assunto - Entrei em seu carro. E ele deu a partida. Saímos do campus e fomos em direção do shopping. - E sim - Ele confirmou - Detesto o Bernardo, ele meio que se acha muito. Por fazer luta, que nem Logan.

– Você também não gosta de Logan? - Fiz a pergunta sem quase nenhuma surpresa.

Ele apenas confirmou com a cabeça.

Kevin é muito cuidadoso, preocupado, romântico, gosta de ler e desenhar. Pedia desculpas toda vez que puxava meu cabelo sem querer quando colocava o braço na minha cintura. Ele pensava nas minhas opiniões. Kevin disse que notou que eu senti ciúmes antes dele me contar que Grace era sua irmã.

Bom eu sempre quis namorar um cara inteligente e culto, que não fosse mais baixo que eu, que me respeitasse e tivesse completa confiança em mim, pensei, que me chamasse de anjo, princesa, até um apelido sem muito sentido: Vilu. Uma voz forte apareceu na minha mente dizendo para eu parar de ser idiota. É só uma saída casual de amigos.

E esse amigo disse para comermos antes de ir pro cinema, e já que tínhamos comprado os ingressos antes não vi problema. Ele ficou me olhando e então pediu um papel toalha para a garçonete. Ele começou a rabiscar um desenho. Depois sentou ao meu lado na mesa.

– Gostou? - Me perguntou, mostrando-me a mim mesma. Assim que ele foi me entregar, recuou com o papel. - Espere um minuto, precisa de uma dedicatória. - Ele sorriu e me entregou um papel em que não entendi o que estava escrito - Isso significa "Para a mais linda de todas" Em Italiano.

– Espera um minuto, você sabe quantas línguas diferentes?

– Algumas – Kevin sorriu, sem tentar se gabar.

– Rapidinho - Eu falei mexendo dentro da minha bolsa. Peguei o papel que eu tinha escrito quando acordei. Eu estava levando aquela palavra para todo os cantos. - O que está escrito aqui?

– É grego. - Ele sorriu.

– Mas o que está escrito? - Perguntei.

– Hum... - Ele encarou o papel por um tempo - Eu não sei. Não sei grego.

Concordei. Kevin só podia estar me zoando, pensei.

– Cinema? - Me perguntou. Olhei no relógio.

– Cinema. - Confirmei com a cabeça.

Durante o filme, Kevin tirou o braço da cadeira e me puxou para ele. Disse em meu ouvido que eu estava cheirosa, e eu sorri. Eu não consegui prestar atenção no filme, estando tão perto dele como estava. Apoiei-me em seu braço. Era aconchegante. Parecia que a cada momento que ele falava em meu ouvido, eu ia explodir. Quando saímos da sala, Kevin segurou minha mão. Como um garoto desses podia ser tão mal falado pelas minhas amigas?

Fomos para o carro e quando estávamos à algumas quadras da minha casa, Kevin parou no encostamento. E me olhou. Não sabia o que estava em seus olhos. Desespero, suplica, desejo? Kevin pegou minha mão e beijou meu pulso. Nunca havia visto ele com esse tipo de olhar e também, eu não o conhecia tão bem para saber todos os seus olhares.

– Que pena que você já tem outro amor. - Ele mexeu em meu cabelo, como se precisasse dizer uma coisa a noite inteira e não tivesse oportunidade. - Também não sei por que isso tudo começou. Pois, eu já sabia que eu não podia levar em frente o que eu sentia ao te ver.

– Não, Kevin - Eu tentei o interromper e ele colocou a mão na minha boca.

– Ele que me desculpe, mas me apaixonei quando te vi passar. Quem diria que eu ia me perder? - Kevin sorriu sem graça.

– Espera, Kevin - Tentei de novo. Ele colocou a mão na minha nuca e me puxou devagar.

– Me fale, se quiser que eu pare. - Disse. Sua respiração estava tão perto da minha que pareciam estar em sintonia.

Ainda de olhos abertos olhei através do garoto a minha frente. Uma árvore pegava fogo do lado de fora do carro. Primeiro uma, depois três.

– Pare. - Eu quase gritei, tirei o cinto e sai do carro. Olhei para Rob que estava ao lado da árvore. - Um minuto - Eu disse colocando a cabeça para dentro do carro.

Olhei de volta, a árvore não pegava mais fogo mas estava queimada. Robert não estava mais lá.

Entrei no carro e fechei a porta. Olhei para Kevin, ele continuava a me observar com o mesmo olhar. Por favor, agora não, pensei.

– Tenho que ir para casa. - Eu sussurrei e talvez eu tenha visto tristeza em seus olhos

– Eu fiz algo errado? Se fiz eu posso concertar, eu juro!

– Não Kevin, relaxa, você estava fazendo tudo certo. O problema é que hoje eu ia ser babá e estou com peso na consciência por estar aqui com você enquanto minha amiga está sofrendo na mão do garotinho.

– Tudo bem - Kevin disse, olhando de volta para a estrada. Passou por algumas quadras, enquanto longos minutos se passavam, e chegou. - Eu acho que conheço essa casa. Ou uma parecida. - Eu sorri enquanto ele dava no carro a volta para me levar até a porta de casa. - Tem certeza que não fiz nada errado?

– Sim, tenho - Eu disse. - Acredite em mim, está tudo certo. Mas tenho que entrar.

– Posso fazer algo antes? - Me perguntou.

