Os olhos violetas escrita por Flávia Monte


Capítulo 34
Capítulo 34 - Mais um olhos vermelhos


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem! Comentários movem histórias



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Saimos pelas ruas. Estava muito sol. Queimando tudo o que tinha direito. Chegamos perto dos portos onde tinham varios barcos com a bandeira azul e branca represantando a Grécia.

– Tudo por aqui é azul e branco. – Digo olhando para as casas ao longo do morro. Andamos tanto até chegar aos barquinhos. - Temos que ir para que lugar agora? – Arfo um pouco.

– Acho que devemos subir... – Sofia aponta para a

– Até ...? – Olho para o mais alto que consigo.

– Lá – Ela aponta para um morro muito distante, mas muito alto também. Tinha casas até bem perto do topo.

Andamos muito até subirmos tudo. E lá em cima olhamos em volta. Tudo branco e azul, de novo. Não haviamos até então perguntado a ninguém sobre Eco e sua fruta. Mas com quem falaríamos? Não conheciamos ninguém. Como eu fui pensar que seria fácil?

– O que é o que é... Tem um brilho lindo, da para ver daqui e é azul? – Perguntou Sofi

– O mar... – Digo - Azul... Branco... Água... Azul de novo... – Eu disse olhando e apontando para tudo a minha volta.

– Olhe em volta, Su, o que vê? – Perguntou-me ela.

– Acabei de dizer, tudo azul e branco... – Olho tudo em volta.

– Suzanna, chega mais perto. – Sofia me chama até onde está. Chega perto do meu ouvido. – PARA DE PENSAR NO VISIVEL! VEJA O INVISIVEL!. – Ela grita em meu ouvido e eu quase caio da pedra.

– PORRA SOFIA, NÃO GRITA. – Gritei de volta e voltei a pensar. Os relevos. Tem um bem parecido com o desenho. – Olhe ali! – Grito abanando os braços!

– Finalmente a cega conseguiu ver... –Sofi com a mão na testa finge estar chocada. – Então vamos para lá... – Ela se virou para descer a enorme escada.

– Calma... – Dirijo-me a ela e sento no chão. – Estou cansada ainda...

– E a correria? Sua mãe está mal... – Minha amiga falou em um sussurro. Meus olhos ficaram desfocados.

– Eu também... – Digo batendo a cabeça no chão e fechando os olhos.

– Está quente aqui – Digo tocando minha cabeça no lugar que bati contra as pedras no chão.

– Você está com a gente? – Pergunta Ima, a amiga de minha tia.

– Eu estou aqui – Respondo e vejo a sorrindo. – Mas não sei por que.

Ela olha para minha tia e para o resto do grupo a minha volta. No total eram quinze. Doze homens e tres mulheres. Minha tia e Ima se entreolhavam. Todos estavam com túnicas pretas, compridas e visivelmente quentes.

Os olhos de Ima eram negros, mas não pareciam do mal. Notei que raiva saia dela. Pelo menos um pouco. Toquei meu pescoço, ele estava costurado.

– Um espelho por favor. – Digo e rápido vem um para mim. Me olho e vejo que eu não sou eu. – Mas que ...

– O que foi Rachel? – Me pergunta uma mulher de cabelos verdes. – Você melhorou assim do nada. Algo no que eles fizeram a trouxe de volta. Como conseguiu fugir do clã de olhos de fogo? Conte-nos direito. Você só nos disse que alguém a ajudou. Quem foi?

– Pare de fazer tantas perguntas – Diz Ima e olha para mim. – Está tudo bem, minha querida?

– Claro que não. – Digo me levantando bruscamente e sentindo tudo fora do lugar e doído. – Porra! – Volto a me deitar. – Que droga é essa? O que estou fazendo no corpo de minha mãe?

– Calma, Suzanna – Diz minha tia vindo até mim com uma bebida. – Sua mãe estava quase morta, precisávamos que ela tomasse isso. – Ela me entregou o elixir. – E bem... Tínhamos que trazer uma alma até o corpo de Rachel, Já que a dela está sumindo aos poucos.

– Que? – Meu corpo ficou tenso. – Me de logo o elixir! – Arranco de suas velhas mãos. Olho em volta nervosa. Todos estavam virados em minha direção com esperança.

Bebi tudo sem nem espirar.

Gosto asqueroso!

O liquido passou pelo meu pescoço queimando tudo. Parecia que eu estáva bebendo alcool pela primeira vez de novo. Tinha a diferença do elixir ser espesso.

– E agora?

– Bem... Agora você já pode voltar ao seu corpo. – Rosa vem tocar na minha pele mas digo um suave não.

