Herdeiros do Fogo escrita por Tikie, L R Rondão


Capítulo 3
Novos... Amigos?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas (como já avisei a alguns) é impossível atualizar mais rápido quando se estuda em horário integral.
Dez horas por dia em um colégio cansa! T.T

Espero que gostem, porque esse capítulo deu trabalho.
Cadê inspiração que não vinha...? :/



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Dois anos depois - Idade: 09 anos.

Naruto descansava do treino em uma das árvores do local. Suspirava profundamente ao ouvir mais um uivado. De quem foi a ideia de girico de ele começar a treinar na área 44?

Ah é, de Kurama. Óbvio.

Não está surpreso de quase morrer tantas vezes na “floresta da morte”. Estava com as costelas arrebentadas, braços e pernas cheio de marcas de queimaduras e áreas roxas, e com um corte (que ainda sangrava um pouco) na cabeça. Aqueles bichos sofreram mutações genéticas, só pode! Capivara (ou o que parecia ser uma) soltando fogo, não, não é normal.

O pior da história é que a raposa podia muito bem cuidar dos ferimentos dele, mas diz que um bom Shinobi tem bastante resistência numa batalha. Ele só espera que em uma batalha de verdade ela o cure, pelo menos.

Resolveu fazer uma fogueira, pois além de se esquentar, chamaria a atenção de alguns bichos. Ele estava com fome, e gastar pouca energia para caçar parecia uma boa ideia.

Menos quando ouviu alguma coisa se mexendo nos arbustos próximos e percebeu se tratar de uma pessoa. Esta estava extremamente ferida, e quando desmaiou na frente do loiro (que por pouco conseguiu conter a surpresa e amparar a queda), conseguiu murmurar uma última frase.

— Não é o Gai - Sensei...

Por alguns segundos observou o garoto com cabelo de cuia preto e malha verde-musgo que em sua opinião era ridículo, e o colocou apoiado nas árvores. Aparentemente ele só estava cansado, pois dormira feito um bebê, mas Naruto inquieto foi ver aquele rasgo com sangue seco com uma aparência bem feia no braço.

Inquietou-se: estava infectado. Provavelmente fora feito por uma daquelas aranhas com lâminas nas garras. Aquilo tem chances de contaminação quase em 100%. Esse garoto é louco de não ir avaliar logo?

Espera. Ele estava treinando em um lugar chamado “Floresta da morte”. Essa pergunta não deveria ter sido feita.

Criou um Kage Bunshin para vigiar o cabelo de cuia e foi atrás das plantas que sabia que tinham ali, e que poderiam ajudar. Os estudos de medicina não iriam valer só para ele, isso tinha noção. Mas ter alguém quase que dependente dos cuidados dele tão rápido fez a confiança dele se é ou não bom o bastante vacilar.

Estava meio longe do local, mas como ele tinha ido a toda velocidade permitida pelos pesos (Yamamoto enche o saco dizendo que é só hora de vida ou morte e que no treinamento não é permitido tirar. Só que ele quase morre nesses treinamentos.) ele chegou em questão de uns dois minutos, ofegando um pouco. A queimadura na perna também retardou um pouco a corrida e proporcionava uma careta no Uzumaki.

Pegou as plantas (observando e certificando-se que eram as certas muitas vezes) e voltou na mesma velocidade de antes, quase afobadamente, mesmo não sabendo o porquê de tanta preocupação. Quando voltou, o outro já ardia em febre, mesmo que não acordasse, então Naruto teve que usar um pergaminho com água para poder molhar o pedaço que havia arrancado da blusa e limpar tudo, para depois lavar e com um Jutsu de Suiton poder deixá-la em cima da testa. Depois disto, começou a esfregar as ervas na ferida. Mesmo que o desconhecido tivesse resmungando de dor (e ainda assim não acordava!), ele sabia que isso iria ajudar.

Terminado de cuidar do garoto, ele começou a se preocupar consigo mesmo, já que mesmo que por incrível sorte nada apareceu depois do garoto, sabia que alguns animais iriam aparecer. Ele estar cansado e machucado não seria um oponente muito desafiador.

Quando estava quase terminando de tratar as queimaduras com as plantas que tinha pegado para si mesmo, apareceu um cervo com chifre de vento. É, é isso mesmo. O vento em volta da cabeça dele formava um chifre, mesmo que não estivesse parado. Na boa, ia pesquisar direitinho o que andam fazendo com os animais porque não é possível. Já viu fogo, água (aquele peixe-boi dera trabalho) e agora vento?!

Preparou sua Kunai e pulou se equilibrando na árvore em pé, colocando Chakra no seu centro de gravidade para escapar da bola de vento que vinha certeira para cima se si.

