Music of The Night escrita por Elvish Song, TargaryenBlood


Capítulo 27
Palavras


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Bom, antes de tudo eu queria agradecer à Laynet, sem a qual esse capítulo não teria saído: ela me ajudou a escrever. Valeu, Lay! Esse cap é pra você!
Mas também quero dedicar o cap à Maísa Cullen, La Hermana e à Lunática/Gato Cinza, que vêm comentando fielmente e me fazendo sorrir de orelha a orelha! Obrigada, meninas! Essa postagem também é de vocês!
Já para as Fantasmetes fantasmas, que insistem em não comentar... Não custa não, né, girls? Mesmo que seja um simples: tá legal.
Bom, meninas, espero que gostem do capítulo que encerra o problema com Raoul!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/558867/chapter/27

– Chris? – chamou Erik, entrando silenciosamente no quarto da Primeira Dama e encontrando-a sentada na cama, balançando suavemente o berço do bebê. Ela o fitou com olhos sérios, e respondeu:

– Estou aqui, Anjo. – bem, se ela o chamara de Anjo, significava que a situação não estava tão ruim assim, afinal. Ele se aproximou e sentou-se ao lado da esposa, que continuou concentrada no bebê; seus lábios estavam fechados numa linha dura... Mau sinal!

– O que foi, meu amor?

– Tem alguma dúvida, Erik de Guise? – ele hesitou... Ela o chamara pelo nome completo?! “MUITO MAU SINAL!” – Você já o havia humilhado e aterrorizado o bastante! Achei tudo aquilo bem desnecessário, mas fiquei calada... Agora, apunhalar um homem desarmado pelas costas?! Agradeça a Vivienne eu não usar o chicote de montaria em sua cabeça!

– Ele me apunhalou pelas costas, naquele dia. Nada mais justo do que devolver o favor – respondeu o músico, acariciando o rosto da esposa; ela se afastou, zangada, e deu-lhe um tapa leve na mão:

– Então é assim? Olho por olho? Voltamos à Babilônia, então? – a soprano estava furiosa: como seu marido podia achar natural tamanha deslealdade?! Apunhalar alguém desarmado, a sangue-frio, sem qualquer chance de defesa?!

– Costumava funcionar bem. – devolveu Erik, usando do sarcasmo para se proteger contra a raiva que via no olhar da esposa – ah, Christine, não seja dramática! Foi superficial.

– Podia ter sido só um arranhão! Ainda assim seria profundamente errado! Como pode não ver problema algum em atacar alguém que não pode se defender? Ele veio aqui com boa-fé, disposto a uma trégua... Foi violência gratuita!

– Ele veio porque o forcei a isso. Porque estava sem alternativas! – retrucou o Fantasma – e se está condenando meu comportamento, talvez devesse se lembrar de que eu já era assim, desde o princípio. Foi minha violência gratuita, aliás, que a salvou um bom par de vezes, ou já se esqueceu de Joseph Buquet?

Christine crispava os lábios, seus olhos parecendo soltar faíscas sobre o marido quando sussurrou:

– vamos conversar lá fora, antes que Vivienne acorde.

O casal deixou o quarto e foi para o camarim da cantora, fechando a porta para impedir que suas vozes acordassem o bebê; muito zangada, a moça sibilou:

– Eu não me esqueci de Joseph Buquet, nem de Carlotta, nem de qualquer outra situação. E o fato de ser grata por você ter me protegido não significa que concorde com seus métodos, Fantasma! De qualquer modo, estamos falando especificamente de atacar alguém pelas costas. Isso foi uma completa falta de honra! Foi uma covardia! Eu sabia que você tinha muitos defeitos, Erik, mas covardia nunca tinha sido um deles! – os olhos do Anjo se escureceram, tornando-se quase negros quando ele devolveu:

– Nunca mais me acuse de covarde, Christine. Nunca, ouviu bem? – o tom de ameaça do Fantasma devia ter sido o bastante para alertar a garota, mas ela estava indignada demais para parar agora:

– Ou o que?! Não gosta de ouvir a verdade, Erik? Pois está é precisando de um banho de realidade! Pare de ficar justificando suas falhas com as coisas que te aconteceram! Foi injusto o que lhe fizeram? Sim, foi, mas a vida não é justa! E no fim, agindo deste modo, você não é em nada melhor do que seus algozes! – o homem ficou tão pálido quanto o fantasma que fingia ser – ter sido vítima não lhe dá o direito de se tornar algoz. Seu ato foi totalmente desprezível, e completamente insensato!