– Espere. Preciso de ajuda também. Estou no lugar em que você me disse para estar... – Tento fazer Rosários me entender. Vai que eles não são tão confiaveis assim. – O que eu faço agora?

– Achou o relevo? – Me pergunta acariciando meu braço com uma pomada.

– Sim, eu acho. – Sinto a dor de minha mãe. – Como posso ter certeza que estou no lugar certo?

– Zack, querido? – Chama tia Rosa e esse aparece por detrás dos outros. – Como ter certeza que o lugar em que ela está é o recanto de Eco? Como saber se a fruta se encontra com ela? – Ela sussurra.

– Hum... Eu li em algum dos meus livros que o recanto de Eco solta uma luz para quem nasceu no horário do clã inicial. – Disse ele.

– Mas faz tempo que ninguém nasce a meia noite e é um deles. – Diz minha tia irritada. – Não tem mas nada que a Suzanna consiga ter certeza?

– A que horas o clã inicial nasceu? – Eu pergunto ao Zack, seu olhar velho cai sobre mim. – E o que significa isso?

– Meia noite. Mas sinto muito, minha filha, não tenho como saber. Não documentaram a tanto tempo atrás. Acredito que nem mesmo sua amiga de olhos vermelhos possa saber. – Seu olhar pedia desculpas.

– Então se é só assim que posso encontrar Eco... Eu desisto? – Pergunto.

– Não é só assim. E minha jovem, você acredita na mitologia da ninfa? – Me pergunta o velho. – Ou em qualquer outra?

– Eu deveria? – Senti uma dor de cabeça, semelhante a do inicio. – Rápido! Estou sentindo minha alma voltar ao meu corpo.

– Ela nunca saiu de lá, Suzanna. – Sorriu minha tia. Estava muito escurro, a únicas luzes no ambiente eram velas. Assim fez com que o sorriso de Rosários não fosse doce nem acolhedor, mas que me desse medo. – Se não, você morreria.

– Tem uma livraria na Grécia. – Zackary soltou. – O nome é Δημιουργός των μύθων. O que significa “Criador de Fabulas”. Lá tem tudo que é livro, é claro. Mas também tem o que você procura.

– Não procuro nada, senhor.

– Menina, pare de teimar. Você procura algo sim. A fruta, esqueceu? – Ele poem a mão na cabeça se lamentando. – Depois eu que sou velho...

– Ok então, Zack, não estou me sentindo direito. Dá para me ajudar? – Digo

– Procure com os ouvidos. Seus olhos podem te enganar. Os dons vem dos olhos, mas não se deixe enganar. Seu dom está em todo o seu corpo. Não vá ao morro antes de saber exatamente o que fazer lá. Cuidado. Tome muito cuidado.

A dor volta, em uma grande onda. Eu não consigo me acostumar com isso. Esses dons. Essas idas e vindas. E eu achava que estava toda complicada e extremamente louca no começo.

Procure com os ouvidos. Seus olhos podem te enganar.

Tentei enxergar. Aos poucos. Bem devagar.

Vi um vulto. Vermelho com um pouco de branco. Pisquei uma vez. Depois de novo. Até conseguir enxergar direito.

– Είσαι καλά? - Me perguntou com seu timido sorriso.

– Han? – Franzi a testa.

– Είσαι καλά? - Ele repetiu. E notei que não era minha lingua, óbivo. Era grego. Eu estava de volta a grécia.

– Eu – Apontei para mim – Não. – Neguei com o dedo. – Falo – Toquei na minha boca. – Grego. – Apontei para ele.

O grego fez uma careta enquanto me encarava e quando, enfim, notei que ele também não entendeu o que eu, repeti a frase.

Ouvi um riso atrás da cabeleira ruiva dele. Sofia estava sentada lendo um livro.

– Εκείνη δεν μιλούσε ελληνικά, Ruan. – Disse, sentando-se na cama comigo. – Eu disse a ele “Ela não fala grego”. – Assenti e olhei-o. Ele sorriu, era nossa única possível comunicação.

Ele repetiu a frase que eu não havia entendido e olhou para Sofia. Nossa interprete engatinhou até ficar atrás de mim de joelho. Começou a escovar meu cabelo e murmurou:

– “Você está bem?” – Confirmei com a cabeça. O garoto ruivo sorriu de novo. Seus olhos combinavam com o cabelo. Ambos eram vermelhos.

– Sai para lá demônio. – Digo chegando para trás na cama fazendo um simbolo como se eu estivesse me benzendo. Ele virou a cabeça de novo, tentando me entender. Olhei em volta. Estava em um quarto de pedras. Tanto as paredes, quanto o chão. A cama era de madeira. A janela não tinha vidro e ia direto para o azul do mar. – Em que lugar estou, Sofia?