O bicho ao perceber que errou bateu no chão com a pata esquerda e emitiu um som como se estivesse murmurando frustrado. Mas logo após, repetiu o processo para lançar a “bola de ar”: empinou-se apoiando o corpo só nas patas traseiras e depois voltou ao chão, abaixando a cabeça e efetuando o ataque.

Porém Naruto percebeu que não era lá muito forte esse ataque, e que nem poderia alcançá-lo, já que no fim, na metade do caminho ele se desfez. Deve ser por esse motivo que este animal estava ali: preso dentro de um local e ninguém sabendo de sua existência, do que sendo utilizado em missões ou até mesmo cuidado melhor para ajudar em uma possível guerra.

Venhamos e convenhamos que as perdas de animais em uma batalha importam e pesam menos que de humanos. E ele sabia que se Kurama ouvisse isso ele estaria em apuros.

Aproveitando o pequeno espaço de tempo da frustração do animal e a repetição do “processo de efetuação”, Naruto rapidamente pulou em linha reta e com a Kunai banhada em Futoon cortou a cabeça do mesmo em poucos segundos, logo desfazendo o Jutsu e vendo o sangue cair no chão e quase se juntar ao que saia do ferimento do animal.

Depois começou a cortar e tirar a pele. Ele era bem grande, vai ser bastante carne. O que é bom, já que agora ele tem companhia.Passou mais de meia hora só para poder colocar no fogo, e quando isso aconteceu, percebeu o outro observando ele.

Ótimo, tinha acordado e ficado de boca calada. Desde quando ele está ali só vendo?

— Qual é o seu nome? — Naruto perguntou enquanto tentava improvisar alguma coisa para impedir que mais animais cheguem ali. Agora ele quer comer sossegado.

— Lee. Rock Lee. — respondeu meio incerto.

— Ah sim, o garoto de uma classe mais avançada que a minha na academia que não pode usar Ninjutsu. — lembrou-se de ouvir alguma coisa sobre ele quando não podia evitar ouvir as fofocas de Sakura e sua turminha.

— Sou eu mesmo! — respondeu parecendo mais animado, mas ficou quase que óbvio que ele não gostou da fama. Parecia que ele achou que Naruto iria tirar sarro dele.

— Admiro sua força de vontade. — elogiou no mesmo tom de voz, como se não fosse nada, mas para Lee foi importante, porque só mais um tinha feito (ou admitido que fez) isso.

— Sério? — perguntou ainda surpreso.

— Não sou muito de puxar saco dos outro não, Lee - San... — Suspirou. — Se importa se seu te chamar só de Lee?

— Não, não. — se endireitou mais na árvore. — Foi você que enfaixou meu braço?

— Sim, fiz isso logo depois de enfaixar minha cabeça. Estava infeccionado. Você lutou com aquela aranha laminada, né?

— Sim, sim. Ela era enorme. Para acertá-la foi fácil, mas era muito resistente.

— Olha, parece que você teve o azar de encontrar a mãe ou algo do tipo. As que eu enfrentei eram um pouco maiores que minha mão.

— Sério? — fez uma pequena pausa. — Enfim, obrigado. Você salvou minha vida.

— Ah... Na verdade, nem tanto. O máximo que poderia acontecer é você ter que amputar o braço, mas o que eu fiz foi só os “primeiros-socorros”. Você vai ter que avaliar isso depois.

— Entendo.

Um silêncio constrangedor se formou até Naruto sorrir.

— Está pronto! — começou a comer com ele, e o assunto retornou.

(...)

Ele não acreditava no que via.

Maito Gai estava antes desesperado por descobrir a “brincadeira” de mau gosto que fizeram com seu aluno. Que não é oficialmente um aluno, mas isso não importava agora.

Tinham colocado no nome dele que hoje era dia de treinar na proibida área 44, sendo que provavelmente se ele não chegar a tempo, Lee não será capaz de sobreviver.

Aquele não é lugar de gente que nem se formar na academia se formou!

Ta certo que Lee já tem o nível de um Gennin, mas mesmo assim, ainda é muito para ele. Mas ficou mesmo surpreso é ver que alguém mais novo que o seu aluno se virar tão bem.

Quem ensinou o filho do Yondaime a controlar Chakra a ponto dele se equilibrar em uma árvore de cabeça para baixo sem problemas? Pelo que foi informado, ele era a decepção em pessoa.

Ter nove anos, fazer isso e sobreviver aquela floresta não é nem um pouco decepcionante. Principalmente pelo fato dele se mostrar calmo, e no fim, estar tentando acalmar o Lee, que já estava com medo da floresta. Ele explicava basicamente tudo, como se conhece tudo daquele lugar, ou pelo menos, o bastante para sobreviver.