Erik estava controlando a própria raiva, e isso era claramente visível no modo como crispava os dedos e mordia o lábio; contendo seu ímpeto de fúria, virou-se de costas para sua mulher e baixou a cabeça, respirando fundo, seu coração acelerado e os músculos tremendo. Se qualquer outra pessoa lhe houvesse dirigido tais palavras, estaria morta... Qualquer pessoa que não fosse Christine. Ainda assim, o Fantasma procurou o tom mais cortante que poderia usar ao responder:

– Sabia que eu era assim, garota. Casou-se comigo por livre vontade, e sabendo de minhas falhas. Não espere que eu as mude, agora. – e virou-se para ela – farei o que julgar necessário para proteger a mim mesmo e à minha família, goste você ou não. Não estou pedindo sua permissão, tampouco sua aprovação; é minha mulher, e vai aceitar a conduta que eu julgar apropriada. Está me condenando por ter apunhalado seu amigo, Raoul... Devia antes estar grata, pois foi apenas em consideração a você que não matei o maldito Visconde e sua família miserável.

Foi a vez de a mulher ficar pálida com o tom furioso na voz de seu marido; percebia que ele não estava blefando, e que não havia nele qualquer arrependimento. E as palavras autoritárias dele apenas contribuíram para avivar a chama de rebeldia dentro dela:

– acha que por ser sua mulher eu serei forçada a concordar com seus barbarismos? É melhor acordar deste sonho, Fantasma! Não sou a esposa servil e obediente que as damas costumam ser, e sabe muito bem disso. Mesmo porque sua atitude pode pôr em risco a segurança que conseguimos! Se o ferimento tiver sido mais sério, a família de Raoul terá a desculpa de que precisava para matá-lo, já pensou nisso?

– É claro que pensei – a voz de Erik era gelada – E deixei bem claro ao Visconde que, se contar a alguém o que lhe fiz, não haverá buraco fundo o bastante para escondê-lo de mim.

– Ah, eu devia ter esperado algo assim, mesmo! – a moça foi para a janela e sentou-se no peitoril, tentando não olhar para seu esposo – Tem horas em que seus conceitos beiram o ridículo, Fantasma. Você tem um lado que, às vezes, me parece terrível demais... Sangue, morte, dor, tudo isso te atrai de um modo mórbido... Tudo o que tentei lhe ensinar, as coisas que lhe mostrei... Não significaram nada?

– Significaram tudo para mim! – bradou o músico, com uma nota quase desesperada na voz, indo para junto de Christine e segurando-a pelos ombros – Deixe de ser tola! Deixe de idealismos românticos e moralismos de livros de cavalaria, mulher! A vida não é uma romance de cavalaria, Chris, e eu não sou um cavaleiro de armadura. Isso é o mundo real, onde fazemos nossas próprias regras! Honra, lealdade... São conceitos que só têm relevância para mim quando relacionados a você e Vivienne! – ao próprio modo torto de Erik, ele estava fazendo uma declaração de amor, e a soprano percebia isso claramente. Isso só fazia com que se sentisse pior, pois a fazia sentir-se culpada pelos atos cruéis do Fantasma.

