The Mistake Of Chris escrita por Realeza


Capítulo 10
Cigarettes and have not too sure, Miss Suicide


Notas iniciais do capítulo

*Cigarros e não tenha tanta certeza, Miss Suicídio.
Música: Stay with me - cover by Hannah Trigwell (https://www.youtube.com/watch?v=MGs2f1ncMgA)
*RESSURGINDO DAS CINZAS*
Oi amados, como vão? Demorei com essa atualização, não é? Pois para constar estou deixando de fazer coisas importantes pra postar isso então me amem demais. Esse capítulo tem uma cena bem fofa, então acho que todo mundo vai ficar bem satisfeito. É uma cena também que eu tive uma dificuldade bem grande em escrever, então por favor comentem o que acharam.
Também fala um pouco do que o Chris pode ter feito pra ir pro hospital, e dá pra ajudar nos palpites, eu acho. O capítulo começa com uma cena bem fofa do Chris com o irmão, que eu sinceramente amei escrever, mesmo sendo uma cena bem curtinha.
Obrigada a todo mundo que está lendo, vocês são demais. 129 acompanhamentos é um número que eu nem imaginava chegar, então obrigada de coração. (pra quem nunca percebeu, gosto de citar nas notas quantos acompanhamentos/qualquer coisa do tipo eu tenho porque depois eu posso ir comparando as notas de um capítulo e outro, e fico super feliz em ver o quanto a fic tá crescendo).
O próximo capítulo vai demorar também. Minhas provas começam semana que vem e até a metade de dezembro vai ser complicado pra mim ter tempo pra escrever e postar. Eu sinto muito demorar, mas os atrasos são algo que eu deixei avisado nas notas da história desde o começo da fic, então todo mundo tá ciente disso desde que clicou no primeiro capítulo pra ler.
É isso, aproveitem a leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/567443/chapter/10

— E como foi ontem com a Dra. Lee? — É terça, e Steve está na minha cama. Ele parece mais feliz do que o comum, e fico imaginando o que pode ter causado isso. Pra mim, é mais provável que eu veja Steve estressado, por causa do trabalho, da morte dos pais e de toda a loucura do irmão. Não me parece uma vida na qual a pessoa saia sorrindo assim.

— Normal. — Ele sempre pergunta sobre os encontros com a Dra. Lee, mas não é como se eu tivesse muito a falar. Nunca falo com Steve sobre a morte dos nossos pais, ou como era antes disso. Aposto que é doloroso demais pra ele. Nos dois últimos anos antes do acidente, era Steve que basicamente assumia a função de adulto da casa, cuidando da comida e dos afazeres domésticos, e até tinha que pressionar um dos dois para que pagassem as contas. Dá para saber o quanto era estressante só pelo número de buracos e rachaduras da parede do seu quarto.

— Ela comentou comigo sobre como você está melhorando, sabe, aquele negócio das flores. Foi legal o que você fez pela garota, Chris.

— Ah, isso. Bem, obrigado, eu acho.

— Acho que você está melhorando, sabe. Pode sair daqui logo se continuar assim, cara. Só que precisa tomar seus remédios direito, e não fazer como sexta. — Sério, Steve? Sério que acha que eu estou melhorando só porque ajudei uma garota a não tentar se matar? Eu mesmo quase tentei me matar na sexta!

— Estou tomando a medicação, mas não é como se fosse algum tipo de mágica que tirasse a esquizofrenia de dentro de mim. — Estou começando a ficar meio bravo com meu irmão, porque, vamos confessar, é fácil me visitar duas vezes na semana e achar que estou melhor. — Você deve achar que é super tranquilo ter uma doença mental, não é? Não aja como se fosse tudo às mil maravilhas, Steve!

— Ei, calma. Desculpa, tá legal? Só quero que tudo volte a ser como antes.

—Antes era um inferno. Provavelmente bem pior do que agora. — Preciso lembrar das brigas e das coisas quebradas e os gritos e os machucados e o sangue e as lágrimas?