Suspirou de alívio e pensou em tirar satisfações com o Hokage, já que era uma tremenda injustiça com o menino que parecia bastante evoluído, até mesmo como Neji e Hanabi, considerados gênios da geração. Mas resolveu deixar quieto, ele imagina que Minato sabe o que faz.

De longe ficou observando os dois, principalmente quando uma centopéia gigante os ataca e juntos derrotam ela facilmente e quando eles furtivamente saem daquele local por um buraco bem no ponto cego das câmeras. Sortudos, por mais que não tenha mais ninguém vigiando de dentro do prédio.

Depois uma ruiva que ele não conhecia chegou parabenizando os dois e... provocando o loiro que ficava cada vez mais irritado e vermelho, sendo acompanhando por um desconcertado acompanhante. Os dois se despedem (não antes de Lee convencê-lo de outro dia treinarem juntos) e calmamente voltam para casa, como se nada tivesse acontecido.

Anotou na mente que no dia seguinte teria que fingir como se não tivesse visto nada, convencer Lee para ir ao hospital e foi para casa, querendo saber quem realmente era Uzumaki Namikaze Naruto.

(...)

No dia seguinte Naruto estava novamente lanchando em um canto afastado dos demais alunos da academia. Eles não o perturbavam e o loiro não enchia o saco deles com pegadinhas e trotes: esse foi o acordo silencioso que fizeram, mesmo que até agora só Sasuke tenha quebrado. Porém ele decidiu que não valeria a pena perder tempo implicando com o mimado.

Só ficou bastante surpreso ao ver Lee chegando naquele canto também, se aproximando calmamente do brinquedo de ferro que ele às vezes ficava sentado assoviando. Uma mania que havia adquirido quando criança e não viu o porquê de retirá-la.

— Yo. — o mais velho cumprimentou e se sentou ao lado, imaginando que não incomodaria.

— Você pode? Tipo, você é de outra classe e... — foi interrompido.

— Bem, tecnicamente não. Mas acho que eles preferem isso a eu brigando com um monte de garotos me perturbando por eu não poder usar Chakra. — disse dando de ombros.

— Entendo. Essa área também não deveria ser permitida, mas ninguém se incomoda de me vez longe. Ninguém gosta de mim por aqui. Bem, a não ser agora com exceção de você.

Lee sorriu e começou a comer, enquanto o loiro já terminava.

— Sem ser indiscreto, por que você faz isso? — Lee não aguentou a curiosidade.

— Isso o que? Fingir que eu sou um completo burro? — dizia olhando para uma Shuriken que trazia para a academia sempre. Era a que menos cuidava, ou seja, muito provavelmente nem fio tinha.

— Sim, sim. Você parece tão habilidoso. Na verdade, você salvou minha vida, Senpai.

— Senpai? — estranhou o sufixo.

— É, ué. Eu tenho certeza que se você quisesse, já estaria em uma turma Gennin, então você tecnicamente é um Senpai. Eu acho.

— Meu Kami... — suspirou. Por algum motivo achou que seria melhor não reclamar ou pedir para ele não chamá-lo assim. Iria ser esforço atoa.

E ira mesmo.

— Mas sério, por quê? — retomou a pergunta.

— Por que se eu me mostrar muito habilidoso eles vão diretamente me comparar a ele, e se quer me ver puto, é me comparando com ele.

— O seu pai? — inocentemente perguntou.

— Não o considero meu pai, mas é esse cara ai mesmo. Só que ele é mais conhecido por Yondaime.

— Nem quero imaginar o que ele fez para você ficar tão irritado a ser simplesmente comparado com ele. Tipo assim, muitos estariam honrados.

— Na verdade, — ironicamente, diria aquilo com um sorriso. — foi o que ele não fez.

— Eu em... Mas, seria legal se você uma vez ou outra mostrasse as suas habilidades. É legal ver a cara de trouxas se ferrando. — ri lembrando o quanto já viu isso quando Lee lutava.

— Imagino que seja. — riu.

— Senpai, imagina se você fosse da minha classe, ou até mesmo do meu time! — começou a viajar na maionese e Naruto suspirou. Pelo jeito, Lee se apegava bem fácil as pessoas.

— Você ficaria estressado, ainda não viu o meu lado chato ou debochado. — falou normalmente, como se não fosse nada “queimar o próprio filme” assim.

— Bem... Se você diz... — estava surpreso, mas não seria isso que iria o afastar. Como o loiro mesmo disse, ele ainda não tinha visto esse lado.

Depois continuaram a terminar o lanche (Naruto havia feito uma sobremesa de chocolate com maçã) em silêncio, mesmo que não incomodasse. Era um dos poucos momentos que Naruto curtia com amigo, e estava grato. O mais incrível era que Lee entendia muito bem isso.