– Não quero ter esse peso em minha consciência, Erik. Não faça parecer que só é cruel para me proteger. Você gosta de causar dor, gosta de ser temido... Fingiu ser o Fantasma por tanto tempo, que agora já não sabe quem é a máscara e quem é o homem. Mas eu não vou carregar em minhas mãos e em minha consciência o peso de seus atos... Admita que só atacou Raoul pelo simples prazer de vingança! E faça-me um favor: não me proteja outra vez! – ela agora estava corada, e seu tom de voz subira, o que denotava o turbilhão de emoções dentro da moça. O Anjo meneou a cabeça, também dividido entre seus sentimentos, e segurou-lhe o queixo com delicada firmeza:

– Nunca. Goste você ou não, Chris, eu vou cuidar de você e protegê-la até o fim de nossos dias.

Furiosa, magoada – sem saber exatamente pelo que – decepcionada, mas sabendo ao mesmo tempo que não podia exigir que seu marido mudasse – ela nunca admitiria isso para Erik - uma vez que se casara com ele sabendo exatamente quem era o Anjo, a jovem o fitou longamente antes de falar, dura:

– Vá para o Inferno, Erik de Guise. – ele se afastou como se houvesse sido golpeado por uma espada, e apenas encarou sua mulher, incrédulo. Afinal recuperando sua frieza, o homem respondeu:

– De onde acha que eu vim? – e com uma reverência que visava irritar Christine – Boa noite, senhora minha esposa. – com essas palavras, ele sumiu pela passagem do espelho; sozinha no aposento, a jovem correu para o sofá e usou uma almofada para abafar seus gritos de raiva e tristeza... Queria saber ao certo como se sentia, mas eram coisas demais para ser sentidas ao mesmo tempo.

Era verdade que ela sempre soubera da existência daquele lado obscuro de Erik... Mas confrontar aquele lado, tão cruel e frio, e ter de lidar com as ações de seu esposo, bem... Ela nunca imaginara que as coisas chegariam ao ponto que haviam chegado. Ah, droga! Queria sentir raiva dele, queria ficar zangada, mas tudo o que conseguia sentir era tristeza! Tristeza por não conseguir abrandar o coração do Anjo, tristeza por todos os eventos desagradáveis que haviam acontecido e, acima de tudo, tristeza pelas palavras que dissera a ele. Não que fossem falsas, mas ela sabia o quão mal ele estaria se sentindo, naquele momento... E não conseguia se perdoar pelo que falara, mesmo sabendo que era necessário.

Ah, precisava muito de um tempo para pensar, para conseguir lidar com a situação toda... Talvez devesse pegar Vivienne e ir passar alguns dias sozinha na casa de campo, e deixar seu esposo em paz para refletir. Foi com esses pensamentos que, afinal, a moça caiu no sono, ainda deitada na espreguiçadeira.

POV Christine

Acordei atordoada, preocupada com Viviene ao reparar que pegara no sono em meu camarim. Tudo bem, o quarto era bem ao lado, mas tive medo de que ela houvesse chorado e eu não tivesse ouvido! Quando me sentei - ainda um pouco tonta - coloquei meus pés no chão e senti algo estranho e macio sob eles; assustada, olhei para baixo e tive uma enorme surpresa: o chão estava repleto de pétalas de rosas, perfumadas.

Levantei-me perplexa, afinal só podia ser obra do Fantasma, mas ele não saíra daquele mesmo aposento com ódio de mim?! Olhei para a penteadeira e nela havia uma linda cesta com rosas e frutas frescas, ao lado de uma linda bandeja de café da manhã; se aquilo era um pedido de desculpas, ele realmente se superara! Mas o que mais me encantou foi uma pequena caixinha de musica – branca, de porcelana, com desenhos dourados de notas musicais e fecho em forma de rosa – que, ao abrir, fazia soar a Música da Noite! A música que ele cantou para mim quando se revelou...a música que significava tudo para nós...

Confesso que fiquei emocionada, meio engasgada, sem saber o que pensar; fiquei algum tempo contemplando a linda bailarina da caixinha – ela girava sobre o forro de veludo vermelho ao toque suave da melodia - quando senti as mãos de meu marido deslizarem pelos meus cabelos com suavidade, seguindo para minhas costas e então envolvendo-me. Dei um profundo suspiro e sussurrei:

– Preciso cuidar de Viviene, meu Anjo!