— O nosso antes, Chris. Como nós dois erámos como irmãos, quando o calor do inferno sedia um pouco.

— Eu estraguei isso. Estraguei tudo no momento em que fiz sei lá o que pra vir parar aqui. — E estou certo, totalmente certo.

— Eu ainda estou aqui, não é? Não diga que estragou tudo, porque eu ainda estou aqui.

Não preciso nem fechar a porta quando Steve vai embora, porque Callie está esperando no corredor, parada do outro lado do meu quarto. Ela oferece um sorriso meio tímido para meu irmão, que responde silenciosamente com um aceno com a cabeça.

Logo que Steve se afasta uns cinco passos da porta, Callie vem até mim. Ela tem uma caixa de veludo preta nas mãos, além da caixa de cigarros. Espero realmente que ela nem cogite a possibilidade de fumar perto de mim, muito menos dentro do meu quarto. Nem preciso convidá-la para entrar, pois já se tornou algo natural entre nós.

Callie parece animada de um jeito anormal. Quero perguntar se está tomando algum novo remédio que possa fazer isso, porque se for, quero as mesmas pílulas agora mesmo. Bem, acho que essa é uma nova versão da questão da casa amarela.

Sentada em minha cama, ela abre a caixa de veludo, que é tão pequena que cabe em sua mão. Me aproximo e observo o conteúdo que está ali dentro.

— Acha que Emma vai gostar? — Callie move a perna rapidamente e repetidamente num sinal de insegurança, eu acho. Ou talvez impaciência, por ter esperado Steve sair para vir falar comigo.

— Bem, é uma pulseira.

— Chris, eu sei o que é uma pulseira. Quero saber se acha que Emma vai gostar.

— Como raios vou saber do que Emma gosta?  — Não é como se eu conhecesse Emma de verdade, ou muito menos fosse algum tipo de mestre sobre garotas. Não sou bom com nada disso.

Callie fecha a caixa e a deixa de lado com um suspiro de insatisfação.

— Preciso te dar isso. — Ela segura minhas mãos estendidas e deposita a caixa de cigarros.

— Sabe que eu não fumo, não é? — É claro que sabe. Eu odeio cigarros. Não fico perto quando Callie está fumando, nunca dou nem mesmo uma tragada. Reclamo quando seu cabelo está cheirando a nicotina quando a abraço, ou quando vejo os buracos de queimado no seu lençol de cama.

— É a minha última. A última caixa. — Ela continua pressionando os cigarros na minha mão, sua pele em contanto com a minha.

— Continuo não fumando. Nem se fosse a última caixa do universo. — Não tiro as mãos de perto, apenas foco em seu rosto enquanto falo.

Callie solta uma risada fraca e inclina a cabeça para trás enquanto ri. Obviamente, eu não encontro a graça. Mas, parte de mim já está acostumada a ser motivo de riso dos outros.

— Chris, você realmente não entende as coisas as vezes, não é? — Sorri por meio segundo antes de me encarar de forma séria. — Às vezes, você necessita de uma paciência que nem todo mundo tem. Estou sendo paciente e compreensiva com você nesse momento, mesmo que eu esperava que fosse ao contrário.  A Dra. Lee realmente ficaria orgulhosa de mim, eu acho.

Callie faz uma pausa e continua me encarando. Vejo meu reflexo em seus olhos, e me enxergo da forma como os outros me veem. Patético. É uma boa palavra para me definir. Entre o azul dos olhos de Callie que parecem um espelho de águas, e as palavras que acabaram de sair de seus lábios, constato que sou unicamente um desperdício de oxigênio.

— Minha irmã veio me visitar hoje, e aproveitou para me dar uma bronca. E como sempre, Eleanor tem razão. Da última vez que me deu um sermão, me fez parar de ser uma vadia. Bem, vamos concordar que eu fiz isso porque a amo. — Ela aperta um pouco mais forte minha mão. — Ela me disse que devo tentar me tornar uma pessoa melhor para aqueles que eu amo, e como faz um tempo que eu deixei de ser uma puta, me convenceu a repetir o ato.

