Aprendiz do mal escrita por slytherina


Capítulo 2
A luta




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Anton Arcane estava enfrentando alguns problemas financeiros. Seu tutor legal, após a morte de seus pais, não estava depositando a quantia correta em sua conta bancária. Longe dele suspeitar de alguma conduta indigna do honrado homem. Não era o caso. A verdade era que simplesmente, seu representante legal não se importava com ele. Provavelmente deveria ter se esquecido de depositar o valor correto. Vai ver fora isso que ocorrera.


O velho homem e sua esposa, cidadãos eméritos e muito estimados na sociedade, nunca o viram como um membro da família. Fora enviado a um internato, após a morte de seus pais. Passava os feriados sozinho na escola, enquanto os filhos do tutor desfrutavam da intimidade do lar. Nunca faltara nada a Anton, é verdade. Sempre tivera roupas boas, bons materiais escolares, e suas despesas foram pagas em dia. Entretanto, o amor familial, ou ao menos um gesto de simpatia, isto nunca teve da parte deles.


Sempre imaginara, como seria sua vida, se seus pais não houvessem morrido. Às vezes chegava a desejar ter viajado com os pais, naquele fatídico cruzeiro de transatlântico. A vida seria muito diferente da que agora vivia. Teria amigos, seria popular e alegre, gostaria mais do sexo oposto, e sem dúvida, seria um dândi, hedonista e conquistador, ou talvez um atleta helênico, derrubando adversários com um soco bem colocado. Nunca, de maneira nenhuma, levaria um soco bem no meio das fuças.


– Acaba com ele, Moisés! - Gritou o aluno ruivo, fazendo coro com a algazarra de estudantes assistindo a contenda.


– Mais um soco, Moisés, e você o derrota. - Gritou o aluno moreno, no que foi apoiado pelos outros.


– Parem com essa briga idiota, rapazes. Eu disse pra parar! - Gritou o professor de farmacologia, jovem e inexperiente, apenas dez anos mais velho do que seus alunos, e por vezes, mais franzino do que eles.


O único que não dizia nada, era ele, Anton. Nem se quisesse, poderia fazê-lo,uma vez que Moisés deslocara sua mandíbula, com um uppercut. Anton permanecia de pé por pura teimosia, e porquê seus joelhos não sabiam que deveriam se flexionar, para que a queda fosse garantida. Ele tão somente, de forma idiota, levantava os antebraços e fechava os punhos para manter-se em guarda, mas isso não impedia seu oponente de desferir-lhe socos sem cessar. Até que Moisés cansou-se daquilo, e então deu um empurrão no peito de Anton, o fazendo cair como um saco de batatas.


Anton ficou no solo, com a cara ensanguentada e a boca torta. O sol do meio-dia fazia sua derrota ser ainda mais incômoda e inexpressiva. Ninguém lhe deu atenção, a não ser os empregados da universidade, pois precisavam limpar o sangue do pátio do prédio. Eles carregaram Anton até a enfermaria, onde lhe foi feito curativos e ministrado remédios para dor. Avisaram-lhe que a reitoria seria avisada do incidente. Anton não se importou. Logo mais se retirou para o estúdio onde morava alugado.


Sua senhoria, Fraulein Samheim, veio entregar-lhe um bilhete. Era do Ex-Professor Heftig, seu mestre particular. Pedia um encontro em cervejaria conhecida. Anton arrumou-se o melhor que pôde. Preparou-se mentalmente para o escárnio do velho homem, devido sua aparência e a patente derrota no embate. Conferiu sua bolsa, para certificar-se de que poderia pagar pela bebedeira do mestre.


Lá chegando, ouviu pilhérias e teve que escutar calado às bravatas de antigamente, vocês sabem, tudo que começa com "No meu tempo, as coisas eram diferentes". Pagou por uma tigela de salsichas e uma dúzia de canecas de cerveja, que o outro homem consumira. Quando resolveu ir embora, este pegou em seu braço, impedindo-o de sair. Estava bêbado e cambaleante, mas ainda era um homem forte, podendo até dar uma surra em Anton, se preferisse.


– Então, não vai se vingar (soluço)? - O mestre falou embriagado.


– Vingar... Está falando sério?


– Sério como no dia do meu casamento com Fraulein porca (soluço)... e tão bêbado quanto.


– Isso... Isso foi apenas briga de escola. Eu... nós apenas nos desentendemos sobre um ponto. Não foi nada sério.


– Ele arrebentou com a sua (soluço)... cara. Antigamente... isso era resolvido na bala (soluço).


– É, mas agora somos civilizados. Não precisamos nos matar por causa disso.


– Matar? Não... mas talvez (soluço)... dar um susto. - O ex-professor deu um meio sorriso velhaco.


Anton viu neste comentário uma possibilidade. Talvez ele não precisasse ser sempre o perdedor afinal das contas.


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