Olhei em volta. Meu quarto. Nada de Logan. Olhei para o relógio na cômoda e tinha um numero vermelho piscando. 5:40. Olhei para o armário sem nenhuma vontade de trocar de roupa. Levantei-me e coloquei a roupa mais descente que achei, para a escola.

Abri a porta para o corredor. Que sono, pensei. No mesmo instante senti o cheiro de Logan e olhei para o lado e vi o outro garoto do clã dos olhos dourados saindo do banho. Conhecidencia estranha, pensei.

– Bom dia flor, dormiu bem? – Ele me abraçou ainda com a toalha na cintura e deu um beijo no meu cabelo bagunçado.

– Mais ou menos... – Sorri ao me lembrar do sonho mas logo meu sorriso se desfez. – E você.

– Na verdade não me lembro, sua tia me deu uma pedra da lua. Ajudou muito a limpar meus sonhos. – Ele beijou minha testa e se virou para o quarto – Te aguardo no meu carro em quinze minutos?

– Quer mesmo ir para a escola? – Perguntei fazendo uma cara de cachorro sem dono. E ele voltou ao meu lado.

– Quer mesmo saber o que eu quero fazer? – Seu sorriso foi de malicia e eu mordi o lábio. – Acho que quer – Ele colocou a mão no meu pescoço.

Puxei ele pela cintura, segurando na toalha. Em algum momento fingi ouvir um barulho e apontei para a escada. Quando ele olhou, arranquei a toalha dele e fechei minha porta do quarto. Três minutos se passaram e ele ainda estava batendo na minha porta exigindo entrar.

Poucos minutos depois abri um pouco a porta, ele já não estava lá. Fui para o banho, levando minha roupa e quando eu sai ele estava do lado de fora do banheiro.

– Poxa – Ele olhou para meu short – Não é justo! Tenho que tirar a toalha de você também - Coloquei a toalha enrolada no meu braço, peguei a mão dele, o fazendo a tirar.

– Pronto! – Sorri passando por ele – Feliz?

– Não – Ele cruzou o braço – Vou ter a minha vingança

– Vocês olhos de fogo, sempre querendo vingança – Digo com ele ao meu lado indo para o carro.

– Já conheceu mais de nós? – Ele me perguntou – E ainda está viva? Impressionante

– Na verdade não – Entrei no carro – Você e o Harry são os primeiros... Minha tia foi a primeira a me contar sobre os clãs, e como você sabe, ela andou meio longe... Então meio que eu não sabia muitas coisas. A Sofia sabia mais que eu, e provavelmente o Rob também

Entrei na escola e vi Isa. Me lembrei de Logan, e mais ainda das crianças que eu deixei em casa. Elas tem como vir para a aula, acho. Isabella é uma caçadora, e Be é a presa, pensei. Mas sendo do clã, ele também é caçador... Mas será que só de outros clãs?

Olhando para Isa e segurando a mão de Be, senti que ela o mataria se soubesse. E me mataria quando descobrisse. Minha tia já passou no teste de tentar matar, será que Isa passaria nele logo? Será que conseguiria mata-lo?

Bernardo nem se mexeu quando minha tia tentou, porém aquilo não me pareceu normal a ele. Ficar quieto, ouvindo, gritando. Sem duvidas, não é o estilo do meu namorado. Namorado, essa palavra não o descrevia muito bem. Ele se parecia apenas “ligado” a mim. Como se estivéssemos presos um ao outro por uma corrente de prata.

Isso! É como se estivéssemos acorrentados. Mas apesar de tudo, eu sorria quando ele me olhava. Me sentia tímida. Me sinto apaixonada, pensei. É tão estranho.

– Olha-lo é como borboletas no meu estomago – Pensei

– Serio? – Ouvi sua voz e notei que não apenas pensei na frase. Disse-a em voz alta no meio da aula de história. No meio da peça de Romeu e Julieta. Por sorte ainda não era a nossa. – Isso faz parte do teatro?

– Han... deve fazer – Sorri sem graça – Está pensando em que? – Perguntei olhando para o palco.

– Apenas mais um Romeu e mais uma Julieta. – Ele disse – Prefiro sua história da pequena sereia, mas porque você não fez ela se casar?

– Ela não estava pronta para se comprometer com algo tão grande. E tinha medo do pai matasse o príncipe, é simples – Dei de ombros – O que faremos quando virmos o Harry?

– Me chamaram? – Sua voz grossa era inconfundível. Este se sentou na cadeira de couro ao lado da minha. Senti o musculo do braço de Bernardo tensos.

– Ela estava apenas me dizendo que eu não te apresentei direito – Senti a raiva na voz dele. Ira. – E eu falei para ela que você não é boa companhia

– Será mesmo? - Harry pegou minha mão – Consigo ser exatamente o que uma garota vai querer. Principalmente essa linda Susanna, certo? – Concordei com um aceno de cabeça. Senti Bernardo me puxando pelo ombro, e tirando minha mão da de Harry. – Relaxa Martes, eu sou como você esqueceu? Só que sou mais divertido, pode crer, princesa.

– Harry, o que está fazendo nesse colégio? – Perguntou o nervosinho ao meu lado

– Soube que era aqui que você estava, vim fazer uma visita. – Por um segundo vir o preto dos seus olhos virando vermelhos, laranjas. Fogo – Não foi uma má ideia.

– Precisamos conversar – A voz sombria de Be me deu um calafrio – Depois da aula, no penhasco. Me espere lá.

– Se você levar essa linda aqui, eu penso no seu caso – Ele sorriu para mim e eu senti medo. Meus olhos se voltaram para os de Bernardo.

– Se a tocar mais uma vez... não poderá enxergar mais a beleza dela

– Relaxa mano, as três horas no penhasco, não se atrase. – Harry saiu tão rápido quanto chegou. Houve um breve silêncio até ouvirmos os aplausos. O palco estava quase vazio. Remendo entrou pela janela do salão e saiu.

Fui atrás dela. Com acorrentado o meu lado. Ela estava com um papel nas garras. Vi o meu nome escrito a tinta no lado de fora. Susanna. Olhei para o garoto loiro ao meu lado.

– Pode ir para aula, volto na hora do almoço. – Ele assentiu depois de uns minutos e se foi.

Olhei em volta, porém só tinha minha águia por perto. Peguei o papel e o desdobrei. A letra de Logan era muito legível e bonita.

Precisamos conversar, mas aqui no acampamento é impossível de dar uma fugida. Não podemos usar telefones. Lembrei do jeito que se comunicava com a sua tia e tentei. Se você está com a carta, funcionou.

Sonhe comigo, Logan.