Talvez eu tenha um limite de conversas tensas e complicadas por dia. Já tive minha dose hoje quando Steve estava aqui, então as palavras de Callie demoram um pouco para fazer sentido para mim. Ela tem razão, a doutora Lee ficaria muito orgulhosa de toda a paciência que ela tem comigo.

— Acho que precisa que eu seja bem clara hoje, não é? Pois bem, estou deixando de fumar. Essa é a última caixa de cigarros que eu vou tocar, porque estou parando com isso, por sua causa. E espero que entenda o quanto é difícil pra mim porque tudo o que me fez parar aqui começou por um maldito maço de cigarros, então de certa forma significa deixar parte do meu passado pra trás. — Do modo que Callie me olha, acho que está me dizendo algo silenciosamente, mas eu não consigo identificar o que. Independentemente disso, estou realmente feliz que ela tenha parado de fumar, que seja sua forma de melhorar e superar os mesmos motivos que a fizeram ter cicatrizes em ambos os pulsos.

Tiro os cigarros de nossas mãos e jogo por cima da cama. Seguro seu rosto com o máximo de delicadeza que minhas mãos levemente instáveis me permitem, e ergo-o até que seu olhar encontre o meu novamente. Seus olhos estão marejados, ganhando um brilho incrivelmente maravilhoso e devastador, e eu poderia facilmente navegar naquele azul cintilante.

Puxo-a para perto de mim, apertando seu corpo contra o meu. Callie acomoda sua cabeça na curva do meu pescoço, e deixa escapar um soluço. Instintivamente, a abraço mais forte ainda, meus braços em torno de sua cintura fina modelada pela regata justa. Quero protege-la, e acima de tudo, livrá-la de todas as coisas ruins que está sentindo ou que já sentiu, mesmo que isso signifique mais dor para mim mesmo. Callie merece ser feliz mais do que eu.

***

Coloco a bandeja sobre a mesa do refeitório. A maravilhosa refeição pensada sobre medida para cada um por uma nutricionista. Hospital particular de merda. Callie me acompanha, seu prato quase idêntico ao meu. Faz uma semana desde que ela parou com os cigarros. Emma já está sentada, mais brincando com a comida do que realmente se alimentando. Bem, acho que isso pode render uma discussão sobre transtornos alimentares na terapia.

Consigo ver Jeff passando pela porta e seguindo para pegar seu prato. Fico somente observando enquanto a comida permanece intocada, e Callie fala com Emma. Vejo Jeff vir na direção da mesa em que estou, abrindo um sorriso que é mais apavorante do que amigável, se essa era a intensão. Pelo menos eu acho.

Emma se afasta mais para o canto quando ele se senta ao seu lado, e estou quase a me levantar e silenciosamente propor que vamos para outra mesa.

— Sossega aí, Chris. — diz Jeff, me apontando com o garfo. — Não vou te matar, nem tenho um machado aqui. E nem te bater, atacar, nem nada do tipo. — Ele abaixa o garfo e o deposita na bandeja. — Por mais que eu queira. Se você não percebeu, seu idiota, tem um guarda bem ali. E ele me aplicaria uma maldita injeção de sedativo antes que eu pudesse colocar minhas mãos em você, ou te dar pelo menos um soco.

A verdade é que a presença do guarda deveria me tranquilizar, mas não o faz. Ainda acho que Jeff poderia simplesmente tacar o garfo em minha direção num momento em que eu estiver despreparado. Pode atingir meu olho, ou a artéria no meu pescoço. Mesmo estando do outro lado da mesa, posso sentir as ideias de como me matar se formando na mente dele. O guarda é totalmente inútil. Se isso foi a ideia brilhante da Dra. Lee para me proteger, ela não é tão inteligente quanto parece. Talvez no doutorado não te ensinem maneiras de impedir que um paciente seja morto.