Só que eles não contavam com uma menina bem na árvore atrás deles, em cima, em silêncio, os vigiando.

Satsuki tinha visto Lee passar pela grade e quis ir dar uma bronca, regras ali são regras, e descumprir essa seria meio ridículo. Na sua precoce opinião era só porque alguém queria sentir o gostinho de quebrar as regras e sentir um pouco do perigo, o que é (repetindo:) ridículo.

Depois se surpreendeu por ver Naruto ali também, mesmo que ele seja mesmo excluído e na hora do almoço ela nunca o veja, o fato de vê-lo quase em paz a espantou mais ainda.

Esperou para ver o que acontecia, (especialmente por ouvir a pergunta de Naruto se Lee podia ou não estar ali) e ficou muito confusa ao ouvir a frase: “Fingir que eu sou um completo burro?”. Esperou mais ainda, desejando muito ouvir o fim da conversa, por que descobrir que o loirinho fracassado não era quem parecia ser, ou mostrava ser era intrigante demais para ignorar.

Ouviu toda a conversa e o fim dela, tentando obviamente imaginar o que causaria a máscara de seu colega de turma, até porque o mais velho dali parecia admirar muito as habilidades dele, sendo que possivelmente ele foi um dos únicos a ver as verdadeiras, era bastante admirável.

Pensou um pouco e no fim só chegou a uma pergunta não respondida: será que ele conseguia ter mais problemas com os pais que ela com Fugaku? Depois de um tempo se tocou que isso não era da conta dela, e meramente foi embora seguida depois pelo Uzumaki voltando a sua sala e Lee seguiu o caminho contrário, meio triste por Naruto não ser da classe dele.

(...)

Passados-se alguns dias, aquela conversa ainda ficava na cabeça de Satsuki. Ela queria muito saber qual era o nível de Naruto, e porque alguém mais velho o respeitar ao ponto de chamá-lo de Senpai. Isso a martelava e incomodava tanto que ela resolveu tomar atitude, querendo ou não querendo, ela iria conhecer o verdadeiro Naruto!

A primeira tentativa foi na aula de Taijutsu onde quando Iruka perguntou se alguém se voluntariava para a primeira demonstração ela nem levantar a mão levantou, ela foi direto para o círculo de treinamento com uma cara tão decidida/focada que ninguém reclamou.

— Deseja desafiar alguém em específico? — Umino - Sensei perguntou e ela sorriu bem maldosa.

— Uzumaki Namikaze Naruto. — respondeu voltando ao normal, com o rosto inexpressivo.

Silêncio. Silêncio e uma face em total surpresa do garoto que estava em cima da árvore mais distante permitida a ficar naquela aula. O desafiado desceu e quando foi caminhar para o tal círculo, um caminho foi aberto entre os alunos. Ninguém saberia explicar o porquê da melhor aluna da classe querer desafiar um dos piores, mesmo que de um tempo para cá ele tenha demonstrado uma melhora.

Ele caminhou lentamente com as mãos nos bolsos, com uma cara de despreocupado, mesmo que estivesse um pouco tenso. O que se passa na cabeça daquele projeto de mulher?

— Se cumprimentem. — Iruka começou as formalidades, e eles logicamente as seguiram e logo se colocaram em posição de combate.

Como pareceu que Naruto não iria fazer o movimento inicial, ela correu até ele. Os movimentos eram menos óbvios e mais rápidos que o da maioria ali, mas nada com que ele realmente não possa lidar. Mas como ele estava na academia, ele defendeu o soco direito, o esquerdo, mas de propósito se deixou ser acertado pela rasteira. Satsuki parou com os dois joelhos ao lado do corpo caído dele e o punho em frente ao pescoço, mas não iria aceitar aquilo.

Abaixou a cabeça e sua boca ficou muito perto da orelha dele, não queria que mais ninguém ouvisse aquela provocação.

— Você bem que poderia fazer o favor de pelo menos uma vez desistir um pouco dessa máscara, né? — e se levantou vendo mais uma vez os olhos azuis tão característicos arregalados e a boca levemente aberta.Os orbes negros encaravam aquela expressão com um sorriso debochado, principalmente que para qualquer um a batalha já havia sido decidida.

Só que Naruto é mais forte que ela, então sem nenhum problema ele conseguiu inverter a posição e colocou os dois joelhos um pouco mais abaixo do quadril para uma melhor imobilização (N/A: Eu acho, sei nada de lutas n.n) e o braço no pescoço.

Agora ela estava surpresa, mas ele estava sério. Tanto que quando aproximou a boca à orelha dela, não foi uma provocação como o esperado.

