Music of The Night escrita por Elvish Song, TargaryenBlood


Capítulo 28
Viagem


Notas iniciais do capítulo

Meninas, agora vou aliviar um pouco a fic, ok? Erik e Christine merecem um pouco de paz, depois de tudo o que houve, e sua viagem para a Suécia promete muito! O Anjo sempre foi o mestre, guiando sua amada pela escuridão da noite... Agora é a vez da soprano tomar a mão de seu amor e guiá-lo através da luz. Espero que gostem!
PS - capítulo dedicado à Maisa Cullen e à Laynet, por seus comentários sempre fofos!



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Madames Giry e Sourie despediram-se de Christine com lágrimas nos olhos, fazendo-lhe mil recomendações, conselhos e desejando-lhe uma boa viagem; Erik tentou fugir, mas não conseguiu escapar ao abraço de ambas as mulheres, que provocaram:

– É tão ciumento que quis ter a esposa e a filha só para si!

Afinal as despedidas terminaram, e as duas senhoras permaneceram na plataforma enquanto o Fantasma, sua esposa e filha embarcavam no trem com destino à Dinamarca, de onde tomariam o barco até a Suécia. As pessoas viravam a cabeça ao ver passar o estranho mascarado em sua vestes negras, acompanhado de sua jovem mulher e de um bebê, mas a soprano insistia em que ele não pensasse nisso por nem mesmo um segundo.

O Anjo conduziu a moça até o último vagão; em vez de ser um vagão compartilhado, com vários leitos, era um ambiente privativo, com uma única cama de casal, mesa, poltronas, tapetes... Tinha todo o conforto que se podia desejar, e muito mais do que se podia esperar num trem! As malas aguardavam por ambos ali. Surpresa, a jovem perguntou:

– Vagão particular?

– Com certeza – respondeu o músico, beijando as cabeças de Christine e Vivienne – nada de curiosos olhando, ou de falta de privacidade. – e segurou o queixo da mulher, beijando-lhe os lábios suavemente – para meu Anjo e nossa filha, apenas o melhor.

Feliz e relaxado, o casal se debruçou na janela a fim de acenar um último adeus às senhoras na plataforma, enquanto a locomotiva punha-se em movimento. Foi só depois da primeira curva, quando a estação desapareceu de suas vistas, que os dois trataram de se acomodar, preparando-se para os três dias de percurso que se seguiriam. O músico tratou de colocar as malas no maleiro, enquanto sua amada deixava à mão as coisas de Vivienne e distraía a filhinha com canções; quando afinal a pequenina se cansou e adormeceu – o que levou bem uma hora – sua mãe a pôs para dormir no meio do leito amplo, bem escorada por travesseiros. Ao voltar-se para o marido, encontrou-o ofertando-lhe uma taça de vinho.

– De onde surgiu isso, Erik?!

– Como eu disse, apenas o melhor. – e puxou-a pela cintura, trazendo-a contra si – quer?

– Mas que Fantasma cruel – brincou ela – tentando me embebedar?

– Não. Tentando me embriagar; embriagar-me de você, minha querida esposa: mais doce que o mel, mais encantadora que a música, e tão viciante quanto ópio. – respondeu ele, brindando – a uma viagem perfeita.

– A uma viagem perfeita. – respondeu ela – prepare-se para conhecer Estocolmo, meu amor: o Museu Nacional de Belas-Artes, os palácios, teatros, praças, museus de história... Vai se sentir em casa! Até porque, estamos no outono... As noites são longas, e ficam cada vez mais compridas... Perfeito para a Música da Escuridão, não acha?

