Challenges of The Love escrita por Liz Rider, Kiera Collins


Capítulo 43
No chão - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bom?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/559487/chapter/43

Hans

Ele diz algo. Ela olha para mim. Por um momento, nossos olhares se encontram. Não consigo identificar o que ela sente pela sua expressão, ela está tão sem reação quanto eu.
Merida volta a atenção para Gustavo e dá uma leve cotovelada nele, fico sem entender o porquê. Ele sussurra algo no ouvido dela e põe o braço em seus ombros, puxando-a para si, como se quisesse protegê-la de algo. De algo não. Protegê-la... De mim. Me sinto muito pior quando ela descansa a cabeça em seu peito, como se realmente estivesse sentindo-se protegida.
Em um dia normal, eu já estaria muito longe daqui, evitando essa cena. Mas hoje, logo hoje, minha mãe veio resolver um problema relacionado a mensalidade ou coisa parecida. Então tenho que ficar aqui, sentado, esperando ela. Do lado deles dois. Assistindo o quanto fui ruim e o quanto ele é melhor.
Eu estou com tanta raiva. Sei que não é certo, que Gustavo não tinha nenhum compromisso de lealdade e amizade comigo, que ele é livre para ficar com Merida onde quiser. Mas eu tenho raiva. A minha vontade era de ir até ele, puxá-lo para longe e socar a sua cara até o meu braço cair. Ou a cabeça dele cair. O que viesse primeiro.
Antes que eu possa fazer isso, ele some. Olho atentamente ao redor e não o encontro, nem Merida. Ótimo. Foram se pegar no bequinho escuro. Lembro do ódio que ela nutre pela expressão "se pegar", então corrijo a minha afirmação: "foram demonstrar afeto um pelo outro em um local mais reservado e mal iluminado", pronto. Sorrio, antes de lembrar que não posso dividir essa piada com ela. Eu tenho que rir sozinho.
Fazem quantos dias? Três, no máximo, mas sinto como se fossem três anos.
Por quanto tempo eu vou ficar sentindo isso? Eu simplesmente não aguento mais. Nem consegui me explicar. Na verdade, eu nem tentei. Quando nós brigamos, eu fui um bestão, não conseguir reagir. E agora eu sinto as consequências. Será... Será que eu deveria ir atrás dela agora? Não sei.
Quer saber? Não preciso pensar muito. Algo tem que ser feito.
Jogo a mochila nas costas e levanto num pulo. Corro pra longe do pátio e desvio da multidão de alunos. Diminuo a velocidade e passo a andar pelo corredor.
Merida não deve ter ido muito longe, ela deve estar sentada em algum lugar neste corredor. Mas quatro passos e descubro que estava certo. Merida estava sentada no chão, abraçada aos joelhos. Gustavo tentava colocar o rosto entre o joelho e a cabeça de Merida, enquanto fazia caretas. Tentava fazê-la rir, imagino.
Me aproximo e consigo ouvir um pedaço da conversa deles.
– Para! Que saco, não posso nem ficar triste por um momento! - Merida está segurando o riso e empurra Gustavo de leve.
– Não pode mesmo! - Ele ri e faz mais uma careta, arrancando risos da Merida.
Por pura falta de sorte, ele vira o rosto em minha direção. Ele fica olhando pra mim e eu não me mexo. Logo Merida percebe que eu estou lá.
Ficamos os três parados, um olhando o outro sem dizer uma palavra. Até que Merida toma uma atitude.
– Vamos, Gustavo. - Ela levanta num pulo e puxa o braço dele.
– Merida, eu queria falar com você...
– Vamos, Gustavo! - Ela grita, parada no mesmo lugar.
– Eu queria me desculpar...
– Gustavo! - Ele finalmente levanta e ficou ao lado dela.
– É sério. - Eu fico na frente de Merida, impedindo que ela vá adiante.
Ela dá um passo para o lado e eu a acompanho.
– Me ouça!
Disparo um monte de palavras que saem um pouco enroladas. Merida fecha as mãos com força, cravando a unha na palma da mão. Continuo falando, enquanto ela se mexe para se livrar de mim.
Merida ficou o tempo todo com a cabeça baixa. Quando ela decide olhar nos meus olhos, decido que preferia que ela ficasse olhando o chão. Os olhos dela estão cheios de raiva.
Então, a mão que ela fechava com força acerta em cheio o meu queixo. Cambaleio pro lado e bato o ombro nos armários.
Gustavo grita algo como "Merida! O que você fez?". Acho que minha expressão é de surpresa e que estou no chão. Estou tonto, tudo ao meu redor gira. Gustavo se aproxima e me oferece ajuda para levantar. Rejeito a oferta com um gesto de cabeça.
– Não precisa... Obrigado. - Uso o armário para levantar. Me apoio na parede e fecho os olhos, tentando me livrar da tontura. Merida observava o estrago de longe, com os braços cruzados. Meus olhos estavam um pouco marejados, mas não vi nenhum, nenhum pingo de tristeza ou culpa na expressão dela.
Um soco doeria menos. Não, pera...
Com a intenção de ir direto para a enfermaria do colégio, passo por ela massageando o maxilar e forço um sorriso:
– Você tem a mão pesada, nossa.