— Você vai me contar direitinho essa história depois.

E se levantou indo para a árvore de antes, sem fazer o cumprimentos, sem falar mais nada. Somente com uma carranca enorme no rosto.

— O vencedor é... Uzumaki Naruto. — Iruka finalizou ainda indagando como um dos piores alunos conseguiu vencer uma das melhores.

Ao final da aula, Naruto voltou a desenhar, e ninguém estranhou isso, mas ainda estava com uma carranca no rosto. Imagino quem não estivesse: sendo alvo de olhares duvidosos e curiosos por mais de trinta pessoas incansavelmente.

Cada vez que isso se intensificava mais um pouco, o Uzumaki tinha vontade de esganar a si mesmo e a maldita Uchiha abusada. Como ela havia descoberto? Por que ela se importava?

Olhou disfarçadamente para frente, onde ela estava lendo (na verdade, para ele parecia que ela estava mais fingindo do que qualquer outra coisa) o livro que Iruka usou hoje. A matéria era sobre como podemos dominar vários tipo de chakra ou sobre Kekkei Genkais. Naruto sabia sobre tudo isso e não se importava com as explicações fulas do Umino.

Na verdade, ela até incomodavam um pouco. Ali, naquela sala, muitas pessoas (principalmente meninas) achavam que o mundo Shinobi era algo bonitinho, onde a coragem e o amor prevalecem sempre, e não há vítimas ou dor. Pior, acham que se estiver morrendo, aparecerá alguém que irá SEMPRE ao último segundo as salvar e se apaixonarem (ou confessar seu amor) por elas. Ou iriam morrer cedo, ou iriam amadurecer do modo mais duro. No fim, nada de bom se espera no futuro dessas “donzelas”.

Bem, parou de divagar quando a impaciência de Sasuke que (infelizmente) ainda estava na sala.

— Você quer parar de ler isso logo? Temos que voltar para casa! — reclamava quase gritando, e novamente Naruto voltava ao estado de querer matar alguém. — Já não basta ter perdido magicamente para o fracassado ali!?

— Sasuke! — ela bateu o livro quando o fechou e o encarou. Ele estava em frente a ela, do outro lado da mesa, e Naruto desconfiava que fora este mesmo objeto que impediu que o irmão tivesse levado um soco muito bem dado na barriga. Tentou se controlar com um suspiro. — Olha, como eu sei que você está louco para ir embora, vá. Sério. Eu vou ficar aqui. Como você mesmo disse, eu perdi para o fracassado ali, então não é mais do que minha obrigação eu me dedicar mais, certo?

Ele ficou desconfiado.

— Tipo... Ok então, mas... Por que estudar aqui? Você pode estudar em casa. Talvez até o Nii - San te ajude.

— Ah... — se embolou e tentou disfarçar. — Quero ver se melhoro um pouco antes de chegar em casa. Papai certamente cobrará isso.

— E você acha que irá melhorar lendo um livro? — continuou o “interrogatório”. A irmã estava estranha.

— Tenho que começar por algum lugar. — respondeu dando um sorrisinho.

Então ele entendeu: ela queria que ele fosse embora, e qualquer coisa que ela quer fazer para se tornar mais forte, não era para ele saber. Ainda não.

Estranho, Naruto ainda estava na sala. Ela gostaria de uma revanche? Quando foi se virar para ele e tentar ver se marcaram algo, ele havia sumido. Nem ele, nem suas coisas estavam lá. Quando ele havia saído? Será que estava tão concentrado em querer saber o porquê de tanta estranheza da irmã que nem o reparou indo embora? Não. Ele realmente havia sumido. Desistiu de tentar entender algo e foi para casa, sem nem ao menos se despedir da irmã, mesmo que ela não se importasse.

Quando foi a vez dela olhar para trás, ela encontrou o loiro deitado com as pernas em cima da mesa e os braços apoiados na cabeça, quase que totalmente despreocupado.

— Ele acredita muito no que os olhos veem. Vai ter problemas assim.

— Bem, bem. Creio que não tenha ficado invisível.

— Não, só coloquei meu material na mesa e fiz um Henge de um lápis. — revelou calmamente, e ela quase riu de como o irmão fora enganado por algo tão besta.

— Temos muito o quê conversar, certo? — perguntou depois de um tempo silencioso.

— Siga-me. — e se levantou, indo em direção a janela, fazendo-a se perguntar por que não sair normalmente pela porta.

Sua resposta fora dada quando ele saltou para uma árvore e logo para outra, com o Sunshin, fazendo com que alguns desatentos imaginassem que era um Anbu. Se ela não tivesse dominado esse Jutsu básico semana passada, estaria com uns problemas.