— Vão ficar os três calados esperando que eu os ataque? Qual é, eu já disse que não dá por conta do guarda.

Callie parece direcionar toda a sua atenção a comer, e a não olhar na cara de Jeff. Não fazer contato visual com sociopata pode ser uma boa, mas completamente complicado já que ele está sentado bem a frente dela.  E Emma parece uma garotinha que foi obrigada a ficar na mesa até terminar a refeição, e que no momento a usa para brincar.

— Emma, sei que a comida é péssima, mas mexer nela com o garfo não vai fazer com que suma.

— A comida não é tão ruim. Só não estou com vontade de comer, e só piorou desde que você se sentou aqui. — Até mesmo eu me surpreendo com o som da voz de Emma ao responde-lo.

— Parece que um de vocês tem língua e a capacidade divina de falar, não é mesmo? — Jeff bate palmas eufóricas e atraí olhares de pelo menos a metade das pessoas que estão no recinto. E o guarda. — De qualquer forma, a comida não tem gosto de casa. Tipo, de comida de mãe.

— Você matou sua mãe. Com a droga de um machado. — A voz de Callie está tensa e fria, como se tivesse erguido algum tipo de armadura em volta de si mesma no momento em que Jeff se sentou.

— Eu sei, Callie. Mas tenho que admitir que a velha cozinhava bem pra caramba. — Admiro demais essa facilidade do Jeff de assumir o que fez, porque sério, quem consegue dizer numa boa que matou a mãe? — E vocês são um pouco obcecados por isso. Fazem questão de lembrar que matei meus pais a cada momento. Matei mesmo, e mataria novamente. E não é como se eu fosse o único assassino aqui dentro. Até onde sabemos, Callie, seu protegido, amado e glorificado Chris pode muito bem ser um assassino também.

— Não seja um retardado. Chris não é um assassino.

— Não tem nada que prove que ele não é, Miss Suicídio. Nenhum de nós sabe o que ele fez, nem ele próprio. Você não pode dizer que ele não é.

A verdade é que Jeff tem total razão. Eu posso muito bem ter matado alguém com um machado também, mesmo que eu não goste nem um pouco dessa ideia do machado. Mas posso ter matado sim alguém, até onde eu sei. Estou no segundo prédio, então é sempre uma possibilidade. Posso ter matado algum antigo professor a facadas, ou simplesmente uma pessoa que me olhou estranho na rua acabou com o sague manchando o asfalto depois que eu o espanquei até a morte. A lista de possibilidades é longa.

— Ele não é como você, Jeff. Chris não é um sociopata assassino. — Bem, eu realmente não sou um sociopata, de acordo com o meu diagnóstico. Mas sou esquizofrênico, e tenho surtos agressivos. Acho que a frase de Callie me define muito bem: no momento, eu não sou como Jeff. Mas nós nunca iremos saber como eu era antes, quando cometi o tal erro. Eu poderia ser pior que Jeff. — Chris não matou ninguém.

Essa é uma das poucas vezes que não consigo acreditar no que Callie diz.

— Nunca tenha tanta certeza, Miss Suicídio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hoje foi difícil achar música, sério. Essa nem estava na minha lista de possibilidades, mas acabei escolhendo porque sim.
Vale dizer que eu vou repetir sim algumas músicas durante a história, mudando as versões. Hoje, por exemplo, eu usei um cover, e nada me impede que nos próximos capítulos eu use de novo a mesma música só que a versão original do Sam.
Aliás, sugestões de músicas pra ajudar a amiga aqui?
—Acham que o Steve vai fazer algo pra ajudar a melhora do Chris ou sei lá?
—Jeff tá sendo sincero de verdade?
—Algum comentário extra sobre o que pode acontecer entre o Chris e a Callie?
~Perguntas péssimas de hoje, não estou inspirada.~
Até o próximo, amores ♥