Merida

Quando já não era mais possível ver Hans, desfiz minha postura de durona. Descruzei os braços e fui até minha mochila.
– Doeu em você, né? - Gustavo pôs a mão no queixo e olhou pra mim.
– Como? - Perguntei, baixinho.
– O soco. Doeu em você também. - Ele dá um sorriso triste.
– É... E-Eu bati muito forte, talvez. - Aperto a mão que acertou o queixo de Hans.
– Não é disso que eu estou falando. E você sabe. Você ainda gosta dele. Por que não deixa ele se explicar?
– Porque eu não quero ouvir as mentiras dele.
– E quem te garante que ele não irá dizer a verdade? Não vou mentir, fiquei com pena dele agora. Veio tentar conversar e levou um soco, coitado.
– Ah é, coitadinho do Hans. Afinal fui eu que menti para ele. Que o magoei. Fui eu que fiz com que ele gostasse de verdade de mim, só pra ganhar uma droga de aposta, né? - Uma lágrima teimosa escorre. Esfrego a bochecha com força para secá-la e olho para o chão. - Um soco foi pouco.
Gustavo segura meu queixo e o levanta delicadamente.
– Não chora, por favor.
– Não estou chorando.
– Está sim.
– Não estou.
– Ai, que pessoa teimosa. Será que aqui tem algo além da teimosia? - Ele cutuca minha cabeça com o dedo indicador.
– Tem um cérebro capaz de pensar em mil formas de quebrar esse dedinho.- Dou um sorriso estranho, tipo Coringa. Gustavo ri. Então ouço um barulho que vem da mochila dele. Antes que eu possa avisar, Gustavo abre a mochila e pega o celular.
– É o meu pai. Ele já deve estar me esperando na porta do colégio. Tenho que ir.
Assenti com a cabeça. Gustavo sorriu. A mão dele desliza até a minha nuca e me puxa para mais perto. Perto demais.
Paraliso com a proximidade. A boca dele fica centímetros longe da minha e, no último momento, ele "desvia" e beija a mimha testa.
– Assustei você?
– Sim. - Ainda estava um pouco paralisada. - Sério. Não faça isso novamente.
– Ok... - Gustavo dá um sorriso brincalhão e se afasta. Ele acena antes de sumir de vista. Fico sozinha no corredor.
Decido que não quero voltar para a saída do colégio, então sigo o caminho contrário ao que Hans seguiu.
Encontro alguns alunos pelo caminho, mas nenhum que eu conheça. Até que vejo Jack. Ou acho que é o Jack. O garoto na minha frente mexe no seu armário, porém ele não usa o uniforme da Olympic. Está usando somente roupas pretas e parece estar triste, cabisbaixo.
– Oi, Jack...? - Fui falar com ele. Se eu tivesse enganada, pediria desculpas. Mas felizmente, não estou.
– Oi. Sabe onde onde o North está?
– North? - Pergunto, confusa. Quem é esse? Fala sério, o nome do cara é uma direção? Nem sabia que tinha alguém com esse nome na Olympic.
– É. O professor de marcenaria. O nome dele é North.
– North da marcenaria... Hm. É um cara que parece o Papai Noel?
– Isso! - Ele pensa por um momento. - Cara, ele parece o Papai Noel mesmo! Só você para pensar essas coisas. - Ele balança a cabeça, rindo.
– Ué, pensei que todo mundo tivesse notado a semelhança. - Coloco as mãos na cintura.
– Mas então, sabe onde ele está?
– Não.
– Todo esse diálogo pra no final você não me responder...
Nós rimos, depois a risada morre e ele parece sem jeito.
– Como você tá?
– Mal e você?
– Péssimo. - Ele me dirige um sorriso não sincero.
Faço uma careta e volto a perceber a roupa preta de Jack. Ele está bem gótico, mas Jack definitivamente não é gótico.
– E qual é a dessa roupa? - Pergunto.
O sorriso de Jack some. Ele passa a mão nos cabelos, desconfortável.
– É que eu vou prestar minhas condolências a família da Vanessa... Depois que sair daqui. - Ele fala, triste. Arregalo os olhos e dou alguns passos para trás.
– O quê?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu achei que ia ficar muito grande e meio "wtf" se jogasse um pov do Hans no fim do último capítulo, por isso eu dividi em duas partes :) Comentem aí sobre o que estão achando.
REPETINDO, pq sim: TEMOS NOVIDADES! Criamos uma página no facebook (https://www.facebook.com/challengesofthelove?fref=ts) e a fic está sendo postada no Wattpad COM EDIÇÕES (https://www.wattpad.com/51040236-challenges-of-the-love)
Olhem os links, curtam, compartilhem e pá
bêjos da Kiera :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Challenges of The Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.