Chegaram a um campo de treinamento comum, mais conhecido como “Campo de Treinamento 15”. A diferença que este estava abandonado, mesmo que nem seja tão longe assim da vila.

Quando chegaram, encontraram Lee, uma ruiva e outros dois homens que Satsuki não fazia ideia de quem eram.

— Lee, Ashura, Kurama, Yamamoto. Cheguei. — Naruto pulava perfeitamente no chão, agachando um pouco os joelhos para evitar dores desnecessárias e levantando um pouco de poeira.

— Senpai! — Lee empolgadamente foi para cima do loiro com um chute que quando passou direto (ele não seria acertado tão facilmente) foi capaz de destruir a pobre árvore que estava na reta de colisão.

— Oi para você também, Lee. Novamente. — sorriu vendo a Uchiha que estava em cima daquela árvore recentemente derribada estar assustada com a força do golpe.

— Olá. — ela cumprimentou ajeitando as roupas. Talvez um vestido ninja, mesmo que confortável e com um short por baixo não era a melhor das escolhas.

Naruto neste momento também pensou o mesmo: aquela roupa estava mais para “ser bonita” do que “ser útil a uma Kunoichi”. Era vermelho com as bordas pretas, no estilo que nós leitores conhecemos como Chinês. A bermuda também era preta, mas o tecido não era o melhor de todos em relação ao conforto, provavelmente foi escolhido pelo detalhe “babado” de flores do lado. Pelo menos o penteado não era solto. Não a nada que atrapalha mais uma Kunoichi que um cabelo solto. A única raridade que ficava assim era Kurenai, mas o estilo dela não envolvia muito o Taijutsu, diferente do estilo adotado pela maioria (110%) dos Uchihas. Era um rabo de cavalo simples, preso por uma xuxa vermelha.

— Amiga nova? Devo sentir ciúmes, Naruto? — Kurama novamente implicava, principalmente por não ser muito fã dos Uchihas.

— Não, não. Só viemos conversar, mas como eu sei que vocês ficariam preocupados se eu não aparecesse, eu a trouxe.

— Entendo, entendo. — Ashura voltou a meditar e Yamamoto a polir sua foice. Não que esta seria dele por muito mais tempo.

— Só temos um probleminha, Naruto. — Kurama chegou rapidamente perto do mesmo e apoiou os braços em volta do pescoço dele. Mesmo com só a idade que aparentava ter (nove anos), a parte do busto já desenvolvida, e o fato dela usar um vestido preto com bojo para sustentá-lo e apertar contra as costas dele não o estava ajudando a pensar em outra coisa.

— Que problema? — perguntou quase que orando internamente para não corar. Tentou focar a mente no possível problema, e foi ficando mais calmo.

— Ele merece estar aqui? Tipo: a situação de nós três não precisa-se nem discutir, e você e Lee são dois garotos que sobreviveriam na floresta da morte. — parou para pensar. — Ou, no caso dele, quase. E essa ai?

O tom de desprezo era proposital, e ela estava ferindo o orgulho Uchiha. Naruto sabia que sobraria para ele resolver. Suspirou só de imaginar.

— Merecer? Me poupe. Como ele disse, só vim conversar. Não quero nada com vocês. — disse ríspida, quem diabos era aquela abusada?

Mal sabia que era um dos seres mais poderosos que existem.

— Está com medo? — sorriu com seu costumeiro “sorriso de raposa”. Naruto sabia que deveria intervir, mas quando finalmente tinha pensado em tomar uma posição, já era tarde demais.

— O que eu tenho que fazer para calar essa boca? — quase rosnava.

— Lutar com o Naruto, ou comigo, mas vamos levar a sério. E acredite, não acho que no nível atual você vá acertar um golpe em algum de nós.

— Ótimo, quem vai ser meu adversário? — sorria convencida e provocantemente.

— Eu. — Kurama quase lambeu os beiços, poderia bater a vontade numa Uchiha. Tadinha, talvez quando isso acabar, ela nem conseguirá ser uma Kunoichi.

— E eu vou ser o juiz, e você não vai querer que nós acabemos sérios demais, não é, Kurama? — Naruto disse sério, e Kurama logo descartou a possibilidade de um dano muito prolongado nela. Da última vez que esses dois lutaram sério, Ashura e Yamamoto tiveram que se meter para que eles não se destruíssem, ou destruíssem demais o cenário em volta que já tinha sido brutalmente remodelado.

— Entendido. — murmurou muxoxa.

— Regras? — Satsuki parecia ansiosa para acertar um soco no meio da fuça daquela ruiva. Kurama, se não se enganava.

Naruto parecia ponderar sobre o caso.