– Este – Ela apontou para o garoto. – É um rapaz gentil e bem bonito que me ajudou a trazer você aqui. Esse é o quarto dele.

– Por que estou aqui?

– Você bateu a cabeça, a sua respiração estava fraca. Liguei para meu primo e ele me ajudou. – Ela sorriu. Notei que ela estava suada. – Você precisa de dieta, Su.

– Cade seu primo? – Pergunto.

– Este demonio aí. Somos de sangue, mas nem tanto parecidos. Pois é... E só pra você saber, me ofendi de você compará-lo com um demonio. Eu estava te tocando.

Olho para o garoto. Um pouco mais alto que eu. Com os mesmos olhos que a Sofi esconde atrás da lente. Seu queixo é quadrado. Seu rosto não parede de criança como o do Bernardo. Tem um pouco de músculo por todo o tronco, semelhante aos de Mike e Logan. Seus braços são os mais fortes que já vi pessoalmente sem que fiquesse feio ou estranho. Ela sabe o que eu achei estranho nele.

– Como faço para entende-lo? E agradecer? – Pergunto a Sofia.

– Use seu dom, anta. É so pedir para conseguir entender tudo o que ele diz em grego em uma legenda. Ou sei lá. E para falar você usa o dom também. – Sofia dá de ombros, e sinto sua irritação.

E eu faço. Dom, ainda não sei como você funciona. Creio que não é para rezar para você. Vamos lá... Que eu consiga entender grego com uma legenda e consiga falar em grego também. Como se eu fosse fluente de preferencia, para que o primo de Sofia me entenda rápido.

– Arranjei uma roupa para você. – Diz Sofi saindo da cama e pegando um pano em cima de um baú. Veio sorrindo com a mão estendida para mim, me entregando uma roupa branca e azul.

– Você só pode estar bricando comigo! Só existe essas cores por aqui? – Pergunto e me levanto devagar. – Banheiro? – Ela aponta para uma porta. Amém! Tem porta! Entro. Abaixo o short e coloco o jeans branco. Coloco a blusa em V branca e noto como é enorme. Tem listas finas azuis e a testura e macia. O cheiro era de água do mar. Sem dúvida é do garoto, e ele deve ser pescador.

Saio com a blusa um pouco para cima ainda. Ajeitando-a.

Como digo “uou” em sua lingua, prima? – Rio da cara do rapaz quando ele fala para a Sofi, sem nem olha-la.

– Usou seu dom? – Me pergunta e eu confirmo. Ela solta gargalhada e coloca mão no ombro do rapaz. Ele deve ter uns dezenove anos. – Sou. Idiota. – Ela diz devagar para ele repetir.

– Sou idota? – Ele pergunta para ter certeza. Contudo a seu rosto ainda mostrava o facínio por mim.

– Ela está te zoando – Eu rio e digo em sua lingua.

O garoto fica com o rosto avermelhado notando que eu entendi. Sua roupa está rasgada e ele usa tenis preto. Na realidade sua roupa inteira é preta. AMÉM, NÃO É AZUL E BRANCO.

– Você ficou bem com a minha blusa. – Ele disse me olhando de cima a baixo. – Creio que ficou grande como se estivesse acabado de...

– Vamos Su. – Interrompe Sofi. - Primo. Então eu te ligo se eu precisar de alguma coisa. - Ele fez que sim com a cabeça, olhando para o relógio preto com um rosto sem expressão e não deve ter visto quando saímos pela porta.

Estávamos já lá em baixo, em uma rua de pedras perto do mar. Então ela desceu por isso tudo me carregando. Instintivamente toquei em minha testa, a qual estava um pouco suja de terra. Havia uma linha fina, não estava sangrando nem doendo.

– Preciso achar um lugar. – Murmuro.

– Eu sei. Estamos procurando esqueceu? – Perguntou minha melhor amiga.

– Não. É outro. O nome é Criador de fabulas. É uma livraria. – Digo – Lá estará alguma coisa sobre a fruta para salvar minha mãe. E Sofi...

– O que foi? E como sabe sobre a livraria, que você não havia falado antes...

– Eu achei que só restava você da sua família. – Digo andando em sua frente, mas percebo quando ela para de me seguir e me viro para entende-la.

Sofia está olhando para o lado, como se evitasse me olhar. Não está com a felicidade contagiante de antes, nem com seu rosto sério de quando está lendo. Minha amiga estava triste.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado. Espero nos comentários!



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