– Não precisa. Não neste momento... Ela já esta sendo muito bem cuidada por Madame Giry - Ele sussurrou aos meus ouvidos, acariciando meu pescoço com as costas dos dedos, deslizando as mãos com suavidade pelos meus ombros e começou a cantar aos meus ouvidos:

– Quando estou só

sonho no horizonte

e faltam as palavras

Sim, eu sei que não há luz

em um quarto quando falta o sol

Se você não está comigo, comigo... - Ele cantava aos meus ouvidos, suas mãos percorriam delicadamente pelo meu corpo e aquela canção tinha uma promessa de vida nova, de um recomeço; fez acender uma chama de esperança dentro de mim, ao mesmo tempo em que meu corpo reagia instintivamente, estremecendo a cada delicado toque de meu amado, a cada letra cantada aos meus ouvidos. Minhas defesas eram baixadas, eu já me sentia completamente rendida! Meu coração estava acelerado, minhas pernas estavam tremulas. Quando suas mãos chegaram a minha cintura, ele agarrou-me com firmeza e virou-me para si, continuando a me hipnotizar com sua voz, mas olhando profundamente em meus olhos, desmanchando meus sentidos e capturando minha alma para si...

– Erga as janelas,

mostre a todos o meu coração

que você acendeu

Feche dentro de mim

a luz que

você encontrou pelas ruas

Com você partirei

Países que nunca

vi e vivi com você

Agora sim os viverei

Com você partirei

Em navios por mares

que, eu sei,

não, não existem mais

Com você eu os viverei.

Ele estava tão próximo! Sua voz fazia meu corpo vibrar com toda intensidade... No momento o mundo já não existia, uma de suas mãos ainda estava em minha cintura enquanto a outra alcançava uma rosa, com a qual ele começou a acariciar meu rosto, sem deixar meu olhar fugir do seu. Deslizou a rosa pelo meu pescoço, chegando ao meu colo e depois retornando com delicadeza ao ponto de partida, mas ele logo soltou a flor e começou movimentos ousado com seus dedos nos laços do meu vestido.

– Não, Anjo! – protestei, sem muita convicção - isto não pode acontecer aqui, é muito arriscado, os artistas poderiam ouvir algo ou... – ele me calou com um beijo profundo, e depois disso já não me importava, pois senti o suave movimento das mangas do meu vestido sendo deslizadas pelos meus ombros. Ah, eu...eu queria mesmo aquele toque, queria com toda intensidade, com toda urgência. Mesmo num momento e local tão impróprios eu nunca quis tanto aceitar suas carícias!

Senti meu vestido caindo aos meus pés, e logo minha fina combinação teve o mesmo destino. Completamente despida e entregue ao momento, sedenta por sentir-me fundida a ele, nunca desejei tanto que sua linda voz sumisse em meio aos meus beijos. Depois da dura discussão que havíamos tido na noite passada, eu temera nunca mais senti-lo junto a mim, daquele modo... As suplicas de meu coração e de meu corpo se manifestavam como um estremecer a cada vez que meus lábios buscavam os dele, trazendo o desesperado desejo de me unir a ele.

Porém, meu Fantasma entende bem de técnicas de tortura, e parecia estar me castigando pela noite anterior – que delicioso suplício! Virando-me de costas para si, continuou a acariciar meu corpo com delicadeza, e sua bela voz em meus ouvidos, fazendo-me arrepiar e acelerando meu coração de alegria e amor:

– Quando você está distante

sonha no horizonte

e faltam as palavras

E eu, sim, sei

que você está comigo, comigo

Você, minha lua, você está aqui comigo

Meu sol, você está aqui comigo, comigo,

comigo, comigo

Com você partirei

Países que nunca

vi e vivi com você

Agora sim os viverei

Com você partirei

Em navios por mares

que, eu sei,

não, não existem mais

Com você eu os reviverei

Com você partirei

Em navios por mares

que, eu sei,

não, não existem mais

Com você eu os reviverei

Com você partirei

Eu com você

Ele terminou a música com uma elevada nota que me fez vibrar ainda mais - como se fosse possível - em seguida tomou-me os lábios com gentileza. Ergueu-me em seus braços e deitou-me no divã, deslizando seus lábios pelo meu pescoço, chegando aos meus seios – arfei de prazer e ansiedade, desejando senti-lo dentro de mim, traduzir em gestos e sensações cada palavra da canção que ele acabara de cantar – sua língua explorava meu corpo com delicadeza e seu hálito quente me torturava.

Eu não conseguia conter os gemidos, alheia ao fato de poder ser ouvida do lado de fora do camarim – havia mesmo um mundo lá fora? No momento, eu não conseguia pensar, apenas sentir. Ele continuava de forma lenta e torturante, provando-me de uma vez por todas que eu nunca seria capaz de viver sem ele; afirmava sua posse sobre mim com cada gesto firme e delicado, com cada beijo... Acariciava minhas pernas, subindo para minhas coxas, tocando-me onde bem entendia, acariciando-me como lhe aprouvesse. Começou a morder meu ventre suavemente, minha cintura, desceu beijos delicados por minhas coxas... Eu já não agüentava mais aquela deliciosa tortura, então entrelacei os dedos aos seus cabelos e o puxei para mim, tomando-lhe os lábios com fúria, na esperança de que ele compreendesse.

Com um sorriso vitorioso ele se ergueu, despiu-se rapidamente e voltou para junto de mim, tomando meus lábios de forma desejosa, intercalando beijos e palavras românticas, frases desconexas. Delicadamente ele fundiu nossos corpos, e senti o divã desaparecer sob meu corpo, assim como o resto do mundo se desvanecera. Parecia ter imergido em uma nuvem de prazer e realização... Não estávamos apenas nos entregando um ao outro: estávamos nos dando uma oportunidade de recomeçar.

As palavras ditas em forma de canção ainda mexiam com nossas emoções e eu me sentia profundamente fundida a ele, como se pudesse sentir com seus sentidos e ele com os meus; o prazer era extremo e a busca por ele vinha acompanhada de todo aquele sentimento avassalador, mistura de emoções que nem mil palavras poderiam descrever, à medida que o ato se intensificava. Não era mais possível saber quem era quem, pois éramos um, partilhando amor e prazer... E nessa hora eu compreendi: éramos extremamente diferentes um do outro e, exatamente por isso, complementares. Fogo e água, frio e calor, trevas e luz... Diferentes, mas ligados, um não poderia existir sem o outro, pois éramos os lados opostos da mesma coisa.

De repente e sem aviso, o mundo pareceu se fazer em labaredas e faíscas de puro prazer, nossas mãos entrelaçadas num momento de êxtase perfeito em que nos desmanchamos em um mar de deleite... E então foi como se o mundo a nossa volta parasse, somente para que pudéssemos ouvir as batidas de nossos corações.

Com nossos corpos saciados e nossas almas e mentes aquietadas, ele se deitou ao meu lado, a cabeça pousada em meu seio: era maravilhoso senti-lo de tal forma entregue, confiando em mim o bastante para se mostrar assim vulnerável. Carinhoso, segurou minha mão e levou-a a seus lábios, beijando-a delicadamente; suspirei, cheia de alegria e agora em paz. Aos poucos tomamos consciência da loucura – maravilhosa, é verdade – que acabamos de cometer em um local tão impróprio, onde alguém poderia muito bem ter entrado e nos visto... Prefiro nem pensar na hipótese! Ele olhou para mim com um sorriso maroto, e não consegui repreendê-lo, uma vez que tinha minha boa parcela de culpa! A verdade é que eu adorara cada segundo daquela loucura, e não me arrependia nem um pouco, ainda assim...