— Vá para matar, como Kurama disse, isso tudo começou porque ela disse que você não a acertaria uma única vez. Então a luta termina ou quando você estiver incapacitada, ou quando, sinto muito, por um milagre acertá-la.

— Estão me subestimando demais. — falou novamente rosnando e apertando os dedos contra a mão, com uma força um tanto quanto desnecessária.

Afastadas dez metros uma da outra, enquanto Kurama sorria, Satsuki mordia o lábio tremendo de raiva, porém, quando Naruto sussurrou “comece”, as duas no mesmo momento mascararam suas emoções e começaram a dar mais atenção ao que o lado racional estimulava.

As duas se afastaram estrategicamente, e ficaram um pouco surpresas ao verem que as duas pensaram em ataques em distância com Shurikens, e Kurama quase sorriu a ver a inteligência de sua adversária. Com uma Kunai, Satsuki bloqueou as Shurikens que a atacava, e antes de deixá-las caírem no chão, as pegou e lançou novamente contra a ruiva.

Umas acertaram, outras passaram de raspão, porém a única coisa que Kurama realmente foi sorrir e tirar, sendo automaticamente curada pelo seu chakra.

— Foi bem inteligente da sua parte, admito. Mas ainda foi muito fraco. Mal conseguiria rasgar minhas roupas com sua força atual.

Regeneração automática? É isso mesmo? Pensou e no fundo seu coração temia em que tipo de furada que havia se metido. Precisava de um plano rápido, então ouviu a voz do irmão: conhecer primeiro, atacar depois. E para própria surpresa ouviu a voz de Naruto: Confiar demais no que os olhos veem podem causar problemas.

Pensou em um plano: não era o melhor, nem o mais recomendável, mas era o que dava.

O único problema é: Kurama não deixaria tempo para ela pensar. Pelo menos, não mais. Percebeu isso de um modo um tanto complicado, já que receber um golpe em cheio na barriga e voar por pelo menos três metros pode ser considerado desconfortável, não?

Gemendo de dor e com um dos olhos fechados para não acabar murmurando mais do que já tinha feito — fora ensinada a não demonstrar nenhum tipo de emoção, principalmente dor. Se não estivesse tão concentrada em não morrer, ela estaria se xingando — ela conseguiu desviar do segundo soco a tempo.

Se ela conseguisse prestar atenção ao redor, poderia perceber que os olhos de Naruto estavam um pouco arregalados, já que ele não achava que ela conseguiria suportar um soco da ruiva, mesmo que não estivesse nem perto da força total. Tinha que admitir que ela subiu um pouco em seu conceito, mesmo que um pouco.

Nessa hora, Satsuki já estava no ar — tinha pegado impulso numa árvore próxima e com um pouco de chakra concentrado, conseguiu ir mais alto que o costume. Com os olhos já novamente focados, e uma velocidade relativamente maior que a maioria dos alunos da academia, porém nada que impressione os selos do Goukakyuu foram vistos.

— Katon? Por que não estou surpresa? — sussurrava certa ruiva, que quando pulou para trás e ficou com um ódio de si mesma quando percebeu. Quando a maldita garota a havia colocado em um Genjutsu?

— Haha, consegui. — murmurava um pouco sem forças enquanto segurava um fio Shinobi, que prendia Kurama. Quando o mordeu, a queimou junto com as suas roupas. Porém Kurama não sentiu dor, então ficou mais confusa.

— O Genjutsu não era a bola de fogo em si, mas o “eu te prendendo”. Você não pensou nisso porque além de ainda não ter despertado o Sharingan, você me subestima demais. E também tem o fato de ser o plano mais louco e bobo que pensei. Só o escolhi porque você não parece que iria cair em truques óbvios. — explicou uma voz que não parecia vir de lugar nenhum, e ao mesmo tempo de qualquer lugar.

Plano bem louco, mas ainda falta um tempo para me acertar... Naruto...

Dizia mentalmente, podia se livrar sozinha, mas seria mais fácil, e aquela garota não iria causar problemas. Kurama se recusava a isso.

Seu orgulho às vezes é ridículo.

Naruto respondia cancelando o Genjutsu. A mente deles ainda era compartilhada.

Vocês dois, isso já está virando sacanagem já.

Ashura continuava concentrado em sua meditação, mas estava achando que esses dois estavam passando, no mínimo, um pouco dos limites.

Báh. Ela vai aprender um pouco mais do mundo que quer entrar.

Kurama respondia já se livrando do soco da Uchiha, Naruto tinha demorado um pouco mais, só para implicar e dar uma ínfima chance, mas bem... Como já foi dito, Kurama já desvio. Ou seja, a luta continua.

Você tem coisas contra os Uchihas, que eu sei, Kitsune.