– Se precisa pedir permissão, não. - Eu sorri, mas me arrependi. Claro que ele não precisava pedir, mas não tinha problema. Tive vontade de eu mesma beija-lo.

– Então, não vou mais pedir - Kevin suspirou entretido, exalando desejo e sorriu.

Me empurrou contra a porta, puxou minha cintura e colocou a mão no meu pescoço. Tudo estava extremamente perfeito. A madeira da porta não me incomodava, estava fria e era lisa. Os barulhos dos sapos e grilos, na grama, chegavam a ser até agradáveis. Eu estava no lugar certo, na hora certa. Sorri satisfeita de finalmente beijar um garoto que eu realmente gostava.

Então ouvi passos.

A porta abriu.

Foi tão rápido que Kevin não teve como se segurar e caiu, com uma pancada forte, sobre mim no chão. Ainda desnorteada por ter caído assim, sem mais nem menos, olhei em volta vi Rob sorrindo. Um sorriso curto, sem mostrar os dentes. Como se estivesse escondendo uma enorme gargalhada, e quando eu me estiquei para agarrar sua perna, e brigar com Rob, senti o peito de Kevin contra o meu rindo baixo. Olhei para Robert que acenou e depois sumiu.

Kevin olhou para mim e riu.

– Isso era para ser um convite para entrar? - Ele me olhou e vi em seus olhos desejo e ternura. – Sabia que não precisava me trazer a força, não é?

– Na verdade, eu tenho mesmo que cuidar do menino... Aquele que te contei... - Me levantei um pouco irritada, tendo certeza que foi por causa dele que eu caí. – Kev, até outro dia, está bem?

Ele levantou, limpando a blusa com a palma da mão. Antes mesmo de me respondeu, percebi que estava com um olhar decepcionado no rosto.

– Sim, claro. Até outro dia, Suzanna.

Tive que fazer um enorme esforço, mas me levantei na ponta dos pés e beijei meu amigo na bochecha. Logo após disso, fechei a porta, fingindo estar tranquila. E o olhei pela janela, com um sorriso forçado. Ele sorriu e acenou. Assim que visualizei Kevin virando a esquina, e saindo do meu campo de visão, me virei. Robert me encarava, com o estupido sorriso que diz “fui pego”.

– PARADO - Eu disse, percebendo que minha voz se alterou um pouco, mas não ligando muito para isso.

Notei que o menino tentava correr. Se mexer. Até pular. Contudo, nada acontecia. Robert estava preso ao chão, e parecia angustiado por isso.

– Agora diga por que você incendiou aquelas árvores. - Falei normalmente agora, com a voz controlada. Sem querer mostrar que eu estava com raiva por estragar um momento perfeito, com um garoto perfeito, que parecia gostar tanto de mim.

– Foi Logan! Não fui eu – Rob levantou os braços na defensiva como se estivesse sendo preso por policiais. – Logan disse que se eu não fizesse isso aquele homem iria te machucar - Rob falou apressadamente, tão rápido que tive que me concentrar muito para entender.

– E porque abriu a porta me fazendo cair no chão? Isso ajudaria ao “homem” não me machucar? - Perguntei olhando Rob de cima, tentando mostrar a quem ele devia obedecer. Rob não respondeu - Me diga por que abriu a porta! Me fazendo cair. ME DIGA AGORA.

– Logan disse que se eu não fizesse isso o homem iria te machucar de verdade contra a porta. - Ele falou tão rápido que fiquei impressionada em entender de novo.

– Me diga por que você riu de mim, então! Já que você estava tão disposto a ajudar!

– Não vou falar isso... – Murmurou o menino.

– VOCÊ VAI ME RESPONDER AGORA. – Senti a alteração de novo porém, não tive tempo para ligar.

– Porque você caiu de bunda, foi super engraçado. – Sua voz foi muito rápida, porém eu consegui entender.

Ele tinha razão, sorri, pensando agora, deve ter sido realmente engraçado. Mas rir da desgraça alheia é muito feio!

– Pronto, está livre, pode se mover. - Eu disse e ele ficou pulando para ter certeza que não estava mais preso no chão. - Não diga que tivemos essa conversa. Certo?

– Certo.

– Onde estão os outros?

– Sofia está no escritório da sua tia procurando alguma coisa e disse para eu não a irritar. Logan está no quarto dele jogando bola de basquete na parede. – Parecia que Rob tentava escutar algo, colocando a mão no ouvido para ampliar o som – Quer dizer, bola de tênis.

Ouvi Rob dizendo também que minha águia estava no meu quarto, comendo a mobília da cama. Rob fala rápido até demais, pensei, será uma enorme furada tentar coloca-lo na escola. Pelo menos, esse problema não será comigo.

– Vá para o seu quarto, durma, e não faça nada pegar fogo! - Eu sorri e o garotinho se foi em um simples piscar de olhos.

Subi para meu quarto, entrei e fechei a porta. Fazendo o mínimo de barulho possível. Hoje eu sabia que não teria o sonho estranho de novo, pois estava olhando para o teto e enxergando apenas o teto! Escrevi no meu bloco de anotações sobre os questionamentos que estavam circulando dentro da minha mente.

Kevin ia me beijar? - Sim

Ele não me beijou só por causa do imprevisto? - Não sei

Logan é um idiota?! - Sim

Rob mentiu? - Não sei.

Como eu prendi Robert no chão?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Escrevi essa capítulo meio rápido demais, mas eu achei que ficou bom! Espero comentários!!!



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