– Perfeito é qualquer lugar onde você esteja, minha Christine. – sussurrou o Anjo, abraçando-a com força, profundamente grato por ter sua amada consigo. Ela fora a luz que o arrancara das trevas, a Lua que iluminava a noite de sua vida. Nunca poderia descrever com palavras tudo o que sua cantora significava para ele... Só podia tentar; mergulhando seus olhos verdes nos castanhos dela, ele cantou:

É difícil para mim dizer as coisas
Que as vezes quero dizer
Não há ninguém aqui, a não ser você e eu
Tranque as portas
Deixe o mundo lá fora
Tudo que tenho para te dar
São estas cinco palavras e eu

Obrigado por me amar
Por ser meus olhos
Quando não podia enxergar
Por abrir meus lábios
Quando não pude respirar
Obrigado por me amar
Obrigado por me amar

Eu nunca soube que tinha um sonho
Até que esse sonho era você
Quando olho dentro de seus olhos
O céu é um diferente azul
Cruze meu coração
Eu não usarei disfarce
E se eu tentasse, você faria de conta
Que acreditou em minhas mentiras

Obrigado por me amar
Por ser meus olhos
Quando não podia enxergar
Por abrir meus lábios
Quando não pude respirar
Obrigado por me amar

Você me levanta quando estou caído
Você soa o alarme antes que eu fique fora
Se eu estivesse me afogando você separaria o mar
E arriscaria sua própria vida para me resgatar

Tranque as portas
Deixe o mundo lá fora
Tudo que tenho para te dar
São estas cinco palavras e eu

Obrigado por me amar
Por ser meus olhos
Quando não podia enxergar
Por abrir meus lábios
Quando não pude respirar

Obrigado por me amar
Quando não pude voar
Oh, você me deu asas
Você abriu meus lábios
Quando não conseguia respirar
Obrigado por me amar
Obrigado por me amar
Obrigado por me amar
Oh, por me amar.

*

Vivienne ria e batia os bracinhos ao sentir o vento úmido e salgado do mar; não menos feliz que seu bebê, Christine tinha um sorriso deliciado enquanto a brisa fria acariciava seu rosto, trazendo o sabor de sal para seus lábios. A seu redor, tudo era verde e azul, as ondas suaves se quebrando contra o casco da embarcação; fazia tanto tempo que não via o mar, que quase se esquecera da sensação! Estar na balsa que fazia a travessia do Estreito rumo à Suécia trazia-lhe uma sensação bastante familiar e agradável. Ouvindo os passos de seu marido atrás de si, exclamou:

– Veja, Erik! O mar! Não é maravilhoso? O Estreito de Öresund: eu nem me lembrava mais. Logo estaremos na Suécia! Minha terra natal...

Os braços fortes a envolveram, aquecendo-a, e o Anjo perguntou carinhosamente:

– Como é voltar aqui como mulher adulta?

– Estranho, confesso. – riu-se a moça, entregando à filha um flautim de brinquedo, que a menininha começou a “morder” – minhas lembranças daqui são distantes... Eu tinha três anos quando fomos para Paris. Não parecia tudo tão lindo, na época.

Erik a abraçou, e então uma voz feminina falou ao lado do casal:

– E parecerá cada vez mais; a cada vez que faço essa travessia, parece mais bonita. E já fiz pelo menos umas cem vezes! – ao olhar para o lado, o casal se deparou com uma mulher jovem, de cerca de vinte e cinco anos, cabelos louro-claros e cacheados presos para trás por um pente de prata, olhos cinzentos, pele muito clara e rosto redondo. As bochechas eram rosadas e tinham duas covinhas nos cantos do sorriso que lhe iluminava o rosto. Uma mulher muito bonita, trajando um vestido longo de lã azul, com bordados brancos nos punhos das mangas compridas e na gola alta; ao ver que chamara a atenção do casal, ela se aproximou e se apresentou:

– Sou Emma Karlsson; perdoem-me a indiscrição, mas não pude me conter ao ver uma conterrânea que regressa a nosso país! – Cumprimentou Christine com um delicado aperto de mão, e permitiu que Erik lhe beijasse a mão enluvada – Espero que gostem da Suécia.

– Voltar às origens é sempre maravilhoso – disse a jovem – especialmente quando se trata de um país como o nosso. – e apresentou-se – sou Christine de Guise, e este é meu marido, Erik de Guise. – e quando Vivienne se agitou – e nossa filha, Vivienne.

– Mas que criança linda! – a recém-chegada se encantou com o bebê.