– Melhor trancar a porta – sussurrei, e ia me levantar, mas ele me segurou:

– Já está trancada. Não pensou que eu deixaria alguém nos interromper, achou?

– Ah, o que eu faço com você? – perguntei, rindo e me inclinando sobre ele para beijar-lhe os lábios. Deitei a cabeça em seu ombro, sentindo seus braços me envolverem com força – Às vezes eu queria quebrar um vaso em sua cabeça, senhor Fantasma... Mas a verdade é que não sei viver sem você.

– Nem eu sem você, minha rosa cheia de espinhos. – suas mãos deslizavam pelas minhas costas, arrepiando-me de prazer. Suspirei e, acariciando-lhe o rosto, falei:

– Perdoe-me por minhas palavras, ontem, meu amor. Eu nunca deveria...

– Falou o que precisava dizer, meu amor – interrompeu-me ele – também agi mal. Não deveria ter apunhalado o... – eu o calei com um beijo, antes de dizer:

– Vamos esquecer isso.

– Não posso esquecer isso, Chris. – e me fez olhá-lo nos olhos – veja, eu não posso prometer que nunca mais farei algo assim... É parte de minha natureza, e sei que não posso mudá-la totalmente. Mas farei o possível para me controlar, para não trazer mais problemas à nossa família.

– E eu prometo tentar compreendê-lo, quando não conseguir conter seu lado sombrio. – respondi, fazendo-o sorrir. Ele começou a me beijar, acariciar-me, e sabendo aonde aquilo terminaria, levantei-me de um pulo – Ah, não! Nem pensar, senhor Fantasma! Já estou atrasada! – e comecei a me vestir, ouvindo a risada dele ante o rubor em minhas faces.

Sentamo-nos juntos para dividir o desjejum, ocasionalmente acariciávamos um ao outro com as rosas da cesta. Passado o momento de paixão avassaladora, meus pensamentos se organizavam novamente, e minha primeira pergunta foi:

– Onde está nossa filha?

– Com Madame Giry. Ela está adorando a experiência de ser avó antes mesmo que Meg tenha se casado... Garanto que vai estragar Vivienne tanto quanto possível.

Rimos com a idéia, sabendo que era inteiramente verdadeira, mas no momento seguinte meu Anjo mudou completamente o rumo da conversa:

– Tenho uma proposta a lhe fazer, meu amor.

– Uma proposta? Qual – perguntei, curiosa.

– Acho que precisamos nos afastar um pouco de tudo isso. Teatro, problemas, mortes, nobres... Pensei que poderíamos nos mudar, mas sei que nós dois sentiríamos falta deste lugar, que por muito tempo foi nosso lar. Mas nada nos impede de viajar. O que acha?

– Viajar? Nós dois e Vivienne?

– Sim! Passar alguns meses fora, esquecendo tudo isso, deixando a poeira baixar. – seus olhos brilhavam de entusiasmo – visitar a Suécia, onde você nasceu, talvez a Alemanha, a Itália... Pode escolher!

Por um instante eu não reagi, completamente surpresa, mas logo em seguida abri um sorriso enorme e lancei os braços ao redor dele:

– Ah, Erik! Seria perfeito! Maravilhoso! – beijei-o, e ele também sorria luminosamente.

– Parece que sua substituta vai continuar cantando por mais algum tempo, minha Christine. Prepare-se, pois partimos semana que vem!

Era tudo tão súbito! Não havia sequer como protestar, pois como eu poderia relutar em fazer aquela viagem com meu marido e filha, algo que vinha desejando já há meses? Deixamos juntos o camarim, e fui falar com Madame Giry, enquanto ele desaparecia por suas passagens secretas. Não sabia o que ele ia fazer, mas sabia estar relacionado ao que havíamos decidido. Suécia? Alemanha? Ah, mudar de ares era uma perspectiva maravilhosa! A briga da noite anterior já parecia completamente esquecida por nós dois.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? o que acharam? Comenteeeeeemmm!