Agora Yamamoto também se pronunciava na conversa mental, mesmo que seus olhos não tivessem se desviado da foice. Enquanto isso, na luta, Satsuki se afastava novamente, o soco inicial a tinha deixado bastante lenta, e confronto direto era algo que evitava.

Tenho meu direito, Shinigami.

Enquanto Kurama suprimia a vontade de suspirar, porque metade de sua atenção estava naquele confronto e sabia que Satsuki teria tendências a querer parar para pensar. O chakra dela estava pelo menos na metade.

Como assim?

Ashura parecia subitamente interessado, até abria os olhos e se levantava um pouco, esticando as pernas vendo a Uchiha colocar chakra na Kunai que estava usando para defender-se. Não que estivesse ajudando, mas era melhor que nada.

Longa história, e imagino que saiba pelo menos um pouco. O Shodaime - Sama não era sua reencarnação anterior?

Naruto olhava para ele, e quase se perguntou se ele era burro. Parou ao imaginar que ele poderia ouvir. Enquanto isso, com outro pulo, Satsuki tenta se afastar mais, e para atrapalhar uma suposta — e extremamente provável — investida da ruiva, novamente utilizava um dos dois únicos Jutsus Katon que sabia.

Ah sim, Gomen. É meio difícil de lembrar certas coisas das outras reencarnações.

O Uzumaki suspirou, sendo assim, não era de se surpreender com certos erros sendo repetidos consecutivamente.

Bem, vá se tratando de lembrar.

Kurama o repreendia enquanto habilmente pulava por cima do Jutsu, analisando completamente a sua volta, para o caso de outra possível armadilha. Quase estava mordendo os lábios de frustração. Depois daquela, foi obrigava a levar aquilo tudo mais a sério.

Bem, só que todos nós sabemos da diferença dessa reencarnação com todas as outras, certo?

Os olhos de todos ficaram mais opacos, e Kurama foi obrigava ao invés de investir novamente, pousar na grama em cinzas, resultado do último Jutsu.

— O enviado das trevas.

Todos da conversa falaram juntos e até mesmo o Lee que estava prestando mais atenção no número de chutes do seu treinamento (quinhentos e trinta e dois) deu uma pequena pausa.

Ele já estava acostumado com as conversas mentais de poucos rastros, mas todos ficarem sérios desse jeito não é normal. Até porque não fazia ideia de quem estavam falando. Na verdade, isto só o fez voltar a se concentrar mais ainda, já que possivelmente — quase 100% certo — eles teriam que enfrentar o tal “enviado”, não queria estar despreparado e ser um peso para seus amigos.

— Quinhentos e tinta e três...! — voltou-se ao treinamento.

Já Satsuki estava querendo que a mente dela ignorasse aquele momento mais do que estranho, e que pensasse em algo — qualquer coisa — para acabar com aquilo. Ela precisava acertar aquela ruiva! Engraçado como as coisas podem mudar, antes tudo que tinha em mente era derrotá-la o mais rápido possível e menosprezá-la para nunca mais ser tratada daquela forma, agora tudo que queria é provar a si mesma que poderia sim, acertá-la. Nem que seja uma única vez.

Sua pulsação queimava e sua mente estava a mil, olhando rapidamente para todos os cantos e lugares, pensando em tirar uma vantagem, nem percebera que as coisas estavam começando a ficar mais divagar, e seu coração estava tento uma desaceleração notável. Depois de toda confusão, parecia que seus instintos e mente estavam forçando-a a se acalmar. Sorriu momentaneamente, sabendo o que aquilo significava.

Era mais incrível que muitas descrições feitas por seus companheiros.

Simplesmente parou de pensar, e ordenou a mente que seguisse os próprios sentidos, intuição, e memória muscular — mesmo que ínfima e só aumentada pelo momento específico.

Kurama! Acorda!

Naruto avisou ao ver surpreso a invertida da Uchiha, e Kurama rapidamente desviou.

— Péssima escolha, pirralha. — com uma pequena pirueta, conseguiu armar um chute bem ampliado pela gravidade.

A poeira que subiu tampou momentaneamente o resultado, mas depois todos viram os braços de Satsuki. Aparentemente, ela tinha aguentado o chute bravamente, mesmo que seja visível as consequencias.

— Eu sei. — disse e com sua última força, e seu último momento de consciência, deu um soco na barriga da ruiva.

Não doeu, não fez nada demais, e tecnicamente, nem seria um soco. Ela só havia encostado, mas, mesmo assim, havia ganhado. Não sorriu, nem esboçou emoção. Só desmaiou sendo rapidamente amparada por um loiro que estava com os olhos arregalados em surpresa.


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Notas finais do capítulo

Avaliem, por favor ♥