– Linda e arteira; está adorando a viagem! – respondeu Christine, já encantada com a afabilidade da outra, enquanto seu esposo se retraía, um tanto incomodado pela presença de estranhos. O bebê tirou a atenção do brinquedo em suas mãos e olhou com curiosidade a desconhecida, estendendo-lhe os bracinhos gorduchos. Emma olhou hesitante para a mãe da pequena, que sorriu e confirmou:

– Pode pegá-la, se quiser. Parece que ela gostou de você. – de repente soaram passos no convés, e a mulher loura abriu um sorriso para o homem que veio se juntar a ela; alto, louro como a esposa e muito bem apessoado, tinha ombros largos e um rosto de feições fortes, cabelos compridos e barba impecavelmente aparada; marcava-lhe a face uma grande cicatriz na bochecha direita. Usava roupas de lã simples, e tinha um sorriso alegre no rosto; devia ter por volta de trinta anos. A esposa o apresentou:

– Este é meu marido, Viktor Karlsson. – e para o esposo – meu amor, estes são Christine e Erik de Guise, e esta é Vivienne, sua filha.

Viktor apertou a mão de Erik, e beijou respeitosamente a da soprano:

– Encantado em conhecê-los – e com uma naturalidade incomum aos suecos – seria muita ousadia perguntar seu destino, na Suécia?

– Estocolmo – respondeu o Fantasma, tentando ser gentil, apesar do desconforto que sentia diante de estranhos. Todas as suas experiências prévias com estranhos lhe diziam para se afastar, mas ele se obrigava a ser racional. “Você é apenas um homem de máscara” dizia a si mesmo “Não há por que ficar nervoso”.

– Mas que coincidência! – exclamou Viktor, num tom genuinamente alegre – Eu e minha querida Emma estamos justamente voltando para nosso lar, em Estocolmo. – e acariciando o rostinho de Vivienne, que ria encantada com tantas novidades – Primeira vez na Suécia?

– Apenas para mim – respondeu Erik, impondo à sua voz o tom mais natural que conseguiu – Minha Christine é sueca, e convenceu-me a conhecer o lugar onde nasceu.

– Bem, então lhes desejamos boa sorte em sua visita. Que seja a primeira de muitas! – desejou a Sra. Karlsson, devolvendo o bebê para a mãe – Espero que nos reencontremos; Estocolmo não é tão grande assim, afinal!

O casal sueco se deu os braços e, com uma mesura elegante, retirou-se do convés, indo para os alojamentos inferiores. Christine e Erik, por sua vez, permaneceram abraçados junto à amurada, e a jovem se voltou para seu esposo:

– Obrigada, meu amor.

– Pelo quê, querida?

– Sei como não lhe agrada a presença de estranhos... E ainda assim você se obrigou a ser gentil e conversar. Obrigada.

O Fantasma sorriu e envolveu a esposa e a filha num abraço apertado, dividindo a capa com elas:

– Preciso aprender, afinal. Não posso prendê-las comigo para sempre... Por que privar você e Vivienne, e mesmo a mim mesmo, de novas experiências? Por medo? Covardia não é defeito meu. – e beijou a moça – eu é que agradeço, meu amor. Obrigado por ser minha razão, minha força, meu motivo para viver. Obrigado por me tirar das trevas em que eu me escondi por toda a vida.

A jovem apenas sorriu e aceitou aquele abraço delicioso, sussurrando:

– Então, agora que saiu das trevas, veja! – e com o braço, indicou o mundo ao redor – veja esse mundo maravilhoso, sinta-o, viva-o. Não tenha medo, não tenha vergonha... O mundo é nosso, meu amor. Só precisamos vivê-lo. – como se aprovando as palavras da mãe, o bebê riu e bateu palmas, fazendo Erik sorrir:

– Hey, você não é muito pequena para já bater palmas? – perguntou, pegando a pequena nos braços. Ela riu outra vez e se aconchegou no colo do pai, feliz e satisfeita; junta, a família sentia a brisa fria do mar soprando: atrás de si, a costa da Dinamarca era uma mancha escura, enquanto a costa da Suécia ia aos poucos se assomando como um contorno verde, vermelho e dourado à luz do poente. O mar parecia em chamas, tingido em todos os tons de laranja, uma chama viva que ondulava ao sabor da brisa.

