The Lost Books escrita por Ans


Capítulo 2
O opressor.


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse é o segundo capítulo. Espero que gostem.
Bjos no grosso (o intestino, não o que vocês estão pensando).



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Alicia estava aproveitando bem o discurso do presidente Will. Estava fascinada com tantos gráficos e dados que eram projetados enquanto ele falava. O crescimento econômico da cidade era o melhor depois de muitos anos. A população era mais centrada no lucro, trabalho e desenvolvimento. O trabalho era pesado, mas dava resultados. Bons resultados. O discurso terminou e o auditório inteiro cantou o hino e depois repetiu os três pilares

Para o sistema, pelo sistema e com o sistema.

Alicia era o tipo de pessoa que acatava com as ideias do governo sem pestanejar. Mas isso estava prestes a mudar. O diretor da escola se dirigiu ao palco e orientou a saída de cada turma. A menina de cabelos longos e negros procurava pelo amigo, mas seus 1,60m não colaboravam muito para que o encontrasse. O professor responsável pela sua classe autorizou a saída de todos.

A menina andou pelo longo corredor esbarrando em todos até chegar ao refeitório. Sua barriga implorava por comida. Ao entrar no local, avistou Josh sentado em uma das mesas. Ele esfregava as mãos freneticamente. Alguma coisa estava errada.

– Josh...? - ela se aproximou.

Ele não respondeu. Agora mexia nos cabelos castanhos e suava muito. Parecia que tinha dado de cara com algum fantasma, ou algo do tipo.

– Josh, o que aconteceu? - ela insistiu.

Nada. Ela começou a bater palmas até o garoto acordar do seu transe. Ele a encarou com uma expressão triste, como se implorasse por ajuda. Os olhos verdes esboçavam um sofrimento indescritível.

– Josh, fala logo o que aconteceu!

Ele mostrou sua mão com o desenho borrado do sol feito no auditório. Alicia sabia que desenhos e essas coisas eram proibidos, mas percebera uma agitação fora do normal em Josh.

– Temos um opressor - ele falou baixinho.

– O que você disse? - ela respondeu sentando-se em frente ao amigo.

– Opressor - ele respondeu olhando para os lados como se estivessem sendo vigiados.

Alicia não conseguiu conter uma risada.

– Josh, você pirou de vez. Não existem opressores, você sabe disso.

– Dessa vez você precisa acreditar em mim! Eu vi o sinal! - ele sussurrava.

– Josh, entende de uma vez por todas: NÃO EXISTEM OPRESSORES! O grupo do seu irmão foi o último a ser pego, lembra? Seu irmão foi um dos últimos opressores.

Alicia reparou no desenho borrado na mão amigo e revirou os olhos.

– Você não é o seu irmão. Nunca será um revolucionário. O que digo é para seu próprio bem: não vá contra o sistema ou acabará como eles acabaram.

Josh sentia-se mal toda vez que falavam sobre seu irmão mais velho, Jake. Na época, seus pais contaram-lhe que ele estava viajando com os amigos, mas sabia que era mentira. Aos 15 anos, Jake foi pego pelo governo por ir contra o sistema. Josh nunca soube o que realmente aconteceu com o irmão, só que estava morto. E isso já era o bastante.

A menina se levantou e foi embora. Josh continuava confuso e inquieto, mas precisava saber mais sobre o que acontecera no auditório. A professora, o sinal, o desenho, tudo! Ele precisava de respostas.

Depois de alguns minutos pensando em milhões de coisas, Josh levantou-se e saiu em direção a porta do refeitório. Andava cabisbaixo com a mente fervilhando, mas seus pensamentos foram interrompidos quando esbarrou em alguém, antes mesmo de conseguir dar o primeiro passo no corredor. Era ela: Diana.

– Finalmente! Estava a sua procura, sr. Brand - ela disse com uma expressão dura. - Me acompanhe, por favor.

Eles se encararam por alguns segundos. Apesar de ser rígida e grossa às vezes, Josh a considerava uma mulher muito bonita. Tinha cabelos com diferentes tons de loiro até os ombros e ficava do mesmo tamanho que ela quando usava salto alto, ou seja, sempre. Seus olhos castanho claro fascinavam Josh e o levavam para outra dimensão. Era loucura, mas ele sempre a admirou muito. Todos na escola a respeitavam como se fosse a diretora, mas ela lecionava lá há apenas 2 anos.

Ela se virou e ele a seguiu até a sala de sua turma. Diana abriu a porta e fez um gesto com a mão ordenando que Josh entrasse. Ele o fez relutante e analisou toda a sala como se nunca estivesse conhecido o ambiente, apesar de ficar sentado por 6 horas naquelas malditas carteiras desconfortáveis. Ela, por sua vez, também entrou e trancou a porta com uma chave e foi até sua mesa. Como se estivessem em aula, Diana apoiou-se em seu móvel e encarou Josh por alguns segundos.

– Sente-se - ela ordenou.

Josh sentou em uma carteira próxima a porta. Novamente, começou a esfregar as mãos e suava frio. Sentiu um aperto no peito e falta de ar. Abriu a boca para respirar fundo, mas não adiantou. Seus olhos começaram a lacrimejar e seu rosto esquentou.

– O que você quer comigo?! - ele perguntou com as mãos na cabeça. Parecia que seu cérebro era maior que o crânio e estava prestes a explodir.

– Sente-se aqui - ela apontou para uma carteira em frente a mesa do professor.

Josh obedeceu olhando para o chão. Agora, suas mãos tremiam como se ele soubesse o que estava por vir. O garoto nunca esteve tão próximo de Diana e isso o deixa mais nervoso ainda. Podia ouvir a respiração da mulher e sentir seu perfume. Ela o observava cautelosamente; parecia que o aluno era uma bomba a ser desarmada, e qualquer movimento brusco poderia levar a uma tragédia irreversível. Diana assumiu novamente sua posição rígida.

– Olha para mim - ela disse.

O garoto não o fez. Desta vez, encarava suas mãos que não paravam de tremer. Josh sentia-se observado pela professora e não gostava nem um pouco da ideia. Não resistiu à tentação e olhou nos olhos de Diana. Seus olhos ainda lacrimejavam e seu cabelo estava pingando a suor. A expressão dura da professora dava a impressão de que ela não se importava com o fato de que toda a situação incomodava muito Josh. Seu coração batia tão rápido que parecia estar prestes a sair pela boca. A professora olhou para o desenho na mão do aluno com um olhar triste que, em poucos segundos, tornou-se rígido como sempre.

– Diz logo! O que você quer de mim?! - ele gritou ao perceber o que a professora acabara de ver.

– Precisamos conversar - Diana disse - é sobre seu irmão.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham aproveitado a leitura. Acho que ficou meio longo, mas enfim.
Agradeço dúvidas, sugestões, fofocas ou comentários.



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