*

– Ah, como Estocolmo é linda! – exclamou Christine, deixando-se cair de costas na cama do quarto de casal, feliz como uma criança após ter posto uma exausta Vivienne para dormir. Apoiando-se num braço, perguntou a seu esposo – Cansado, meu Fantasma?

– Depois de um dia inteiro correndo atrás de você, pelas ruas da cidade? Por que estaria? – ironizou o Fantasma, sorrindo. De fato, estava morto de cansaço, mas também maravilhado e muito feliz! Estocolmo era uma cidade maravilhosa, e o pouco que haviam conhecido em sua caminhada, antes de voltar para a casa que haviam alugado, já o fascinara e encantara. Vislumbrara fachadas interessantes, arquitetura e engenharia muito diversas das da França, catedrais em moldes originais... E se sentira muito tentado a entrar na Casa de Óperas da cidade. Ah, tudo bem... Teria seis meses para ver tudo aquilo! Até porque, seus pés não agüentavam mais nem um passo. – Como seus pés agüentam, Christine?

– Bailarina, meu amor! – respondeu ela, rindo – dor nos pés é algo comum.Aprendemos a não ligar! – ela se levantou e foi até ele, eufórica como só os jovens conseguem ficar, beijando-o – Ah, temos tanto a ver e fazer, aqui! Você viu a Catedral? O palácio? – e com ar maroto – fiquei tentada a entrar nos teatros! Ah, é tanto para ver, que seis meses me parecem muito pouco!

– Começamos com uma visita ao museu de Belas-Artes, amanhã? – perguntou o músico, relaxando e deixando-se contagiar pelo ânimo da esposa.

– Uau! – exclamou ela - Mas o que aconteceu com meu marido fechado e ranzinza?

– E quem tem tempo de ser fechado ou recluso numa cidade inteiramente nova? – perguntou o homem, seus olhos brilhando de felicidade e expectativa – Com tanto a ver, a descobrir... História, arte, arquitetura, tradições... Tanto a se aprender! – ele parou ao ver o modo fascinado e encantado como sua esposa o fitava – o que foi, pequena?

– É tão lindo vê-lo assim, feliz! Adoro o brilho de seus olhos quando encontra algo novo para aprender... Parece que consigo ver chamas saindo deles! É maravilhoso! – a soprano acariciou ternamente o rosto de seu marido – tudo o que quis, desde que nos conhecemos, foi vê-lo feliz. E agora você está!

O Anjo deu um sorriso enigmático, atravessando o quarto amplo até a janela; era estranho aquele modelo de casas, com telhados tão íngremes, lareiras amplas e janelas pequenas... Tudo feito para suportar o frio do rigoroso inverno. O chão era coberto por um grosso tapete de lã, e candelabros dourados fixos à parede cuidavam da iluminação; a sutileza dos detalhes, como os desenhos que adornavam os castiçais e a cornija da lareira, os quadro pequenos pendurados nas paredes, era o toque perfeito para deixar o ambiente aconchegante. Virando-se para sua esposa, ele afinal respondeu:

– Você me trouxe essa felicidade, meu amor. Eu nunca tinha sido feliz, antes de tê-la em minha vida. – carinhoso, ele a puxou consigo até ambos se sentarem na cama alta e larga, de dossel verde-escuro; seguiram-se mais beijos apaixonados, antes que se abraçassem com força e ali ficassem por um longo, tempo, sentindo um ao outro, compartilhando de sua alegria. Foi apenas após longos minutos que a cantora se esquivou suavemente ao abraço e perguntou:

– Que tal um banho juntos? – o sorriso dele foi a resposta que queria. A garota pulou da cama – então levante daí, preguiçoso, e vamos lá! – e chegando perto dele, indicou a máscara- tire isso! Só estamos nós dois aqui!

Para a total surpresa da moça, o músico não retrucou ou hesitou; simplesmente tirou a peça e a deixou sobre o criado-mudo, deixando sua esposa atônita:

– Mas eu não estou reconhecendo meu marido! Vai tirar a máscara assim, sem discussão, sem resmungos? – o beijo dele lhe calou a provocação, enquanto iam juntos para o elegante banheiro.


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Notas finais do capítulo

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